domingo, 16 de novembro de 2014

COMO IDENTIFICAR A VERDADEIRA IGREJA E SUA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO JESUS

Mensagem na IP em Xinguara, 2013, Novembro, 16.
O texto apresenta, basicamente, ser um relato sobre grandezas – grande perseguição, grandes realizações, grandes enganos e um grande julgamento com uma grande humilhação pública. Grandeza é uma das palavras centrais desta perícope (megaj), ao lado de poder (dunamij) e acontecimentos (ginomai). O antagonismo é ilustrado de maneira quase simbólica através de dois homens chamados Simão: Pedro, e o mágico samaritano. Na verdade, diante de uma grandeza apenas aparente sobressai a verdadeira grandeza.

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I. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: GRANDE FIDELIDADE, MESMO DIANTE DE GRANDE PERSEGUIÇÃO E GRANDE DOR

1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. 2 Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele. 3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere. 4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.
O crescimento do número dos convertidos não passou despercebido pelas forças religiosas judaicas. A demonstração da convicção de Pedro em obedecer a Deus mesmo que isto significasse desobedecer às autoridades (At 5:29), o crescimento da Igreja logo fez com que o sábio conselho de Gamaliel fosse esquecido (At 5.38-39) e a pregação de Estêvão, denunciando a liderança religiosa como assassina do Messias, agora ressurreto, fez irromper a ira popular, culminando na morte de Estevão.
A primeira parte da grande comissão, do testemunho cristão estava cumprida. Eles já haviam sido testemunhas do Senhor em Jerusalém. Era hora de passar à segunda parte: o alvo do Senhor era a Judéia e a Samaria, não um após o outro, mas os dois ao mesmo tempo.
Em meio à obediência de Estêvão surge Saulo, judeu natural de Társis, que se sentia satisfeito em estar de acordo (suneudokew) com a morte violenta perpetrada contra o pregador. Com isto surge a primeira grande (megaj) perseguição contra aqueles que se expunham publicamente atendendo ao chamado de Cristo (ekklhsia). Da concentração em Jerusalém a Igreja é obrigada a ir por toda parte, para o sul, o antigo reino de Judá (Judéia) e para o norte, o antigo reino de Israel (Samaria).
A perseguição à Igreja não resultou em fidelidade, mas a fidelidade da Igreja, a proclamação do genuíno evangelho de Cristo foi que resultou em perseguição. Se a Igreja moderna esperar, em seus bancos acolchoados, o levante de uma perseguição para ser fiel, vai simplesmente se mundanizar, amar e ser amada pelo mundo.
A Igreja sentiu grande (megaj) dor pela morte de Estêvão, mas esta dor não os impediu de prosseguirem sendo piedosos, sendo reverentes a Deus e alguns homens recolheram seu corpo para sepultá-lo. Paulo, entretanto, não se contentou com o prazer sentido com a morte de Estêvão, e marcava para destruir, estigmatizava, assolava (lumoinomai) aqueles que se proclamavam crentes em Jesus Cristo – invadia casas, destruía famílias, usava de estratagemas para prender homes e mulheres (anhr kai gunh=) sem distinção de idade.
Em consequência desta perseguição os cristãos, espalhados (diaspeirw) por toda a Judéia e Samaria iam em todas as direções evangelizando (euaggelizw), anunciando as boas novas de salvação em Cristo Jesus, anunciando a Palavra de Deus finalmente encarnada (logoj – Jo 1.1).

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II. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: ANÚNCIO DO GRANDE SALVADOR PRODUZINDO GRANDE SALVAÇÃO

5 Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo. 6 As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. 7 Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. 8 E houve grande alegria naquela cidade.
Mesmo com a permanência dos apóstolos em Jerusalém a Igreja não ficou limitada àqueles que se dedicariam mais amiúde à Palavra (At 6:4). A multidão de testemunhas ia por toda a parte, e Filipe, também diácono como Estêvão, desce à cidade de Samaria e anuncia publicamente, como um arauto de um rei que está às portas, que Cristo é o Messias, o filho de Deus (Jo 20.31). É provável que o nome de Cristo não fosse estranho aos samaritanos, especialmente depois do encontro com a mulher samaritana e outras pessoas (Jo 4.41-42). Só poderia haver salvos em Samaria com a pregação do evangelho – e era isto o que Filipe estava disposto a fazer.
Com a pregação os resultados começam a aparecer. Filipe não escolhia auditório, como um arauto não escolhe público – ele anuncia indistintamente a todos. E foi assim em Samaria – as multidões, um amontado de pessoas não previamente selecionadas prestaram atenção (prosexw), dedicaram todos a sua mente (omoqumadon) ao que Filipe dizia, ouvindo, entenderam (akouw) a mensagem, que era comprovada pelos sinais extraordinários que eles (blepw). Os samaritanos não tinham outra opção a não ser acreditar nos fatos incomuns que ocorriam diante de seus olhos.
Os samaritanos creram por causa do poder de Deus sendo derramado em seu meio. Como duvidar a existência de um poder a impulsionar Filipe se eles podiam constatar que até mesmo os espíritos imundos se submetiam, enfurecidos, gritando (boaw fwnh) e desorientados (ezerxomai) abandonavam àqueles a quem vinham mantendo escravizados; paralíticos (paraluw) eram curados e muitos mutilados foram curados completamente. É por isso que a segunda palavra chave para entender este texto é acontecimento, feitos, fatos (ginomai).
Era inevitável que como resultado da libertação de possessos, com a cura de paralíticos e coxos houvesse grande (megaj) alegria naquela cidade. Eles tinham parentes, tinham amigos, e certamente muitos se alegravam no coração e expressavam esta alegria (xara) ao verem seus familiares curados. A cidade rejubila por ver que Deus está agindo em seu meio, que eles não seriam mais rejeitados e poderiam adorar ao Deus vivo e verdadeiro com liberdade e espiritualidade.

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III. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: A VERDADE PRODUZ GRANDES EFEITOS

ABANDONO DO ERRO

9 Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; 10 ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. 11 Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas. 12 Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres. 13 O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados.
Em contraste com os fatos reais (ginomai) que ocorriam no ministério evangelístico de Filipe havia na região um homem chamado Simão, tido como alguém digno de grande (megaj) consideração mas que, apenas, enganava (ecisthmi) o povo com magia e exaltava a si mesmo. Enquanto Filipe anunciava a palavra (logoj) ele falava de sua pretensa grandeza (legw).
Como as pessoas que seguiram a Teudas (At 5:36) e a outros líderes, também o povo de Samaria se prestava atenção e seguia (prosexw), não importando a idade ou posição social (mikroj kai megaj), acreditando nos embustes de Simão e pensando que ele, realmente, possuía algum poder divino (dunamij qeou) ou, de fato, um grande (megaj) poder.
Os samaritanos seguiam a Simão porque só tinham o engodo, a ilusão (mageia), e ele era muito eficiente (ikanoj) em iludi-los (ecisthmi). Mas era apenas ilusionismo, não era verdadeiro poder. Simão apenas se atribuía poder (dunamij), mas não o possuía verdadeiramente.
Porém, ao conhecerem o evangelho, eles foram persuadidos a crer (pisteuw) que o que Filipe lhes oferecia era verdadeiro, eram boas novas de verdade (euaggelizw) a respeito do tão aguardado reino de Deus (basileia tou qeow). Deixaram de seguir às ilusões de Simão para seguir a verdadeira autoridade do filho de Deus, Jesus Cristo, sendo batizados, simbolizando compromisso de vida com o Senhor da vida. Lucas não faz distinção etária, social ou civil entre os batizados, eram simplesmente homens e mulheres (aner kai gunh).
Diante da veracidade e da superioridade do evangelho o próprio Simão foi persuadido e também foi batizado. A Escritura diz que tanto os samaritanos quanto Simão creram (pisteuw) e foram batizados (baptizw). Simão acompanhava Filipe com grande curiosidade, observando e considerando como fora de si os sinais (shmeion e não mageia) e as demonstrações de grande poder (megaj dunamij) que realmente aconteciam. Ele, Simão, sabia que o que conseguia fazer para enganar o povo era mera ilusão.

….. 14-17 …..

FIRMEZA NA DOUTRINA APOSTÓLICA

14 Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; 15 os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; 16 porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. 17 Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo.
As boas novas logo chegam a Jerusalém – embora os judeus não se relacionassem com os samaritanos (Jo 4:9) e até o falar com um samaritano era motivo de estranhamento (Jo 4.27) o fato de eles aceitarem a Palavra de Deus e esperarem a redenção em Jesus Cristo fazia-os membros de um novo povo (Tt 2.13-14), e, como tais, deveriam conhecer a base sobre a qual este povo se organizaria para agradar a seu novo Senhor – a doutrina dos apóstolos, por isso Pedro e João descem à Samaria com um propósito: romper as barreiras de nacionalidade, integrá-los ao povo santo, fazê-los plenamente aceitos neste novo povo através da oração de maneira que eles recebessem (lambanw - passivo) o dom de Deus, o selo da promessa: o Espírito Santo (At 2.38). É um maravilhoso contrate porque antes eles possuíam, ou melhor, eram possuídos por espíritos imundos, e agora, recebem o Espírito Santo.
Até aquele momento o Espírito não havia descido – muitos haviam crido, mas o Espírito ainda não fora enviado de cima (epipiptw). Eles viram os sinais prometidos por Jesus (Mc 16.17-18) e foram batizados tendo Cristo como o seu Senhor (Mc 16.16), era ele o grande poder a quem deveriam obediência daí para a frente (Mt 28.18). A presença dos apóstolos autenticaria, perante toda a Igreja, que, de fato, também os samaritanos foram chamados para esta nova comunidade.
No instante em que os apóstolos colocavam as mãos sobre eles com poder, com autoridade (xeir – um hebraísmo) eles recebiam (lambanw) o Espírito Santo que, anteriormente, havia sido derramado sobre os apóstolos (At 2.4) e sobre a multidão em Jerusalém e, como, também, mais tarde, aconteceria com os gentios (At 10:45).

….. 18-21 …..

REJEIÇÃO DE ALTERNATIVAS HUMANAS

18 Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro, 19 propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. 20 Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. 21 Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
Simão continuava observando (qoaomai). Primeiro observara os feitos de Filipe, e agora observava cuidadosamente buscando explicações mentais (qewrew) o que acontecia com as pessoas quando os apóstolos lhes impunham as mãos (epiqesij xeir): eles recebiam o Espírito Santo. Os magos e ensinadores itinerantes trocavam experiências, trocavam habilidades ou vendiam-nas a pessoas de regiões onde não teriam competição – e um judeu podia perfeitamente ser visto como um não competidor em Samaria, e Simão acho que os apóstolos podiam ser encaixados nesta categoria, por isso fez uma proposta (prosferw) que, pelo seu arcabouço mental, era perfeitamente natural: dar dinheiro (xrhma) aos apóstolos em troca da sua habilidade.
O que queria Simão? Porque ele queria o mesmo poder dos apóstolos? Continuar a ser grande poder? Talvez. Ser instrumento de bênçãos como Filipe e os apóstolos? É provável. Mas o fato é que ele cometeu um grave erro porque julgou errado, suas premissas eram erradas, suas bases estavam erradas – as suas bases anteriores, as bases da carne, as bases mentais que havia estabelecido "antes" de abraçar a fé.
Simão apresenta uma proposta que seria tentadora, e na qual a Igreja caiu terrivelmente durante a idade média, e é provável que, em muitas situações, às vezes sutis, continua caindo: deem a mim, da mesma forma (kagw) que vocês possuem este mesmo privilégio, este mesmo encargo (ezousia) para que eu também tenha a autoridade de impor (epitiqhmi) as mãos e as pessoas receberem o Espírito Santo. Simão acreditava que o poder estava nos apóstolos, que eram eles quem davam o Espírito Santo para as pessoas. Ele não entendia que o encargo dado aos apóstolos era um ministério, um serviço – eles eram instrumentos da manifestação do poder de Deus, e não portadores, eles mesmos, do poder.
Pedro responde a Simão que suas moedas de prata (argurion) – as mesmas recebidas por Judas, não eram capazes de lhe dar o que era só podia ser recebida como uma dadiva de Deus. Ademais, Pedro e João foram escolhidos pelo Senhor (Mc 3.13-14 – compare com Lc 6:13). Simão não podia comprar isso, e, acreditando que o dinheiro podia comprar tal poder, como comprava truques de mágica, ele poderia encaminhar-se para a perdição, seu coração poderia continuar amando as coisas deste mundo e não usufruir do amor do pai (I Jo 2:15). O dinheiro tão amado (I Tm 6:10) poderia se tornar um instrumento para a sua própria destruição ele poderia caminhar para a destruição (apwoleia), tanto nesta vida quanto eterna. O problema de Simão, devo insistir, foi agir segundo os costumes que tinha antes de conhecer o evangelho, de acreditar (nomizw) que as mesmas leis que regiam suas relações com outros magos poderiam leva-lo a adquirir para si (ktaomai) o que só poderia ser dado (dwrea) por Deus, era uma prerrogativa absolutamente divina.
Pedro fora chamado para o apostolado. João também foi. Paulo o seria, mais tarde, como Barnabé e Silas. Mas Simão não. Ele não foi chamado para o ministério apostólico. É salutar observar que para o apostolado não há voluntariado – há chamado do Senhor. A Simão não foi atribuída esta porção (merij). Ele não fora chamado (klhroj) para ser ministro da Palavra (logoj). Sua atitude revelava o seu coração e como andava o seu coração, sua espiritualidade (kardia): ele não era reto (euquj), sua atitude era reprovável na presença (enwpion) de Deus – e isto não pode ser escondido de Deus (Pv 20.27) como não foi, por exemplo, o caso de Ananias e Safira (At 5:3).

….. 22-25 …..

IV. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: É SEMPRE UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO PELA EVANGELIZAÇÃO

22 Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; 23 pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade. 24 Respondendo, porém, Simão lhes pediu: Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim. 25 Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.
Da mesma maneira que Pedro denuncia a maldade do coração de Simão ele havia denunciado os atos dos judeus em Jerusalém (At 2.36) – judeus e samaritanos eram igualmente merecedores da ira divina, mas, também, judeus e samaritanos eram conclamados ao arrependimento (At 2.38). A mensagem paulina também centralizava o arrependimento como necessário (At 26:20).
Apesar de ficar conhecido como alguém que cometeu um terrível pecado, dando origem até a um termo técnico (simonia - nome que designa a obtenção de benefícios eclesiásticos em decorrência de pagamentos ou recompensas (como alianças políticas) imediatas ou futuras), Simão não parece ter cometido o pecado imperdoável, porque Pedro o exorta a arrepender-se, isto é, mudar a intenção do seu coração (metanoew) que havia agido mal (kakia) e então passasse a desejar ardentemente (deomai) outra coisa que ele não podia obter por si mesmo, nem com dinheiro (Ef 2.8) nem com esforços (Rm 4.4-8).
Pedro exorta Simão a se arrepender e buscar ao Senhor, não cometendo o mesmo erro de Judas de encher-se de remorso mas não de arrependimento (Mt 27.3-5). Simão errou, seu coração o levou numa direção (epinoia) errada mas havia, ainda, oportunidade de arrependimento se ele fosse diferente de Caim (Gn 4:7). Pedro percebeu (oraw) a amargura como de fel derramado (kolh) que tomava conta do coração, não uma simples contrariedade, mas um profundo amargor que o prendia (sundesmoj) a uma perceptível iniquidade (adikia). Seu coração ainda não estava de acordo com o que Deus desejava – embora batizado, naquele momento ele não podia adorar ao Senhor em Espírito e em verdade, como Jesus havia dito a uma sua conterrânea (Jo 4:23).
Simão sabia a gravidade do que havia feito. Ofender a homens era algo extremamente sério, mas ele propusera comprar algo que Deus havia reservado para seu exclusivo beneplácito, para demonstrar a sua bondade. Achava-se indigno de apresentar-se diante de Deus e por isso pede que os apóstolos intercedam por ele (deomai umeij). Ele não queria sofrer a destruição eterna, não queria sofrer esta calamidade (erew), acreditava ser tão pecador que Deus não o ouviria (Jo 9:31).
Simão não parece impenitente, nem aparenta ter cometido o pecado imperdoável, pois não atribuía a satanás a atuação do Espírito Santo. Ele sabia que era o Espírito Santo – só não havia sido, ainda, purificado de seus antigos costumes, cometeu o erro de acreditar que podia comprar o poder que ele via ser real em Filipe e, especialmente, nos apóstolos.
Após a descida do Espírito Santo em Samaria, restava ainda uma porção da missão a ser cumprida. Jerusalém já conhecia o evangelho. A Judéia já conhecia o evangelho. Samaria já havia sido alcançada pelo evangelho. Restava "apenas" os confins da terra. Após terem dado testemunho solene (diamarturomai) daquilo que viram e ouviram (I Jo 4:14) também aos samaritanos, pois para Deus não há distinção alguma entre os homens (Rm 10:12) já que todos são igualmente pecadores que só podem ser salvos pela graça de Deus em Cristo Jesus (Rm 3:22) mediante a pregação do evangelho (euaggelizw) como fizeram em muitas pequenas vilas (kwmh) samaritanas.
Os apóstolos não estavam fazendo nada diferente do que deveriam realmente fazer. Foram chamados por Jesus para pregar (Mc 3:14), foram preparados e receberem o Espírito Santo para exercerem este ministério (At 1:8) e o anunciariam a qualquer custo (At 5:41).

CONCLUSÃO

A pergunta que se nos impõe é: se somos cristãos, se somos discípulos do Senhor Jesus, e se o mandato do Senhor permanece o mesmo, como ele permanece o mesmo, e se o evangelho já tem chegado a praticamente todos os lugares do mundo, porque evangelizar? Evangelizar é necessário porque devemos anunciar a verdadeira fé em Cristo, a fé em Cristo segundo as Escrituras, aquele em quem devemos crer para sermos salvos.
As respostas são muitas: porque ainda há enfermos, tanto física quanto espirituais. Porque ainda há milhares de cativos do diabo, possuídos pelos demônios e carentes de libertação. Porque ainda há pessoas que estão cheias de conceitos errôneos a respeito de Deus e somente a verdade como pregada pelos apóstolos pode mudar estes enganos. Porque ainda há muitos que precisam de conversão, precisam se arrepender de seus pecados.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam invocar a Jesus como seu salvador.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam crer em Jesus como seu Senhor e salvador.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam ouvir que Jesus é o filho de Deus, Senhor e salvador de todos os que nele creem.

A pregação é necessária porque ainda queremos ver a cidade tomada de grande alegria, e, mesmo que a cidade não seja, queremos que sua vida seja tomada de grande alegria, e que haja grande júbilo no céu (Lc 15:10).

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