sábado, 29 de dezembro de 2012

DE DEUS OU DOS DEMÔNIOS: O DESAFIO DE PRIORIZAR O AMOR VERDADEIRO

15 Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo. 16 Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? 17 Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. 18 Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes do altar? 19 Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? 20 Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. 21 Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. 22 Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele?

I Co 10.15-22

13Os coríntios, embora verdadeiramente crentes, ainda tinham que se debater com alguns pecados, e sua cultura e mente ainda estavam fortemente contaminadas pelo perigo da idolatria, praticamente onipresente na cidade. Como quase tudo tinha aparência de mal [mercado, praça, fórum, banhos, etc.] os cristãos são orientados por Paulo a fugirem dela [I Co 10.14: Portanto, meus amados, fugi da idolatria], porque, naquele momento histórico, era impossível vencer a idolatria - fato que só se consumaria, ao menos oficialmente, séculos depois. O apóstolo sabia que os coríntios se vangloriavam de seu raciocínio lógico, de seu conhecimento filosófico, e, no caso especial dos cristãos, também do conhecimento das Escrituras. Eram, pois, enriquecidos de uma maneira tal [I Co 1.4: Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento] que deveriam estar habilitados a compreenderem o que Paulo lhes falava.

Paulo se dirige a criteriosos, isto é, pessoas que eram habilitadas a fazerem julgamentos coerentes à partir dos fatos. E é para esta capacidade de raciocínio dos cristãos coríntios que Paulo apela, colocando diante deles duas realidades diametralmente antagônicas, mas que alguns deles estavam tentando, se não conciliar, ao menos facilitar a convivência: a celebração da ceia, um culto eminentemente espiritual, e os sacrifícios pagãos. Os coríntios são desafiados a examinarem os dois e apresentarem um veredicto. Se eram, de fato, criteriosos, seriam sábios para julgar, não se deixariam influenciar por um autojulgamento hipócrita que podia resultar numa sensação de segurança sem fundamento, como Paulo denuncia no verso 12 [Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia]. Antes que os coríntios apelassem para o célebre “nada a ver”, ou é só uma questão cultural, Paulo lhes chama a atenção para a real extensão do problema: é uma questão de comunhão espiritual. E com quem os coríntios querem ter comunhão? Esta é a questão para a qual o texto nos chama a atenção. Assim, entendemos que temos aqui alguns princípios para nortearem a nossa comunhão espiritual.

Ao abordar a questão da idolatria Paulo já havia mencionado as consequências horizontais da mesma, isto é, o escândalo diante dos gentios e o flagelo sobre a consciência dos irmãos mais frágeis ou mais sensíveis. O que para muitos era uma mera questão de “pode” ou “não pode”, uma espécie de “lei de crente” primitiva, é colocada por Paulo em seu devido contexto: cada cristão é responsável pela edificação de seu irmão - e também deve vigiar para não lhe ser pedra de tropeço [Mt 18.6: Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar].

Nesta passagem o enfoque paulino é vertical, isto é, ele chama a atenção para o relacionamento do cristão com Deus ou com os demônios que se agradam da idolatria, como de qualquer outra forma de rebeldia contra o Senhor. O que poderia ser uma complexa questão filosófica ou sociológica é colocada por Paulo como aquilo que ela realmente era: uma simples mas totalmente relevante questão de ordem espiritual: não é possível ser um adorador íntegro de Deus tendo a mente e o coração voltados para os ídolos e os demônios que os mesmos representam. A maneira de Paulo se expressar, chamando-os de “meus amados”, demonstra uma preocupação profunda e genuína pelos coríntios. Ele quer vê-los bem, quer vê-los longe do pecado, quer vê-los o mais longe possível da idolatria. Infelizmente alguns se perguntavam, em relação ao pecado e à idolatria, que era, também, uma realidade social coríntia: “até onde posso ir sem comprometer a minha fé ou a minha salvação”, o que já demonstrava uma disposição errada do coração, um desejo de experimentar do mundo, um certo deleite em suas concupiscências, que, como uma droga, é oferecida em pequenas doses gratuitas, mas cobra, no final, um preço altíssimo.

Mas a verdadeira questão não é até onde se pode ir, mas o quão distante se pode ficar do pecado. Resistir e fugir são instruções claras de como enfrentar o pecado. Quando a palavra nos diz para julgar todas as coisas [I Ts 5.21: ...julgai todas as coisas, retende o que é bom] não quer dizer que elas devem ser experimentadas, mas apenas que devem ser julgadas, analisadas e, de acordo com sua natureza, aprovadas ou reprovadas. Paulo chama os cristãos coríntios de sábios, isto é, versados, conhecedores das Escrituras, da historia dos hebreus, do evangelho do Senhor Jesus, e é para esta sabedoria que ele apela, não a sabedoria segundo o mundo [I Co 1.26: Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento] que é loucura diante de Deus [I Co 3.19: Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles].

O ponto principal da questão para o apóstolo Paulo é: com quem os coríntios queriam ter comunhão? Observemos que a comunhão pode ser observada do ponto de vista social, carnal, horizontal, comunitário. E para ilustrar isto Paulo equipara, didática mas não essencialmente, os sacrifícios hebraicos com a ceia do Senhor, contrastando-os com os sacrifícios pagãos, sem fazer qualquer distinção em seus objetivos. De acordo com Paulo, podemos aprender três verdades fundamentais sobre a idolatria: i. PRIORIDADES ESPIRITUAIS AFETAM OS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS; ii. PRIORIDADES ESPIRITUAIS AFETAM OS RELACIONAMENTOS ESPIRITUAIS e iii. PRIORIDADES ESPIRITUAIS PRODUZEM CONSEQUÊNCIAS ETERNAS.

i. DE DEUS OU DOS DEMÔNIOS: O DESAFIO DE PRIORIZAR O AMOR VERDADEIRO

i. PRIORIDADES ESPIRITUAIS AFETAM OS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS.

Dito de outra maneira, quando um homem escolhe sua religião, ela vai inevitavelmente se refletir em que tipo de comunhão vai ter com seu próximo. Para o cristão, qualquer proximidade com a idolatria vai se refletir na sua comunhão com os irmãos. Observamos isto muito facilmente quando observamos as graves dificuldades vivenciadas pelos coríntios - é perceptível que a maioria deles girava em torno do que era central em suas vidas. Havia muito pouco da obediência aos mandamentos de Cristo de buscar em primeiro lugar o reino de Deus [Mt 6.33: ...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas], e, diametralmente, havia muita busca pelas demais coisas, um amor desmedido pelas coisas do mundo [I Jo 2.15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele]. Isto se refletia no abandono da unidade e da fraternidade cristã, e na criação de grupos e partidos eclesiásticos. Pedro ou Paulo? Apolo ou Cristo? Esta sutil forma de idolatria dividia a Igreja, quebrava sua unidade, tornava ineficiente seu testemunho e envergonhava os verdadeiros evangélicos que tentavam viver, sob a graça de Deus, de forma santa, justa e piedosa [Tt 2.12: ...educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente], procurando levar outros a se converterem a Cristo.

Eles iam ainda mais longe, participando de tribunais pagãos e oferecendo seus libelos, seus sacrifícios. Iam às praças e mercados para tomar parte em seus banquetes cívicos, também eles parte de uma cultura pagã e idólatra sem se preocuparem em, sendo cristãos, tomarem parte em banquetes dedicados aos ídolos greco-romanos, numa atitude que escandalizava não apenas os crentes oriundos do judaísmo, mas também os novos convertidos e até cristãos ainda dotados de escrúpulos religiosos e que entendiam que a idolatria era evidente sinal de condenação de Deus sobre seus participantes [Ap 21.8: Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte], reprovados antecipadamente pelo Senhor [Dt 32.21: A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com seus ídolos me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com aquele que não é povo; com louca nação os despertarei à ira].

Lamentavelmente continuavam em seu pecado, em sua rebeldia contra Deus, de maneira consciente, deliberada, sem se importarem de terem se tornado motivo para escândalo e vergonha, chegando mesmo a se vangloriar de sua liberdade, que, na verdade, era libertinagem [Jd 1.4: Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo], sinal da mais completa imaturidade espiritual - ou, possivelmente, de ausência de vida espiritual. Paulo lembra que todos os cristãos são parte de um corpo, comem de um mesmo pão, frutos de um mesmo sacrifício, mas alguns estavam tomando caminhos errados. Entre a carne dos bois nos banquetes pagãos e a comunhão dos santos, preferiam a idolatria. Entre a comunhão espiritual e os lugares nos banquetes, a visibilidade social, a paz mundana, preferiam o mundo e suas concupiscências. Entre o louvor ao Senhor e o convite para as festas, davam pouco caso ao chamado para a adoração. Já vimos na mensagem anterior que o pecado que mais atraia os coríntios era a idolatria e suas variantes, e talvez os crentes de hoje não se sintam atraídos para o mesmo afã, mas certamente há outros pecados que podem levar o cristão a fazer pouco caso da comunhão. Egolatria, hedonismo, preguiça, rebeldia pura e simples... Tantas formas de pecar - tantas formas de mundanismo, tantas formas de desprezar a comunhão.

ii. DE DEUS OU DOS DEMÔNIOS: O DESAFIO DE PRIORIZAR O AMOR VERDADEIRO

ii. PRIORIDADES ESPIRITUAIS AFETAM OS RELACIONAMENTOS ESPIRITUAIS.

É evidente que as escolhas espirituais que fazemos afetam os relacionamentos espirituais que teremos. Quem opta por Cristo vai relacionar-se com ele, com alegria e amor. O salmo 2 mostra duas atitudes diante do ungido do Senhor: os povos imaginam coisas e se revoltam de maneira vã [Sl 2.1: Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?], enquanto os fiéis servem com alegria [Sl 2.11: Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor].

Já por ocasião da entrada na terra prometida Deus desafia os judeus a fazerem uma escolha: a quem serviriam? [Js 24.15: Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR]. Não haveria meio termo, Deus jamais aceitaria uma adoração que não fosse íntegra, de todo o coração [Sl 119:7: Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos], nem se agradaria de um povo que não andasse em seus retos caminhos [I Rs 18.21: Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu].

Era exatamente este o problema dos coríntios - embora tivesse conhecido Jesus, achavam que ainda podiam participar de alguma forma das cerimonias idólatras. Não se firmavam no caminho do Senhor - e para isto é preciso abrir mão de andar por outros numerosos caminhos. O Senhor nos diz que há um só caminho [Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim], embora os homens imaginem que haja vários ou várias maneiras de andar por ele [Pv 14.12: Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte].

Paulo lhes coloca a questão de uma maneira direta: eles já não estavam mais buscando a comunhão dos santos. Eles estavam em comunhão com os incrédulos quando participavam de suas festas, de suas bebedices, de suas orgias. E, ao participarem do cálice dos ídolos, na verdade, participavam de uma festa de comunhão com demônios, negando assim, a sua comunhão com Cristo, o Senhor. Não havia meio termo, é impossível ter comunhão com Deus e com o diabo ao mesmo tempo [I Co 10.21: Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios]. Utilizando as palavras de Paulo, se o cálice do Senhor é o cálice da bênção, o contrario disto, o cálice dos demônios é de pura maldição. E havia cristãos tomando dele a largos sorvos...

Ou se associavam a Deus e recebiam da sua bênção, ou tomavam dos sacrifícios demoníacos, e a ele se associavam, inclusive na destinação final [Mt 25.41: Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos]. De uma maneira enfática Paulo lhes diz que eles não podiam, mesmo que quisessem, ser realmente participantes de duas formas antagônicas de espiritualidade. “Não podeis” é enfático. Não se trata de uma exortação, mas de uma constatação. Se estavam [e, realmente estavam] em rebeldia contra o Senhor, estavam aliados ao adversário de si próprios. Não podiam participar do cálice do Senhor e dos demônios. Não podiam participar da ceia do Senhor de maneira digna e dos banquetes pagãos. Quando optavam pelos demônios negavam sua fé e, mais serio ainda, desafiavam ao Senhor.

iii. DE DEUS OU DOS DEMÔNIOS: O DESAFIO DE PRIORIZAR O AMOR VERDADEIRO

iii. PRIORIDADES ESPIRITUAIS PRODUZEM CONSEQUÊNCIAS ETERNAS

A conclusão do apóstolo é que, quando os coríntios elegeram como prioridade espiritual os banquetes pagãos, eles estavam cometendo o terrível erro de provocar zelos no Senhor [I Co 10.22: Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele?]. Uma rápida olhada no salmo 2 nos mostra que a nossa rebeldia em nada ameaça a grandeza e a santidade de Deus. Se os povos, nações e poderosos da terra são motivo de riso e escárnio do Senhor [Sl 2.4-5: Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá]. Quando fazemos escolhas precisamos estar cientes de que elas terão consequências. Nosso trabalho, nosso cônjuge, como gastamos o dinheiro que recebemos, quanto e o que comemos... Tudo isto gerará consequências. Quando escolhemos companhias também precisamos estar dispostos a conviver com as consequências destas escolhas. Nossas escolhas do dia-a-dia geram consequências que podem durar por toda uma vida. Mas quando se trata de escolhas espirituais, precisamos ser alertados que elas se refletirão não apenas por alguns anos, mas por toda a eternidade. Eu quero colocar isto de uma forma prática, com alguns exemplos:

· Quando o ano se encerra muitos correm a vestir-se de branco, comem determinadas comidas, bebem alguns tipos de bebida e praticam determinados rituais. Porque isso? Muitos, sem saber, estão bebendo do cálice dos demônios e suas superstições.

· Quando chega o meio do ano, época de festas ditas caipiras, muitos correm a organizar e participar, pessoalmente ou através de seus filhos, de tais folguedos, sem se aperceberem que estão, mais uma vez, sorvendo do cálice dos demônios.

· Até mesmo a celebração o nascimento e da morte de Cristo, com seus simbolismos pagãos [ovo, coelho, árvores, velas, velhos, etc...] transformam o cálice da bênção do Senhor em cálice de maldição, porque participam da sua celebração de maneira indigna [I Co 11.28-29: Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si].

Não podemos cometer o mesmo erro dos coríntios. As consequências de nossas escolhas nesta área são eternas. Se escolhermos o demônio e seus seguidores aqui, restará apenas horrível expectativa de juízo na eternidade [Hb 10.26-29: Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?]. Devemos buscar a bênção do Senhor através dos nossos relacionamentos: relacionamentos com os santos de Deus [Sl 16.3: Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer]. Devemos buscar a bênção do Senhor nos relacionando com ele, ao invés de rebeldia [Sl 2.12: Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam]. Deus não precisa provar que nos ama. Ele já o fez [I Jo 4.19: Nós amamos porque ele nos amou primeiro]. É no desejo ardente de estar em sua presença que demonstramos nosso amor [I Cr 16.11: Buscai o SENHOR e o seu poder, buscai perpetuamente a sua presença] e nosso temor [Sf 2.3: Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR], como resposta ao seu amor [I Jo 4.19: Nós amamos porque ele nos amou primeiro]. Em o amando, e buscando, seremos amados por ele e dele receberemos a vida eterna [Jo 6.40: De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia] e não a condenação eterna, fruto da rebeldia e idolatria [Sl 37.38: Quanto aos transgressores, serão, à uma, destruídos; a descendência dos ímpios será exterminada]

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

NOVO ANO

anonovo

Estamos chegando ao fim de 2012 – tempo comum para as pessoas fazerem retrospectivas – e, algumas, perspectivas.

Andamos juntos, tivemos lutas e alegrias em 2012 – e sei que o Senhor reserva novas lutas e novas alegrias no ano que vai começar.

Tenho para mim que as datas pouco importam – o que, de fato, importa, é estar na presença do Senhor. Tanto faz ser abençoado no começo, no meio ou no fim do ano, o que realmente importa é ser abençoado pela presença do Senhor.

Ande com ele, ande na presença dele neste novo ano, e ele certamente te abençoará.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

DIRETRIZES PARA UMA VIDA CRISTÃ SADIA

I Co 10.11-14

11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. 12 Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. 13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. 14 Portanto, meus amados, fugi da idolatria.

25122012cAnteriormente mencionamos que Deus mostrou o seu juízo no passado, sobre o seu povo, e que este juízo se deu por causa de rebelião, de incredulidade e dureza em seus corações. É perfeitamente possível traçar um claro paralelo entre aqueles centenas de milhares que presenciaram as grandes maravilhas do êxodo e pereceram no deserto e as multidões que, incrédulas, continuam buscando sinais, esquecendo-se das claras advertências de Jesus sobre a principal característica de uma geração má e adúltera [Mt 16.4: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se]: exatamente os sinais, expulsão de demônios e curas que serão de nenhuma valia no dia do juízo porque feitas de mentes, corações e mãos reprováveis segundo os critérios estabelecidos não por homens, mas pelo próprio Senhor.

Ao olharmos para os israelitas no deserto nos surpreendemos com suas atitudes e desejos: que povo de coração endurecido. Todos foram libertos, protegidos, alimentados, guiados e até mesmo milagrosamente batizados e nem assim aprenderam a louvar ao único Deus, preferiram cair, rapidamente, na mais tola idolatria diante de um bezerro dourado. Seriamos nós diferentes? A resposta é: assim como houve fiéis naqueles dias, hoje também é provável que eles ainda existam. Quase todos festejaram o bezerro de ouro fundido por Arão, ou se envolveram em festas imorais com as canaanitas e suas práticas idólatras...

E Deus, em sua graça, mandou que tudo fosse registrado, certamente sem proveito algum para os revoltosos mortos ou tragados à espada ou engolidos pela terra. Para eles era muito tarde. Tudo foi registrado para nós, para os nossos filhos, para os crentes de hoje e de amanhã [At 2.39: Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar].

Eles tiveram a oportunidade de errar e erraram. Tiveram a oportunidade de pecar, cobiçaram e pecaram, e por isso, morreram [Tg 1.15: Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte]. Se este registro foi feito para nossa instrução na luta diária contra o pecado, se necessário até o sangue [Hb 12.4: Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue], que diretrizes nós podemos aprender desta porção da Palavra de Deus?

A primeira diretriz é que NÃO DEVEMOS DEIXAR O NOSSO CORAÇÃO SER TOMADO DE SOBERBA PELO ESTADO EM QUE NOS ENCONTRARMOS.

Um mestre, percebendo que tinha um discípulo com forte tendência à soberba, chamou-o ao pé de uma grande escadaria e disse-lhe para subir um degrau e pular. Ele o fez rapidamente. Pediu-lhe para subir um segundo, um terceiro, e vários... E o discípulo sempre cumpria a tarefa com relativa facilidade. Até que alcançou um número de degraus que o levava a alguns metros do solo, e ficou receoso, negando-se a pular, recebendo, então, a lição pretendida pelo mestre: quanto mais degraus subimos, maior é o risco de dano numa eventual queda. Não é nada improvável que os coríntios olhassem para os hebreus com um certo desprezo, julgando-os atrasados por não terem a filosofia grega, e ao mesmo tempo duros de coração e de entendimento porque, apesar de todos os livramentos que receberam ainda eram capazes de se manterem incrédulos e reticentes a uma confiança plena na ação divina. Consideravam-se avançados filosoficamente e mais bem aventurados espiritualmente [Jo 20.29: Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram].

Eram cristãos, alcançaram as promessas [Mt 13.17: Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram] e foram enriquecidos em Cristo Jesus, não lhes faltava nenhum dom, mas incorreram em vários erros e mais uma vez Paulo lhes mostra o principal aspecto de suas falhas. A soberba, que os dividia, que os enfraquecia. Se estavam de pé - e creio que Paulo fez uma leve ironia por causa de seu estado de rebeldia e pecados continuados - deveriam se lembrar que é o Senhor quem levanta e quem abate [Sl 75.7: Deus é o juiz; a um abate, a outro exalta].

Não podiam se esquecer do ensino geral das Escrituras - não há homem que não peque, não há ninguém que seja sem pecado [Ec 7.20: Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque], e a vigilância por parte do cristão é absolutamente necessária, na verdade, é fundamental. Se o cristão que está vivendo santamente deve ter cuidado com a soberba, muito mais o deveriam ter os coríntios com seus muitos problemas.

Guardemos, pois, esta primeira orientação de Paulo: nada temos que nos permita confiar a ponto de deixarmos o coração ser tomado de soberba e achar que não podemos ser abalados. Se estás bem, cuida-te, mais ainda.

A segunda diretriz é que TODOS ESTAMOS, IGUALMENTE, SUJEITOS ÀS TENTAÇÕES E PROVAÇÕES.

Uma diferença fundamental entre tentação e provação é que a primeira vem ao encontro do que queremos e gostamos, são atrativas, nós temos “pontos de contato” e nos sentimos motivados a ceder aos seus encantos, e a segunda é dolorida e angustiante, vem de encontro às nossas vontades, tiram nosso conforto, buscam enfraquecer nossa fé e destruir toda a estrutura emocional e espiritual que tenhamos.

Entretanto, Paulo faz uma ressalva importante: mesmo com a ação de satanás e do mundo, toda tentação atinge o homem naquilo que ele anseia, vê, deseja. Toda tentação é primordialmente humana, é fruto dos anseios de corações enganosos e corruptos. Apenas um homem foi tentado e não cedeu às tentações [Hb 4.15: Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado]. Apenas uma vez ele se colocou deliberadamente em condições de se deixar tentar, mas até nisto havia um propósito do Espírito a se cumprir [Mt 4.1: A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo].

Quanto a nós, por causa das nossas fraquezas, a orientação bíblica é que não permitamos, deliberadamente, sermos alvo das tentações, dando ocasião à carne [Gl 5.13: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor]. Esta orientação é útil para o aluno que deve estudar durante o ano para não se sentir tentado a colar no fim por medo de reprovação; é útil para o empresário que deve ser bom administrador para não se sentir tentado a sonegar para fechar o balanço financeiro no final do ano; é útil para o alcoólatra para não passar perto de lugares onde tenha acesso a bebida; é útil para o fumante e as oportunidades de ceder ao vício; é útil para os namorados que devem evitar lugares sombrosos e solidão para não despertarem o amor e seus anseios antes do tempo; é útil para cada um de nós, em todas as áreas da vida. Em cada uma delas há uma tentação, em cada uma delas há uma oportunidade de cometer uma transgressão - mas em cada uma delas há, também, uma oportunidade de sujeitar-se à vontade de Deus e receber poder para resistir ao diabo [Tg 4.7: Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós], que anda como leão furioso procurando algum incauto para devorar [I Pe 5.8: Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar].

Em cada tentação há uma oportunidade de mostrar que amamos mais a Deus que ao mundo [I Jo 2.15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele].

Toda tentação nasce no coração do homem, e é em seu coração que cumpre vencê-la [Mt 15.19: Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias]. Guarda, pois, o teu coração e vence a tentação com uma vida de sujeição e comunhão com Deus e sua palavra, único antídoto para as armadilhas do destruidor [Os 4.6: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos].

A terceira diretriz é que NUNCA SEREMOS DEIXADOS SEM O AMPARO DO NOSSO SENHOR.

Mesmo que, eventualmente, a sensação seja de abandono, Deus nunca deixa de cuidar dos seus, nunca os deixa entregues às suas próprias fraquezas, porque forças em nós mesmos não há nenhuma [Jo 15.5: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer]. Ele é absolutamente fiel, e fez uma promessa que não nos deixaria sozinhos em tempo ou situação alguma [Mt 28.20: ...ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século]. Isto tem duas implicações para nossa vida: 1. Deus pode nos ajudar a resistir, está sempre ao nosso lado e 2. Nada que façamos está oculto aos olhos de Deus.

Mas aqui Paulo destaca uma maravilhosa doutrina das Escrituras: a providência soberana de Deus. Nossa fé tem que ser provada para que frutifique. Temos que passar pelos vales, e, eventualmente, até pelo sombrio vale da morte, mas Deus só nos permitirá que desçamos a tal vale se estivermos prontos para atravessá-lo. Deus é um pai amoroso e sábio, seu amor o leva a capacitar-nos para as lides da vida, sua sabedoria leva-o a dar-nos oportunidades para exercitamos os dons que ele dá aos seus.

Como um mestre sábio cada adversidade chega na medida da capacitação que ele nos dá. Nosso problema é que muitas vezes não queremos resistir até o fim, como alguns irmãos do passado fizeram, e que nos legaram um rico tesouro de testemunhos fiéis como Estêvão e o próprio Paulo. Mesmo nesta fraqueza, mesmo quando não estamos dispostos a resistir, ainda temos uma porta aberta pelo Senhor: a fuga do ambiente tentador, como ilustram perfeitamente as dispares historias de dois homens de Deus do passado: José e Davi. O primeiro foi tentado e preferiu fugir, sendo envergonhado, preferindo perder a liberdade mas sendo ousado para não ceder à libertinagem, aos oferecimentos pecaminosos da esposa de Potifar. O segundo estava onde não deveria estar, pois era rei e era o tempo de os reis saírem à guerra, deu vazão aos seus anseios [e não lhe faltavam mulheres], resultando em diversas tragédias, com ao menos duas mortes e muita mágoa entre os seus filhos.

Portanto, nas tentações lembre-se: ela tem o exato tamanho da sua fé no salvador Jesus Cristo e no todo-poderoso Deus. Você não é tentado com nada sobre-humano, você não é provado em nada que Deus saiba que você seja incapaz de resistir. E, faltando disposição, ainda resta-lhe uma opção. Se não consegues resistir ao diabo [Tg 4.7: Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós] fuja dele.

Com estas diretrizes em mente: 1. Cuidado para não cair; 2. Atenção e vigilância nas tentações e 3. Amparo para resistir e caminho de fuga se necessário, perguntamos: como viver essa nossa luta diária e constante, quando somos continuamente assediados pelo pecado [Hb 12:1-2: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus]?

Tratando do problema dos coríntios o apóstolo oferece uma resposta local: eles estavam se envolvendo com a idolatria nos tribunais, nos banquetes, na vida social e nos mercados. Este era o seu problema, e de tal forma isto estava enraizado em sua mente e cultura que transpuseram isto para dentro da Igreja, tornando-se fãs, isto é, tomando por ídolos a Paulo, a Pedro, a Apolo... Faziam do próprio Cristo um ídolo.

O princípio paulino é: se a idolatria contaminou sua mente e coração, fuja dela ou ela vai controlar cada aspecto da vida de vocês. Muitos se deixam dominar por Mammon outros por Baco, outros ainda por Afrodite. Dinheiro bebida, sexualidade, fama, poder, tudo isto é inebriante e expressa os anseios do coração. A busca por satisfazê-los a qualquer custo dá origem às mais diversas estratégias pecaminosas. Um coração tomado pelo pecado [Mt 15.19: Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias] vai dar origem a todo tipo de obras da carne [Gl 5.19: Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam], resultando em esfriamento da fé, afastamento da comunhão e consequente apostasia.

Mas não há motivos para desespero por parte dos verdadeiros crentes no Senhor Jesus Cristo: ainda que a força do pecado e da tentação seja muito grande e aparentemente invencível, o cristão ainda pode correr e se abrigar à sombra da cruz de Cristo, clamando a ajuda daquele que venceu a morte por seus eleitos [Rm 7.25: Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado] e nos faz mais que vencedores em todas estas coisas [Rm 8.37: Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou] pois nos dá a sua vida [II Co 4.10 ...levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo].

Tanto os coríntios quanto nós temos uma dura batalha pela frente: vencer o pecado que nos assedia. Por nossas forças é impossível, por isso precisamos confiar em Jesus Cristo, total e incondicionalmente em sua obra e sabedoria, deixando-o conduzir-nos a Deus.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

E JÁ FOI NATAL! JÁ?!!!

25122012cFui dar um pequeno passeio com a família na noite de natal. Gurupi não tem shopping, mas tem posto de gasolina. E fomos pra lá... Brincamos, passeamos, comemos, e na volta eu vinha pensando... E já foi o natal... Passei por um pequeno estabelecimento de venda de pequenas porções de bebidas alcoólicas [eufemismo para boteco, botequim...]... E vi uma cena lamentável, algumas pessoas bebiam, e dois senhores, acho que na faixa dos 50, 55 anos, meio que ensaiando passos de uma música qualquer, caindo pelos cantos... Nos jornais, as notícias do trânsito [mortes], policiais [um morto e 5 feridos gravemente em Osasco], e muita, muita bebedeira. No Chile teve até papai Noel [Noel, que tem a ver com natal?] que morreu ao trocar o trenó pelo paraquedas…

É. Já foi o natal. Mas que natal, realmente, se foi? Será que o natal que se foi, que acabou esta noite, é o natal de Cristo, o verdadeiro natal? Será que, de verdade, tantos votos de “que Cristo nasça em seu coração” significarão alguma coisa amanhã? Quantos presentes serão simplesmente trocados, esquecidos nos próximos dias? Quantas famílias sofrendo pelos efeitos da bebedice, especialmente acidentes de trânsito, discussões? Quantas ressacas e problemas estomacais? Quanta sujeira nas ruas para serem limpadas, quantas lojas para serem arrumadas novamente...

Eu não gosto deste natal... Não gosto de suas luzes, de seu barulho, de seu custo e de sua artificialidade... Não gosto do natal mercantilizado, falso como beijos de bajuladores. Não gosto de ver gente que não tem a menor ideia do significado da encarnação do redentor com palavras vazias nos lábios, tais como “feliz natal” ou ainda “que Jesus nasça em seu coração”... Este natal eu torço para que passe logo...

Quando vejo colegas, pastores, levantando a voz contra a celebração do natal coloco-me ao seu lado se é a este natal que se opõem. Tem o meu apoio e minha companhia. Também sou contra o natal que tem Cristo como pretexto, e como mero pretexto, mas com um pano de fundo pagão e mercantil. Não precisamos deste natal. Os cristãos não precisam deste natal. Sei que é difícil separar uma coisa de outra - ainda mais com a data já tornada tradicional de celebração [e não considero a data importante, sob hipótese alguma].

Então, se me perguntam: porque celebras o natal? Tenho que pedir paciência ao leitor para poder responder, porque o natal para mim não é uma data, é um evento histórico, é o evento que divide a história da humanidade, e, mesmo antes de acontecer, já dividia a historia do mundo e o próprio mundo em esperança ou desespero. Mesmo os que viveram antes do nascimento do redentor viveram na esperança de que ele aconteceria, aliás, mais que esperança, na certeza, fruto da fé, que ele aconteceria. Andaram errantes pelo mundo, obedeceram sem questionar porque sabiam que aquele que lhes prometera o redentor é fiel para cumprir cada uma das suas promessas. Celebro o natal porque ele é a esperança viva, que salva mesmo antes de ser feito carne, como bem lembrou-me uma amiga “valente”...

Os que viveram nos dias de sua encarnação puderam sentir a realização de seus anseios, como, de uma maneira especial, um ancião chamado Simeão. Os que com ele andaram experimentaram uma palavra poderosa [Mt 7.29] e uma presença marcante [Lc 24.32] - e ele ainda reserva uma palavra de esperança para os que viessem depois [Jo 20.29]. Como não celebrar a realização de todas as promessas, desde a primeira, ainda no Éden? Se andei com colegas por um tempo, temo que aqui comecemos a nos apartar. Continuarei celebrando a vinda do redentor, não porque há, no ano, uma data especial, mas porque o ano só é especial porque o redentor veio para nós.

O natal de um dia só é irrelevante e inútil. O natal que aponta para os mercados, para as árvores pagãs, para os presentes com preços elevados, para as bebedices e glutonarias não é o verdadeiro natal, não é a verdadeira celebração do nascimento de Jesus porque não aponta para o Jesus das Escrituras, não aponta para aquele que andou por toda parte fazendo o bem e ensinando o caminho do Senhor, caminho que os bêbados e glutões não querem seguir, que os incrédulos nem ousam olhar. O natal que não aponta para a cruz, que não lembra que quem nasceu é o redentor que não pede comiseração por ter ido para em uma manjedoura, mas que recebe adoração mesmo na manjedoura não é o verdadeiro natal.

Ao celebrar o nascimento do redentor devemos lembrar que, apesar de servo, ele é o Senhor de toda a terra. Apesar de vindo em humildade, era digno de toda a honra. E é preciso lembrar também que hoje só lembramos, não repetimos, o nascimento do messias. Ele não está mais numa manjedoura. Não está mais deitado em um estábulo. Ele está assentado num alto e sublime trono, tem pleno direito de exigir adoração e obediência e, em momento desconhecido para nós, virá ainda uma vez, não para outra manjedoura, mas para um trono de juízo, separando justos de injustos. Celebro o natal não porque um menino nasce, mas porque ele nasceu, cresceu, morreu e ressuscitou. Celebro o natal do homem-Deus, juiz de toda a terra, porque sem a encarnação não haveria ressurreição.

Para mim o natal não foi. Ele é. Cristo não nasceu em meu coração em tempo algum - eu nasci de novo por causa de Cristo, da água e do Espírito [Jo 3.5], da vontade de Deus e não de homens [Jo 1.13]. O natal que passa não é cristão. É comercial. É explorador, é tolo, é fútil, é mentiroso. Peço-lhes um favor: não me convide para este natal. Ele não faz sentido para mim - mas, ao mesmo tempo, permita-me convidar-te para conhecer o redentor, o salvador Jesus Cristo. Conhecendo-o, conhecerás o natal que celebro. Conhecendo-o perceberá o verdadeiro sentido do natal, como na antiga canção: “eu sei o sentido do natal, que na história tem o seu lugar, Cristo veio para nos salvar...”

Para o natal que se vai, gostaria de poder dizer: não volte... Mas sei que vai voltar. Antes mesmo que alguns tenham conseguido pagar as prestações deste, ele estará novamente à porta, com seus sons e luzes... Tudo bem, faz parte da nossa cultura. Mas vá, sua presença é breve. Não me causa dano que vás...

Meu coração [e o coração dos verdadeiros crentes] celebra outro natal - eterno, cheio de significado; eficaz, cheio de poder; salvador, porque cheio da graça de Deus, superabundando onde abundou o pecado. Nesta celebração que vivemos no dia-a-dia há amor, alegria, paz, perdão, certeza de salvação e comunhão uns com os outros e com o Senhor nosso Deus. Se você não sabe o que é amor, o que é comunhão, o que é perdão, então, tenho que ser muito franco com você: você ainda não celebrou o verdadeiro natal. O Cristo, ainda que nascido, é para ti um desconhecido porque o que você conhece é o dos presépios - e este não salva, este não transforma, este não restaura pecadores, não transforma filhos da ira em filhos de Deus.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

NATAL, TESTEMUNHO DA VERACIDADE DE DEUS

Mensagem pregada na III Igreja Presbiteriana em Gurupi, 24/12/2012

nataliiipregarNeste domingo, por ocasião da Escola Bíblica, mencionei que o natal é um momento de grande alegria, mas também de os cristãos lembrarem-se que o natal é onde [ou quando, se preferirem] a páscoa começa, e disso não abro mão – é sempre oportuno lembrar, porque muitos estão celebrando o natal sem experimentar os efeitos da cruz.

Já li muitas coisas, muitos livros - este ano, que foi um ano atípico, li 47 livros e um número indefinido de artigos e outros tipos de literatura. Já li autores de renome mundial, como Shakespeare e muitos outros. Já li literatura nacional de todos os tipos - já li, inclusive, uma enciclopédia de capa a capa [Enciclopédia dos Trópicos]. Mas em todos estes livros nunca encontrei uma história que supera em beleza e singeleza a historia do nascimento de Jesus Cristo. Ela é tão simples, e ao mesmo tempo tão extraordinária, tão coerente e ao mesmo tempo tão inusitada, tão humana e tão celeste que não poderia ter saído da mente de homem algum. Uma rápida lembrança da fantástica cosmogonia greco-romana nos leva a constatar que há falhas grotescas em suas historias a respeito de suas divindades. Não é assim com a historia do nascimento de Cristo. Não há falhas, desde o seu começo não há qualquer evento que possa ser considerado contraditório. E é impressionante se lembrarmos que esta historia foi contada por vários autores, e no decorrer de muitos séculos.

Ela não começa em Belém - começa muito antes, quando Adão e Eva cometem o mais terrível dos erros: confiam na mentirosa serpente, e desobedecem ao amoroso criador. É a mais bela, a mais longa e mais coerente historia de amor que encontramos em qualquer literatura. Às portas do Éden o Senhor anuncia a Eva que a humanidade ainda era alvo de seu amor - e que ele próprio providenciaria um redentor para os descendentes deste casal agora caído em desgraça. E lá, paradoxalmente, enquanto os punia por sua desobediência dava-lhes um alento de esperança [Gn 3.15]. Deus lhe prometeu que um seu descendente, da semente da mulher, esmagaria a cabeça da serpente - e Eva parece crer que isto se daria imediatamente com o nascimento de Caim, seu primeiro descendente masculino [Gn 4.1], mostrando que as expectativas e realizações humanas são, não apenas frustradas, mas frustrantes, como mostra o tipo de cabeça que Caim esmagaria. O descendente seria aquele que o Senhor enviaria, não o que os homens escolheriam.

Séculos depois, o Senhor confirma a sua promessa a um homem e sua esposa. Abrão e Sarai são chamados para serem a semente de uma nação santa, uma nova nação, diferente dos idólatras caldeus. O Senhor lhe promete fazer dele e de seus descendentes uma nação numerosa e abençoadora para todas as famílias da terra - entretanto, o convite trazia em si uma prova de fé, pois eram de idade avançada já por esta época. Aos 90 anos, amortecido, casado com uma mulher também já infértil, Abrão tem seu nome mudado para Abraão, e Sarai passa a chamar-se Sara. E, apesar de percalços, continuam crendo que o Senhor os usaria para serem parte da raiz de onde sairia o redentor, chegando mesmo a visualizar, pela fé, o dia da realização desta missão quando seu descendente abençoaria todas as famílias da terra [Jo 8.56].

Outros capítulos desta história foram escritos por diversos servos de Deus, os profetas, que viviam seu tempo, mas de olho nas promessas, ou, mais especificamente, na promessa da chegada do redentor, sem, no entanto, alcança-las [Hb 11.13]. Assim foi com Moisés [Dt 18.15], como Miquéias que sabia até o local onde ele nasceria [Mq 5.2]. Mas nenhum profeta foi tão claro quanto ao nascimento do redentor quanto Isaías. Falou tanto sobre Jesus que é chamado de “o profeta evangélico”... Seus escritos pintam um quadro tão impressionante do nascimento, vida, ministério e morte de Jesus, indo além, até à sua vitória sobre a morte, que seu livro mais parece um quinto evangelho. Foi ele quem anunciou que a virgem conceberia, e que aquele menino receberia poder para governar como um maravilhoso conselheiro, um Deus poderoso, gerado na eternidade e príncipe da paz [Is 9.6-7]. Tudo quanto Isaías escreveu foi-lhe revelado 740 anos antes de acontecer. Qual historia deste mundo contém tão impressionante feito?

Para o primeiro natal o Senhor fez questão de convidar pessoas de todos os tipos, de todas as classes sociais, de todos os matizes. Convidou pessoas simples, como os pastores que cuidavam dos campos nas proximidades de Belém, proporcionando-lhes uma impressionante demonstração, ainda que ínfima, da maravilha que é a corte celeste, com anjos louvando ao Senhor. Dos campos, sem paramentos, seu enfeites, apenas com o coração jubiloso e cheio de fé, correm para adorar ao redentor recém-nascido. Outros pobres, como eles, ouviram a notícia, pois eles saíram contando, mas evidentemente não há registro de outros que creram em seu relato, desprezando o que diziam. Não apenas pobres, mas também pessoas cultas são convidadas para a festa. E isto, novamente, pelo próprio Senhor, que fez brilhar fulgurante estrela indicando aos magos que algo de extraordinário estava acontecendo em Israel. Creio que eles não levavam presentes para todos os príncipes que nasciam naquela época - todavia eles sabiam que aquele menino era diferente, e precisavam ir vê-lo, e, mais ainda, adorá-lo. Eram homens estudiosos e, provavelmente, de posses, a ponto de serem recebidos no palácio real de Herodes, que não era, como a historia conta, um homem de se relacionar com pessoas humildes. Através dos magos os religiosos são informados do nascimento do redentor - e, mesmo pesquisando não se dão ao trabalho de irem verificar se o menino nascido é realmente o messias descrito em seus livros. Religiosos profissionais, indiferentes à ação de Deus. Mas havia outros religiosos, como Ana e Simeão. Ana aguardava, dia e noite, a chegada deste momento, e Simeão fica tão contente em ver o menino que afirma estar pronto para encontrar-se com o criador, pois havia conseguido o que mais desejava em sua vida [Sl 23.1].

Também tomam conhecimento do nascimento do redentor políticos, poderosos do seu século, representados aqui por Herodes. Sua única preocupação foi com a segurança de seu trono, com a manutenção do seu status e seu poder, usando de vários elementos para não perde-lo: usa os religiosos [escribas], usa até os crentes, cheio de artifícios com os magos e usa mesmo de violência para atingir seus intentos - mas o Senhor frustra os desígnios de tais homens, os perversos não podem prevalecer na congregação dos justos. A primeira festa de natal foi organizada por Deus, os primeiros convidados foram divinamente orientados pelo próprio Deus, o primeiro presente foi o do próprio Deus para a humanidade caída, como fora prometido no início da história. Ali ele recebe adoração, da qual somente Deus é digno. Ali o menino de Deus, o menino Deus receberia alguns presentes [Mt 2.10-11], embora atrasados: ouro, digno de um rei, incenso, digno de um sacerdote, e mirra, como uma profecia sobre o seu sacrifício em favor de seu povo, mostrando assim que ele teria um tríplice ministério: rei eterno, sumo-sacerdote singular e sacrifício de valor único e inexcedível para pagar os pecados de seu povo. Já na chegada Jesus provoca intenso júbilo para o coração dos crentes, mas indiferença, alarma e oposição por parte dos meramente religiosos e dos inimigos da fé.

Quando comemoramos o natal lembramos a encarnação do verbo de Deus, mas lembramos que ele veio para mais do que isso. Veio para vencer a morte, para nos substituir naquela cruz, e, só comemoramos o natal porque ele continua vivo, não foi detido pela morte, não foi vencido pelo túmulo, mas ressuscitou. Não dou muita importância à data, para mim isto é indiferente - o que não pode acontecer é ficarmos, como os escribas, indiferentes ao fato de que Deus se fez carne, habitou entre nós, e vimos sua glória, glória do unigênito do pai [Jo 1.14].

A historia não termina com o nascimento, e, como toda historia tem um propósito, esta também não deixa de ter. O Senhor Jesus afirmou ser ele o caminho, a verdade e a vida [Jo 14.6], e ele era a mais completa expressão do ser de Deus [Hb 1.3], em quem habita corporalmente a plenitude da divindade [Cl 2.9] podendo, assim dar testemunho da perfeita veracidade de Deus. E é sobre este aspecto ou propósito que vou me alongar um pouco mais.

Aproximadamente três décadas depois do seu nascimento, Jesus tem uma oportunidade de dizer para que, afinal, ele foi envaido. É o início da última fase desta historia impressionante. Ele está a caminho do calvário, e foi perguntado sobre quem ele era: sua resposta não deixa dúvida: dar testemunho, atestar, afirmar a veracidade de Deus [Jo 18.37].v

Todos vivem procurando conhecer suas verdades. Não conheço ninguém que queria ter conhecimento apenas de mentiras, de inverdades, de fantasias. Quando alguém troca a verdade por um mundo de mentiras é porque tem algum tipo de distúrbio. Mas o fato é que o conhecimento da verdade dos fatos é perseguido até pelos maiores mitômanos que possamos conhecer.

E se queremos conhecer a verdade, precisamos relacioná-la com o Senhor da verdade, com aquele que é a verdade. Todo o conhecimento histórico, filosófico, científico e tecnológico não tem valor algum se não conhecermos alguns fatos a respeito da verdade:

i. A VERDADE É QUE SOMENTE EM JESUS HÁ ACESSO A DEUS

Nenhuma filosofia, nenhuma religião, nenhuma ciência, nada que o homem seja capaz de criar é capaz de substituir o que somente Jesus é: somente ele é o caminho para Deus. Ninguém mais pode nos levar ao Pai eterno [Jo 14.6]. Qualquer outro caminho é atalho para o abismo, pois, como afirma a Palavra de Deus, há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminho de morte [Pv 16.25].

ii. A VERDADE É QUE SOMENTE EM JESUS SOMOS VIVIFICADOS ESPIRITUALMENTE

Desde que Adão colocou-se e a seus descendentes sob a maldição morte, morrendo espiritualmente no momento em que comeu do fruto que lhe fora proibido [Rm 5.12] nenhum homem conseguiu escapar desta maldição [Sl 14.3] porque, todos, indistintamente, estavam mortos em seus delitos e pecados [Ef 2.1]. Mas se um homem trouxe a morte, também um só, e nenhum outro, trouxe a vida [Rm 5.15-19]. Somente ele, nenhum outro [At 4.12].

iii. A VERDADE É QUE SOMENTE HÁ VIDA ETERNA EM JESUS

Os homens costumam afirmar como verdade o provérbio que há uma verdade comum a todos os homens: a morte. Não é assim com os que creem em Jesus. Nossa esperança não se limita apenas a esta vida [I Co 15.19] - cremos firmemente naquele que disse que quem nele crê já passou da morte para a vida [Jo 5.24] e tem a vida eterna. Cremos no que ele disse, que se nele crermos temos a vida eterna [Jo 17.3] e nada nem ninguém pode mudar isso [Rm 8.38-39].

Negar estas verdades, colocar suplementos ou negar elementos delas é colocar-se contra o verdadeiro, é abraçar a mentira [Rm 1.25]. Rejeitar a verdade de Deus, rejeitar a verdade do nascimento virginal do filho de Deus, rejeitar que o verbo se fez carne e participou de nossa natureza, fez-se um conosco, é, lamento dizer, colocar-se ao lado de Herodes, dos escribas, da multidão que estava em Jerusalém indiferente ao nascimento do redentor. É colocar-se ao lado daquele que, em última instância, desejava a morte do menino, o homicida desde o princípio, satanás [Jo 8.44].

Para o primeiro natal Deus convidou homens de todos os tipos, muitos foram informados do nascimento do redentor, porque este é um evento de implicações universais, e aponta para a ação de Deus em unir novamente todos os homens [Cl 3.11] sob o cetro do menino que nasceria para reinar com cetro de justiça. Jesus nos chama para deixarmos de lado o individualismo, para nos tornarmos comunidade, povo, nação, ramos de uma videira, partes de um corpo, de um edifício. Jesus nos chama para a união, para a fraternidade nele, na verdade. Não há unidade na mentira, só há unidade verdadeira em torno da verdade.

Jesus não tem um plano “b” para a sua Igreja. Ele planeja vê-la unida, batalhando pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos [Jd 1.3] Este é o plano de Deus para sua Igreja. Qualquer coisa diferente disto é espalhar, é ser contra o Senhor [Mt 12.30]. Ele deseja ver sua Igreja caminhando em unidade, e, no coração de cada um de nós, o desejo e o esforço diligente para que isto se torne uma realidade na vida da Igreja. Não sem propósito que o Senhor orou pedindo para que fossemos um só coração, uma só mente, como ele e o pai eram um só... Que houvesse humanidade, assim como ele estava no pai e o pai nele. Só assim o mundo olhará para a Igreja e verá Cristo, aquele que se fez um de nós, o Emanuel, o Deus conosco, semelhante a nós, conhecedor de nossas dores...

Vivemos dias difíceis, e a aceitação da mensagem por um mundo que já não tem prazer nela é tornada tão mais difícil porque ao invés de a Igreja apresentar uma mensagem, um canto, apresenta notas contrastantes, mostra-se dividida e, pior, digladia-se, morde a si mesma.

A festa comemorativa do nascimento de Jesus, para nós, é 25 de dezembro, mas se a celebração da unidade em Cristo se limita a esta data, se não há genuíno amor durante todo tempo, então, lamento informar, não é uma celebração genuína. É tão vazia quanto uma festa pagã [Is 1.12-13], era melhor não celebrar [Ml 1.10]. Natal é um convite à viver o amor de verdade, viver em unidade, com um só coração, um só pensamento [Jr 32.39]. Cristo se uniu a nós, abarcou nossa natureza, o divino fez-se um conosco, obra muito maior do que nós andarmos em unidade. Viver, de fato, o que é o natal é viver a unidade proposta por Cristo, para sua glória, em todos os momentos.

sábado, 22 de dezembro de 2012

NATAL, ONDE A PÁSCOA COMEÇA

13Há muitas disputas sobre a celebração do natal. Cristãos evangélicos e sectários pretendem vê-la esquecida, tanto por causa da impossibilidade da data [25 de dezembro] quanto por associações feitas com festas pagãs antigas. É sem sombra de dúvida que não vale a pena entrar em debates fundamentalistas ou apologéticos com quem não tem interesse em aprender, mas em fazer sectários, dentro de sua denominação ou para dentro de seus grupos. Entretanto, muitos dos que se negam a celebrar o cumprimento da promessa de Deus de enviar o redentor que destruiria a cabeça da serpente celebram outros eventos, como a conquista de um título acadêmico. Neste breve e despretensioso texto pretendo elencar algumas razões que me fazem partidário, bíblica e liturgicamente, da celebração do nascimento do redentor - independente da data escolhida.

i. ALEGRIA PELO CUMPRIMENTO DE UMA PROMESSA HÁ MUITO AGUARDADA

O primeiro motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como um conforto aos nossos pais primevos quando eles estavam começando a sofrer as consequências do seu pecado edênico [Gn 3:15]. Adão e Eva perceberam que o diabo os havia enganado [Jo 8.44], diferente de Deus, que sempre fora verdadeiro com eles, nas bênçãos e, agora, ao lançar-lhes para fora do Éden [Gn 2.17], continuava sendo verdadeiro, e os expulsava por causa justamente desta mesma fidelidade [Sl 145.13]. É com esta esperança que Eva dá à luz seu primeiro filho [Gn 4.1], crendo que já este seria o redentor prometido [Jo 1.30]. Esta esperança da chegada do redentor foi o fio condutor de toda a história do povo de Israel, toda a religiosidade daquele povo chamava-os para o templo, para o sacrifício de um inocente animal em lugar de pecadores [Hb 10.1-4], funcionando como condutor, mestre e guia [Gl 3.24-25].

ii. ABRIGO SEGURO DIANTE DAS ANGÚSTIAS DA VIDA E DA MORTE

O segundo motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como um abrigo seguro para todo aquele que o buscasse [Is 55.6] de todo o coração [Jr 29.13] após este ter sido transformado [Ez 36.26], porque antes disso a religião é mera superstição e inutilidade, fruto de um coração enganoso e corrupto [Jr 17.9]. É por causa do natal que somos refeitos, passamos da morte para a vida [Jo 5.24]. O natal nos lembra que estávamos mortos em nossos delitos e pecados [Ef 2.1] - e o Senhor da vida teve que morrer em nosso lugar [Gl 3.13], o justo morrendo em lugar de injustos [I Pe 3.18] para que tivéssemos vida, e que nosso nenhum vigor fosse de tal maneira tocado pelo Senhor e transformado num poder extraordinário [Is 40.29]. O natal mostra que Deus nos deu seu filho [Jo 3.16] para que vivêssemos sua vida [Gl 2.20]. Em Cristo não somos mais tocados pela morte, não precisamos mais temê-la [Hb 2.15] - mas isto só foi possível porque ele foi dado por nós.

iii. CERTEZA DE VITÓRIA MESMO QUANDO TUDO PARECER PERDIDO

O terceiro motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como a garantia de uma vitória total sobre tudo o que se levantar contra a vontade do Senhor [Rm 8.37], pois seu braço não está encolhido para que não possa salvar [Is 50.2] aqueles que ele próprio determinou dar ao seu filho [Jo 10.29] como o fruto do penoso trabalho de sua alma [Is 53.11]. Quando inimigos se levantam, e até mesmo a vitória, aos olhos do mundo seja retumbante, o Senhor ainda assim concede vitória aos seus, como a Estevão [At 22.20] ou dos hebreus na babilônia [Dn 3.17-18]. Esta certeza vem do fato de que, anos depois do natal, houve uma páscoa especial, onde o Senhor da vida entregou-se e pagou alto preço pelos pecados do seu povo, clamando no madeiro: “tetelestai”, que significa, “está consumado, completamente pago” [Jo 19.30]. Nada mais resta, senão a fé e a gratidão àquele que seu sangue derramou por nós.

iv. MOMENTO DE LOUVOR ORQUESTRADO PELOS ANJOS DO SENHOR

Os relatos do nascimento de Jesus mostram que o próprio Deus preparou o momento e o ambiente para a festa do primeiro natal [Gl 4.4-5]. Ao nascer o redentor anjos louvaram [Lc 2.13-14], os trabalhadores louvaram [Lc 2.20], os anciãos louvaram [Lc 2.29-31; 38] e até estudiosos pagãos vieram render-lhe homenagens [Mt 2.1], ainda que tenham chegado atrasados. Só não se importaram com seu nascimento os religiosos profissionais, presos às suas estantes e mentes empoeiradas [Mt 2.3-5] que ficaram indiferentes à, ao menos, possível chegada do redentor, e os poderosos da terra [Mt 2.7-8; 13; 16] que, como satanás, desejaram matar o menino-Deus.

Mesmo os ferrenhos defensores da páscoa, em detrimento do natal, são obrigados a admitir: sem natal, não haveria páscoa. 25 de novembro é só uma data, indistinta de todas as demais em santidade [Rm 14.5] pois sabemos que foi o Senhor quem fez todos os dias, e em todos os dias devemos louvá-lo. Sem dúvida que temos que tomar cuidado com os problemas do moderno natal: mercantilismo, sincretismo, espiritismo, paganismo e feitiçaria.

Todavia, ainda que não haja registros de que a Igreja cristã tenha celebrado algum tipo de festividade relativa ao nascimento, é conveniente lembrar que a primeira celebração foi orquestrada pelo próprio Deus, com os convidados que ele próprio escolheu, no lugar que ele próprio determinou. Eu celebro o natal - porque sem natal não haveria páscoa. Eu continuarei celebrando o natal, porque ele não apenas não é antibíblicas mas conclama os crentes a se lembrarem da encarnação do verbo - e só por causa da encarnação houve a consumação da obra redentora.

Continuarei celebrando o natal como ministro [servo, não senhor] do Senhor na Igreja Presbiteriana do Brasil, que determina que seus ministros não se furtem a celebrar as datas litúrgicas. Louvemos ao Senhor, com singeleza de coração, levantando mãos puras, sem maculá-las com a desobediência.

Aos que clamam afirmando que a Igreja que celebra o natal se coloca como uma babilônia ao celebrar o natal, deveriam ser coerentes e atender ao que entendem, então, ser a ordenança do Senhor neste sentido [Ap 18.4]. Se a sua denominação é uma babilônia, então sejam coerentes.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

NATAL: UMA FESTA SEM SENTIDO

A celebração da graça de Deus se tornou uma festa sem graça.

13Durante muitos anos a festa de natal era, para mim, uma festa sem sentido algum. Na verdade, eu detestava a época do natal. E havia, realmente, razões para isso. Meus olhos para a festa do natal eram fechados para qualquer aspecto espiritual. E é justamente por isso o título do artigo: o natal que vemos ser “comemorado” é uma festa sem sentido algum, apesar de ser ansiosamente aguardado. A questão é: aguardado ansiosamente por quem e por que? É aguardado, por exemplo, pelas crianças, que querem nada além de presentes. É aguardado pelos lojistas, que querem vende-los. É aguardado pelos empregados, que querem as comissões das vendas que aumentam bastante. É aguardado pelos desempregados, que querem as vagas temporárias.

As cidades ficam mais bonitas, mais limpas, mais iluminadas. As lojas ficam mais enfeitadas, mais brilhantes. Parece até que as pessoas ficam mais sensíveis, mais felizes. Mas... Será verdadeira esta alegria? Ou será apenas o fruto de uma sugestão por causa do forte apelo de marketing da época - apelo religioso, estético e comercial. Depois dele, o que fica? Geralmente, pedaços de presentes das crianças, logo esquecidos em algum canto, novidades tecnológicas cobiçadas mas logo vistas como supérfluas, gastos com viagens longas e às vezes estressantes, contas a serem pagas durante o “ano novo” que não será tão feliz e próspero assim, porque os orçamentos já estão comprometidos com dívidas e mais dívidas.

Fala-se muito em “magia do natal”, e eu então me pergunto, que magia é essa mesmo? A dos duendes, das renas voadoras e do velhinho e sua gargalhada bonachona. Pegando carona nesta magia entram os refrigerantes, bolos, pães, carnes e doces. A maioria gosta do natal exatamente pelo que ele não é. Eu não gostava do natal pelo que eu não tinha. Não ganhava presentes. Não ganhava doces. Não tinha festas. A maioria hoje, mesmo os mais humildes, tem alguma coisa. Algum presente, mesmo comprado numa loja de artigos baratos. Ganham doces. Hoje ficou mais fácil fazer uma festinha. Há os que tem muitos, presentes caros, guloseimas e festas suntuosas. Mas todos com uma semelhança comigo: com ou sem presentes, todos sem Jesus. E é exatamente por isso que o natal é uma festa sem sentido.

No natal sem sentido há muita magia, muitas luzes, muita festa e muita alegria, mas, no natal sem sentido, não há lugar para Jesus, como não havia na distante Belém, no distante ano do recenseamento ordenado por César Augusto, quando Quirino governava a Síria. Também para eles era uma época diferenciada [Lc 2.1-3]. As famílias estavam se reunindo em suas próprias cidades, provavelmente levando lembranças uns para os outros. Havia comidas em fartura. Havia luzes até mais tarde, para dividirem as historias de lugares distantes e de seus próprios lugares com os que chegavam. Mas, novamente, há uma semelhança: em todo canto havia canto e alegria, mas em nenhum canto havia lugar para Jesus. Todos alegres, mas todos sem Jesus. Não havia lugar em suas ocupações, em suas preocupações. Nenhuma casa tinha lugar para Jesus.

Na plenitude dos tempos, no momento exato que Deus preparou para seu filho adentrar no palco da história, com o próprio Deus proporcionando a iluminação, Jesus foi deixado de fora da vida dos homens - veio para os que eram seus, a festa estava preparada, mas “os seus não o receberam” porque ele não nasceu em um palácio, veio para ser rei, mas não nasceu na casa real, e sim na “casa de pão” porque era também o pão da vida, o verdadeiro alimento. Seu berço era de palha, não de ouro, da mesma maneira que seu trono era de madeira. Mas onde Jesus está tem festa, o Senhor chama os seus. Chamou os pastores. Chamou os magos orientais. Chamou Simeão e Ana. Poucos, é verdade, mas sinceros. Pobres e ricos, homens e mulheres, jovens e velhos, pagãos ou religiosos. O Senhor não fez nenhuma distinção. Ele não veio para classes, veio para homens. Não veio para extratos sociais, veio para pecadores. O natal é mensagem do Deus celeste. No natal Deus remove o medo e coloca no coração dos perdidos a alegria de ter um salvador.

Em poucos dias a cristandade ocidental comemorará o nascimento redentor. Discute-se quando celebrar seu nascimento. Alguns cristãos chegam a discutir se devem celebrá-lo, o que considero uma discussão desnecessária - a preocupação do cristão deve ser anunciar o nascimento do Messias, do salvador. Celebrar Cristo! Este é o sentido da festa.  É possível haver natal sem panetonne, sem vinho, sem chester e sem árvores. É possível haver natal sem comércio, sem refrigerantes ou sem velhinho jocoso. Você pode até abrir mão de presentes no natal - mesmo que julgue isso uma loucura. Mas não é possível haver natal sem Jesus. Se o natal não for a celebração da graça de Deus não terá graça alguma. Sem Jesus o natal é apenas uma festa sem sentido. É um aniversário sem o aniversariante. Faltou lugar nas casas. Faltou lugar nas estalagens. Só não pode faltar lugar no seu coração.

Anjos, pastores e pagãos - do mesmo modo que eles anunciamos a você o nascimento do salvador e convidamos: Vem celebrar Cristo. Vem celebrar o verdadeiro Cristo, o rei dos reis, o Senhor dos senhores, o salvador de seu povo. Vem celebrar o salvador - celebre-o como ele deve ser celebrado, confessando-o como seu Senhor e salvador. Já basta de celebrações vazias, já basta de festas que não celebram Cristo. Receba-o em seu coracao, e experimentará um natal diferente, com sentido real.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

2% DE 434.000.000 mais venda de informações e chantagens = CAIXA PT.

…ou: De onde vem o dinheiro que viaja pelo Brasil em malas, cuecas, etc…

O  texto é do colunista Reinaldo Azevedo, da Veja.

Vamos ver até quando as instituições suportam as revelações de Marcos Valério sem que se proceda a uma investigação na esfera propriamente criminal e também na política. Ele esteve lá dentro. Ele esteve no centro de uma organização criminosa, comandada, segundo o STF, por uma quadrilha que tinha um chefe: José Dirceu. O Estadão traz nesta quarta mais uma informação do depoimento de operador do mensalão ao Ministério Público, em reportagem de Felipe Recondo, Alana Rizo e Fausto Macedo. E a acusação é do balacobaco: segundo Valério 2% de todos os contratos do Banco do Brasil com agências de publicidade eram repassados para o PT.

Na reportagem de capa que VEJA publicou em meados de setembro com as revelações que Marcos Valério fez a interlocutores seus, ficamos sabendo que, segundo o publicitário, o mensalão movimentou pelo menos R$ 350 milhões. Em entrevista à Folha no dia 13 de agosto, o delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha, que investigou o caso, afirmou:
“O dinheiro [do mensalão] não viria apenas de empréstimos ou desvios de recursos públicos, mas também poderia vir da venda de informações, extorsões, superfaturamentos em contratos de publicidade, da intermediação de interesses privados e doações ilegais.” É a declaração de um delegado da Polícia Federal, não de algum oposicionista ou, como eles querem, de algum “reacionário” golpista. Até porque os reacionários golpistas do passado, hoje em dia, são todos aliados do PT. Sigamos.

Informa a reportagem do Estadão: “Em dois anos, os repasses do Banco do Brasil às cinco agências de publicidade com quem mantinha contrato superaram R$ 400 milhões — uma delas era a DNA Propaganda, de Valério. Ou seja, segundo o empresário disse à Procuradoria-Geral da República em setembro, os desvios que abasteceram o mensalão podem ter sido bem maiores do que os que levaram o Supremo Tribunal Federal a condenar Valério e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.”

Nem diga! Na verdade, segundo a CPI dos Correios, entre 2003 e 2004, o Banco do Brasil repassou às agências R$ 434 milhões. O leitor já fez a conta: 2% sobre esse montante renderam ao partido, se Valério estiver falando a verdade, R$ 8.680.000. Sim: oito milhões, seiscentos e oitenta mil reais. Só nesse caso. Sendo tudo como ele diz, a rapinagem contra o banco foi bem maior do que os R$ 2,9 milhões ligados à tal bonificação de volume e os R$ 74 milhões do esquema Visanet. O leitor que faz conta é também desconfiado: “Se esse esquema era empregado no Banco do Brasil, por que não nas outras estatais?”. Pois é.

Aí, então, é preciso fazer a pergunta: “Mas foi mesmo assim? Valério fala a verdade?”. Há três respostas para isso:
1) Há a resposta José Sarney: “Ninguém tem moral para fazer uma acusação como essa”. Nem ele, Sarney, o vampiro do Amapá [pescoço novo, depois de sugar o Maranhão e deixar a bucha para sua  filha, Roseana…
2) Há a resposta Dilma Rousseff: “Tudo não passa de uma conspiração”. Pode ser, desde que qualifiquemos conspiração a divulgação de fatos não desejados pelo governo ético petista [há ironia aqui].
3) Há a resposta Joaquim Barbosa: “Isso tem de ser investigado”. Presidente de um poder, o judiciário, que ousou aplicar a lei [ainda que MUITO DE LEVE] sobre os larápios mensaleiros.

Aí a questão é saber com qual devem se alinhar as pessoas de bem. A história conta a favor da forma como os bancos oficiais e estatais usam a verba de publicidade no governo petista? Repetindo o ministro Marco Aurélio Mello, “a resposta é desenganadamente negativa”. O julgamento do mensalão demonstrou a lambança feita no próprio BB. E se tem, hoje em dia e já há muitos anos, uma forma oblíqua de desvio de recursos públicos que consiste em usar a verba publicitária das estatais para financiar páginas e veículos que têm o claro propósito de caluniar, injuriar e difamar ministros do Supremo, o procurador-geral da República, personalidades da oposição e a própria imprensa. E tudo em defesa de um partido e do governo de turno. É como se a verba de publicidade estatal tivesse o objetivo de financiar um projeto de poder.

Segundo Valério disse no depoimento, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por [Henrique]Pizzolato e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, que integra a estrutura do Banco do Brasil. O ex-diretor do Banco do Brasil negou nesta terça-feira que tenha cobrado “pedágio” das agências de publicidade. Guimarães não foi localizado pela reportagem. O Banco do Brasil tinha contrato com a DNA, de Valério, com a Ogilvy Brasil Comunicação Ltda. e com a D+Brasil, todos originados de licitação de 2003, primeiro ano do governo petista. De 2002, vinham contratos com a Grottera Comunicação e Lowe Lintas Partners.

Quando estourou o escândalo em 2005, os petistas ficaram inicialmente desorientados. Lula, vocês se lembram, chegou a pedir desculpas ao país. Quanto o partido percebeu que as oposições sabiam ainda menos o que fazer, surfando num erro de cálculo estúpido, que custa caro (e como custa!) até hoje, o partido teve tempo de se reorganizar e de contra-atacar. Inventou-se, então, a teoria vigarista do “golpe contra Lula” e da “mídia golpista”. No ano seguinte, já refeitos do primeiro baque, os petistas protagonizaram o “escândalo dos aloprados”, em que brilhou Freud Godoy. Aí vieram os cartões corporativos, o dossiê contra FHC elaborado na Casa Civil, o escândalo Erenice Guerra, o novo dossiê contra Serra em 2010… É uma gente que não gosta da normalidade institucional. Neste ano, para intimidar a imprensa, o Supremo e a Procuradoria-Geral da República, o partido tentou transformar a CPI do Cachoeira num pelotão de fuzilamento de adversários. É claro que é espantoso que tenham ido tão longe — e podem dar de barato: não conhecemos da missa nem a metade. Em todas essas ocasiões, a resposta do partido foi sempre a mesma, repetida nesta terça por Dilma Rousseff, ainda que com outras palavras: trata-se apenas de uma conspiração. Como avançaram com pouca resistência, foram ficando a cada dia mais ousados. E se vive, então, a situação em que o presidente da Câmara dos Deputados afirma, com todas as letras, que não está certo de que vá cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal caso ela não seja do seu agrado. Mas isso fica para daqui a pouco.

Vamos dar início a uma campanha: “Conta tudo, Valério!”. “Mas esse Valério não é um jogador?”. Claro que é. Por isso mesmo, a lógica indica que está a dizer coisas que, aposta ele, podem ser comprovadas se investigadas. Ele sabe que eventuais chances de integrar um programa de proteção a testemunhas iriam para o ralo em caso de blefe. O que ele pode fazer, isto sim!, é não contar tudo. Embora indesejável, é coisa diferente de mentir.

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