quinta-feira, 18 de agosto de 2016

INSATISFAÇÃO NEM SEMPRE É RUIM

Desde a expulsão do primeiro casal do Éden a insatisfação é um experiência absolutamente comum a toda a humanidade. Não há ninguém que esteja plenamente satisfeito, e isto tem, na vida de cada um, resultados diferentes.
É por causa da insatisfação que alguns trabalham mais que os outros, empreendem, inventam, progridem e provocam progresso. O que satisfaria a alguns não é suficiente para a sede de outros - e por isso conhecemos pessoas que, mesmo tendo o suficiente para umas 10 vidas ainda assim trabalham duramente para manter o que tem e conquistar ainda mais. Sim, a insatisfação é uma causa de progresso e fortuna.
Mas a insatisfação também pode causar um efeito inverso. Pode levar à frustração, à lamúria, à reclamação constante contra tudo e contra todos, contra o sistema, contra o mundo, contra o universo e contra o próprio Deus. No auge da insatisfação, ao invés do progresso, há aqueles que acabam atentando contra o seu próprio bem estar, contra o bem estar de seus semelhantes e até mesmo contra a sua própria vida.
Há muitos insatisfeitos ao nosso redor. Gente insatisfeita com o emprego [talvez seja melhor ficar sem emprego, não acha? É só procurar o patrão e informar que não vai mais trabalhar]. Há gente insatisfeita com os pais [talvez  seja melhor visita-los num túmulo do que obedecer-lhes agora]. Há gente insatisfeito com os filhos [um dia eles irão embora, e talvez você se lamente por não ter agradecido mais a Deus pela dádiva que ele lhe deu, afinal, são herança do Senhor e galardão dos céus na terra]. Talvez você esteja insatisfeito com seu cônjuge - quem sabe você se divertiria bastante organizando seu funeral.
Há gente insatisfeito com a Igreja - com o pastor, ou com os presbíteros, ou com os diáconos, com as lideranças das sociedades, ou com a comunidade. Muitos insatisfeitos parte, outros ficam com o coração dorido, cheio de mágoas e ressentimentos. Há quem esteja insatisfeito com a reuniões de oração - mas talvez nem ore para que ela melhore. Talvez a insatisfação seja com os cultos doutrinários - mas quanto de bíblia tem sido estudado diariamente? Olha, não faltará motivos para insatisfação. Mas é este mesmo o problema? Os motivos? Ou é algo muito mais íntimo, muito mais pessoal, muito mais profundo?
Lembre-se: quando você está insatisfeito com o que tem, significa que você está insatisfeito com as coisas que Deus tem lhe dado - e se esta insatisfação leva à murmuração, então, o que você carrega no coração é um grande e terrível pecado, exatamente como os hebreus ao saírem do Egito e ficarem reclamando por que lá tinham cebolas e alhos.
A bíblia nos traz preciosas lições sobre a insatisfação - e isto na vida de um mesmo personagem, o apóstolo Paulo. A primeira lição que Paulo nos dá a respeito da insatisfação é que ela não é legítima se ocasionar ansiedade. O ensino do Senhor Jesus é que o Senhor nosso Deus conhece cada uma das nossas necessidades - e suprirá cada uma delas através de instrumentos que ele mesmo disporá [e o trabalho é um destes preciosos instrumentos que o sem dá aos justos]. O apostolo citado anteriormente afirma que tendo o que comer, beber e vestir devemos estar satisfeitos. A ansiedade por busca de realização ao acumular tesouros é um terrível erro e demonstra falta de maturidade na fé, falta de confiança em Deus [o mesmo Deus que pode dar riquezas em abundância aos seus servos - observe que não é a prosperidade que consideramos um problema, mas a busca por significado, auto realização através da posse de riquezas].
Se você está ansioso por estas coisas, se sua insatisfação é causada por coisas que pertencem a este mundo, sejam materiais ou emocionais, você está terrivelmente equivocado e nada vai suprir esta sensação. Você vai passar o resto da vida murmurando por não conseguir guardar o vento atrás do qual tem corrido com tanto empenho.
Há outra insatisfação percebida na vida do apostolo Paulo. Apesar de ter alcançado um grau de intimidade e comunhão com Deus muito superior à maioria dos crentes, Paulo não estava satisfeito. Ele queria ver e ouvir mais das coisas que Deus preparou para os que o temem, queria ver face a face e não por espelho e, por isso, ele afirma que prosseguia, que continuava indo adiante, que não olhava para trás porque diante dele estava o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Sua insatisfação significava mais de Deus. Quando todos se contentam com um evento extraordinário Paulo, que tivera visões inenarráveis, prosseguia. Ele queria mais. Ele estava insatisfeito - não com Deus, mas por não ter de Deus tudo o que desejava. O que fazer com sua insatisfação?
Transforme sua insatisfação em uma força motivadora. Se você está insatisfeito com a sua Igreja, e se ela ainda é uma Igreja fiel à Palavra de Deus, seja, então, o instrumento de satisfação das necessidades da sua Igreja. Se ela ora pouco, ore mais. Se ela evangeliza pouco, evangelize mais. Se ela não recebe bem, seja você o hospitaleiro. Mas não fique murmurando num canto. Seja você a Igreja que você quer que a Igreja seja.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

POKEMON GO

Esta semana foi um pouco complicada... quinta-feira passada o computador começou a apresentar problemas e estou até hoje [mesmo depois de tê-lo deixado com um técnico de informática] tentando salvar o máximo possível de arquivos. E graças a Deus tenho tido alguns progressos.
Meu tema do boletim para esta semana seria uma continuidade dos boletins anteriores, o que há de errado com a igreja, mas um fato novo que tem dominado a mídia fez com que eu refletisse um pouco e fizesse um pequeno parêntese [que pode se estender por 2 ou 3 boletins] para falar sobre a mais nova febre: “Pokemon Go”. Novidade? Nem um pouco. Já tivemos “Onde está Wally”, “Procurando Nemo”, “Procurando Dory” e muitas outras procuras. No fundo, no fundo, o que as pessoas estão procurando é significado. Temos abordado nos nossos estudos de quinta-feira [quem frequenta os cultos semanais vai fazer a ligação] sobre ameaças que a igreja, às vezes, sequer sabe que existem e que não enfrentam – e dentre estas ameaças está o pós-modernismo que, com seu relativismo, despe todas as coisas de significados essenciais e inerentes para vesti-los com as diáfanas teias do individualismo.
A verdade é que, revestida de entretenimento, há algo muito mais profundo em tudo isto. Procurar pokemons vai se tornar mais uma febre passageira de danos permanentes, assim como foi cuidar de bichinhos virtuais em fins do século passado – ou fazendas virtuais na primeira década deste século. Algum problema? Sim, claro que há um sério problema: o crescimento do individualismo e do isolamento social, crianças e adolescentes [e muitos eternos adolescentes] literalmente viciadas, que só pensarão e falarão nisso, esquecendo-se de comer, de estudar e de se relacionarem [a menos que o fator de interação seja pokemons]. Muitos atritos surgirão entre pais e filhos por causa desta nova doença.
Se você ainda consegui controlar minimamente o celular de seus filhos, deixe-me dar-lhes uma dica: proíba. Impeça de começar antes que seja tarde demais. Mas, mais do que este problema de interação, esta nova febre apenas desnuda uma característica permanente do coração do homem – estar sempre à procura de alguma coisa, e quase sempre investem o seu tempo [e dinheiro] no que não satisfaz, como alertava o profeta Isaías há 27 séculos. Desde que deixou de ouvir a voz de Deus para ouvir a voz melíflua da serpente o homem está procurando alguma coisa no lugar errado – vão escavar para si cisternas rotas que não retém águas, uma alegoria vibrante para a eterna insatisfação do homem, mesmo quando realiza seus sonhos e logo percebe que estava correndo atrás do vento.
O que deveríamos fazer era jogar um outro jogo – procurando Deus. As instruções estão nas escrituras, onde Deus diz insistentemente “vinde a mim”, “vinde às águas”, “buscai-me”, “buscai... buscai!!!”. O problema é que não temos natural inclinação para, metaforicamente, jogar este jogo... é ele quem nos busca, porque estávamos não apenas perdidos, mas também mortos. Embora as regras sejam claras são impossíveis de serem vistas pelos cegos. Embora o regulamento seja compensador é visto como penoso por relaxados. Embora a troca de dados e o incentivo mútuo seja permitido e incentivado através de várias reuniões o individualismo que já tomou conta dos corações elege outras prioridades.
A fábrica de ídolos do coração do homem não o deixa buscar a Deus – o homem sempre prefere a sua mentira, por mais esquizofrênica e idiotizante que ela seja [ele separa dois pedaços de uma mesma madeira, com uma faz fogo, e com outra faz algo para chamar de deus], a buscar ao Deus vivo. Os ídolos dos povos, mesmo sendo nada, ainda podiam ser tocados e carregados. Os novos ídolos ainda são portáteis, mas não passam de vaidade, oferecendo satisfação virtual. A única coisa real que oferecem é engano.
Procure servir a Cristo com a mesma intensidade que muitos procuram pokemons. Procure a comunhão com o povo de Deus com o mesmo interesse e vigor que muitos estão tendo ao procurar pokemons. A recompensa é real. É eterna.

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL