Pessoal, acabo de postar uma apostila sobre prática de pregação. Em breve posto a sequência. Divirtam-se.
O endereço é: http://www.4shared.com/office/4H7W2Kj1/Pregao_I.htmlsegunda-feira, 30 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
O PODER E A EFICÁCIA DA PALAVRA DO ESPÍRITO
14 Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados. 15 Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. 16 Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.
I Co 4.14-16
Para que serve a Palavra de Deus? “Para muitas coisas”, é a resposta mais óbvia, mais comum. E é verdade. E às vezes ela tem sido usada para finalidades que de maneira nenhuma glorificam o seu autor, funcionando como pretexto para a divulgação de idéias de homens, que expressam os seus desejos e não a real vontade de Deus. A Igreja precisa compreender que a bíblia é somente, e este somente tem um peso de exclusividade e não de limitação, a revelação daquilo que Deus quer para a vida de suas criaturas, de seus servos, e, ainda mais especialmente, de seus filhos, aos quais comprou pelo sangue precioso de seu filho Jesus [I Pe 1.18-19: sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo]. Entretanto, apesar deste propósito geral, ela também tem, em cada contexto, um caráter específico, um objetivo específico, uma função e um propósito específico e direto, ditado pelas circunstancias de seus autores humanos e leitores. E é com esta pressuposição em mente que olhamos para o texto de I Co 4.14-16 nesta oportunidade. Diferente do que pensávamos, as informações dadas a Paulo pelos membros da casa de Cloe tinham como objetivo o bem e não o mal da Igreja. Não se tratava de maledicência ou fofoca, obras infrutíferas das trevas [Ef 5.11: E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as] levadas a efeito pela carne, que devem ser deixadas de lado pelos cristãos [Cl 3.8: Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar]. O objetivo não era ferir nem atingir a honra de ninguém - tratava-se de um pedido de ajuda, na verdade, de um desesperado e urgente pedido de ajuda para uma igreja que estava sofrendo de diversas maneiras. A liderança da Igreja coríntia não conseguia resolver os muitos problemas. É possível inferir que parte da liderança estivesse envolvida direta ou indiretamente nos problemas, e por isso precisava de alguém que, vindo de fora mas tendo o reconhecimento da comunidade, pudesse lhes dizer o que fazer. E os da casa de Cloe acreditavam que este alguém era o apóstolo Paulo. Quando tomamos conhecimento da intervenção de Paulo percebemos que aqueles que buscavam ajuda estavam absolutamente certos no que fizeram, e percebemos que Paulo tinha real interesse no bem estar daqueles cristãos, e com ele aprendemos sobre a eficácia corretiva da palavra do Espírito.
A primeira verdade que aprendemos sobre a ação da Palavra ao tratar dos pecados e problemas é que DEUS NÃO QUER NOS ENVERGONHAR.
Muitos dos acontecimentos em Corinto eram realmente vergonhosos. Ali irmãos menosprezavam-se mutuamente, faziam juramentos e oferendas em altares pagãos, havia quem tinha relacionamento íntimo com a esposa do próprio pai, o que era um escândalo até mesmo para os padrões altamente deturpados e imorais dos coríntios. Mesmo sem a carta de Paulo, os coríntios deveriam se envergonhar de seu fútil procedimento [I Pe 1.18: ... sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram] porque estavam em Cristo e eram nova criatura [II Co 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas], devendo, portanto, deixar para trás todas as coisas velhas. Esta atitude de reconhecimento de seus erros deveria partir dos próprios coríntios, como Paulo sugere, ao tratar da maneira correta de ministrar e participar da Santa Comunhão, dizendo-lhes para fazerem um exame de si mesmos e então, dignamente, participar da comunhão [I Co 11.28: Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice]. Parece haver a sugestão de obedecer a ordem de Jesus para buscar correção e reconciliação antes de participar da ceia [Mt 5.23: Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta]. Mas isto não estava acontecendo, por isso podemos ver a absoluta necessidade da intervenção apostólica, para melhor, e não para vergonha dos coríntios [I Co 4.14: Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados]. O reconhecimento do próprio pecado não é vergonhoso, pelo contrario, é o único meio de iniciar a caminhada do arrependimento, da conversão e do perdão, numa nova vida motivada pela ação interna do Espírito. Paulo é um exemplo desta luta: de vencido pelo pecado em seu ser [Rm 7.24: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?] a vencedor pela graça de Deus em Cristo Jesus [I Co 15.57: Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo]. Homens maus tem prazer em envergonhar, em magoar, em ferir seu próximo. Foi isso que os judeus e romanos fizeram com Jesus [Mt 26.67-68: Então, uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!] e sentiam grande prazer em fazer com os cristãos, experiência que o próprio Paulo teve, tanto de um lado [At 8.1: E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria] quanto de outro [I Co 4.9-13: Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos], como os coríntios bem o sabiam. Mas aquele que suportou tamanha oposição [Hb 12.3: Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma], que viu-se desamparado [Sl 22.1: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido?] mas levou sobre si as nossas dores não sentiria qualquer prazer em ver-nos envergonhados [I Jo 2.28: Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda]. Corrigir os coríntios, admoesta-los, literalmente, mudar a mente, repreender por um erro cometido era não apenas uma necessidade urgente deles, mas, também, uma demonstração clara e necessária do amor de Paulo. Paulo tanto tinha que fazer quando precisava fazer, do contrário, não estaria agindo como um pai que realmente ama os seus filhos. Um demagogo tenta ganhar as pessoas com agrados. Um pai amoroso só visa preservar os filhos mediante amorosa disciplina [Pv 3:12: Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem], e, às vezes, este é o primeiro sinal de amor paterno [Hb 12:6: ...porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe].
Paulo não queria os irmãos envergonhados, além do que já estavam sofrendo vergonha por suas próprias ações. O objetivo de Paulo, instrumento de Deus para lhes dar a sua palavra corretiva, é
ADMOESTÁ-LOS COMO A FILHOS AMADOS
Admoestar é diferente de apenas repreender. Admoestar é corrigir uma ação errada com uma orientação precisa sobre os caminhos corretos a serem seguidos, passo a passo. Não se trata de métodos fantasiosos instantâneos e tão consistentes quanto miojo. Não se trata de métodos místicos mas de ações concretas e às vezes difíceis, mas sem as quais é impossível ser, de fato, discípulo de Cristo [Mt 16.24: Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me]. Paulo usa as informações recebidas para, com riqueza de detalhes e orientações, adverti-los de seus erros, de maneira que eles percebam não só a gravidade como, também, as consequências de seus pecados, de seus erros. Paulo também lhes mostra como mudar os rumos. Cometer um erro é um acidente na vida de qualquer cristão. Cometer o mesmo erro e continuar nele é uma escolha, é um pecado que precisa ser abandonado o mais rapidamente possível. É como se Paulo, movido por intenso amor, dissesse aos coríntios: “Filhos amados, não ponham a mão nisto, não coloquem os seus pés naquele caminho, não fixem seus olhos em coisas que contaminarão o seu coração. Guardem-se. Protejam seu coração, guardem seus pés, mantenham sua mente limpa”. Há quem se sinta motivado a dizer à Igreja o que fazer pelo desejo de controle, de mando, mas não encontramos esta atitude em Paulo, que aceitou fazer-se fraco para fortalecer os convertidos [I Co 9.22: Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns]. O bem dos coríntios, o amor que lhes devotava era a grande motivação do apóstolo, que os via como filhos, mas filhos verdadeiramente amados, porque há pais que não amam seus filhos, ainda que deles cuide de maneira extremamente cuidadosa. Mas, para Paulo, os coríntios eram seus próprios filhos, e filhos muito amados. Seu interesse por eles era fruto do amor que por eles sentia. Ele sabia da dificuldade religiosa, social e cultural que tinham que enfrentar por causa da conversão. Sabia da oposição familiar, das pressões econômicas e sociais, e até mesmo legais, para um gentio, um romano ou grego, se tornar um cristão. Conhecendo suas lutas, conhecia-lhes o caráter e as dores. E os amava, porque eram, de fato, seus filhos, gerados em meio a grandes dores. Antes que algum coríntio lhe questionasse a autoridade, e certamente havia até quem fizesse isso, chamando Paulo de fraco e, ao mesmo tempo, escondia-se à sombra de Apolo ou de Pedro [II Co 10.10: As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível], desconhecendo a habitual firmeza de Paulo [Gl 2.14: Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?]. Mas Apolo e Pedro eram ministros, como Paulo, e por isso Paulo lembra aos coríntios em que se baseia a autoridade da sua admoestação que valia, inclusive, para os seguidores de Apolo ou de Pedro: a Igreja coríntia poderia ter tido e ter muitos mestres, muitos professores, muitos lideres, mas tinha apenas um pai, e esse era Paulo. O Apóstolo é enfático em afirmar: eu vos gerei pela palavra de Cristo. Se eles eram crentes o eram porque Paulo havia pregado o evangelho ali. Os que vieram depois encontraram uma lavoura para ser cuidada, mas não era mais uma terra inculta. Paulo fora o pioneiro, o primeiro, e insto ninguém poderia mudar. Assim, as admoestações que recebiam era a do pai, gostassem disso ou não. O termo preceptores, usado por Paulo, é pedagogo [paidagogoj], alguém que conduzia e zelava pelo bem estar de uma criança, mas o pedagogo era sempre um servo, um escravo, nunca teria o mesmo sentimento e autoridade de um pai. Por mais eficiente, dedicado e esforçado que fosse, o pedagogo nunca teria a autoridade e os direitos de um pai de família, de um genitor, de um pai. É curioso que há casos na historia de jovens romanos que, de acordo com a legislação da época, adotavam seus escravos como filhos para poder livrá-los da escravidão e dar-lhes direito de herança. Isso era impossível no caso de um pai de verdade. E é esta relação paterna que Paulo evoca em sua carta aos coríntios. Ele os havia gerado em Cristo. Esta era uma verdade que não podia ser mudada, e este era um direito inalienável que Deus havia dado a Paulo. Por isso ele tinha o direito e o dever de admoestá-los. Depois de mostrar-lhes que eram dignos de serem admoestados, pois tomaram atitudes vergonhosas mesmo do ponto de vista dos gentios, Paulo lhes diz que sua motivação não era a vergonha dos coríntios, mas a sua restauração porque ele os amava, era seu pai, e um pai tem não apenas o dever, mas também a autoridade para corrigir, para admoestar, para instruir. Mas como os coríntios poderiam fazer isso? Paulo lhes oferece um modelo que eles conheciam muito, muito bem, tanto em suas virtudes quanto em suas falhas: ele próprio. Paulo lhes diz para eles
SEREM SEUS IMITADORES
Certamente os coríntios sabiam que Paulo era um pecador. Sabiam que Paulo se reconhecia um pecador. Sabiam que Paulo se considerava o principal dos pecadores [I Tm 1.15: Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal], e, por ter sido alcançado pela graça de Cristo, a principal prova de que não havia ninguém irrecuperável [I Tm 1.16: Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna], ninguém onde o pecado fosse mais abundante que a maravilhosa graça de Deus em Cristo Jesus [Rm 5.20: Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça]. O que os coríntios conheciam de Paulo? Em que poderiam e deveria imitá-lo? E nós, o que nós conhecemos de Paulo? Em que nós, gentios convertidos quase 20 séculos depois, podemos e devemos nos espelhar nele, e imitá-lo? O próprio Paulo nos dá algumas pistas preciosas nas poucas vezes que fala de si mesmo:
i. Ele só deve ser imitado naquilo que ele imita a seu Senhor, Jesus Cristo: Paulo diz que não conseguia viver sem cometer pecados. Diz que no seu corpo havia uma lei que o levava a fazer o mal que detestava e omitir-se no bem que sabia ser seu dever. Nisto não devemos imitá-lo. Às vezes eu ouço pessoas dizendo: “se até [São] Paulo pecava então eu também posso pecar”. Pare! Isso é uma tolice, uma impiedade, demonstra que não entenderam nada do evangelho. Ainda não foram impactados pela graça genuína. Conhecem igreja. Conhecem costumes. Conhecem até doutrina e até mesmo a bíblia. Mas a fraqueza de Paulo não é desculpa para nenhum de nós continuarmos pecando. O erro de meu próximo não justifica o meu. Se o pecado gera a morte, isso vale tanto para meu próximo quanto para mim. Diga agora: “Devo imitar a Paulo não no pecado, mas na sua luta contra ele, esmurrando o meu corpo e reduzindo-o à escravidão para que não venha a ser considerado fora do padrão de Deus, desqualificado” [I Co 9.27: Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado].
ii. Ele só deve ser imitado no seu comprometimento com a causa de Cristo: movido pelo amor de Cristo ardendo em seu coração, Paulo afirma que de boa vontade se deixaria gastar pelo evangelho [II Co 12.15: Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?], e fazia isso trabalhando para se manter enquanto pregava: fazia isso mesmo colocando a sua vida em risco, sofrendo com cadeias, acoites, perseguições. Nada diminuía o seu comprometimento com e evangelho: nem fome, nem perigo, nem nudez, nem espada, nada mesmo. Diga agora: “Eu quero imitar ao apóstolo Paulo me comprometendo com todo o meu ser, toda a minha vontade e emoções, a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que Cristo seja visto em mim [Gl 2.20: ...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim].
iii. Ele só deve ser imitado na ousadia de falar a verdade de Deus diante de quem quer que seja, sejam autoridades religiosas que agiam com impiedade [At 23:3: Então, lhe disse Paulo: Deus há de ferir-te, parede branqueada! Tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei e, contra a lei, mandas agredir-me?]. Também não deixa de confrontar, com a verdade de Cristo, nem mesmo companheiros de caminhada cristã que cometessem erros, como Pedro [Gl 2.11: Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face, porque se tornara repreensível] e João Marcos [At 15.27-28: E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho], autoridades civis que se julgavam acima da lei, como podemos ver em [At 22.25: Quando o estavam amarrando com correias, disse Paulo ao centurião presente: Ser-vos-á, porventura, lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?] e até mesmo de governantes [At 26.2: Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na tua presença, poder produzir a minha defesa de todas as acusações feitas contra mim pelos judeus] ou seus familiares [Fp 4.22: Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César]. Diante de todos a verdade era o bem mais precioso de que Paulo dispunha, e julgava-se vaso de barro portando um tesouro precioso [II Co 4.7: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós], devendo ser quebrado, se necessário se fizesse, para que o tesouro pudesse ser visto à plena luz com toda a sua magnificência. Como Paulo, diga agora: “Jamais me calarei, jamais deixarei que meus lábios fiquem fechados diante da oportunidade de anunciar a salvação graciosa em Jesus Cristo [I Co 9.16: Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!]. Ninguém vai se aproximar de mim sem ouvir falar que há um salvador, e que este salvador é somente o Senhor Jesus Cristo” [At 4.12: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos].
A conclusão a que chegamos é que Paulo não queria seguidores para si, ele não queria ser o líder ou o cabeça de um grupo ou uma facção da Igreja. Ele entendia que Cristo deu sua vida na cruz para fazer-nos um só corpo, uma só Igreja. E não seria ele que tentaria quebrar esta unidade, pelo contrário, ele conclamava os cristãos a lutarem, com ele e como ele, pela unidade da fé, pela unidade da Igreja, pela caminhada em uma só direção como o corpo místico de Cristo, o povo santo, a noiva do cordeiro. A Igreja será aquilo que nós formos. A Igreja será unida se nós formos unidos. A Igreja será santa se nós formos santos. A Igreja será poderosa se formos poderosos em ação, em oração, em comunhão, em disposição. A Igreja será santa se você verdadeiramente entregar sua vida nas mãos do Senhor Jesus. A Igreja será, de fato, o espelho da glória de Deus na terra somente na medida em que cada cristã assumir o compromisso de, hoje, pecar menos que ontem - e de começar este processo a cada dia. Cada cristão deve assumir o compromisso de, hoje, amar mais que ontem - e amanhã começar a amar de novo como se nunca tivesse amado antes. A Igreja é você. A Igreja sou eu. A Igreja somos nós - e como Igreja devemos andar juntos, aos pés de Cristo, levando as cargas uns dos outros [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo] e todos juntos depositando-as aos pés do Senhor amado.