segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

E Deus nos deu marcos para orientarmos nossa vida - Porque o ano novo

14 Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.
15 E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.
16 Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas.
17 E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, 18 para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.
19 Houve tarde e manhã, o quarto dia.
Gn 1.14-19

PORQUE PRECISAMOS PENSAR EM “ANO VELHO, ANO NOVO”?

A reposta a esta pergunta precisa ser apresentada muito cuidadosamente, especialmente por mim, que sempre me questionei sobre a expectativa de que “o ano novo vai ser bem melhor”. Sempre achei uma grande bobagem a superstição de que se você começar o ano com determinada cor de roupa, ou comendo determinado tipo de comida (inclusive reaproveitando as sementes) isso possa fazer algum efeito prático no decorrer do ano. Começar o ano com dinheiro na carteira (mesmo tendo um monte de contas em aberto) só garante que você vai começar o ano com dinheiro na carteira, não que vá terminar o ano com dinheiro sobrando.
Mesmo deixando de lado as expectativas supersticiosas, o que nos leva a pensar que o simples fato de olharmos para o calendário pregado na parede e não vermos mais o tão aguardado 31.12 tornará tudo diferente no 01.01?

HÁ DIFERENÇA ENTRE DIAS E DIAS?

Pensando no tema, resolvi ver o que a Bíblia diz a respeito. Por um lado, ela diz que todos os dias são iguais, todos eles devem ser vividos com a mesma intensidade e propósito (Sl 118.24), embora possa haver propósito diferente entre os dias tanto no propósito didático de Deus (Gn 2:2-3) quanto nas opiniões das pessoas dentro de um contexto muito específico, como a questão da guarda do sábado pelos judeus, judeus-cristãos e cristãos (Rm 14.5-6).
Também é provável que você já tenha observado que alguns dias tem aparência diferente. É comum, por exemplo, conversar com pessoas que admitem que o domingo é um dia diferente, o clima é diferente, a nossa disposição é diferente. Domingo tem o seu “jeito de ser”, tem sua “cara de domingo”.
Por outro lado, o Senhor também cuidou para que determinados dias tivessem um aspecto destacado e um significado especial. Foi por isso que ele deu o sábado aos judeus (para que descansassem de seu trabalho físico semanal e se lembrassem de que é Deus quem é a fonte de sua satisfação e descanso). Deus também deu os dias de festas para que eles tivessem oportunidade de cultuar a Deus como uma nação e se lembrassem de que sua existência era devida unicamente à providência de Deus através de seus grandes atos de livramento, como na páscoa (Ex 12.14).
Nós precisamos pensar em novo dia, novo mês, ano novo simplesmente porque isto está na ordem da criação divina e, mesmo com o pecado, nós não estamos totalmente fora desta harmonia da criação.

ORDEM NATURAL: DEUS DEU MARCOS PARA ORGANIZAR A CRIAÇÃO

Tudo isto nos mostra que, realmente, é propósito de Deus que nos alegremos em todos os dias que Ele nos deu, mas nos lembremos que Ele próprio quer que atentemos para alguns momentos especiais nas nossas vidas. Dizendo isto de outra maneira, Deus nos deu dias diferentes dentro do nosso calendário para que tenhamos marcos e memoriais em nossas vidas.
O homem, com ou sem a revelação dada por Deus, sempre tentou organizar seu tempo, contar as horas, os dias, meses e anos. Não há cultura minimamente desenvolvida que não tenha algum tipo de contagem do tempo. Talvez você desconheça que a contagem dos dias e das horas já foi diferente em alguns lugares do mundo.
Durante a dinastia Shang (1200-1045 a.C.), na China, a “semana” era contada a cada dez dias. Os oficiais da dinastia Hang (206-220) descansavam a cada 5 dias, mas logo o descanso voltou a ser a cada de dias durante a dinastia Tang (618-907). Os meses eram divididos geralmente em três semanas de 10 dias, chamadas de superior, medial e inferior. Alguns dias eram acrescentados ao fim do ano para completar o ciclo solar.
No Egito a semana também era de 10 dias, três semanas por mês, mais cinco ou seis dias ao final do ano.
Mais recentemente a revolução francesa, em sua tentativa iluminista de abolir a fé cristã, abandonou o calendário gregoriano e criou em 22.09.1792 o Calendário Revolucionário, definido os meses com 30 dias, e as semanas com 10 chamando-as de décadas. Este calendário vigorou de outubro de 1793 a abril de 1802.
Os comunistas também tentaram mudar o calendário, criando o Calendário Soviético Eterno, com meses de 30 dias e 60 semanas de 6 dias, sem sábado e domingo, e acrescentando 5 ou 6 dias extras que eram feriados nacionais. Mas isso só durou de 01.01.1930 a 1940.
Nada disso perdurou porque não passava da loucura humana querendo sobrepor-se à sabedoria divina. Todos foram abandonados por que não obedeciam ao plano de Deus na criação. Deus não fez nada sem planejamento e não deixou nada ao acaso.
A semana tem sete dias porque o Senhor quis que fosse assim. Ele deu a lua para marcar as semanas. O nosso calendário é lunissolar – nossas semanas obedecem às fases da lua que Deus deu para marcar a sucessão de dias da semana. As estações do ano, por sua vez, obedecem ao ritmo do sol, por isso o ano não corresponde à sucessão de semanas e os meses sejam diferentes, com um ajuste quadrianual.
Então, podemos concluir que Deus nos deu dias, semanas, meses e anos para que a nossa vida quotidiana não fugisse ao ritmo da criação, para que, pela própria natureza, as criaturas com as quais Ele se relaciona de maneira mais direta, providencial e misericordiosa não se afastassem em demasia dele, mesmo que tenham esta inclinação no coração.

ORDEM DIDÁTICA: DEUS DEU MARCOS PARA AJUDAREM NO APRENDIZADO

Moisés nos diz que Deus fez o sol e a lua para governarem o dia e a noite. E então houve tarde e manhã, o quarto dia. Talvez você se pergunte como é que havia tarde e manhã sem o sol e a lua? Deus criou os elementos para governarem, não para trazerem à existência (Gn 1.16).
Mas nós dependemos deles – normalmente temos disposição para despertar e trabalhar durante o dia, e sentimos vontade de repousar quando o sol se põe. O sol e a lua funcionam como marcos para nosso relógio biológico. Mas não é só isso. Uma leitura mais cuidadosa das Escrituras nos mostra que os servos de Deus passam por experiências e usam suas datas como marcos para sua vida.
Foi assim com Isaías (Is 6:1) que teve uma experiência transformadora no ano da morte do rei Uzias. Foi assim também com Esdras que registra o cumprimento da profecia deste mesmo Isaías (Is 45:13) como ocorrida logo no início do reinado de Ciro (Ed 1:1).
Neemias também fez questão de datar os acontecimentos que levaram à reconstrução de Jerusalém (Ne 2:1).
Curiosamente o mais importante evento da história, ocorrido na plenitude dos tempos, apesar de datado não tem sua data exata conhecida por erros de cálculos cometidos pelos homens, não por Deus embora seja bem possível, embora não haja qualquer necessidade, que um dia estudos possam apontar com maior precisão o momento em que Deus se fez carne para estar entre nós (Lc 2:1).
É mais fácil para nós provarmos o que afirmamos quando tempos dados, datas. A ação de Deus na história da humanidade não é um conto do tipo “há muito tempo em algum lugar”. Temos registros, datas, fatos. E é para isso que os dias, meses e anos servem.
Para que você possa aprender a contar seus dias, e contar o que Deus fez em sua vida, então, você precisa de um marco. Pode ser aquela noite na igreja, aquele acampamento de carnaval, aquela viagem, enfim, independente de qual seja a data e o evento, você sabe que sua vida foi marcada definitivamente pelo selo do Espírito, e você pode contar a sua história dividindo-a entre antes e depois daquele momento.

ORDEM ESPIRITUAL: DEUS DEU MARCOS PARA AVIVAREM A MEMÓRIA

E isto nos leva a um outro propósito dos marcos que Deus nos dá: eles servem para que alcancemos coração sábio (Sl 90:12). Podemos encontrar os marcos propostos por Deus para, por exemplo, nos dizer que o homem foi expulso do jardim do Éden logo depois da viração do dia (Gn 3:8 -). Sabemos a época em que o nome do Senhor passou a ser invocado por aquele que se escondeu da presença do Senhor naquela tarde (Gn 4:26).
Algumas vezes, mais que marcos temporais, Deus também providenciou marcos físicos, como, por exemplo, logo depois de os judeus terem atravessado o rio Jordão (Js 4.4-7).
Pouco antes disso, quase 5 séculos, vemos Jacó erigindo uma coluna para lembrar o lugar onde o Senhor lhe apareceu em sonho (Gn 28.16-19) e isso mais tarde seria lembrado por Deus quando chegou o momento de dar prosseguimento no seu plano redentivo (Gn 31.13).
Se você quer aprender a contar os seus dias para alcançar um coração sábio, você precisa de um ponto de partida. Se você quer mostrar o quanto Deus mudou a sua vida, se ela mudou, você precisa poder mostrar à partir de que momento esta mudança ocorreu. Quando você não souber a razão de estar aqui e de fazer determinadas coisas, lembre-se daquele momento em que você ouviu a doce voz do Espírito chamando você e, como Samuel, disse-lhe: “Fala que o teu servo ouve”, e é esse momento que vai avivar a sua esperança no redentor (Lm 3:21).

CONCLUSÃO: É TOLICE DESPREZAR OS MARCOS QUE DEUS ESTABELECEU

À partir destas considerações, agora que sabemos que os marcos foram dados para que organizar a própria criação em sua ordem natural, foram estabelecidos por Deus para servirem de instrumento de ensino para seu povo e que ajuda-nos a não nos esquecermos da razão da nossa esperança (Cl 1:9-10).
Talvez você não tenha pensado nestas coisas mas elas são importantes, porque existe um dia especial para se tornar um marco em sua vida. Se você olhar no calendário agora, você vai encontrá-lo facilmente. Este dia de um novo marco não pode mais ser ontem, o ontem já se foi, o ontem já não existe mais. Nada de saudosismo pelo que se foi e já não é. Nada de lamentações pelas oportunidades que foram desperdiçadas, pelo que “podia ter feito e não fez”. Não é possível voltar e fazer.
Este dia também não é o amanhã – o amanhã não existe ainda, você não pode fazer nada nele. Quem deixa para amanhã o que tem para fazer não faz nada, é como o tolo que toscaneja e nada realiza até que lhe venha a sua ruína (Pv 24:33-34 o).
Quer um dia que seja um marco na sua vida e seja acessível para você? Este é o dia de hoje. Veja que a Escritura nos ensina a nos exortarmos uns aos outros para que não sejamos endurecidos e esquecidos de fazer o que é certo no dia de hoje (Hb 3:13). É no dia de hoje que você começa, fortalece ou renova seu relacionamento com Deus ou endurece o seu coração (Hb 3:15). Sua nova vida pode começar hoje – ou nem mesmo um novo dia, de um novo ano, vai mudar absolutamente nada em sua vida.

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domingo, 23 de dezembro de 2018

PORQUE O REDENTOR VEIO


1
 Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. 2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, 4 a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Rm 8.1-4

OBJETIVO DA MENSAGEM: Ensinar à Igreja que o nascimento do redentor não é uma simples festa colorida, com muita comida e troca de presentes, nem é um congraçamento de homens festivos e de corações abertos numa época do ano, e muito menos a oportunidade de “fazer Jesus nascer no coração dos homens”, mas um evento histórico, único, através do qual o eterno entrou na história, o Verbo de Deus se fez homem para salvar membros da humanidade condenada ao inferno.

PORQUE O REDENTOR VEIO

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA ENCARNAÇÃO

É importante anunciar a encarnação do verbo porque esta doutrina confirma a revelação iniciada no livro de Gênesis, lá no Éden, e relembrada em todo o Antigo Testamento que falam de um messias divino e de um rei messiânico, humano – os dois reis se tornam um só nas páginas do Novo Testamento.

É importante anunciar a encarnação do verbo porque somente ele é capaz de ser a solução que o homem jamais conseguiria obter (Rm 3:23 - …pois todos pecaram e carecem da glória de Deus) mesmo que se esforçassem o tempo inteiro por fazer obras justas (Is 64:6 - Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam). O homem, que precisa da redenção, está morto por causa de seus próprios pecados (Ef 2.1 - Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados) e é, portanto, incapaz de reconciliar-se com Deus).

Deus, porém, em Cristo Jesus, resolveu isso (Jo 3.16 - Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna), fazendo-o único mediador entre Deus e os homens (At 4.12 - E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos; I Tm 2.5 - Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem), reconciliando consigo mesmo os pecadores (II Co 5:19 - …a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação).

A ENCARNAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA O CRISTIANISMO

Sem a doutrina da encarnação não haveria cristianismo – a fé cristã fica em pé ou cai em decorrência desta verdade, porque sem a encarnação não haveria crucificação – sem o nascimento do homem Deus não haveria o sacrifício perfeito. Isto é verdade tão importante que João fez questão de afirmar que esta doutrina seria fundamental para compreender quem tem o Espírito de Deus e quem é contra Cristo (I Jo 4.2-3 - Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; 3 e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo). Enquanto diversas pseudoteologias tentam ficar encontrando o anticristo deveríamos nos ocupar muito mais em anunciar a Cristo para levar a mensagem salvadora à muitos que estão sendo anticristos, dominados pela mesma escravidão que tem oprimido a humanidade desde que o primeiro homem foi vencido pelo pecado.

O SIGNIFICADO DA ENCARNAÇÃO

A ENCARNAÇÃO FAZ DEUS CONHECIDO DOS HOMENS

Porque Jesus veio? Em primeiro lugar, ele veio para nos dar o correto conhecimento de Deus, conhecimento perdido por Adão (Jo 1:18 - Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou) no exato instante em que, ouvindo a voz de Deus, preferiu esconder-se (Gn 3:8 - Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim). Embora ele acreditasse estar fora das vistas de Deus, Deus o via melhor do que ele mesmo.

Jesus, o verbo que se fez carne, completa para sempre a revelação de Deus (Cl 1:15 - Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação) pois quem o vê, vê ao pai (Jo 14:9 - Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?), mesmo que tal visão não se dê pelos olhos da carne (II Co 5:7 - …visto que andamos por fé e não pelo que vemos).

A ENCARNAÇÃO FAZ O HOMEM CONHECIDO DE DEUS

Mas Cristo não veio apenas para que conhecêssemos a Deus – veio também para nos fazer conhecidos perante Deus, isto é, para nos reconciliar com ele (Cl 1:22 - …agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis) porque sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9.22 - Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão) e é evidente que teria que ser um sangue semelhante ao do transgressor (Hb 10:4 - …porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados). Cristo teve participação em nossa natureza, carne e sangue (Hb 4:15 - Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado).

O oferecimento de Cristo, de uma vez por todas, foi suficiente para obter vitória completa sobre a morte e sobre o diabo (Hb 9:28 - …assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação). Na morte Cristo cumpre a promessa feita por Deus à serpente (Hb 2.14-15 - Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, 15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida).

A ENCARNAÇÃO FAZ-NOS “SEMELHANTES A CRISTO"

Cristo é, segundo as Escrituras, o protótipo do novo homem (I Jo 3:2 - Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é) – e o novo homem, glorificado, estará em estado de não poder pecar (non posse pecare).

A capacidade original do homem incluía tanto o poder para não pecar como o poder para pecar (posse non peccare et posse peccare). No pecado original de Adão, o homem perdeu o posse non peccare (o poder para não pecar) e reteve o posse peccare (o poder para pecar) - o qual ele continua a exercer. Na concretização da graça, o homem terá o posse peccare retirado e receberá o mais alto de todos os estados possíveis ao homem, o poder para não ser capaz de pecar, non posse peccare.

Cristo não sofreu a tentação para pecar – sofreu a tentação para nosso socorro para que nós não pequemos (Hb 2.17-18 - Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. 18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados).

A ENCARNAÇÃO NOS DÁ CRISTO COMO SALVADOR

Foi para isso que o verbo se fez carne – para que víssemos e fossemos salvos por sua glória (Jo 1.14 - E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai) e, por meio dele, tenhamos a eterna salvação (Ef 1.7 - … no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça). Por isso o natal.

Por isso estamos aqui, porque temos um Redentor. Você pode, nesta noite, dizer mais do que “feliz natal” ou “boas festas”? Você pode dizer que você tem Cristo como seu Redentor?

 

 

RAPIDINHA: HORA DE FAZER UM BALANÇO


Estamos chegando ao fim do ano de 2018. Foi um ano bom? Foi um ano ruim? Foi fácil? Foi difícil? Houve vitórias? E as derrotas, nos abalaram? Começou melhor que terminou ou terminou melhor do que começou?
Talvez não tenhamos alcançados todos os alvos, e talvez tenhamos perdido alguma coisa muito importante pelo caminho. Caminhadas são assim mesmo. Mas há algo de útil no fim do ano. A bíblia diz que dias, semanas, meses, estações e anos foram todos dados para servirem de marcos. Sabe o que isto significa?
Simplesmente que dia 01 de janeiro não vai trazer nenhuma mudança significativa em sua vida. É um dia igual a 27 de março, 11 de agosto, etc. Tem as mesmas 24 horas, os mesmos labores de um dia de semana, a mesma folga do feriado ou o mesmo clima do fim de semana.
Mas ele é também um marco - pode servir de sinalizador para você marcar grandes ou pequenas mudanças em sua vida, mudanças maiores do que emagrecer tantos quilos, ler a bíblia toda em um ano, ser fiel nos seus dízimos ou não faltar a nenhum culto a menos que haja impedimento (porque não há motivo justo, por mais que os pensamentos deem justificativas para atender os propósitos do coração).
2019  vai marcar o que em sua vida? Lembrando a indagação do salmista: que darás ao Senhor por todos os seus benefícios?

É DA ÉPOCA. EU IA FALAR SOBRE NATAL, MAS...


É da época. É do costume. Já escrevi mais de 200 páginas sobre o nascimento do redentor. Mas logo no início desta semana uma notícia que já está se tornando recorrente chegou a mim, e resolvi falar de pastores. Isto também é pertinente, uma vez que esta semana a Igreja Presbiteriana do Brasil comemora o dia do pastor presbiteriano, lembrando a ordenação do primeiro pastor brasileiro, Rev. José Manoel da Conceição, em 17 de dezembro de 1865.
Mas a minha palavra não é de homenagem aos pastores. Sei que há bons e maus pastores, sei que há pastores bons que erram e pastores maus que, como relógios quebrados, de vez em quando estão certos. Há pastores que amam suas ovelhas e se desgastam cuidando delas a ponto de exaurirem suas forças. Há pastores que abusam do rebanho, retirando delas até o que elas necessitam para sua própria sobrevivência. Há pastores que exercem um ministério honrado e são honrados pela Igreja com palavras, gestos, finanças, cuidado, presentes e atitudes de obediência porque reconhecem neles o anjo que o Senhor deu à Igreja; há pastores que não gozam destes cuidados porque a Igreja é relapsa, mas também há pastores que exigem serem honrados mas agem despoticamente, tiranicamente, se esquecendo que o rebanho é do Senhor.
Há pastores que são amados pelas famílias da Igreja, e há pastores cujas famílias são abraçadas e amadas pela Igreja; há pastores que são criticados e sua família vive sob crítica e cobranças da Igreja. Há pastores que, com sua vida e ensino, servem de inspiração e exemplo para a Igreja, e há aqueles que dividem a Igreja, são pedra de tropeço e rocha submersa para dano. Há pastores que gostam de marketing e divulgam tudo o que fazem, até uma oração silenciosa no trânsito, alardeando ser o que o rebanho não consegue ver, e há pastores que deixam que o Senhor, Aquele que vê em secreto, veja e recompense o seu trabalho, não permitindo que a mão esquerda saiba o que a direita fez. Há pastores que amam a posição, a honra e a dignidade do título, e há pastores que amam pastorear, ensinar e edificar o povo de Deus, e alguns em título de pastor tem.
Sim, ainda há pastores que amam sinceramente a Jesus Cristo, o reino de Deus, e suas ovelhas. Bem aventurada é a Igreja que é confiada por Deus a um pastor assim.
Mas, há alguns pastores que se cansam, e é por causa deles, que resolvi escrever este texto. Nesta terça recebi o informe a respeito de mais uma morte de pastor. Cansado, o ministro do Senhor pôs fim à sua própria vida. Há algum tempo lidava com a depressão, com a exigência de resultados, com a opressão de concílios, sofria com o sofrimento de sua família na Igreja, sofria e com seu sofrimento fazia a sua família sofrer, e isto afetava seu ministério, dificultando ainda mais a realização do trabalho pastoral. O último que eu soube era da Igreja Batista, não me inteirei sobre qual ramo batista, e isto não é importante. Já recebi informes sobre suicídio de pastores assembleianos, metodistas, quadrangulares e, também, presbiterianos. Conheço pastores que lidam com as pressões num estado de depressão tal que ir para Igreja é penoso, tudo o que desejam é encontrar um lugar escuro e silencioso onde possam estar a sós, alguns sequer conseguem orar tamanha é a sua angústia interior.
Muitas são as causas, mas em muitos dos relatos convergem afirmando que a exigência de que sejam super-homens, profícuos no ensino, visitadores, administradores, economistas, engenheiros, visionários, pais, maridos e mais um monte de coisa pesa-lhes sobre os ombros humanos, a ponto de se tornarem uma carga maior do que qualquer ser humano é capaz de suportar. Para evitar isto, a Escritura diz que a Igreja pode colaborar não sendo um peso aos seus guias (Hb 13.17). Tenho plena convicção que este é um dos presentes mais valiosos que um pastor pode receber durante todo o ano, e não apenas uma homenagem em um dia.

VOCÊ ENTENDEU [MESMO] A MENSAGEM?

A teologia reformada afirma que a pregação é a vox Dei, isto é, que quando o pregador proclama fielmente o conteúdo da mensagem Deus fala através do pregador, Deus faz dele sua boca, seu profeta. Não vamos confundir isto nem com o profetismo abusivo e impostor de nossos dias, nem com qualquer pretensão de continuidade da revelação de Deus. Sabemos que a revelação está completa e que tudo o que Deus quis transmitir de mensagem ao coração dos homens para sua salvação está contido nas páginas das Escrituras.
Agora, pergunte-se: ‘Eu entendi e apliquei o que da mensagem de Deus para minha vida neste ano de 2018’. O que das mensagens, estudos, sermões, devocionais, leituras, cânticos e orações tem sido realmente útil e edificante para a sua vida? Em que sua vida foi alterada em virtude da proclamação continuada da Palavra, semana após semana? Que pecados foram abandonados? Que resoluções abençoadoras foram tomadas? O que do velho homem morreu por causa da Palavra e em que você se revestiu do novo homem que se refaz segundo o conhecimento de Cristo?
Tente fazer um pequeno esforço de memória e lembrar-se do tema de 5 mensagens dominicais? Difícil? Foram 50 este ano, e estamos pedindo para lembrar apenas 10%. Tente lembrar de 5 textos utilizados nas mensagens, inclusive os das últimas semanas. Quantos você consegue? Não se trata de um jogo de memória, trata-se do quanto estamos ouvindo, aprendendo, apreendendo e, por conseguinte, praticando como Igreja do Senhor.
Recentemente alguns membros da Igreja agradeceram pelo conteúdo da Palavra que tem sido pregada. Outros me apresentaram comentários interessantes que podem contribuir para o crescimento da Igreja em conhecimento. De ambos, com a pequena experiencia pastoral adquirida, podemos tirar coisas boas e coisas boas. E uma das lições mais preciosas que tenho aprendido no que tenho estudado, no seminário, na academia, é que o conhecimento pode ser apresentando de maneira profunda e simples. Obscuridade quase sempre parece profundidade mas águas escuras podem simplesmente esconder pedras rasas, como adverte o sábio irmão de Jesus (Jd 12-13).
Quero trazer à memória as palavras de Jesus: as minhas ovelhas ouvem a minha voz e a seguem. Ouvir, no sentido usado por Jesus, é submeter-se às ordens proclamadas e coloca-las em prática imediatamente, sem questionamento ou nem mesmo escolha de que partes serão obedecidas e que outras serão olvidadas.
Mais um pouco das palavras de Jesus, que diz que aquele que tem os seus mandamentos, e os guarda, é que será amado de Deus e receberá as graciosas manifestações de Deus. Quanto do que você tem ouvido você tem guardado? Guardar tem o sentido bíblico de interiorizar, como diz o salmista que afirmava guardar no coração a Palavra de Deus para não pecar contra o Senhor (Sl 119.11) e orienta os jovens a guardarem o seu caminho com pureza, e o jeito para fazer isso era orientando suas práticas pela Palavra de Deus (Sl 119.9).
Conheço pessoas que possuem uma agenda, um caderninho de notas, nos quais anotam aquilo que ouviram das pregações dominicais. Isto é realmente muito bom, é uma prática salutar, que eu acho recomendável, mas eu tenho que considerar que esta prática, por si mesma, não é suficiente, pois pode resultar até mesmo em um conhecimento de esboços de sermões, mas não ser interiorizado e transformar de prática da mensagem na vida diária. Mais que guardar numa caderneta de anotações, é necessário que a Palavra de Deus seja guardada no coração e expressa em ações.
Eis o alvo da pregação. Eis o objetivo da mensagem que é apresentada semanalmente. Eis porque pastores fiéis se afadigam no ensino, dedicam tempo, horas a fio, para entender, explicar e aplicar o ensino da Palavra da melhor maneira possível. É óbvio que alguns insucessos acontecem, às vezes não se tem a melhor compreensão pois esta é limitada pelos efeitos do pecado na mente do homem. Pode acontecer que a transmissão também não seja adequada. A recepção também enfrenta barreiras culturais ou emocionais. Tudo isto pode atrapalhar, resultado de corações e mentes contaminadas pelo pecado, mas o ministério do pastor deve ter um esforço supremo: ser fiel ao Senhor que o chamou (2Tm 2.4) expressando com fidelidade o que o Senhor mandar (2Cr 18.13), sem buscar o favor de homens (Gl 1.10) para não perder a aprovação de Cristo.

sábado, 8 de dezembro de 2018

NATAL? O QUE É MESMO O NATAL?!!!

Boletim 47, 2018, da IP de Paragominas.
Vestida de vermelho e verde, com um gorro na cabeça, trabalhando num ambiente decorado com enfeites multicoloridos. Porque? O que isto significa? Surpresa com a pergunta, mais surpreendente é a resposta: eu não sei, todo mundo participa, então eu participo junto.
Pois é. Este é um resumo da primeira parte de uma conversa no maior país católico do mundo, e no país onde 1/5 da população afirma ser cristã evangélica, e, segundo dizem os estatísticos, este número aumenta ano a ano, uma nação onde as igrejas são tão numerosas quanto drogarias e bares.
Você já parou para pensar o que diria para alguém assim, que não sabe que a cristandade celebra o nascimento do seu Redentor? Pense comigo: se uma pessoa não tem conhecimento do que é a festa quanto mais de quem está sendo festejado, o dono da festa. Colocando isto de outra maneira - sem saber que a humanidade tem um redentor obviamente nada sabe sobre ter um redentor pessoal, ter um salvador que veio para dar a sua vida em resgate de pecadores, talvez nem se reconheça pecador.
Deixe-me falar com você um pouco sobre intencionalidade, sobre testemunho intencional, porque foi sobre isto que Jesus falou para os seus discípulos quando disse-lhes que eles receberiam poder para serem suas testemunhas por onde quer que fossem, e diante de quem quer que fosse.
Mesmo que você diga que sabe pouco, que não tem conhecimento suficiente para pregar o evangelho, você tem mais do que aquela jovem. Você conhece o Senhor Jesus, você conhece o Salvador. Você sabe que Jesus veio, sabe que ele viveu uma vida extraordinária de santidade e feitos, sabe que ele foi traído e morto numa cruz e sabe que, mesmo morto, ele ressuscitou de entre os mortos.
Intencionalidade, como aprendi com o Rev. Elias Medeiros, significa aproveitar as oportunidades e provocar o diálogo, oferecer a oportunidade para que o outro saiba o que você sabe, conheça o que você conhece e experimente o mesmo relacionamento com o Salvador que você já experimenta. Testemunho intencional significa que você deve estar preparado para reconhecer estas oportunidades, e falar do seu amor por aquele que te amou primeiro, e que amou de maneira tão intensa que não fugiu à morte sofrida e vergonhosa na cruz para alegrar-se com sua salvação.
Para concluir o resumo daquele diálogo intencional, aquela jovem que disse apenas fazer o que os outros fazem ouviu que celebramos o nascimento de Jesus, o salvador, o Filho de Deus que se fez como um de nós, mas sem pecado, para dar a sua vida na cruz salvar-nos de nossos pecados.
Agora, pense mais um pouco comigo: se alguém lhe dissesse não saber nada sobre o nascimento de um redentor para a humanidade na “pequena vila de Belém”, o que você conseguiria ensinar-lhe sobre esse assunto? Nesta hora não adianta dizer que aprendeu que o testemunho vale mais do que mil palavras porque testemunho é palavra, testemunho é dizer o que viu e ouviu. Ainda que o testemunho de vida chame a atenção o máximo que o observador vai poder concluir é que a religião ou a filosofia de vida são capazes de fazer as pessoas viverem de modo diferente, até com dignidade, mas eles nunca vão saber de Jesus se você não falar.

Se você perguntar a uma criança da UCP ela vai saber falar quem é Jesus. Porque, então, adultos dizem “não saber falar”? Porque não sabem falar sobre Jesus os mesmos que falam sobre Bolsonaro e Lula, Flamengo e Vasco, Remo e Paysandu, sobre os abusos do STF ou sobre a operação Lava-Jato? E não conseguem falar do evangelho? Não conseguem ou tem vergonha do evangelho? Não conseguem ou tem vergonha de falar de Jesus e serem reprovados pelos ouvintes por causa do seu estilo de vida? O evangelho não é vergonhoso - vergonhoso é não anunciar o evangelho, com uma timidez que pode ser apenas um sinal de perdição.

A RESPEITO DO DIA DA ESPOSA DO PASTOR


Alguns pensam que é preciso ter vocação para ser esposa de pastor. Ouso discordar - isso não tem base nas Escrituras. Há a vocação para ser esposa como há a vocação para ser marido: um chamado especial para o casamento. Deus chamou as mulheres para serem o que são: mulheres. Com seu viço, sua força, seu riso, seu choro. Não importa com quem se casarão, e se é que se casarão. Não há uma vocação para um sub-ministério, uma sub-vocação. Não se exige que a esposa de um professor dê aula, ou a de um médico o acompanhe em consultas e cirurgias. Deus chama as mulheres a cumprirem sua própria missão - e algumas delas tem marido pastor, e experimentam ao seu lado as lides do ministério.
A maioria sem seminário, sem treinamento, sem preparação para as dificuldades que seus maridos foram mais ou menos preparados para enfrentar. Sofrem com eles, sofrem por eles, sofrem quando eles sofrem e seu sofrimento faz seus esposos sofrerem, mas, antes de serem esposas de pastor, tais mulheres são pessoas e devem ser vistas como tais.
Elas se determinam por si próprias. Não têm uma identidade em anexo às de seus maridos. São o que são, com todas as suas características, boas ou ruins (mais qualidades boas, diga-se de passagem). As esposas de pastor não precisam de seus esposos pastores para se reconhecerem como indivíduos. Foram feitas para ser e continuam sendo expressão da imagem do nosso Deus. [ADAPTADO]

domingo, 2 de dezembro de 2018

PORTAS ABERTAS? PARA QUE!!!


Boletim da Igreja Presbiteriana de Paragominas, 25.Nov.2018
Uma porta aberta pode ser uma entrada ou uma saída.
Li há algum tempo um artigo de um pastor presbiteriano tratando sobre um problema muito comum nas Igrejas de nossos dias – segundo ele, fruto do nosso tempo. As pessoas são cada vez mais individualistas, autocentradas – e isto não quer dizer, necessariamente, que sejam egoístas. Quer dizer que tem seus planos, suas áreas de interesse e seus grupos de afinidade. Na antiguidade também era assim. Cada cidade, especialmente aquelas formadas por imigração e centros comerciais, tinha um bairro próprio para determinados grupos nacionais ou profissionais, ideia que foi copiada em algumas cidades modernas, como Palmas e Brasília, por exemplo, consideradas entre as cidades mais impessoais do mundo.
Em seu artigo o pastor conta a experiencia de um missionário que era sustentado por uma Igreja e foi convidado para pregar em um domingo de missões (12 de agosto). Relata o visitante que, após terminar a mensagem e os cumprimentos de praxe, permaneceu na Igreja por certo tempo e observou que as pessoas que não foram embora rapidamente se agruparam em algum canto e ele, que era o #PastorVisitanteMissionarioSustentadoPelaIgreja, acabou isolado. Afora um aperto de mão e um elogio protocolar “boa mensagem, parabéns”, nada mais aconteceu. Ninguém quis saber do desenvolvimento do seu trabalho, das bênçãos recolhidas, da aplicação dos recursos que eram enviados, dos problemas enfrentados. Ele disse que não se sentia rejeitado pela Igreja – mas percebeu que este era o costume, sentiu-se apenas “não acolhido”.
Incomum? Não, isto não é incomum. Talvez nossos amigos se sintam como aquele pastor – foi convidado, aceitou o convite e sentiu falta de um melhor acolhimento. É provável que você, que é membro da Igreja já há algum tempo também tenha esta mesma sensação de estar sozinho no meio da multidão. Mas não precisa e não deve ser assim.
O que podemos fazer? Algumas dicas dadas pelo articulista podem ser uteis para qualquer Igreja, inclusive a nossa, mesmo que você ache que sabe tudo e que faz tudo certinho. Será?!!!
A primeira dica já estou colocando em prática: tentando despertar e incentivar a Igreja a ser mais hospitaleira, a receber melhor os visitantes. Que tal servi-lo na hora do “chá” e conversar com ele pelo menos enquanto durar a bebida (se ela esfriar, melhor ainda).
A segunda tem a ver com intencionalidade. A oportunidade já se lhe apresentou. O visitante está em sua casa – acolha-o, conheça-o e apresente a sua casa, seus costumes e sua agenda para ele. Hospitalidade é um dom que precisa ser exercido voluntária e intencionalmente.
A terceira tem a ver com afinidade. Os antigos diziam “lé com lé, cré com cré”, isto é, jovens devem receber jovens, casais jovens com casais jovens, homens sozinhos por homens e o mesmo com as mulheres (é obvio que sempre ocorrerão exceções por causa de relações profissionais, familiares, etc).
A quarta tem a ver com conhecimento. O visitante tem nome, tem história, talvez seja ou tenha sido frequentador de outra Igreja, talvez esteja em busca de uma casa de oração onde possa servir a Deus junto com uma família com a mesma fé onde seja acolhido e possa colocar em prática seus dons e talentos.
A quinta tem a ver com solicitude, com serviço. Quais as necessidades e dificuldades? É possível que haja dificuldades, como distância e horário do fim do culto para alguns frequentarem a Igreja. Descoberto o problema pode-se passar à etapa seguinte, de propor soluções. Ops! Não se comprometa com o que não pretende praticar, mas pelo menos conheça a dificuldade e se possível empenhe-se em buscar uma solução.
A sexta parte do axioma: “A visita começa na porta da Igreja, mas não precisa terminar na porta da Igreja”. Telefone, e-mail e endereço são coisas que podem ser anotadas e esquecidas. Hospitalidade é uma arte – exercite-se. Saúde os amigos, saúde os desconhecidos, conheça-os, veja se eles tem necessidades, convide-os a sentarem-se perto de você, ajude-os com as leituras bíblicas, ofereça a sua se as dos visitantes já tiverem sido distribuídas aos visitantes (é difícil achar Naum em 10 segundos), que é o tempo que temos entre a citação do texto e o início da leitura.
Faça as contas e veja quantas pessoas visitam a nossa Igreja por semana! Pelo menos duas a cada domingo. Isto dá mais de 100 visitas por ano. Se 20% se sentirem acolhidas nossa comunidade crescerá tanto em número quanto em comunhão. Infelizmente a falta de empatia, de amor existente na maioria das Igrejas afastam os visitantes. Mas, por outro lado, muitos retornam à Igreja se ela é amigável e hospitaleira. E, espere, a Igreja não é a instituição. A Igreja é gente. Prédio é frio, imóvel e insensível. Você é a Igreja. Pensando assim sua Igreja (você) é uma igreja hospitaleira?

sábado, 1 de dezembro de 2018

A PIOR ESCRAVIDÃO POSSÍVEL


Boletim da IP de Paragominas, 02 de dezembro de 2018

“Do Egito escravo fui, sim, sim, Oh! Sim!
Do Egito escravo fui, do vil faraó.
Triste, bem triste estava, meu coração chorava,
Liberta-me Senhor...”
O contexto desta música infantil é bem conhecido. Os hebreus, que não eram povo, mas apenas tribos que serviam aos egípcios, clamaram ao Senhor e Ele lhes enviou um libertador. Antes mesmo de saírem do Egito eles já reclamavam do libertador, e não dos egípcios.
Deus continuou sendo gracioso com aquele povo, tirou-os do Egito, encaminhou-os às portas da terra prometida e novamente eles mostraram sua triste natureza pecaminosa, duvidando da Palavra do Senhor e reclamando do libertador, e não dos canaanitas.
Mantidos por 40 anos no deserto para serem provados, isto é, amadurecidos em sua confiança em Deus, mais de uma vez reclamaram contra o libertador, e não contra as intempéries do deserto.
No Egito aquele povo, apesar de numeroso, não passava de escravos. Seus desejos e projetos eram desprezados e até mesmo destruídos, como aconteceu quando faraó ordenou a morte de todos os meninos hebreus. Tinham um presente tenebroso e estavam condenados a não ter futuro. Não sabemos quanto tempo durou a proibição de terem filhos, mas certamente ela foi revogada porque Josué e Calebe tinham em torno de 40 anos quando começam a marcha para fora do Egito.
Pense na tristeza deste povo sendo oprimido pelos egípcios, obrigados a trabalhar duramente sob ameaças de chicotes, podendo morrer nas mãos de seus exatores sem ninguém que os defendesse, tendo suas filhas tornadas escravas nos palácios reais e sem liberdade alguma para adorar a Deus ou irem para onde desejassem.
40 anos depois este povo que se mostrou rebelde e contumaz, este povo que foi oprimido na “dádiva do Nilo” agora está prestes a entrar em Canaã, terra que mana leite e mel.
Uma multidão de escravos agora está às portas da terra prometida, onde entrará não porque mereceram, mas porque Deus é fiel a si mesmo, e havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó que faria sua descendência herdar aquela terra.
Vão, finalmente, entrar no lugar com o qual tinham sonhado a vida inteira, onde viveriam felizes e obedientes ao seu Libertador e Senhor.
Era esse o projeto. Certamente isso alegraria o povo e alegraria o coração de Deus. Mas, se do Egito escravos foram, e tendo sido libertos do poder de faraó, logo depois de entrarem na terra prometida são obrigados a lidar com uma nova servidão, com a qual não se importavam e da qual não desejavam se libertar. Não me refiro à servidão aos diversos povos que, de tempos em tempos, invadiam suas terras e os oprimiam, necessitando de juízes que os libertassem.
Israel parecia time de futebol que precisava trocar de técnico de tempos em tempos para melhorar o desempenho.
A mais dura servidão com a qual Israel teve que se deparar não foi a egípcia, nem seria a babilônica ou romana séculos depois, mas foi a do seu próprio coração, referida por Paulo em Rm 7.
Os hebreus, agora de posse de suas terras, donos de suas cidades, senhores de suas próprias vidas resolveram que cada um faria o que bem entendesse, que cada um buscaria satisfazer os anseios do seu coração. A nota constante do livro dos juízes, que retrata este triste período da história do povo de Deus, é que “cada um fazia o que lhe parecia reto” (Jz 21.25) e o resultado era sofrimento, tanto para o povo quanto para aquele que fazia o que lhe parecia reto.
O povo não andava unânime diante do seu Senhor, e, endurecendo a cerviz como fora predito, rejeitavam a liberdade de servirem a Deus porque julgavam os mandamentos do Senhor penosos, para a escravidão às inclinações pecaminosas e individualistas de seus próprios corações, nas quais se deliciavam.
Como o autoritarismo que haviam experimentado no Egito lhes era odioso, passaram a se rebelar contra qualquer forma de autoridade que lhes dissesse um não, mesmo que este não significasse proteção, prevenção e benção e viesse da parte de Deus.
E o lamentável resultado é que, cada um desobedecendo à sua maneira, tornaram-se um povo dividido, irmãos levantando-se contra irmãos, como no caso dos benjamitas. E, como povo dividido, eram facilmente oprimidos e sofriam.
O que é inacreditável é que Israel não aprendeu. Os erros cometidos no Egito, reiterados na saída do Egito antes mesmo de atravessarem o mar, renovados durante a marcha no deserto, cometidos nos dias dos juízes e nos dias dos reis e profetas não ficaram no passado. O novo Israel, a Igreja cristã, também cometeu os mesmos erros. Quando será que a Igreja será finalmente curada deste mal que a escraviza?

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