quinta-feira, 26 de abril de 2012

DILMA TEM QUE INDICAR DUAS MULHERES PARDAS PARA O STF – UMA TEM QUE SER LÉSBICA

Por: Reinaldo Azevedo

Marco Aurélio não só admite como constitucional o sistema de cotas, ignorando qualquer ressalva, como pede a sua generalização. Que se faça! Dados os números do Censo do IBGE, que se comece pelo Supremo. São brancos 47,73% dos brasileiros — isso impõe ao tribunal ter apenas 5 ministros brancos, não 10. São negros 7,61%, o que impõe 0,83 de negro na corte. Na impossibilidade de haver um ministro-fração, arredonda-se a conta, e o grupo, então, já está representado por Joaquim Barbosa. Os outros cinco ministros têm de ser mestiços ou “pardos”, como os chama o IBGE (43,13%). Ah, sim: não devemos nos esquecer da questão de gênero. Essa distribuição racialista haveria de ser feita obedecendo também à proporção de homens e mulheres: seis para elas, que são em maior número; cinco para eles. Não se sabe ao certo o percentual de homossexuais — que não podem ficar fora da conta — no país. Há quem fale em 9%. Isso imporia ao menos um ministro ou ministra representando essa categoria. Caberia ao chefe do Executivo, que faz a indicação, decidir se o (a) ministro (a) gay seria o negro, quando Barbosa se aposentar, ou um dos “pardos” ou “brancos”. Não me venham com essa história de que ministro do Supremo tem de ser indicado segundo o notório saber jurídico. Princípio é princípio. Se, no vestibular, quem sabe mais pode ser preterido por quem sabe menos em nome da justiça racial, por que não no Supremo Tribunal Federal? Dilma tem duas indicações a fazer neste ano. Segundo tudo o que aprendi na corte entre ontem e hoje, elas hão de ser necessariamente mulheres e pardas —  para começar a chegar perto dos números do IBGE. Se uma for gay, a “justiça” quanto a esse quesito já estará feita. Havendo furo no meu raciocínio, lerei a objeção com prazer. Não adianta me ofender. Eu só estou cobrando coerência do governo federal, que patrocina as cotas, e dos senhores magistrados, que as aprovam.

COMENTO

Eu não concordo com o STF, que deveria cumprir a constituição e declarar todos os brasileiros iguais perante a lei – mesmo que desiguais diante das condições sócio-econômico-culturais. Mas o raciocínio do articulista da revista Veja está corretíssimo. Deveria valer para a esplanada dos ministérios. Para o número de senadores e deputados. Besteirada, isso sim – e abandono da Constituição da República Federativa do Brasil.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

QUANTO VALE UM PARTIDO

Ideli Salvatti recebeu no Planalto na semana passada o líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos. Além de convidar novamente o partido de Gilberto Kassab para entrar na base do governo, Ideli prometeu liberar 2,5 milhões de reais em emendas parlamentares para cada deputado do PSD. Campos reafirmou que o partido é, digamos, independente, mas adorou receber a confirmação de que o Planalto irá liberar as emendas.

O que nós temos aqui é simplesmente a velha prática de comprar apoio, se não temos um novo mensalão temos um emendão. Calcule quanto vale o partido de Kassab multiplicando R$ 2,5 milhões [dinheiro público, para emendas de deputados que acabam valendo votos em seus currais eleitoriais] pelo número de deputados que Kassab conseguiu pescar nos outros partidos. Isso é o que eu chamo de “faxina da ética”.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

MENSAGEM DE ESPERANÇA PARA UMA GERAÇÃO SEM RUMO

Jo 6.66-71

66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. 67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? 68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; 69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. 70 Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. 71 Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.

mart2No capítulo 6 do seu evangelho o apóstolo João relata que Jesus deu informações minuciosas sobre quem ele era é que tipo de missão veio desempenhar. Jesus identifica-se claramente como o único que pode dar a satisfação das reais necessidades dos homens, demonstrando que quando ele chama alguém ele o faz para que o chamado se dedique exclusiva e totalmente a ele, insistindo que nada além dele pode dar satisfação real. Não há outro alimento que sacie, não há outra água que diminua a sede da alma. Em sua fala Jesus condena a religiosidade baseada na tradição e nos costumes dos antepassados [I Pe 1.18: ...sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram...] e nem mesmo a fé genuína dos antigos tem valor para os homens do presente. Em resumo: não basta acreditar na fé, é preciso ter fé.

Mas o que mais assustou foi o fato de Jesus afirmar que seus discípulos tem que ser totalmente entregues a ele, sem guardar nada de si mesmos [v.53]. E mesmo entre os seguidores de Jesus havia muitos pelo pão, pela cura, pela fama e até mesmo pela forma de doutrina ou perspectivas pessoais. A conclusão de Jesus sobre a natureza do seu chamado está expressa no verso 65: quem estiver seguindo-o por motivos pessoais ou enganando-se com falsas esperanças podia ir embora, e é justamente por isso que muitos efetivamente o abandonam.

Hoje não é nada diferente: ainda há muitos se declarando seguidores de Jesus pelos mesmos motivos: fama, fortuna, saúde, família, conhecimento, amizades, etc. E estes motivos continuam sendo fúteis, inúteis e vazios. Muitos irão abandoná-lo na primeira oportunidade, diante da primeira prova ou dificuldade. A pergunta feita por Jesus aos seus discípulos ainda é pertinente em nossos dias: “Porque seguir ou continuar seguindo a Jesus”? Porque não abandoná-lo? Porque não aproveitar os prazeres que nos são oferecidos o tempo todo e de todos os tipos? É com tristeza que constato que apesar de toda a informação disponível, de toda a tecnologia, de toda a precisão dos modernos aparelhos de localização por satélite a atual geração é uma geração sem rumo, uma geração que não sabe para onde ir. Quero oferecer, para reflexão de vocês, três modelos de direção que podem vir a ser [talvez sejam] os seus.

O primeiro modelo é o dos que não querem nada com Jesus, nenhuma proximidade com sua santidade, nenhum conhecimento de seus ensinos, nenhum compromisso com sua verdade. São os que NÃO ESTÃO AQUI. Durante o ministério terreno do Senhor Jesus, embora multidões o procurassem, havia muito mais gente que não o conhecia e que não queria nada com ele. No máximo curiosidade a respeito da sua fama, mas nenhum tipo de relacionamento. Mesmo durante os impressionantes eventos da crucificação e do pentecostes e os milhares de convertidos havia 100 vezes mais pessoas em Jerusalém que não quiseram nada com o nazareno. Para cada convertido uma centena de pessoas não deram a menor atenção para aqueles estranhos pregadores de um messias que foi traído, humilhado, morto numa cruz que era símbolo de maldição e depois jogado em um túmulo que agora estava vazio. O que Jesus tem a nos dizer sobre eles? Para Jesus eles são os campos brancos, prontos para a ceifa. Logo chegará a colheita - e ela é para todos. Mas onde estão os trabalhadores? É interessante que Jesus não procura por ceifeiros, mas trabalhadores para os campos. Ainda é tempo de limpar, de adubar... Se cada cristão genuíno tomar como seu trabalho discipular, a cada 10 anos, uma única criança o número de membros das nossas igrejas dobraria em uma década e se sua igreja tem hoje 50 membros em 50 anos seriam 1600. grande? Parece muito? É o resultado de um único discipulado a cada 10, DEZ anos. Mas o que quero realmente destacar é que existe uma numerosa multidão que tem como seu principio de conduta não querer nada com Jesus. São os que não estão aqui.

O segundo modelo de conduta pode ser encontrado em outra multidão, um pouco menor que a primeira. São os que não aguentam as dificuldades, as correções, as disciplinas, as exigências de ser um discípulo de Jesus. Não querem as implicações do discipulado. Não desejam renunciar a si mesmos. Aceitam até certo ponto os “não pode” de um discipulado superficial, mas quando se trata de abrir mão de si mesmos, de deixarem de ter em suas mãos o controle de suas vidas reagem com indignação e fogem. Para estes a religião se torna um fardo, um pesado fardo que carregam a vida inteira desde que não lhe exijam a disposição de negarem-se a si mesmos. São chamados de discípulos, mas só aceitam o discurso do “eu vim salvar’, rejeitando os mandamentos de quem diz “eu sou Senhor”. São os que ESTIVERAM AQUI, mas não estão mais. O evangelista João diz que por causa da exigência de comprometimento total feita por Jesus muitos de seus discípulos o abandonaram, retirando-se e não andando mais com ele [Mc 3.14: Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar...]. É provável que mesmo muitos dos que foram enviados de 2 em 2, num total de 70, também o tenham abandonado. Curaram enfermos, expulsaram demônios, anunciaram o evangelho do Reino, mas o abandonaram. Seu exemplo lembra claramente as palavras de Jesus que afirma que nem todo o que diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus [Mt 7.21: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus]. Quantos desta pequena multidão não são nossos conhecidos? Quantos deles não trabalhavam até mais do que nós? De quantos talvez não tenhamos aprendido preciosas lições? Quantos não nos estimularam quando queríamos desistir ou nos levantaram quando estávamos prostrados? Quantos deles não nos sustentaram quando nossos joelhos queriam dobrar? Mas não estão mais aqui. Saíram do nosso meio. Não eram dos nossos [I Jo 2.19: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos]. Choramos porque os amamos, ficaram pelo caminho. Mas talvez daqui a 5, 10 anos alguns de nós estejamos reunidos, olhando fotos e vídeos desta época, de hoje, e percebamos aqueles que ficaram pelo caminho. Companheiros de agora que ficarão pelo caminho. Talvez alguns que estão aqui hoje se juntem à multidão dos que já estiveram aqui. É possível que você diga: “Que é isso pastor, desejando uma coisa dessas?” E diga ainda: “Eu não pastor, eu não”. Que fique claro: eu não desejo isso. Mas depois de 21 anos de caminhada na Igreja já podemos entender algumas coisas, ver como elas acontecem - e isto não quer dizer que gostemos ou concordemos. Mas a Escritura nos avisa constantemente sobre isso, para que não confiemos em nós mesmos: “Aquele que está em pé veja que não caia” [I Co 10.12: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.], mas a resposta para isso é uma entrega total nas mãos do Senhor que não nos lança fora [Jo 6.37: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.]

Além dos que NÃO ESTÃO AQUI, dos que ESTIVERAM AQUI há ainda um terceiro grupo, o dos que NÃO TEM PARA ONDE IR. Quando perguntados do porque ainda estavam por perto, eles simplesmente não tinham resposta. Não tinham para onde ir. Já não são mais cidadãos deste mundo, são peregrinos aqui, forasteiros. Foram desafiados a deixar tudo. E o fizeram. Deixaram emprego, família, amigos, bens e tudo o mais em segundo plano. Perceberam que carregavam uma enorme carga de bijouterias e as abandonaram, trocando-as pela pérola de grande valor. Diante do desafio de fé e de vida proposto por Jesus eles fazem um rápido retrospecto de quem foram, como viviam, sem esperança, sem direção, e olham para o lamaçal de angústia e incredulidade de onde saíram, lembram da religiosidade vazia e ao mesmo tempo opressora que professavam e entendem que melhor que tudo isto é a verdade, e ainda que dura, nos lábios de Jesus. É verdade que é um grupo pouco numeroso, que Paulo chama de pobres, fracos, humildes e desprezados. Mas é justamente esta sua fraqueza que é sua força [II Co 12.10: Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte]. E é justamente quando nada são que o Senhor os usa poderosamente. Não podem voltar para o universo dos que um dia nada quiseram com Jesus. Também não poderão fazer como os discípulos de ocasião, de festa, de pão e peixe, de vinho e de curas... Estes são os que entregaram suas vidas, morreram para o mundo, estão mortos em um sentido que ninguém que não seja verdadeiro discípulo de Jesus consegue entender. Os apelos do mundo, com seus sons e luzes não atingem sua alma, não lhes dizem nada ao coração. Daqui a alguns anos saberemos a qual grupo você pertence. Talvez você ainda não tenha se preocupado com isso até agora. Talvez você ainda não tenha pensado nisso, especialmente se você é “filho da Igreja”, filho de crentes. Se você veio de fora sabe o vazio que existe nas luzes, nos sons, nas cores e nas ofertas de alegria que somem a cada novo dia. Sabe como é e espero que não queira voltar. Mas se você ainda não andou por lá saiba que não vale a pena se contaminar com a poluição, a futilidade, onde a única certeza é a de que nada ale a pena e tudo é vaidade. Certo proverbio diz que há três tipos de pessoas: os néscios, que erram e nunca aprendem; os inteligentes, que erram e aprendem; e os sábios, que aprendem com os erros dos outros dois. Que tipo de pessoa é você?

Quando Pedro diz: “para quem iremos nós?” ele está dizendo: Senhor, já sabemos para onde eles foram. Viemos de lá. Não vale a pena ir. Na há nada realmente proveitoso lá. Nós não temos mais nada com aquilo [I Jo 2.15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele]. Só queremos o Senhor. Só o Senhor tem o que satisfaz o eterno anseio e nossa alma. Fomos escolhidos [Mc 3.14: Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar...] pelo Senhor [Jo 15.16: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda] mas não queremos que isso mude. Não há nada melhor do que estar com o Senhor, estar na sua presença, ouvir suas palavras que nos asseguram a vida eterna. E você? A qual grupo você vai pertencer. Quero deixar com você uma última palavra, um desafio. Quero desafiar você ser o primeiro a mudar de grupo, se até hoje você não era daqueles que acreditam que o único lugar para se estar é ao lado de Jesus. Se você ainda não estava entre os que seguiam a Jesus seja o primeiro. Mas se estava, quero te desafiar a não ser o primeiro a mudar.

MALUF RI DE QUE?

malufridequeA coisa anda tão feia para o lado de Carlinhos Cachoeira que até Paulo Maluf topou assinar a abertura da CPI mista para investigar os negócios do bicheiro. Maluf está otimista quanto aos resultados da investigação e diz que Dilma Rousseff tem razão em manter distância do assunto: – A presidenta tem 77% de aprovação e não precisa se preocupar com CPI. Isso nem chega nela. A Dilma é à prova de bala.

É, de cara de pau Maluf entende. De todos os políticos brasileiros, é o que é investigado há mais tempo, o único que não pode sair do país sob risco de ser preso pela INTERPOL…

Mas goza de imunidade [impunidade] parlamentar. Ele ri de nós, do Brasil, da justiça… Vai ser feliz assim no inferno.

terça-feira, 17 de abril de 2012

MEU TRISTE BRASIL: IDELI, SENDO INVESTIGADA, MONTA EQUIPE QUE INVESTIGA CASO CACHOEIRA

Por: Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja

É… A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), a “Ideli das Lanchas”, aquela cuja atuação está sendo investigada pela Comissão de Ética, está cuidando pessoalmente da composição da CPI do Cachoeira. Que coisa! O que se viu em Santa Catarina? O Ministério da Pesca encomendou a uma empresa de petista, sem licitação, algumas lanchas inúteis. Como senadora, Ideli participou da celebração de um contrato; como ministra, mandou pagar a fatura. Entre uma coisa e outra, foi candidata ao governo do estado e recebeu doação justamente da empresa contratada. Em essência, ainda que não em escala, isso é muito diferente das maracutaias de Carlinhos Cachoeira? Num caso, o dinheiro privado, do jogo, compra funcionários púbicos. No outro, é o dinheiro público que compra a colaboração privada. Nojo!

DISCURSO DE LULA QUE DEVE SER LIDO NO CASO DO MENSALÃO

Por: Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja.

Granja do Torto, 12 de agosto de 2005

Meus amigos,
Minhas amigas.
Boa tarde,
Meu querido companheiro José Alencar, vice-presidente da República e ministro da Defesa,
Minhas companheiras ministras e ministros, que participam desta reunião.

Fiz questão de que as minhas palavras neste encontro de trabalho fossem abertas à população brasileira. Temos assuntos importantes a discutir que dizem respeito a toda sociedade. Mas, antes de mais nada, quero saudar em especial os novos ministros que vêm reforçar a nossa capacidade de ação nesta segunda metade do meu mandato. Vocês estão entrando num governo, que apesar de todas as dificuldades, fez o Brasil retomar o caminho do progresso e da justiça social. Voltamos a crescer, mas desta vez de maneira sustentável, com a inflação baixa e, o que é mais importante, gerando milhões de empregos no campo e nas cidades. Tenho certeza de que o povo sente a diferença, o país está mudando para melhor. A inflação é a menor dos últimos cinco anos, a produção industrial registra aumentos sucessivos. Na balança comercial as exportações ultrapassam a casa dos 110 bilhões de dólares nos últimos doze meses. É o melhor resultado da nossa história. Mas o que mais me orgulha, pela minha história e pelo compromisso que tenho com a gente humilde da nossa terra, é a forte retomada da oferta de trabalho. Em 30 meses já criamos 3 milhões, 135 mil novos empregos com carteira assinada. Isso significa 104 mil novas vagas formais por mês, 12 vezes mais que a média dos anos 90, sem falar nos postos de trabalho no mercado informal e na agricultura familiar. Criamos um ambiente favorável para a volta dos investimentos. Projetos no valor de mais de 20 bilhões de dólares já estão programados para entrar em operação na nossa economia. Novas frentes de expansão em energia elétrica, transportes, novas fábricas e construções fizeram a produção de bens de capital crescer 10% nos últimos dois meses. Na área social, 7 milhões e 500 mil famílias de brasileiros mais humildes têm garantido o acesso a uma renda mínima através do programa Bolsa Família. Até o final do ano, 8 milhões e 700 mil lares serão beneficiados pelo programa. Uma revolução está em marcha no mercado de consumo popular no nosso país. Expandimos o crédito com desconto em folha e muitos trabalhadores puderam pagar as suas dívidas e comprar uma geladeira, um fogão ou outro bem desejado por suas famílias. Por isso, as vendas nesse setor cresceram 21% no segundo trimestre, comparado ao mesmo período de 2004. Este país não pode parar. Tenho certeza de que este é o desejo da sociedade brasileira.

Companheiros, ministros e ministras,

Estou consciente da gravidade da crise política. Ela compromete todo o sistema partidário brasileiro. Em 1980, no início da redemocratização decidi criar um partido novo que viesse para mudar as práticas políticas, moralizá-las e tornar cada vez mais limpa a disputa eleitoral no nosso país. Ajudei a criar esse partido e, vocês sabem, perdi três eleições presidenciais e ganhei a quarta, mantendo-me sempre fiel a esses ideais, tão fiel quanto sou hoje. Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória. Mas não é só. Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação. Por ser o primeiro mandatário da nação, tenho o dever de zelar pelo estado de direito. O Brasil tem instituições democráticas sólidas. O Congresso está cumprindo com a sua parte, o Judiciário está cumprindo com a parte dele. Meu governo, com as ações da Polícia Federal, estão investigando a fundo todas as denúncias. Determinei, desde o início, que ninguém fosse poupado, pertença ao meu Partido ou não, seja aliado ou da oposição. Grande parte do que foi descoberto até agora veio das investigações da Policia Federal. E vamos continuar assim até o fim, até que todos os culpados sejam responsabilizados e entregues à Justiça. Mesmo sem prejulgá-los, afastei imediatamente os que foram mencionados em possível desvio de conduta para facilitar todas as investigações. Mas isso só não basta. O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro. Quero dizer aos Ministros que é obrigação do governo, da oposição, dos empresários, dos trabalhadores e de toda a sociedade brasileira não permitir que esta crise política possa trazer problema para a economia brasileira, para o crescimento deste país, para a geração de empregos e para a continuidade dos programas sociais. Temos que arregaçar as mangas e redobrar esforços. Peço que aumentem, ainda mais, a sua dedicação. Se atualmente vocês, Ministros e Ministras, trabalham até 11 h da noite, trabalhem um pouco mais, até meia noite, uma hora da manhã, porque nós sabemos que muito já fizemos, mas muito mais temos que fazer porque o Brasil precisa de nós.

Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo. Quero dizer a vocês: não percam a esperança. Eu sei que vocês estão indignados e eu, certamente, estou tão ou mais indignado do que qualquer brasileiro. E nós iremos conseguir fazer com que o Brasil consiga continuar andando para frente, marchando para o desenvolvimento, para o crescimento da riqueza e para a distribuição de renda. E eu tenho certeza que posso contar com o povo brasileiro.

Muito obrigado.

A MAIOR TESTEMUNHA CONTRA OS MENSALEIROS

Por: Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja

Convoco uma testemunha de acusação para mandar para a cadeia os mensaleiros: Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um petista para atestar as falcatruas cometidas pelos mensaleiros: Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um protagonista daquela quadra da história para chamar pelo nome os mensaleiros: Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.

No dia 12 de agosto de 2005, dois meses depois da entrevista concedida pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha, denunciando o esquema do mensalão, o presidente da República houve por bem se manifestar oficialmente a respeito na abertura da reunião ministerial, ocorrida na Granja do Torto. Segue um vídeo com pequenos trechos. Retomo em seguida.

Voltei
No post anterior, vocês encontram a íntegra do discurso. Sim, já havia ali, como você vão perceber, certa malandragem retórica ao destacar as “conquistas” do governo, como a sugerir certo mecanismo de compensação; como se a alegada eficiência da administração pudesse desculpar as falhar éticas. Afinal de contas, era um petista falando… Uma coisa, no entanto, resta inequívoca: o próprio Lula atestava a existência das lambanças. E, por isso mesmo, ele se desculpou. Mais ainda: no esforço — bem-sucedido, diga-se — de se livrar de um processo de impeachment, alegou que não sabia de nada e se disse… traído!

Assim se manifestava o Lula de 12 de agosto de 2005:
Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória.” Já o Lula de abril de 2012 lidera uma pressão gigantesca sobre os ministros do Supremo para adiar o julgamento para 2013 — se possível, para que ele jamais seja julgado. A decisão, hoje, cabe a um único homem: Ricardo Lewandowski, o ministro revisor, em cujas mãos está a reputação do próprio tribunal, que pode ser desmoralizado. O Lula de 12 de agosto de 2005 se dizia, além de indignado, empenhado em punir os responsáveis pelos crimes que “apareciam a cada dia e que chocavam o país”. Assim: “Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação.” Já o Lula de abril de 2012 está indignado é com o eventual cumprimento da lei e aposta todas as suas fichas na impunidade. Antes mesmo da manifestação dos ministros do Supremo, o Apedeuta fez, sim, o que estava a seu alcance para passar a mão na cabeça dos criminosos. Os que deixaram o partido estão de volta à legenda. Os que permaneceram continuaram prestigiados. Tão logo se deu o esfriamento da crise, o governo federal, com o concurso de Franklin Martins, armou uma operação para hostilizar a imprensa e acusá-la de golpismo. O Lula indignado, que pedia desculpas e se dizia traído cedeu lugar à personagem arrogante, que passou a tratar popularidade como sinônimo de inocência ou de absolvição. O Lula de 12 de agosto de 2005 já exercitava a tese vigarista de que o mensalão era um mal decorrente do sistema político, que tinha de ser corrigido. Ainda assim, falava na necessidade de punir corruptos e corruptores. Relembro: “O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.” Já o Lula de abril de 2012 pretende usar a CPI destinada a investigar gangue de um bicheiro e suas conexões com o Poder Público para esconder os crimes de outra gangue, justamente a dos mensaleiros — aquela que o levou a pedir desculpas e a a dizer que se sentia traído. Há nove anos no poder, o partido pouco se moveu em favor da reforma política — e o pouco que fez apontava para um modelo ainda pior do que o  que temos hoje.

O Lula de 12 de agosto de 2005 acenava para um Brasil livre de larápios: “Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo.”

Impressionante! Trezes meses e três dias depois desse discurso, os aloprados foram flagrados pela Polícia Federal tentando comprar um dossiê fajuto para incriminar o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Eram os tais “aloprados”, como o próprio Apedeuta os designou. Participaram da operação pessoas do círculo de confiança do então presidente: - Jorge Lorenzetti - compadre de Lula e seu churrasqueiro; - Freud Godoy - segurança pessoal de Lula e seu faz-tudo; - Oswaldo Bargas - sindicalista da CUT e amigo pessoal de Lula; - Ricardo Berzoini - presidente do PT, indicado por Lula; - Expedito Veloso - militante petista, membro do grupo de campanha de Lula e diretor do Banco do Brasil. Hoje, vejam que coisa!, ele trabalha no governo do Distrito Federal, do notório Agnelo Queiroz. - Hamilton Lacerda - assessor pessoal de Aloizio Mercadante (que disputava o governo com Serra) e homem que carregava a mala com o dinheiro. Já está de volta ao partido e vai concorrer a vaga na Câmara Municipal de São Caetano; - Valdebran Padilha - militante do PT. Em 2010, foi preso em outra operação da Polícia Federal.

Menos de quatro anos depois, em 2010, outro grupo de petistas é flagrado tentando montar um novo dossiê contra Serra. Na turma,  ninguém menos do que Idalberto Matias Araújo, o tal Dadá, homem de Carlinhos Cachoeira, o que nos traz de volta a 2012.

sábado, 14 de abril de 2012

O PODER DEVE RESIDIR NA MENSAGEM, NÃO NA FORMA OU NO MENSAGEIRO

1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.

I Co 2.1-6

pregadorA MENSAGEM É MAIS IMPORTANTE QUE O MENSAGEIRO

Em todo o capítulo 1 o apóstolo Paulo intenta demonstrar que os frutos da sabedoria humana são inferiores tanto em qualidade quanto em essência à chamada "loucura" de Deus. E os próprios coríntios eram uma prova clara e inquestionável disso: se pela 'loucura' e 'fraqueza' de Deus eles foram salvos, o que estavam colhendo da sabedoria do mundo era divisões, partidarismo e tristeza, com irmãos disputando uns com os outros a primazia – que deveria ser, primariamente, de Cristo.

Embora não seja tão comum e até pareça fora do propósito da carta, uma vez que Paulo não desejava chamar a atenção para ninguém além de Cristo, ele chama os coríntios para olharem para ele. As outras vezes que ele havia feito isto foi sempre para lembrar o que ele não fez, isto é, ele jamais buscou a sua própria glória ou nome. Mas nesta seção ele faz a mais absoluta questão de lembrar o que ele fez em Corinto: ele lhes levou a mensagem, de maneira definitiva e completa. Ele anunciou o testemunho que havia recebido do próprio Deus [I Co 11.23: Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão...; 15.3: Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras...], tendo sido chamado em tempo e modo diferente dos demais apóstolos, mas sendo ele mesmo, Paulo, apóstolo do Senhor.

A afirmativa de Paulo: eu estive entre vós testemunhando de Deus chama a atenção para o que Deus fez na sua vida e dos próprios coríntios, como se dissesse: vocês são uma prova cabal do nosso apostolado [I Ts 1.9: ...pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro...]. Mas, voltando à centralidade da mensagem, Paulo passa a exortá-los quanto ao conteúdo da mensagem, e não quanto ao mensageiro ou a forma em que a mesma é apresentada. Primeiramente vamos nos deter para observar os aspectos negativos abordados por Paulo quanto à apresentação da mensagem, sempre lembrando que a sabedoria humana pode ser mais um empecilho, um estorvo, um corpo estranho à mensagem:

UMA MENSAGEM SEM OSTENTAÇÃO DE LINGUAGEM

A mensagem não deve ser entregue com ostentação de linguagem: Paulo demonstra em diversas situações ter amplo conhecimento da língua grega, considerada a língua filosófica por excelência, quando um simples sinal ou letra poderia transformar um conceito correto na mais hedionda heresia. Um profundo conhecimento doutrinário pode ser uma bênção ou uma terrível maldição, a depender do coração do mensageiro. Pode-se conhecer profundamente as doutrinas das grandezas de Deus e transmiti-las com termos teológicos e filosóficos corretos, mas, áridos e vazios. Pode-se fazer discursos de extraordinária beleza, mas não ser a mensagem de Deus ao coração dos pecadores. Pode não ser o que Deus quer que seja dito, o que os pecadores precisam ouvir – pode ser apenas o que o pregador que falar. Pode-se pregar sobre os efeitos soteriológicos da onipotente graça do mediador unigênito e não dizer a ninguém que só há salvação no nome de Jesus Cristo. Para falar palavras bonitas havia inúmeros mestres, sofistas, perambulando pelas ruas de todo o mundo greco-romano.

Mas, apesar de as palavras de salvação serem belas, mais belos deveriam ser os caminhos daqueles que as anunciam, caminho de fidelidade, de obediência, de simplicidade, de veracidade [Rm 10.15: E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!]. O ministério presbiteriano é especialmente perigoso neste aspecto, pois a maioria dos ministros presbiterianos é exigido duramente quanto ao que e como vai pregar. Inúmeras são as provas para verificar não apenas o conteúdo, mas também a forma, a maneira de apresentar a mensagem, as ilustrações, o gestual, o tom de voz... hermenêutica, homilética, pregação prática diante de professores com a missão de criticar – e alguns o fazem impiedosamente [embora não impiamente]. E muitos caem na armadilha de se tornarem tão bons oradores que escondem a mensagem do evangelho sob uma capa de palavras bonitas e difíceis. Passam a entregar um discurso ao invés de uma mensagem. O que falam ficaria bem em um livro, em uma gravação – mas muitos saem da Igreja ainda famintos, sem alimento para a alma, sem direção para a vida, como ovelhas sem pastor. Por isso Paulo, mesmo sendo considerado pelos estudiosos modernos um dos maiores mestres da língua grega de seu tempo, transmite a mensagem na língua comum, do homem comum, utilizando-se de conceitos que todos, homens e mulheres, cultos e letrados, ricos e pobres, servos e senhores, possam não apenas entender, mas, também, atender. Paulo afirma não querer que sua ostentação [literalmente, desejo de mostrar superioridade ou excelência no falar] escondesse a mensagem simples e pura do evangelho.

UMA MENSAGEM SEM LINGUAGEM PERSUASIVA

Se o testemunho de Deus deveria ser apresentado sem ostentação de linguagem de sabedoria, uma segunda orientação de Paulo é que deveria ser evitada a linguagem persuasiva. O que ele quer dizer com isso? Os coríntios certamente entenderam imediatamente o que Paulo estava mencionando: os inúmeros mestres de filosofia de seu tempo que alugavam seu saber para quem pagasse mais. Eram especialistas em defender uma idéia hoje e, se necessário, contraditá-la sem parecer contraditório no discurso seguinte. Eram chamados de sofistas, mestres de um tipo de sabedoria que construía castelos de nuvens – a mesma nuvem que para um é um elefante de frente pode ser um morcego ou uma borboleta. Eles eram capazes de persuadir as pessoas com seus sofismas e silogismos. E Paulo lhes lembra que não fez isso. Ele lhes anunciou uma mensagem que era, ao mesmo tempo, um testemunho, isto é, um relato de fatos, simples, concretos, verificáveis. Não era, sob hipótese alguma, especulação. Era a apresentação de uma verdade, ou de verdades que, juntas, formavam um quadro mais amplo e verdadeiro. Desde os movimentos reavivalistas do sec. XVIII a Igreja tem enfatizado demasiadamente os métodos – e muitas vezes a discussão se deu mais sobre o uso dos métodos do que sobre o conteúdo da mensagem.

Um exemplo: em alguns avivalistas os apelos se tornaram obrigatórios, e quem não os fazia não era considerado evangelista – e quem os fazia, mesmo transformando-os em apelação e manipulação, não sofria questionamento. Os métodos e técnicas devem ser vistos sempre como instrumentos, como meros instrumentos para transmitir a mensagem. Mas em muitos lugares nós vemos o uso manipulador de determinadas técnicas de controle de grupo, lavagem cerebral, manipulação das emoções para atingir resultados efêmeros. Não é absolutamente difícil levar as pessoas a determinadas conclusões lógicas a respeito da salvação em Jesus Cristo – mas a pessoa pode concluir logicamente, concordar intelectualmente e não aceitar espiritualmente, não se converter e não ser salvo. Pregar o evangelho é mais do que proferir discursos edificantes, com boa argumentação e com uma conclusão adequada, mas, muitas vezes, sem vida. Pregar o evangelho é dar um testemunho de vida, daquilo que Deus em Cristo fez pela salvação do pecador e que tem dado fruto abundante e eterno. O maior elogio que um pregador pode receber ao fim de uma mensagem é a transformação de vida de seus ouvintes que ouviram a voz de Cristo, o crucificado e nenhum outro através da sua pregação, pois havia muitas mensagens e muitos cristos sendo pregados, mas Paulo considera todas as pregações inúteis se não anunciarem o Cristo que foi crucificado em lugar de pecadores.

UMA MENSAGEM QUE NÃO EXALTE A SABEDORIA HUMANA

A terceira colocação paulina quanto à essência da mensagem é que ela não deve ser apenas a expressão da sabedoria humana, qualificada por Paulo como algo carnal, passageiro. Mesmo a mais alta expressão da sabedoria humana passa com o tempo. O que é humano é tão passageiro quanto o homem – e só pode produzir algo passageiro e humano. Paulo já afirmou no primeiro capítulo que a sabedoria humana não produz salvação, não produz nada para a eternidade, logo, um convencimento fruto da sabedoria humana não pode produzir a fé que salva. Pode produzir crescimento numérico na igreja. Pode ajuntar gente, às vezes multidões. Pode levar muitas pessoas a fazerem coisas que, aos olhos humanos, pareça o fenômeno da conversão. Mas, se é só sabedoria humana, só vai produzir convencimento humano. Se é humano, não produz nada divino. Tiago afirma que a ira do homem não produz a justiça de Deus [Tg 1.20: Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus]. Se a ira não produz a justiça de Deus, também a sabedoria humana não pode produzi-la. E isso fecha o argumento anterior de Paulo: quem é Paulo? Quem é Pedro? Quem é Apolo? Meros instrumentos por intermédio de quem eles creram. Mas creram em que? Em quem? Nem Pedro, nem Paulo nem Apolo podem salvá-los.

É a fé em Jesus Cristo quem os salva. Mas a fé só é alcançada ouvindo a mensagem fiel do Senhor que salva. Como crerão corretamente se não ouvirem o testemunho do Senhor? Como a sabedoria humana e carnal poderia produzir a fé no divino, no espiritual? Qualquer um que sustente a sua esperança no conhecimento meramente intelectual está esperando em si mesmo ou em alguém que não é e não pode, mesmo que queira, ser o salvador. Nos dois primeiros tópicos Paulo enfatiza a maneira de falar, mas, agora, ele chama a atenção especificamente para o que está sendo dito. Se ele falasse com ostentação, persuasão ou sabedoria humana, a gloria seria do homem – e na haveria salvação para os pecadores, porque a base da salvação é Cristo, somente Cristo. Paulo queria que a fé dos coríntios estivesse baseada somente no poder de Deus, demonstrado através do que o Espírito Santo fazia por seu intermédio. A palavra "demonstração" [apodexeis] foi retirada do uso dos tribunais referindo-se a uma prova inquestionável, como um exame de DNA em uma criança para determinar a sua paternidade. E, acima de tudo, a simplicidade como Paulo entregou a mensagem não a tornava tola, pelo contrário, evidenciava ainda mais o seu poder. Se a sabedoria dos profundos argumentos dos homens nada conseguira, Deus, com uma mensagem simples [arrependam-se, creiam no evangelho, convertam-se a Deus e vivam uma vida digna que demonstre este arrependimento – At 26.20: ...mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento].

UMA MENSAGEM BASEADA NO PODER DE DEUS

A mensagem a ser entregue tem que ser inteiramente baseada no poder de Deus, como Paulo qualifica a mensagem salvadora através da obra redentora de Cristo Jesus [I Co 1.23-24: ...mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.]. Paulo conclui esta seção à partir de uma expressão que indica uma finalidade clara e precisa [hina], "a fim de que", com o "propósito de". A Escritura afirma que Deus tem apenas um propósito, um grande e majestoso plano em desenvolvimento, e ele será executado plenamente por causa do poder de Deus, independente da sabedoria ou falta dela por parte do homem. Os convertidos precisam ser verdadeiramente convertidos, e isso só se dará pelo poder de Deus. Não por linguagem persuasiva, teorias elaboradas ou argumentação técnica ou emotiva.

É por isso que o falso evangelho, emotivo, persuasivo e técnico, fruto de pesquisas de marketing e desejoso de atender às coceiras nos ouvidos carnais [II Tm 4.3: Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos] alcança multidões, e o evangelho simples é tão desagradável ao homem natural, carnal [I Co 2.14: Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente]. Se Cristo afirma aos cansados e sobrecarregados espiritual, ética, moral e emocionalmente um simples "vinde a mim" [Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei] os homens acrescentam intermediários, cruzes, escadarias e coisas semelhantes. Para os que estão sedentos e famintos ele promete, de graça, alegria e alimento, os homens insistem em pedágios, campanhas, correntes, votos e ofertas [Is 55.1-3: Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi].

Amados, é o poder de Deus, somente o poder de Deus, nada além do pode de Deus, por mais engenhoso e lógico que pareça. Qualquer coisa que vá além disso é inútil, é anátema [Gl 1.8-9: Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.], mesmo que vindo de anjos ou de apóstolos [e isto no tempo em que havia verdadeiros apóstolos, entre os quais Paulo se incluía com veemência – I Co 9.1-2: Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor? Se não sou apóstolo para outrem, certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor].

BOLETIM DA II IGREJA PRESBITERIANA EM GURUPI

Clique na imagem para obter o link para downloado do nosso boletim desta semana. Um abraço, e que Deus abençoe sua vida.

capaboletim

quinta-feira, 12 de abril de 2012

DECISÃO DO STF SOBRE ABORTO DE AMNENCÉFALOS E UMA PERGUNTA FILOSÓFICA: O QUE É O HOMEM

DSCN8761O Supremo Tribunal Federal decidiu que é um direito das mulheres interromperem uma gestação de um bebê amnencéfalo [antes que comece a discussão sobre a língua portuguesa, prefiro a forma amnencéfalo, guardando as raízes semânticas, do que anencéfalo, um aportuguesamento da palavra], isto é, de uma criança que não tenha desenvolvido parcial ou totalmente o cérebro. Sabe-se que uma criança nestas condições não terá condições de sobrevivência fora do útero – a sobrevida é curtíssima. A argumentação básica é que uma gestação nestas condições fere a dignidade da pessoa humana, no caso, levando-se em consideração que apenas a mulher é um ser humano. Esta é a premissa do voto dos senhores e senhoras do judiciário brasileiro. A presença de religiosos no STF trouxe à baila uma argumentação não jurídica: a de que a valorização da vida intrauterina é uma característica religiosa, não o papel do estado laico. Se a questão deve passar pela laicidade, então, cabe-me fazer uma pergunta: o que é o homem, do ponto de vista científico e filosófico? René Descartes estabeleceu a certeza da existência humana do pensamento, ao afirmar: "Penso, logo existo". Desta maneira, seria o cérebro a essência do homem? A moderna ciência admitiu isso quando decreta a morte de uma pessoa quando os processos cerebrais cessam – permitindo, assim, os transplantes que salvam muitas vidas. Partindo desta premissa, de que é o cérebro que determina a humanidade de um ser, seria natural que todo aquele que não tiver um cérebro funcional também não deve ser considerado um ser humano, ou, ao menos, um ser humano pleno. E, então, entramos no debate da amnencefalia. Tomemos um ser humano cientificamente ideal, cujo corpo é, como aprendemos nos livros de ciência, cabeça, tronco e membros e seus respectivos componentes. Se tirarmos os membros inferiores de uma pessoa, ela continua sendo um ser humano? A resposta é: sim, continua. Se tirarmos os membros superiores, esta pessoa continuaria sendo um ser humano? Novamente, a resposta é: sim, obviamente continua sendo um ser humano. Se pudéssemos trocar todos os membros internos do tronco [coração, pulmões, rins, fígado, estomago e todos os demais] pelos de outra pessoa, esta continuaria sendo um ser humano? Indubitavelmente a resposta continua sendo: sim, claro que continua. Já podemos trocar o coração de uma pessoa por uma máquina – se pudéssemos fazer isso com todos os seus membros, ainda teríamos uma mesma pessoa? Creio que a resposta continua sendo sim. A vida é mais do que um órgão, qualquer que seja ele – mesmo que este seja o cérebro. O que os meritíssimos e meritíssimas membros do STF acabaram de decidir foi que apenas o cérebro é a pessoa humana em sua essência [não consigo deixar de lembrar-me do inimigo do Máscara no desenho animado da década passada]. E julga-se no direito de extinguir uma vida porque o ser não dispõe de apenas uma funcionalidade. Seu coração funciona, seus órgãos internos estão funcionando – não importa o grau de precariedade nem porquanto tempo. Se está funcionando, ali há uma vida em curso. Mas o STF ignora tudo o mais e diz que apenas um cérebro em perfeito funcionamento é que é uma pessoa. O resto é carne, ossos, pura matéria, lixo. E como lixo pode ser retirado e jogado na lata de lixo, como tem acontecido constantemente.

O STF decide contra o entendimento da maioria da população brasileira. O STF joga na lata do lixo todo o desenvolvimento mental, cívico e religioso do ser humano. Em nome de um cientificismo, falso laicismo e, principalmente, sob enorme pressão de ativistas barulhentos, o STF ouve a voz rouca dos megafones e toma a si um lugar que não lhe pertence: o de decidir sobre quem vive ou não. Alguém grita: mas eles morreriam mesmo. É verdade. Todos morreremos mesmo. Mais cedo ou mais tarde. Isto não dá ao STF o direito de decidir quando deve cessar a vida de quem quer que seja. Na prática, já temos três casos de pena de morte no Brasil, e todos para aqueles que não tem sequer a oportunidade de cometer crime algum: para o caso de haver risco de vida para a gestante; para o fruto de um abuso sexual e, agora, para os amnencéfalos. O STF acabou de dizer que tem o direito de estabelecer que tipo de vida – e por quanto tempo – deve ser preservada pelo estado.

Para concluir, resta-me o argumento religioso: o STF colocou-se no lugar de Deus. Passou a decidir quem deve ou não viver. As leis brasileiras protegem tamanduás. Protegem micos. Protegem tartarugas e ovos de tartarugas. Mas pagam o mico de não proteger um ser humano em formação. Seria ridículo, se não fosse trágico.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ENCONTRÃO UMPs DO TOCANTINS

SAMSUNG DIGITAL CAMERARealizado na I Igreja Presbiteriana de Gurupi, contou com os preletores: Raquel Novaes, Weber e Rev. Marthon Mendes.

Momentos de comunhão, edificação, congraçamento, esportes, boa alimentação. De sexta, 06.04 a domingo, 08.04.

 

Ficou na memória o canto e encanto da Raquel, pessoa agradabilíssima e de voz maravilhosa. Que Deus continue abençoando-a, e ao seu ministério, colegas de trabalho, esposo e filhos.

Nossa gratidão a Deus por nos ter concedido dias tão agradáveis com os irmãos dos presbitérios do estado do Tocantins.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

MITOS E FATOS SOBRE A PÁSCOA

Por: Rev. Augustus Nicodemus Lopes

Nesta época do ano celebra-se a Páscoa em toda a cristandade, ocasião que só perde em popularidade para o Natal. Apesar disto, há muitas concepções errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da palavra hebraica pessach que significa “passar por cima”, uma referência ao episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte “passou por cima” das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela mesma noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do evento. Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos judeus, sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e pães sem fermento.
Jesus Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração de uma delas em Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo, após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto Jesus, como todos os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus discípulos em Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não mais a páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de muitos – uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto, cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa judaica. Para nós, era simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, cujo sangue impede que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos comem pão e bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do ano, mas durante o ano todo.
A Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem.
Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada pelos cristãos.
Em termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes atitudes para com as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1) rejeitá-las completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e mercantilismo que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente como parte da cultura brasileira; (3) usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa.
Eu opto por esta última.

http://tempora-mores.blogspot.com.br/2012/04/verdades-e-mitos-sobre-pascoa.html

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