domingo, 22 de dezembro de 2013

PESSOAS SÁBIAS, NO NATAL, PROCURAM A JESUS, O FILHO DE DEUS

PESSOAS SÁBIAS PROCURAM A DEUS
  Uma mensagem a propósito dos despropósitos natalinos

Nossas cidades estão enfeitadas, não há uma loja que não exiba, de alguma maneira, mesmo muito discretamente, alguma alusão às festividades natalinas. Nos dois últimos natais passei por duas experiências, e, ao lado delas, gostaria de compartilhar uma observação pessoal com vocês.
A primeira foi em Gurupi, natal de 2012. Como Gurupi é uma cidade universitária, muitos moradores acabam saindo da cidade, deixando-a relativamente vazia, e, por isso, as Igrejas preferem fazer suas comemorações com uma semana ou mais de antecedência. Como em Gurupi não tem shopping, não haveria programação especial na Igreja, resolvemos ir passear num posto de gasolina, onde haveria boa comida e algum movimento. Ficamos lá até por volta das 23.00h, e, quando retornávamos para casa, pudemos observar cenas deprimentes de homens e mulheres bêbados e em atitudes ridículas.
A segunda, mais recente, foi nos primeiros dias de dezembro de 2013, quando passava por uma avenida muito bem iluminada na cidade de São Paulo. Muitas luzes, centenas de árvores completamente iluminadas (em pleno vigor do horário de verão). Passei por shopping centers iluminados, vi o “maior papai Noel do mundo”, com uns 12m de altura. Muita propaganda de panetonne, refrigerantes, vinhos, presentes, etc.
Por fim, uma observação: em tudo isto eram raríssimas as alusões ao personagem motivador das tais festas natalinas - não que eu me iludisse procurando Jesus no comércio, no marketing, nas lojas ou nas roupas coloridas dos vendedores. Eu não esperava encontra-lo lá, porque ele realmente não está lá, nem se interessa por esta festa consumista. Mas milhões de pessoas estão correndo de um lado para o outro num frenesi insano para organizarem boas festas, gastando um dinheiro que não tem para fazer uma festa de aniversário que, no final das contas, não agrada ao aniversariante.
O que devemos, então, procurar no natal? Bom, a princípio defendo a tese de que não é apenas nesta época que o nascimento de Jesus Cristo não deve ser lembrado. Dizer, com o coração vazio de fé e cheio de sentimentalismo forçado embalado pela música da Simone então é natal “que neste natal Jesus nasça em seu coração” é o mesmo que dizer: “não importa o que você faz o ano inteiro, desde que você se lembre de dar algum presente a alguém no fim, tudo fica bem”.
Isto não honra a Deus, não agrada a Jesus. Desta maneira gostaria de compartilhar com vocês uma porção da Palavra de Deus com o seguinte tema: “PESSOAS SÁBIAS BUSCAM A DEUS”.
O Senhor é bastante claro quando diz que, quando for buscado, se deixará achar (Jr 29.13: Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração). Uma vez que tanto se fala sobre os eventos ocorridos do nascimento de Jesus, quero compartilhar três breves observações sobre a verdadeira sabedoria à partir deste crucial momento da história da humanidade.
Devemos levar em consideração a premissa de que Jesus veio para que todos os que nele cressem não morressem, mas obtivessem a vida eterna. Ele não veio para classe de pessoas, a menos que consideremos como classe os “pecadores”, da qual todos os homens, indistintamente, fazem parte. Ele não veio para ricos ou pobres - veio para ricos e pobres. Não veio para sábios ou incultos - veio para sábios e incultos. Não veio para religiosos ou pagãos - veio para transformar religiosos e pagãos em crentes redimidos. Veio para buscar e salvar o perdido. E há perdidos em todas as tribos, em todos os povos, em todas na nações e entre todas as raças.



I: PESSOAS SÁBIAS PROCURAM A DEUS COMO PRIORIDADE

Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.
Jr 29.13
Podemos observar, sem muito esforço hermenêutico, nos eventos relatados no nascimento de Jesus é que havia pessoas muito ocupadas em seus afazeres quando Jesus nasceu.
Os governantes procuravam governar da maneira que lhes fosse mais favorável, a ponto de um censo ter sido ordenado por César Augusto para tornar a cobrança de impostos mais eficiente (Lc 2.1-3: Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade). Os donos dos hotéis procuravam hospedar o máximo de pessoas com a máxima presteza.
Os serviços do templo e das sinagogas estavam funcionando normalmente. Havia ofertas, sacrifícios, cânticos, estudos, pregações. Tudo acontecia como tinha que acontecer, como a tradição e a lei mandavam. Ninguém deixou ou deixaria suas funções.
Os pastores cumpriam a sua escala noturna, cuidando dos rebanhos na fria noite palestina. Eles sabiam que havia lobos e salteadores à espreita e não podiam descuidar dos rebanhos.
Muito longe, no oriente, estudiosos dos astros celestes continuavam a estudá-los. Havia religiosos que queriam conhecer a revelação de Deus (Cl 1:15: Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação) e outros que preferiram os seus livros. Havia de tudo naqueles dias, como, ainda hoje, há de tudo.
Os primeiros a receberem a notícia do nascimento do messias foram os pastores - que imediatamente deixaram o rebanho (provavelmente sob a guarda de alguns outros colegas) e correram para o local onde foram instruídos que deveria estar o menino, envolto em faixas, em uma manjedoura. Ver o menino era sua maior prioridade no momento. Esqueceram-se de quem eram, de qual era a sua função profissional - eram adoradores e iam adorar o messias recém-nascido.
Sua presença ali foi simples, singela, eram pobres e nada tinham a oferecer além do espaço em seu coração para a alegria de verem o salvador. Mas saem dali e contam para outros o que viram, em uma alegria incontida mas para a qual todos os demais fizeram pouco caso. Para os pastores Jesus era prioridade, para os demais moradores da pequena Belém, era noite de receberem seus parentes - a hospitalidade era uma obrigação levada a sério entre os judeus.
Não houve hospitalidade para o rei. Não que ele se importasse - ele não buscava a glória entre os homens, por isso escolheu a manjedoura e não o palácio. Ele não desejava bajulação, e sim adoração em espírito e em verdade. Ele não veio para disputar um trono, veio para ocupar seu trono.
Também os religiosos souberam da chegada do messias - Simeão e Ana estavam no templo quando o menino chegou para ser circuncidado - oito dias depois, segundo a lei (Lc 2:24: ...e para oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos). Deram testemunho de que aquele era o messias, aquele era o salvador aguardado. O templo nunca estava vazio, sempre havia sacerdotes, levitas, escribas, ofertantes, visitantes.
Simeão e Ana eram bem conhecidos, há décadas permaneciam por ali aguardando ver a chegada da “esperança de Israel”. E afirmam diante de todos que aquele menino era o redentor. Mas os religiosos estavam ocupados demais com sua religião, seu culto, suas cerimonias para darem ouvidos a dois velhos crentes.
Os religiosos do templo fazem pouco caso, como fizeram pouco caso os religiosos a serviço de Herodes que sabiam onde o messias nasceria, embora não se importassem em estar de prontidão para este nascimento.
Consultados, como bons técnicos e teóricos, deram a informação e voltaram aos seus livros. Se estranhos orientais acreditavam que o messias nascera, então, deveriam ir eles próprios procurarem em Belém da Judéia. Mas para eles isto era irrelevante - e eles não admitiam que estes estrangeiros soubessem mais sobre sua religião do que eles, afinal, eles eram "doutores da lei". O saber que possuíam não lhes movia o coração - nem mesmo os pés. Haviam chegado ao palácio, eram consultores reais, não havia desejo algum de lá sair - nem para ver o messias. Seus estudos eram sua prioridade.
Também os ricos souberam da sua chegada. Os magos orientais dispunham de recursos financeiros, tinham suas ocupações mas, mesmo assim, deixaram tudo para irem em busca do nascituro anunciado pela estrela. Foram recebidos no palácio, o que indica que possuíam uma comitiva que impressionou os judeus a ponto do próprio Herodes, em  toda a sua conhecida arrogância, aceitar recebê-los. Seus presentes eram valiosos, dignos de um rei - e para um rei ninguém daria uma ninharia, pelo contrário, foi seu ouro que financiou a chegada e estabelecimento de José, Maria e o menino Jesus no Egito com condições de se manterem adequadamente.
O notícia do nascimento do rei pôs Herodes e toda a Jerusalém em alarme, mas não pelo motivo correto - eles não saíram nem sairiam a procura-lo para beijá-lo. Herodes queria manter seu trono, manter-se no governo, e, portanto, queria saber apenas quem era o menino e onde estava para eliminá-lo o mais rapidamente possível - uma rápida olhada nos livros de história mostrará quão cruel ele era capaz de ser.
Quero destacar que os pastores assumiram ver o messias como sua prioridade naquele momento. Que Simeão e Ana tinham como prioridade verem a salvação de Israel - e isto durante a maior parte de suas vidas. Que os magos orientais assumiram como sua tarefa mais premente entregarem seus presentes, simbolizando seu reconhecimento de Jesus como rei, como profeta e como sacerdote.
E você, qual é a sua prioridade do momento? Está preocupado demais sobre quais presentes dar para agradar e, ao mesmo tempo, não se afundar em dívidas? E a organização da ceia, com frutas, bolos, assados? Esta é sua prioridade?
Sua prioridade deve ser reconhecer Jesus como o Filho de Deus, vindo em carne, o salvador que deve ser recebido e crido para se obter a salvação, pois a sua rejeição torna-te réu da justa ira de Deus, como o fizeram os judeus dos dias do ministério terreno de Jesus.
Como conclusão lembro aos amados o que o próprio Senhor Jesus diz a pessoas sábias:
...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mt 6.33


II: PESSOAS SÁBIAS PROCURAM A DEUS COM PERSEVERANÇA

...e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.
Mc 5.23 
É possível alegar que, no caso dos pastores, não há como demonstrar perseverança, e eu admito esta possibilidade, entretanto, não deve ter sido muito fácil convencer outros colegas a cuidarem de seus rebanhos enquanto eles saíram para atender a uma alegada visão celeste. Aquele momento era a sua vigília, sua responsabilidade. Os demais queriam e tinham o direito de  dormir. Porque só eles, e não todos os que estavam nas cercanias, tiveram o privilégio de ver tão brilhante luz, visto anjos cantando tão maviosamente como eles descreviam?
Entretanto, o mesmo não se pode dizer de Simeão e de Ana. A história dos dois é uma história de perseverança e fé.  Em primeiro lugar, vejamos o que o evangelista Lucas fala de Simeão. São poucas palavras, mas profundamente reveladoras [Lc 2.25-35]:
Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:
Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.
E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se dizia. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Não nos é revelado há quanto tempo Simeão aguardava, mas o fato é que ele aguardava e não desistiu de aguardar a chegada do messias. E quando, movido pelo Espírito Santo, foi ao templo, viu o menino, sabia que não havia mais nada a esperar, mais nada a aguardar. Seus anseios, seus maiores desejos, estavam, finalmente realizados [Sl 23.1: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará).
O que podemos dizer de uma fé que afirma ter Cristo mas se deixa seduzir facilmente pelos oferecimentos do mundo? Que, dizendo ter Cristo, fica facilmente insatisfeita e revoltada quando não obtém determinados favores ou realizações no mundo? Será que tal fé é fé genuína (I Jo 2:15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele)?
O outro modelo de perseverança que pretendo colocar diante de nossas considerações é o de Ana. Ela também estava no templo, e ouviu as palavras de Simeão sobre o menino Jesus (Lc 2.36-38).
Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Uma simples consideração matemática nos leva a admitir que Ana aguardara, no mínimo, 60 anos pela chegada do messias. Por que tal inferência? Ora, uma jovem judia casava-se ainda jovem, com aproximadamente 16, 17 anos. Contando mais 7 de casamento, restavam, ainda, 60 anos até a atual idade dela, 84 anos.
Lucas afirma que Ana estava constantemente no templo, adorando dia e noite em jejuns e orações. Durante 60 anos aquela mulher aguardou a chegada do messias. Durante 60 anos ela orou e jejuou por ver aquele momento. Ela perseverou em sua adoração durante seis décadas até que compreendeu que suas orações haviam sido respondidas.
Mesmo depois disso, Ana entendeu que sua missão ainda não havia sido totalmente cumprida - cumpria-lhe testemunhar da chegada do messias, e todos os que aguardavam a realização da esperança de Israel puderam ouvir que o messias havia, finalmente, chegado (embora, provavelmente, poucos tenham dado crédito à voz de uma velha profetisa).
Isto ainda não é tudo. Ainda há mais um relato de tenaz perseverança. Três homens, de nomes desconhecidos, morando muito distante da Palestina, entenderam que em Israel havia nascido um rei muito especial. Se prepararam para uma longa viagem - centenas de quilômetros, atravessando desertos e correndo perigo de salteadores.
Muniram-se de ricos presentes pois, afinal, iam visitar não um rei qualquer, mas o rei que havia sido prometido pelo próprio Deus aos judeus, sem dúvida, um rei especial. Provavelmente ouviram alguma coisa sobre um rei que faria de Jerusalém o centro do mundo, para onde as nações afluiriam com presentes (Sl 72:10: Paguem-lhe tributos os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes).
Queriam ser os primeiros - e foram, realmente. Tal caravana não deixaria de atrair a atenção de salteadores, por isso, provavelmente, devem ter providenciado alguma forma de escolta - atraindo, assim, ainda mais atenção. Mas nada disso foi visto como trabalhoso ou impeditivo - e eles se colocaram a caminho de Jerusalém.
Sem aviões, limusines, carros ou qualquer outro meio de transporte rápido, mas em lombos de camelos e outros animais de cargas enfrentaram semanas de sol causticante até que finalmente avistaram os montes de Jerusalém. Mas ainda não era o fim, pois quando ali chegaram souberam que nenhuma criança havia nascido no palácio.
Todavia, não podiam desistir - não estavam enganados, e, enquanto não obtém a informação dada pelos escribas  não se movem(Mq 5:2: E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade). Sua perseverança é confirmada quando a estrela que haviam visto no oriente novamente é vista, agora sobre Belém, não mais sobre uma manjedoura, mas sobre uma casa (Mt 2:9: Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino).
O que estes exemplos nos ensinam é que devemos buscar ao Senhor perseverantemente (Mc 12:30: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força) - o que não é a mesma coisa que aguardar os presentes ou as festividades natalinas ansiosamente. São coisas diferentes, e cabe aqui uma advertência para cada um de nós fazermos uma sondagem em nossos corações para sabermos se estamos procurando realmente o Senhor com perseverança, ou nos deixamos desanimar aos primeiros e mais simples obstáculos?
Os pastores podiam perder os seus empregos - mas Cristo era prioridade. Ana e Simeão aguardavam, ambos, talvez, por décadas - especialmente Ana, que nada mais fazia senão orar, jejuar e aguardar. Quantas semanas tem durado a sua esperança em Deus? Os magos podiam até morrer na travessia do deserto - mas tinham um rei divino a adorar.
A palavra final nesta seção é do profeta Oséias que nos exorta com sábias palavras para pessoas sábias:
Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
Os 6:3


III: PESSOAS SÁBIAS PROCURAM A DEUS COM ESPERANÇA

De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
Hb 11.6
As grandes descobertas feitas pelos homens em todos os campos científicos, se deram por causa da esperança de encontrarem alguma coisa. Sem a esperança de chegar ninguém vai a lugar nenhum. Como começar uma jornada, atravessar um mar ou um deserto, sem a perspectiva da chegada. Foi justamente o medo de não chegar que impediu, durante séculos, o desenvolver das navegações mundiais.
À partir do dia em que um teórico e um aventureiro resolveram ir adiante na esperança de encontrar mais do que um abismo, estava aberto o caminho para grandes descobertas.
Foi exatamente por causa da esperança que havia no coração de cada judeu - esperança que era chamada de expectativa messiânica, que pessoas como os pastores, Simeão e Ana tomaram atitudes como as que temos mencionado.
Por aguardarem a chegada do messias os pastores deixaram seus rebanhos - foram o mais rápido que puderam para o lugar que lhes fora apontado. Foram procurar um rei numa manjedoura - o que só pode parecer loucura, e efetivamente é (I Co 1:27: ...pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes), e só pode ser aceitável se, de fato, houver no coração a certeza de que a palavra de Deus, através dos anjos, era absolutamente verdadeira.
Mais ainda, procurar não apenas um rei, mas o Rei dos reis, o descendente de Davi que seria o grande libertador de seu povo envolto em panos numa manjedoura? Seria natural dirigirem-se para Jerusalém, para procurá-lo num palácio, numa casa de nobres, mas nunca numa estrebaria, numa manjedoura.
Era por causa da expectativa messiânica, da certeza de que o messias viria, que um homem como Simeão estava constantemente no templo, e recebera a benção de ser informado de que não morreria antes de ver a esperança de Israel. Esta era a sua esperança.
Quantos talvez olhassem para Simeão e o vissem como um louco, um lunático, um fanático dado a visões. Talvez outros, bem poucos, olhassem para Simeão e pensassem: está cada vez mais perto o dia, pois Simeão não durará muito mais - e pensavam: está chegando o dia do messias chegar. Lucas nos diz que havia pessoas assim (Lc 2:38: E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém). E o próprio Simeão olhava para si mesmo e pensava: quanto tempo ainda?
Até que, finalmente, indo ao templo sob o impulso do Espírito Santo, vê o menino e considera que a sua fé, a certeza que possuía no coração de que, embora ainda não visse, sua esperança seria concretizada (Hb 11:1: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem).
Dificilmente encontraremos pessoas sadias física, emocional e espiritualmente, num contexto de normalidade social (encontramos os heróis da fé dos primeiros séculos do cristianismo, mas era num contexto de forte perseguição) que reagiriam de maneira tão alegre diante da iminência da morte.
Simeão diz alegremente ao Senhor: estou pronto para morrer, obrigado Senhor. Ele aguardara com esperança - e sua esperança fora contemplada (I Pe 1:7: ...para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo).
Que dizer, então, de Ana? 60 anos aguardando o messias.  Viúva, ainda jovem, com 23 ou 24 anos, podia ter se casado novamente. Mas preferiu dedicar-se a orações e jejuns, aguardando o messias. Não foram apenas 60 dias que se passaram enquanto ela esperava, mas 60 anos de expectativa, constantemente presente no templo, dia e noite. Foram quase 22 mil dias dedicados a aguardar o messias.
É impossível Ana não fosse muito conhecida, especialmente numa cidade religiosa como Jerusalém, num templo que era o centro da religiosidade de uma nação - e não apenas dos israelitas palestinos, mas de uma multidão de judeus espalhados pelo mundo mediterrâneo e um número grande, também, de prosélitos e tementes a Deus. Ela era tida por profetisa. E, como tal, após encontrar o menino falava a respeito deste menino a todos os que, como ela, aguardavam a Jesus com esperança no coração.
Esperança - esta é a palavra chave. Na expectativa de encontrar o Rei nascido para os judeus homens sábios, estudiosos, ricos, que não tinham nenhuma relação formal com Israel deixam a segurança de suas cidades, a respeitabilidade que possuíam e se tornam peregrinos. O que os movia? A esperança de encontrar o Rei dos judeus - não um dos reis dos judeus, mas o Rei, tão aguardado pelos judeus.
É impossível que não conhecessem os livros sagrados dos judeus e soubessem das profecias a respeito do Messias (Is 24:15: Por isso, glorificai ao SENHOR no Oriente e, nas terras do mar, ao nome do SENHOR, Deus de Israel) e, assim, as tivessem relacionado com aquela estranha estrela que brilhava lhes ao ocidente (Mt 2:2: E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo).
Esta esperança os moveu na sua longínqua e perigosa jornada. Chegaram ao palácio, não perderam a esperança, seguiram adiante até Belém, e, ali, não mais numa manjedoura, adoraram o Rei e entregaram-lhes presentes. Eles não apenas entregaram presentes, não apenas o honraram com sua presença e posses, mas, efetivamente, o adoraram (Mt 2.10-11: E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra).
Concluo remetendo ao sentimento existente no coração dos pastores, de Simeão, de Ana e dos magos: alegria, grande e intenso júbilo, adoração. Este sentimento com certeza não é o mesmo que o emocionalismo piegas que canta “vem chegando o natal” mas vive o resto do ano como se Jesus não tivesse vindo. Muitos dizem, num tom de voz profundamente doce: que o menino Jesus nasça em seu coração neste natal - como se ele já não tivesse nascido de uma vez por todas. Do mesmo jeito que celebram o natal com presentes, com papai Noel e sem Jesus, também celebrarão a páscoa com chocolates e sem a cruz.
Eis as sábias palavras do Senhor através do seu profeta Isaías:
Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.

Is 42.8

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