quinta-feira, 26 de março de 2009

JOÃO OUVIU AS PALAVRAS DE JESUS

O conhecimento de João não se limitava – e nem o nosso deve ser limitado – ao [re] conhecimento de quem é Jesus. Sabemos ser ele o eterno, o pai da eternidade [Is 9.6], o alfa e o ômega [Ap 22.13]. Mas João nos mostra que para conhecermos verdadeiramente a Jesus é necessário ouvir o que ele tem a nos dizer. Por conhecimento me refiro não apenas ao "saber", mas também ao conviver, experimentar. É neste sentido que a palavra é usada na literatura hebraica e aparece muitas vezes no Novo Testamento como um "hebraísmo", isto é, o uso de uma palavra em uma língua – no caso, a grega – mas carregada com um sentido muito mais comum a outra língua [no caso, a hebraica]. O conhecimento que João tinha vinha do fato de ter ouvido os ensinamentos de Jesus, e, ainda, da atuação do Espírito fazendo-os lembrar de todas as coisas que o mestre lhes havia ensinado, de acordo com a promessa que o mesmo fizera a ele e aos demais apóstolos [Jo 14.26].
João atesta que ele foi testemunha auricular dos ensinos de Jesus. O que ele dizia a respeito de Jesus, o que ele registrara em seu evangelho nada mais era do que o relato fiel de alguém que havia passado três anos sempre ao lado do Senhor – aprendendo, se preparando para no tempo próprio anunciar ao mundo que o criador de todas as coisas realmente se importa com suas criaturas, que o juiz de toda a terra é justo, mas é também misericordioso. Para ser testemunha de Jesus é necessário ouvir a Jesus – lembremos que ele afirmou que somente as suas ovelhas "ouvem" a sua voz. É impossível ser testemunha sem ser ovelha. É impossível ser ovelha do Senhor sem ouvir a sua voz. E só é verdadeira ovelha do Senhor aquelas que ouvem para colocar em prática. Não há entre os que são de Jesus [embora possa haver no seio das nossas Igrejas] pessoas que ouçam apenas por mero entretenimento. Jesus nunca se propôs a ser um ensinador popular, ou um milagreiro [Mc 7.36]. Diante da oportunidade de apresentar-se perante as autoridades disse nada ter com aquelas raposas [Lc 13.32].
Somente ouvindo a Jesus temos o verdadeiro conhecimento dele. Pois é impossível ao homem conhecê-lo, a menos que isto lhe seja revelado [Mt 16.17]. E este amoroso conhecimento leva, inapelavelmente, a uma resposta positiva. O fato do amor de Deus ser derramado nos corações dos homens [Rm 5.5] leva-nos a responder amorosamente, embora, ainda, imperfeitamente. O amor perfeito é derramado, mediante o Espírito Santo, em corações imperfeitos, que só podem amar imperfeitamente – mas amam. Àqueles que não ouviram a chamada amorosa do Senhor resta-lhes o ódio [Jo 15.18] tanto a Deus quanto aos filhos de Deus e a tudo o mais que lembre Deus. E este ódio vai se expressar na rejeição das boas novas. Se eles não amam a Jesus obviamente não amarão o que de bom ele fez e faz. Seus corações estão por demais ocupados pelo amor ao mundo, às concupiscências do mundo, dos olhos e da carne. O amor do Pai não está neles, porque o Espírito Santo não foi-lhes outorgado, não foi derramado em seus corações.
Mas não é assim com os filhos da luz. Não é assim com as ovelhas de Jesus. João vai afirmar que o Pai concedeu aos seus um grande amor, que suspende as trevas e ódios incapacitantes que ocupavam o coração dos filhos da ira [servos do diabo, assassino, ladrão e destruidor]. Os filhos de Deus, renovados, restaurados, agora são capacitados para amar a Jesus. E a forma de demonstrar isto é através da obediência, ouvindo a sua voz e seguindo-o. Não há outra forma – a afirmação de Jesus de que aqueles que o amam obedecem aos seus mandamentos lembra novamente que não adianta ouvir para não praticar – isto só aborrece ao Senhor. Somos chamados para demonstrar nosso amor a Jesus ouvindo e praticando a sua palavra. É preciso ouvir para crer – e é preciso obedecer para ser testemunha, para que outros creiam, sejam discipulados e batizados. As palavras de Jesus não foram ditas para serem apenas conhecidas, estudadas, analisadas, interpretadas como fazem muitos – foram ditas para serem recebidas por ouvidos obedientes, por pessoas que, conhecendo-as e conhecendo aquele que as proferiu, se colocam sob sua autoridade e prontamente obedecem. Era assim que João ouvia – é assim que as ovelhas do Senhor Jesus ouvem, ainda hoje.

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