quarta-feira, 25 de maio de 2016

MAS O QUE HÁ DE ERRADO COM A IGREJA MESMO?


A minha primeira menção ao que há de errado com a Igreja é o fato de que, inadvertida ou pecaminosamente, pode haver crentes se deliciando em criticar os pecados e falhas dos outros (I Co 10.12) e se tornaram cegos e insensíveis às suas próprias falhas e pecados (Lc 6.42). Mas há algo mais que isso? Há mais alguma coisa errada com a Igreja? O que mais há de errado com a Igreja?

Algo está errado com a Igreja quando ela começa a olhar com simpatia e complacência para com o mundo e aguça seu espírito crítico desprovido de amor e misericórdia contra a própria Igreja.

Tem quem defenda práticas mundanas como normais, naturais e simplesmente contemporâneas ou culturais. Ora, se tidas como normais e naturais não deixam de ser pecaminosas. Se são práticas contemporâneas não deixam de ser práticas pecaminosas contemporâneas. Se são ações culturais não deixam de ser pecados que se interiorizaram na cultura e são expressões do pecado do homem que produz esta cultura. Em nome do direito individual de escolha (Eva e seu esposo Adão fizeram isso e o resultado todos experimentamos - Rm 5.12) muitos cristãos se propõem a respeitar a liberdade do outro, e acabam não se opondo à idolatria, feitiçaria, licenciosidade, rebeldia, ao assassínio chamado aborto e outras práticas pecaminosas (Rm 1.32) deixando de advertir os pecadores em seu caminho de morte (cp. Gl 5.20-21 com Ez 3.18).

Há algo de muito errado com a igreja quando ela olha com simpatia e até condescendência para o mundo e suas práticas pecaminosas e se torna extremamente crítica e acusadora contra a própria Igreja, sem misericórdia e sem amor. Já houve quem deixasse a Igreja dizendo que descobriu nelas práticas pecaminosas. Se foi assim, talvez nunca tenha entrado na Igreja pelo motivo correto e, muito menos, na Igreja correta, porque a Igreja é composta de pecadores que lutam por se desembaraçar do peso do pecado (Hb 12.1) e deixar para trás as coisas vergonhosas (II Co 4.2), mas é uma luta constante e que só termina na morte ou no retorno do Senhor Jesus. Curiosamente estes que abandonam a Igreja por descobrir o óbvio - que na Igreja há pecadores ainda em processo de santificação, uns mais, outros menos, e, ainda, que na Igreja há joio no meio do trigo (Mt 13.25) vão rapidamente para o mundo, para a prática de pecados maiores do que os que permanecem na Igreja praticam (Hb 10.29).

Evidente que não há desculpas nem para um nem para outro - mas sabemos que onde abundou o pecado superabundou a graça (Rm 5.20), mas a graça só pode ser encontrada em Cristo, a libertação do pecado só pode ser alcançada em Cristo (Cl 1.13) e ninguém, especialmente a Igreja, deve confundir isso com libertinagem (Jd 1.3). Há algo de muito errado com a Igreja quando ela se simpatiza com o mundo e condena a si própria intolerantemente.

ISAQUE E REBECA - CASADOS PARA ABENÇOAR AS FAMÍLIAS DA TERRA

Um segundo casal da bíblia em cuja vida buscaremos exemplos que podem ser uma grande bênção para as famílias contemporâneas é Isaque e Rebeca, uma história que mostra a ação de Deus ao estabelecer seu propósito na vida daqueles que buscaram nele a direção para a vida. Isaque é o recebedor e continuador da família da aliança, é o herdeiro da promessa (Gl 4:28). Deus abençoa os filhos dos que o temem dando a Isaque uma esposa que o amou e evitou que ele cometesse um erro, embora, para isso, tivesse que macular a sua própria imagem com um engodo (Pv 19:14).
Talvez você já tenha ouvido a frase “quem casa, não pensa, quem pensa, não casa”. Isso reflete o espírito do nosso tempo, hedonista e descompromissado. Também já ouvi casais pensando em casar que dizem estarem prontos para se separarem em caso de eventuais dificuldades. E já vi casais que falam em separação (e se separam) quando as dificuldades se avolumam. Isaque e Rebeca não tiveram tempo para namoro e noivado, como conhecemos atualmente. Sua cultura era outra – mas sua vida nos leva a refletir sobre a perenidade e a força do amor em um casamento. Não se começa uma viagem pensando em não terminá-la – mas se planeja para evitar problemas, e, caso eles surjam, busca-se meios para resolvê-los. Casamento é como saltar de paraquedas: não há como voltar ao avião.
Isaque era o filho da promessa feita por Deus a Abraão e Sara. Era o filho aguardado por décadas após Deus ter-lhes prometido que de Abraão faria uma grande nação, promessa que Sara julgou demorar demais (10 anos) e achou que não estivesse incluída diretamente, oferecendo uma serva, para ser a mãe do filho de Abraão (Gn 16:3) embora legal e culturalmente o filho fosse tido como seu. Somente uma década depois Isaque nasceria – Abraão sabia que ele era o escolhido de Deus para ser o cumprimento da promessa: ser pai de uma multidão e por isso providenciou um casamento que não misturasse o sangue da aliança com os demais povos da terra, por isso manda buscar uma esposa para ele dentro de sua parentela em Harã, encontrando Rebeca, neta do irmão de Abraão, Naor e filha de Betuel (Gn 24:15). Supõe-se que Rebeca era bonita [o que não é possível provar pelo conteúdo do texto], mas com certeza era bem educada, disposta, trabalhadora e dedicada.
O casamento de Isaque e Rebeca é um exemplo para quem quer que seu casamento tenha como fundamento principal a vontade e a escolha soberana de Deus sobre suas vidas. Percebe-se nesta história a direção de Deus ao colocar no coração de Abraão o propósito de enviar seu servo em busca de uma mulher para seu filho com instruções precisas e confiança na direção do Senhor (Gn 24:7). Certamente enquanto o servo orava pedindo a Deus que lhe enviasse a jovem certa (Gn 24:12) Abraão continuava em oração lá nos carvalhais de Manre.
A forma como a esposa de Isaque foi escolhida mostra que nada é mais desejável do que ter Deus dirigindo nossos passos. Quando Abraão e Sara tentaram resolver suas vidas de outra maneira, por três vezes tiveram problemas. Não podemos nos esquecer que tudo o que provem de Deus é bom, é perfeito e é agradável para seus filhos (Rm 12:2) mesmo que não entendamos à princípio e às vezes provoque um pouco de tristeza (Hb 12:11).

segunda-feira, 23 de maio de 2016

PRINCÍPIOS PARA SE FAZER A OBRA DO SENHOR: NÃO FAÇA COMPROMISSO COM OS QUE NÃO TEM COMPROMISSO COM DEUS

É muito comum encontrar nas Igrejas pessoas com diferentes níveis de envolvimento no seu dia-a-dia. Não precisamos apelar para o uso de termos jocosos e depreciativos, crente disto, crente daquilo, mas o fato é que há membros compromissados e membros descompromissados com o trabalho.
Sem qualquer esforço logo identificamos aqueles que estão presentes e ativos em todos os trabalhos dos quais conseguem participar – são aqueles que, quando se ausentam, a Igreja logo pergunta se está viajando, trabalhando ou doente. São os que mais trabalham, que ocupam os cargos e que, com isso, acabam sendo os agentes das decisões que definem os rumos da Igreja, evidentemente que, acima deles, está o Senhor e espera-se que sempre possa ser dito que a decisão tem origem primeiro em Deus (At 15:28).
Com um pouquinho de cuidado também encontramos aqueles que eventualmente se fazem presentes, especialmente como frequentadores de dois dos principais encontros da Igreja – a Escola Bíblica e os cultos dominicais. São menos envolvidos, se ausentam com frequência e sua ausência só é sentida após algum tempo. Precisam entender melhor o que significa ser parte do corpo de Cristo (Hb 10:25).
Somente quem está na Igreja percebe aqueles que, embora membros da Igreja, embora tendo sido batizados e feito a pública profissão de fé são pouco mais que visitantes esporádicos. Fazendo um paralelo com um termo que os protestantes usam frequentemente com os romanistas, são os evangélicos não praticantes. Participam muito pouco, mas se identificam com a Igreja e usam o nome da Igreja para se identificarem socialmente. Mas contribuem muito pouco com sua presença, seus dons e talentos.
Esperamos que os primeiros estejam sempre a postos – quase sempre temos que convocar e pedir ajuda aos intermediários e, quase sempre, quando por algum motivo confiamos esperamos que os terceiros façam alguma coisa nos decepcionamos, eles tem que ser substituídos às pressas e a tarefa é feita de improviso.
Como conduzir o povo de Deus com estas características? Precisamos olhar para as Escrituras, e Neemias nos oferece um princípio que certamente é muito útil. Ele não esperava que os descompromissados participassem da obra.
7 E ainda disse ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do Eufrates, para que me permitam passar e entrar em Judá, 8 como também carta para Asafe, guarda das matas do rei, para que me dê madeira para as vigas das portas da cidadela do templo, para os muros da cidade e para a casa em que deverei alojar-me. E o rei mas deu, porque a boa mão do meu Deus era comigo.
9 Então, fui aos governadores dalém do Eufrates e lhes entreguei as cartas do rei; ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército e cavaleiros. 10 Disto ficaram sabendo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita; e muito lhes desagradou que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.
11 Cheguei a Jerusalém, onde estive três dias. 12 Então, à noite me levantei, e uns poucos homens, comigo; não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão o que eu montava. 13 De noite, saí pela Porta do Vale, para o lado da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam assolados, cujas portas tinham sido consumidas pelo fogo. 14 Passei à Porta da Fonte e ao açude do rei; mas não havia lugar por onde passasse o animal que eu montava. 15 Subi à noite pelo ribeiro e contemplei ainda os muros; voltei, entrei pela Porta do Vale e tornei para casa.
16 Não sabiam os magistrados aonde eu fora nem o que fazia, pois até aqui não havia eu declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra. 17 Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio.
18 E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra. 19 Porém Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, quando o souberam, zombaram de nós, e nos desprezaram, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei? 20 Então, lhes respondi: o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.
Ne 2.7-20

A primeira atitude de Neemias é convocar todos aqueles que faziam parte da liderança constituída em Jerusalém. Ele precisava saber com quem poderia contar, quem tinha compromisso com o Senhor e sua obra e quem não tinha. Muitos ocupavam posições de liderança já há algum tempo dando continuidade ao trabalho iniciado desde os dias de Esdras que iniciara o trabalho de reestruturar o culto, reconstruir o templo (tarefa que durou 20 anos) e as casas mas pouco mais além disso havia sido feito. Os muros, evidentemente, estavam caídos e as casas desprotegidas em caso de algum ataque. Com um projeto pronto, Neemias desafia o povo para que eles também se envolvam na obra (Ne 2.17-18).
O ponto é: quem estaria disposto a participar e quem não queria o bem de Jerusalém (Ne 2.10). Logo os adversários aparecem – Sambalate, natural de Bete-Horon, Tobias, um servo do rei, descendente do filho de Ló com sua filha mais nova, e mais tarde Gesém, um descendente de Ismael. É salutar lembrar que, na obra do Senhor, quem não ajuda é empecilho, quem não é pelo Senhor é contra (Lc 11:23).
É uma decisão sempre difícil de ser tomada, e às vezes um líder precisa tomar: definir a equipe de trabalho, escolhendo entre aqueles que estão realmente dispostos a fazer a obra e os que estão interessados apenas em "tomar parte" ou, pior ainda, aqueles que estarão torcendo contra e podem tomar atitudes e decisões que só venham a atrapalhar o andamento dos projetos. É sempre muito difícil analisar uma equipe e decidir afastar alguém. Mas Neemias não tinha escolha. Ele não podia correr o risco de fracassar. Seu tempo era escasso, o rei tinha lhe dado apenas um tempo definido (que não sabemos exatamente quais, embora os estudiosos do Antigo Testamento afirmem que foi, no máximo, um período de 3 anos.
Fracassar significava deixar os judeus em opróbrio ainda maior do que o que ele encontrava, pois, além de destruídos cultural e politicamente também seriam zombados por todos como um bando de fracassados pretensiosos (Lc 14.28-30).
Sambalate é identificado como um dos governadores provinciais, e Tobias e Gesém provavelmente tinham alguma influência na região como membros de povos que os babilônicos tinham transplantado para a região e que fariam parte do amálgama de povos que ficou conhecida como samaritanos que, um século depois, edificariam seu próprio templo no monte Gerizim, perto de Siquém, oficializando definitivamente a ruptura e institucionalizando o ódio entre estes dois povos (Jo 4:20). Certamente não foi fácil para Neemias, recém-chegado, dirigir-lhes as palavras de rejeição que permaneceram ecoando por quatro séculos (Ne 2.20).
Quantas pessoas são necessárias para reedificar uma cidade? Quantas pessoas são necessárias para construir um muro com uma dezena de metros de altura e centenas de metros de extensão? A melhor resposta é: todas. Todas as disponíveis. O máximo de pessoas possível. E o caso de Neemias é ainda mais difícil porque ele estava pronto a reedificar a cidade à partir de um "resto de povo" deixando de lado pessoas que tinham recursos, influência e auxiliares.
Documentos antigos conhecidos como Papiros de Elefantina mostram que Neemias precisava montar a sua equipe de trabalho rejeitando três pessoas que possuíam grande influência: Sambalate, por um tempo foi governador da Samaria (e talvez quisesse governar a província transeufratiana inteira), Gesém liderava um grupo de comunidades árabes e Tobias que liderava as comunidades amonitas (talvez como um regente títere, por isso é chamado de servo “do rei”) e parece ter se tornado membro de uma família judaica, o que dificultaria ainda mais afastá-lo de sua equipe – mas era necessário, e, se eles tivessem algum interesse nisso já teriam feito alguma coisa pois já estavam ali há muito mais tempo que Neemias. Em muitas situações é excelente ter muita gente. A bíblia diz, por exemplo, que na multidão de conselheiros está a segurança (Pv 11:14) e a vitória (Pv 24:6), duas coisas que eles certamente não podiam desprezar.
Mas Deus também já tinha mostrado que com 300 podia fazer mais do que milhares sem Deus. Deus rejeitou 22.000 tímidos e medrosos que atenderam ao chamado de Gideão (Jz 7.3). Deus também rejeitou 9.700 desatentos (Jz 7:7).
Para que a obra andasse era necessário que apenas os que estivessem dispostos para a obra fossem engajados nela. Não podia haver brechas. Não podia haver gente sem compromisso com Deus no meio do povo  porque havia grande perigo na empreitada. O importante não era o número, era a qualidade, a prontidão, a confiabilidade.
A obra do Senhor não é para tímidos, para covardes, para os que retrocedem (Hb 10:39) mas dos que olham para a frente, que não tiram os olhos do Senhor e prosseguem para o alvo da soberana vocação (Fp 3.12-14).
Com poucos compromissados você tem mais trabalho, mas certamente menos decepções, menos falhas de execução, por isso Jesus, nos momentos cruciais de seu ministério, investiu nos doze apóstolos que ele mesmo escolheu e enviou (Jo 20:21) e não lidar com uma multidão de 5000 pessoas que queriam apenas pão (Jo 6:26), aos quais ele não se confiava (Jo 2:24) e que sabia que logo o abandonariam (Jo 6:66).
Não faça alianças para o reino com quem o rei não fez aliança alguma. Pensemos na situação de Neemias: se você fosse reestruturar uma comunidade, você abriria mão de líderes de grupos inteiros nesta comunidade (Sambalate era líder dos horonitas (Bete Horon), Tobias, dos amonitas, Gesém, dos arábios – Ne 2.19). Eles contavam com a colaboração dos asdoditas (Ne 4.7), também eles antigos inimigos de Israel (Js 11:22) de onde saiu, por exemplo, Golias, o gigante filisteu de Gate (I Sm 17:4) – todos estes povos inimigos históricos dos judeus.
Talvez muitos estrategistas entendessem que era a hora de uma aliança estratégica, ainda mais que eles tinham dinheiro para comprar apoios (Ne 6.12) e tinham influentes conexões religiosas com os profetas (Ne 6.14) e até mesmo familiares com o sumo sacerdote (Ne 13.28)  embora, aparentemente, este não estivesse envolvido com os inimigos de Neemias mas foi prudentemente afastado (Ne 13:28).
Neemias faz exatamente o contrário do que os judeus vinham fazendo desde o tempo de Esdras – ele prefere um grupo pequeno e coeso, com os mesmos princípios e propósitos, do que fazer alianças que poderiam trazer benefícios no curto prazo mas que, no fim, acabariam lhe trazendo dissabores (II Rs 18:21). Neemias compreendia perfeitamente que não deveria se associar com os ímpios para não colher o fruto de sua impiedade, como aconteceu com o rei Ezequias (Is 39.1-8).
Lembremos que a obra não é nossa, é do Senhor – e ele é quem disporá de todos os recursos para que nossa tarefa seja executada. A Igreja não precisa aliar-se à impureza em nome de um benefício imediato (II Co 6:14). O Deus que Paulo diz ser capaz de iniciar e completar a boa obra não mudou (Fp 1:6).
A obra do Senhor é para ser executada por suas testemunhas (Is 44:8) às quais ele libertou do império das trevas, chamou para sua maravilhosa luz e deu-lhes a missão de proclamar suas virtudes (I Pe 2:9).
Concluindo com a história de Gideão – o Senhor dispensou 31.700 homens para usar apenas 300 – menos que a centésima parte – para mostrar que ele é quem liberta (Jz 7:2), ele é quem abençoa, é ele quem faz com que a obra seja concluída (Jo 15:5) – mas ele vai usar aqueles que estiverem realmente compromissados com a sua obra.
O que há de semelhante entre os nossos dias e os dias de Neemias? Não quero fazer um paralelo com Igrejas que se encontram moribundas, arrasadas (elas existem, infelizmente), mas creio que o chamado de Jesus aos seus discípulos é perfeitamente aplicável: ainda há vagas para trabalhadores em sua seara (Lc 10:2).
Em primeiro lugar, precisamos compreender que, tanto na obra de Neemias como hoje só existem dois caminhos – e uma decisão tem que ser tomada: ou estamos dispostos, e atendemos ao chamado do Senhor, ou não estamos dispostos, e então, não estamos aptos para a obra – e, portanto, para o reino de Deus (Lc 9:62). O arado está posto bem à sua frente. Pronto para ser tomado. A obra está diante de ti e você tem que se posicionar – fará ou não? Você pode até pensar que é possível ser discípulo de Jesus e não tomar uma atitude posicionando-se na obra – mas deixe eu lhe lembrar as palavras de Jesus: se você não tomar a cruz e segui-lo, nada feito (Lc 9.23-24).
Em segundo lugar, precisamos compreender que esta decisão tem consequências duradouras – não pode ser uma atitude que você toma hoje mas amanhã já mudou de ideia. Você não pode retroceder, porque retroceder é perdição (Hb 10:39), retroceder é atitude daqueles que nunca foram, de fato, parte da comunidade dos salvos (I Jo 2:19) porque aqueles que o Senhor chama ele próprio confirma (Rm 8:30) completando a obra iniciada quando a alma é vivificada e ouve a voz do evangelho (Fp 1:6).
Em terceiro lugar, a atitude que você tomar agora tem consequências eternas. Os rejeitados por Neemias formaram um povo à parte, os samaritanos. Sambalate, Tobias e Gesém estavam em Jerusalém. Tinham acesso à cidade, a Neemias, aos profetas e sacerdotes mas não tomaram parte na obra. Você pode ter acesso à Igreja, aos pastores, aos presbíteros, aos cultos e, ainda assim, não ter parte na obra e sofrer terrível decepção quando o Senhor lhe disser: nunca vos conheci, vocês não tem direito a entrar no reino dos céus (Mt 7:22 e 24). Se ele prometeu dizer isso para quem parecia ser crente, quanto mais para aqueles que nem crentes parecem ser.
Deixe-me concluir – se você entende que esta mensagem é um chamado de Deus para que você responda positivamente ao chamado para servi-lo; se pelo Espírito de Deus o seu coração foi tocado, sua mente foi iluminada e sua vontade foi inclinada para dizer ao Senhor que quer servi-lo, seja bem vindo. Quero poder chamar-te de irmão. Quero dar-te a mão e andar junto com você numa caminhada de alegrias e lutas, mas com certeza uma caminhada que nos levará, em Jesus Cristo, à morada celestial, à nova Jerusalém.

O QUE HÁ DE ERRADO COM A IGREJA?


Recentemente li um texto escrito por um amigo de muitos anos, e ele listava uma lista de coisas erradas na Igreja. À partir daquela leitura, e de um pouco de reflexão pessoal, resolvi escrever este texto - que tem início hoje, talvez seja interrompido bruscamente sem ter um fim. Mas, eu não podia deixar de indagar [e de convidar você, que é Igreja, a indagar-se] o que há de errado com a Igreja? É inegável a sensação de que há algo errado com a Igreja. De todos os lados encontramos pessoas que questionam algumas coisas, que se queixam de outras, que acham mudanças precisam acontecer - mas, você já parou para pensar, para refletir séria e longamente sobre o que há de errado com a Igreja? Eu parei! E quero compartilhar com você algumas inquietações pessoais, que, quem sabe, podem vir a se tornar suas próprias inquietações e nós possamos nos juntar não em lamentação ou murmuração, mas na busca por uma solução para o que há de errado com a Igreja.

MAS O QUE ESTÁ ERRADO MESMO?

Algo está muito errado quando o cristão começa a procurar nos outros o que sabe que vai encontrar para não ver o que sabe que existe nele mesmo.
Permita-me dizer isto de outra maneira. Algo está muito errado quando um crente passa a olhar para os outros crentes buscando encontrar suas falhas, seus defeitos e, com alguma espécie de prazer, seus pecados. Algo está errado quando a alegria do crente é descobrir uma queda em pecado e não um progresso em santidade no seu irmão. Algo está errado quando o microscópio é direcionado para examinar a vida do outro - quando isto acontece é porque, quase sempre, há uma negativa, consciente ou não, de olhar para si mesmo, de fazer um exame de si mesmo não apenas em um momento cerimonial (II Co 11.28) sem chegar à conclusão do publicano (Lc 18.13) que está em absoluto acordo com o restante das Escrituras (Ec 7.20). Não há lugar melhor no mundo para descobrir um pecador do que o exame daquele que se nos apresenta quando olhamos no espelho. Se você perguntar-lhe, com sinceridade: “Espelho, espelho meu, há alguém mais pecador do que eu” a resposta será sempre a mesma que Paulo encontrou (I Tm 1.15). Sim, algo está terrivelmente errado com a Igreja quando os crentes começam a achar defeitos nos irmãos, nos líderes [boa desculpa para a rebeldia] com o microscópio ao mesmo tempo em que desliga a luz para não ver a imagem de seus próprios pecados. Sim, algo está terrivelmente errado. O que há de errado com você, Igreja (I Co 3.17)?

quarta-feira, 18 de maio de 2016

V. COMPROMISSO E OBEDIÊNCIA: EXPRESSÃO DE AMOR A DEUS

A bíblia faz numerosas menções da dedicação de Abraão a Deus, e uma destas menções está na história do livramento de seu sobrinho Ló das mãos de Quedarlaomer. Abraão e seus 318 servos libertam Ló e na sequência ele entrega o dízimo da parte que lhe cabe dos despojos de guerra (Gn 14.18-20 –Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; 20 e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo) às mãos de Melquisedeque, um obscuro sacerdote do Senhor (El Elyon, o Deus altíssimo). Podemos ver claramente o compromisso de Abraão com Deus em de tudo entregar o dízimo antes da exigência da lei, invalidando os questionamentos antigos e atuais se o cristão deve ou não dar o dízimo. O dízimo não é uma questão legal, é uma questão de amor e fidelidade. Quem precisa da lei para dizimar o faz por causa de uma exigência e não pela motivação correta nem com alegria e gratidão (II Co 9:7 - Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria).

AMOR SE EXPRESSA EM OBEDIÊNCIA

O descendente por excelência de Abraão, aquele em quem são benditas as famílias da terra afirmou que “quem ama, obedece” (Jo 14:15 - Se me amais, guardareis os meus mandamentos) porque a obediência resulta em bênçãos (Pv 7:2 - Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos). O dízimo que vemos Abraão entregar é só um aspecto da fidelidade do cristão, porque, muito mais importante, na verdade fundamental, essencial, é o compromisso de amor a Deus que cada um deve expressar obedecendo-o em tudo. É inadmissível alguém desejar a bênção de Deus vivendo em total descompromisso com o Senhor.

SEM COMPROMISSO PARA ABENÇOAR

Quando Deus chamou Abraão ele lhe deu uma ordem – à qual Abraão prontamente obedeceu. Deus também fez uma promessa – que evidentemente cumpriu. Deus disse que o abençoaria, e que abençoaria os que o abençoassem, mas que, também, amaldiçoaria os que o amaldiçoassem. Há uma evidente correlação na atitude de Deus em abençoar os obedientes e amaldiçoar aqueles que se colocassem contra Deus, amaldiçoando o que Deus abençoava (Nm 23:8 - Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o SENHOR não denunciou?). É inadmissível esperar que Deus tenha o compromisso de abençoar alguém que não tem nenhum compromisso com ele, e por isso somos incentivados pelo Senhor a amá-lo e a expressarmos nosso amor através de uma comprometida obediência.

COMPROMISSO PARA OBEDECER

Séculos depois um dos descendentes de Abraão chamaria seus irmãos e lhes faria um desafio: obedecer ou não a Deus (Js 24:15 - Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR). Josué lembraria ao povo que esta não seria uma tarefa fácil, na verdade, seria a coisa mais difícil que poderiam tentar fazer (Js 24.19-20 - Então, Josué disse ao povo: Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. 20 Se deixardes o SENHOR e servirdes a deuses estranhos, então, se voltará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito bem).

COMPROMISSO PARA ABENÇOAR


Abraão e Sara foram bênçãos para muitas famílias – e nossas famílias, bem como a família da fé, também devem ter este firme compromisso de ser uma bênção para todos. Este objetivo não será alcançado por ansiedade particular, mas por dependência, confiança e descanso no Senhor (veja Mt 6.25-34).

terça-feira, 17 de maio de 2016

PRINCÍPIOS PARA SE FAZER A OBRA DO SENHOR: NÃO DESANIMAR APESAR DAS DIFICULDADES

Em toda obra há dificuldades – a tarefa a que Neemias se propôs atendendo a uma inclinação do seu coração, certamente uma inclinação vinda do próprio Senhor que também dirigiu o coração do rei (Pv 21:1) era uma tarefa grandiosa, com enormes, porém não insuperáveis dificuldades.
Como homem capaz que era Neemias, já estando informado do tamanho do desafio, certamente foi preparado para as dificuldades que enfrentaria, embora não soubesse quais eram. É possível que, em alguma situação, você já tenha se atemorizado diante da complexidade e da magnitude dos desafios que teve que enfrentar. Como o jovem arquiteto que recebe a encomenda de uma construção importante. Ou como o jovem advogado que tem diante de si uma causa de grande repercussão. Ou como o funcionário em seu primeiro dia de trabalho, especialmente se for seu primeiro emprego. Ou como o seminarista que vai assumir sua primeira Igreja, presidir seu primeiro conselho… isto não é anormal.
É possível também que, depois de assumir o compromisso, você tenha percebido que aquilo com o que se comprometeu é muito grande, é algo que talvez você não consiga fazer. É como o jovem que durante algum tempo recusava-se a assumir um compromisso de fé com Cristo tornando-se membro de uma Igreja. Indagado sobre o que lhe faltava, ele disse: “Certeza de que não serei uma vergonha pra mim e pra igreja ficando pelo meio do caminho, desistindo como muitos desistem e sendo só mais um ex-pseudocrente. Falta-me a certeza de que não serei uma vergonha para a igreja sendo um crente relaxado e descompromissado. Só me falta isso: a certeza de que vou conseguir”.
Obviamente ele estava certo – faltava-lhe uma certeza, certeza que lhe veio ao coração quando ouviu as doces palavras do Senhor (Is 41:13). Ele ouviu que certamente suas forças faltariam, suas certezas virariam dúvidas, sua força se tornaria desalento – mas que o Senhor restauraria suas forças de uma maneira inimaginável (Is 40:29) e o faria andar de maneira firme porque confiou no Senhor (Sl 22:8) e o Senhor o livrou de seus próprios temores (Sl 34:4). Vejamos o que nos diz a Palavra de Deus:
11 Cheguei a Jerusalém, onde estive três dias. 12 Então, à noite me levantei, e uns poucos homens, comigo; não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão o que eu montava.
13 De noite, saí pela Porta do Vale, para o lado da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam assolados, cujas portas tinham sido consumidas pelo fogo. 14 Passei à Porta da Fonte e ao açude do rei; mas não havia lugar por onde passasse o animal que eu montava. 15 Subi à noite pelo ribeiro e contemplei ainda os muros; voltei, entrei pela Porta do Vale e tornei para casa.
16 Não sabiam os magistrados aonde eu fora nem o que fazia, pois até aqui não havia eu declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra. 17 Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio. 18 E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
Ne 2.11-18

11 Cheguei a Jerusalém, onde estive três dias. 12 Então, à noite me levantei, e uns poucos homens, comigo; não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão o que eu montava.
A primeira atitude de Neemias ao chegar a Jerusalém após um descanso certamente merecido, tomando pé da situação e identificando-se como representante do rei – o primeiro judeu a exercer alguma forma de autoridade naquela região em quase um século foi sair para conhecer a região.
Ele nos informa que resolveu dar uma volta pelos arredores da cidade. Andou por ruas das quais certamente tinha ouvido falar, comparou o que via com o que havia ouvido de seus pais ou avós. Andou por lugares onde nem mesmo uma mula conseguia andar. Eis o momento em que muitos valentes desistem. Em que muitos voluntários olham para os escombros, não enxergam nada à frente e resolvem voltar. Muitos desistem antes mesmo de começar – são a maioria, são e serão sempre os derrotados.
Mas Neemias era diferente – era um homem de fé, e o que via (ou talvez não visse por causa da escuridão) não o demoveria de seu propósito (II Co 5:7), um homem que tomou o arado em suas mãos e não olharia para trás (Lc 9:62). Este homem fazia parte dos homens de Deus, não dos que retrocedem para a própria perdição (Hb 10:39) como foi o caso de Demas e de muitos outros ao longo da história, que, na primeira dificuldade, abandonam o caminho da fé (Mt 13:22).
Permita-me voltar para o exemplo daquele jovem indeciso. Ele tinha consciência das dificuldades. Conhecia muitos membros e ex-membros de Igrejas evangélicas e sabia que muitos eram uma vergonha. Não vem ao caso citar a que atos vergonhosos ele se referia, mas o fato é que seus olhos estavam fitos nos escombros. De um lado e de outro muros derribados, casas queimadas, portais e portões destruídos. Onde deveria ver firmeza via destroços. A vida cristã não era um território desconhecido para ele – mas era um território que ele só conhecia de olhar, não de caminhar. Talvez você também já tenha pensado em tomar uma decisão em sua vida – talvez você já tenha pensado em tornar-se cristão mas logo deu uma olhada para as dificuldades resultantes desta decisão. Você imaginou que teria que abrir mão das festinhas e festonas; abrir mão dos amores fugazes, paixões de fim de semana. Você logo pensou que teria que deixar seus prazeres mais secretos, um cigarro, um baseado ou algo parecido. Provavelmente não seria nada fácil parar de colar na escola, ou falar mal do próximo. Talvez ser mais honesto em seu trabalho, não pagar nem receber propina, não sonegar impostos… realmente não é um caminho muito fácil, não é? Talvez tão difícil quanto o de Neemias circundando Jerusalém.
É, realmente são decisões difíceis. Abrir mão de tudo isto, de um mundo inteiro para que? O que você teria a ganhar com isso? A resposta é: sua alma. Preservar sua alma (Mt 16:26). Continuemos juntos… você talvez ainda não tenha percebido o que quero lhe propor, mas não vou fazer suspense: quero que você tome a decisão certa, pelos motivos corretos. Esqueça o medo de não conseguir e tire os olhos do que você terá que deixar para trás – a mulher de Ló queria salvar-se sem perder Sodoma – perdeu os dois (Gn 19:26). É sempre assim, perde-se os dois (Lc 17:32): não preserva a alma nem ganha Sodoma.

SAIBA COMO AS COISAS DEVEM SER
13 De noite, saí pela Porta do Vale, para o lado da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam assolados, cujas portas tinham sido consumidas pelo fogo. 14 Passei à Porta da Fonte e ao açude do rei; mas não havia lugar por onde passasse o animal que eu montava. 15 Subi à noite pelo ribeiro e contemplei ainda os muros; voltei, entrei pela Porta do Vale e tornei para casa.
Onde a maioria desistiria Neemias prosseguiu. Ele conheceu os escombros de Jerusalém, a outrora imponente e orgulhosa cidade compacta (Sl 122.3-5). Não havia mais muros, nem portais, nem trono. Só escombros – nada além de problemas que precisavam de atenção e solução.
Neemias sabia como Jerusalém tinha sido, certamente deve ter ouvido descrições abundantes através dos velhos – mas seus olhos estão voltados para o que Jerusalém deveria ser. Neemias identifica cada lugar, cada porta, cada torre pelo seu nome antigo, nomes que não eram usados há quase um século. Ele faz isso porque não queria que a história se perdesse, mas também não estava disposto a deixar que Jerusalém virasse apenas história.
O que temos aqui é: Neemias tinha um referencial. Não há ninguém que não possua alguma forma de referencial em sua vida. E geralmente dispomos de mais de uma proposta de referencial. A questão é: qual referencial vai influenciar as escolhas, as decisões e as ações? Aos olhos de Neemias se apresentavam os escombros –o referencial dos judeus durante 70 anos e por isso Jerusalém continuava um montão de escombros. Mas o referencial de Neemias era o correto – o que Jerusalém fora no passado, a cidade do grande rei (Sl 48:2). O referencial não era o pior, mas o melhor. O modelo a ser adotado e perseguido não era o do fracasso, da rebeldia, da destruição e desolação, mas o da glória outrora perdida, de dias como o de grandes reis como Davi e Salomão.
Voltemos para nosso jovem indeciso – e indeciso com boas razões. Ele conhecia o referencial errado. E na verdade uma pequena sujeira em um grande pano branco chama mais a atenção do que todo o pano (Ec 10:1). Muitos dos ‘cristãos’ que ele conhecia eram ou fracassados ou descompromissados. Mas ele também conhecia cristãos sérios e consagrados – que lhe chamavam pouco a atenção, e é por isso que os cristãos são advertidos quando a uma grande quantidade de testemunhas (Hb 12:1).
Alguns entendem que estas testemunhas são os heróis da fé – o que é bom como modelo. Outros entendem que são os não crentes que observam os cristãos – o que também é bom para incentivá-los a serem exemplares (I Pe 3:16).
O que você precisa é do referencial correto – e as Escrituras nos fornecem dezenas de exemplos de referencial correto, mas nos dão o melhor de todos os referenciais, aquele para quem devemos olhar: Jesus (Hb 12:2).
Você talvez tenha boas razões para titubear – mas tem melhores razões ainda para crer, confiar e tomar a resolução de colocar toda a sua confiança em Jesus. Você, sozinho, não conseguirá ser um bom cristão, no máximo será um bom membro da Igreja. Sozinho você estará condenado a fracassar… mas continue comigo mais um pouco, peço-te que, por um pouco mais, não desanime nem desista ainda (Rm 7:24).

FAÇA O QUE DEVE SER FEITO
16 Não sabiam os magistrados aonde eu fora nem o que fazia, pois até aqui não havia eu declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra. 17 Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio. 18 E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
Conhecimento sem ação é omissão. E Neemias não era nem foi omisso em momento algum. Ter uma meta é não agir para alcançá-la é apenas o sonhar de um tolo – perde-se tempo e não se produz nada. Depois de tanta preparação Neemias não se limitaria a isso. Ele pretendia conjugar conhecimento, planejamento e ação. Ele conhecia os desafios sabia onde queria chegar e começa a colocar em prática o que desejava fazer. Havia trabalho a ser feito, e ele estava ali para fazer o trabalho. Ele sabia o que havia acontecido, estava disposto a fazer e sabia o que precisava ser feito. Não poderia desanimar. Conhecimento sem ação não resolve problema nenhum. Ação sem conhecimento pode gerar novos problemas e vergonha (Lc 14:28).
De imediato Neemias chama os magistrados, os nobres, os sacerdotes e todos os demais que tinham alguma função administrativa em Jerusalém, nomeados anteriormente por Esdras e finalmente lhes expõe o que está no coração: ele via o estado de miséria de Jerusalém, ele estava profundamente incomodado com estas coisas e então lhes apresenta o seu plano absolutamente simples: reconstruir os muros ao redor da cidade, reorganizando a administração e a defesa, e assim deixar de ser motivo de escárnio dos povos ao redor. Não era possível que a cidade do grande rei, do rei que reina sobre as nações fosse apenas um vergonhoso montão de ruínas (Sl 47:8).
Depois de ouvir falar, orar, entregar o projeto confiantemente nas mãos do Senhor e chegar em Jerusalém, ele já sabia o que precisava ser feito. E não deveria deixar para depois. Teve três dias para descansar, analisar, conhecer as pessoas e o ambiente – já tinha todas as informações, era hora de trabalhar.
Já que chegamos aqui com aquele amigo, vamos prosseguir com ele. Ele conhecia os problemas existentes nas Igrejas, conhecia pessoas que eram membros vergonhosos das Igrejas, conhecia outros que saíram da Igreja para voltar às suas velhas práticas pecaminosas, alguns cometendo pecados ainda maiores (II Pe 2:22). Ele tinha todas as razões para não incorrer no mesmo erro – seu referencial de cristianismo era o pior possível. Mas o seu problema era justamente que ele escolhera como referencial o modelo deturpado, ruim, estragado.
Mas, conhecendo o melhor modelo, Cristo e conhecendo o poder de Cristo para mantê-lo firme e fazê-lo perseverar no caminho desde que confiasse plenamente nele (Fp 1:6) ele passou a ter diante de si duas opções: ou continuava arredio ao evangelho, a Cristo e à Igreja, seguindo o exemplo daqueles que foram da Igreja sem nunca terem feito parte da Igreja, ou, confiadamente, admitir sua necessidade de Cristo em sua vida e entrar em comunhão com a Igreja do Senhor Jesus Cristo. Lembre-se: só há estas duas possibilidades (Pv 21:8).
Não há outra alternativa, não há uma terceira via, pois o próprio Cristo diz que é impossível ficar no meio do caminho (Mt 7:13). A Igreja é um corpo em marcha – e quem não marcha junto com ela não chegará ao mesmo lugar ao qual ela chegará. Talvez você se pergunte: que devo fazer? Deixe-me ajudar você – e talvez ajudar muitos cristãos que podem estar com problemas ou causando problemas para outros que tem as mesmas ansiedades.
Quero dirigir-me àqueles irmãos que buscam ser fiéis, se esforçam por dar um bom testemunho, por serem, nas palavras do apóstolo Paulo, serem o padrão dos fiéis (I Tm 4:12) devendo, por isso, serem imitados. Eis uma palavra de ânimo para que não se desviem, para que continuem andando no caminho dos justos até que seja dia perfeito (Pv 4:18) ao mesmo tempo que ofereço uma palavra de admoestação, de alerta, para que não se ensoberbeça (I Co 10:12) porque, no final, tudo em nós é a justiça de Cristo e não há justiça alguma nossa (I Co 12:6). O melhor incentivo é sempre a Palavra do Senhor Jesus Cristo: sê fiel até a morte (Ap 2:10).
CONCLUSÃO II: UMA PALAVRA AOS INFIÉIS
Quero dirigir-me aos cristãos problemáticos que talvez ainda não tenham refletido sobre isso, que podem estar sendo o referencial que muitas pessoas tem de cristianismo. É possível que haja alguém que se aflija só de ouvir falar em Igreja porque a Igreja que conhecem é você, que cola na escola. Que conta piadas imundas. Que não respeita autoridade alguma. Que sonega impostos. Que é relaxado no trabalho. Que é mal humorado e fofoqueiro. Filho desobediente ou pai violento. Deixe-me exortá-lo com as Escrituras – se o mal que pode estar causando ao próximo não te sensibiliza, talvez a Palavra de Deus o faça, e ela te diz para não ser causa de tropeço (I Co 10:). Lembre-se que você foi chamado para ser cooperador de Deus, instrumento de Deus para bênção (I Co 3:) e não pedra de tropeço (Mc 9:42).
CONCLUSÃO III: UMA PALAVRA AOS INDECISOS
Por fim, mas não menos importante, quero dirigir-me aos amigos do evangelho, que gostam da Igreja, da mensagem, do ambiente mas ainda estão como aquele jovem: indecisos e receosos de tomar uma decisão que implique em um compromisso de vida. Concordo com você em relação ao atual estado da Igreja – ela não é perfeita porque é composta por homens e mulheres com uma doença terrível chamada pecado. Mas muitos dos que estão dentro dela estão lutando com todas as forças (e com a força que vem de Deus - Ef 6:10) para vencerem esta enfermidade e para que seus efeitos sejam cada vez menores em suas vidas. Concordo que tem alguns que estão nela e que parecem não estar nesta luta, e isto é realmente lamentável.

Mas também já sabemos como ela deve ser – é uma tarefa que exige cada gota de sangue, cada gota de suor, cada respiração de cada um de nós. Mas lutamos com a certeza de que não lutamos em vão (I Co 15:58). Por fim, sabemos que há algo por fazer – e não permita que o receio de não conseguir, a timidez (Mc 4:40), seja um empecilho grande demais que lhe impeça de receber a maravilhosa promessa de Deus (I Pe 5:4).

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