segunda-feira, 9 de junho de 2014

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI

INTRODUÇÃO
Uma queixa recorrente nos lábios de muitos membros ativos na Igreja é que eles trabalham mais que os outros, se esforçam há anos sem apoio da maioria da Igreja. É uma queixa justa, verdadeira. É um fato que, em média, uma Igreja com 30% de membros ativos já pode se considerar afortunada.
E já foi observado que, quando a barreira dos 50% de envolvimento é ultrapassada, a Igreja experimenta um crescimento numérico, em comunhão e espiritualidade sem precedentes, um avivamento com resultados semelhantes aos primeiros dias da congregação - quando a média de envolvimento geralmente é muito superior a 50%.
Embora alguns reclamem que “falta espaço” para desenvolverem seus dons e talentos, a verdade é que, quando se deseja algum espaço, deseja-se o espaço do outro, fazer o que outro já está fazendo, e isto gera uma mera troca, uma mera substituição que não aumenta a participação geral - e aqueles que se encostaram não apresentam nenhuma alternativa para que seu potencial, dons e talentos seja aproveitado, sem falar que acabam criando alguma raiz de amargura ou ressentimento.
Se este é um problema real, como animar os que já estão no batente para que continuem e, ao mesmo tempo, como despertar os que ainda não se engajaram com todo o vigor para que se comprometam?
As crises são excelentes momentos para demonstrar o caráter e a disposição das pessoas em relação à obra de Deus. Ser cristão na crista da onda, ser filho do rei, viver um cristianismo tranquilo e vida mansa, com tudo indo bem, a igreja cheia, muitas atividades, boas pregações, cultos animados e bem musicados não apresenta dificuldade alguma.
Aliás, não só não apresenta dificuldades como acaba atraindo muitos que se acostumam ao ambiente, gostam das atividades mas sem que tenham realmente nascido de novo.
Mas, quando chega a tempestade, quando chegam as crises, quando chegam as dificuldades, quando dar algo mais, andar a segunda milha, perdoar o ofensor, suportar a perseguição se torna um imperativo, eis o momento de saber quem, realmente, está edificado na rocha (Lc 6.47) e quem era apenas planta sobre a rocha (Mt 13.20).
A Palavra de Deus nos apresenta três homens, quase esquecidos na história, de quem quase nada ouvimos falar, mas que foram contados entre os mais valentes guerreiros de Israel, ante os quais nem mesmo os grandes generais, que aparecem mais, como Joabe, Urias, Abisai ou Benaia, conseguiram sobressair. Eram homens de uma têmpera diferente. Quem são eles e porque podem nos servir de exemplo para a Igreja de nossos dias - especialmente quando não estamos em campo de batalha, pelo menos não ainda nem com espadas e lanças?
Sua história é contada em II Sm 23.8-17.
8 São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal de três; este brandiu a sua lança contra oitocentos e os feriu de uma vez.
9 Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a peleja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel,
10 ele se levantou e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o SENHOR efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente para tomar os despojos.
11 Depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugia de diante dos filisteus.
12 Pôs-se Sama no meio daquele terreno, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o SENHOR efetuou grande livramento.
13 Também três dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, foram ter com Davi, à caverna de Adulão; e uma tropa de filisteus se acampara no vale dos Refains.
14 Davi estava na fortaleza, e a guarnição dos filisteus, em Belém.
15 Suspirou Davi e disse: Quem me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém!
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
17 E disse: Longe de mim, ó SENHOR, fazer tal coisa; beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.

Josebe-Basebete, Eleazar e Sama. Quem são estes homens? De onde vieram? Eram daqueles homens amargurados de espírito, endividados, homens rejeitados pela sociedade, certamente desprezados que consideravam seu mundo, sua cidade, um local que não era mais seu (I Sm 22.1-2).

Não precisamos nos preocupar com sua família, embora eles os tivessem. Também tinham esposas, filhos, não eram diferentes de nós - mas não estavam satisfeitos com a vida que tinham, talvez nem mesmo soubessem o que buscavam - e aceitaram a liderança de Davi, homem de guerra, valoroso, cantado em Israel (I Sm 18.7) e fora de suas fronteiras (I Sm 21.11) como um grande general.

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI - I

SEJA CORAJOSO – JAMAIS ABANDONE SEU POSTO MESMO QUE ESTAR SÓ NÃO SEJA SÓ UMA IMPRESSÃO
Que lições podemos aprender com eles? A primeira e importante lição a aprender é o que fazer quando você realmente tiver que enfrentar uma grande tarefa por si mesmo.
Tomemos como exemplo Josebe-Bassebete.
8 São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal de três; este brandiu a sua lança contra oitocentos e os feriu de uma vez.
Não sabemos em que situação Josebe-Bassebete teve que se defrontar com oitocentos adversários. Mas seu feito fê-lo ser contado como o principal dos três - depois deles tinha uma elite de 30, após grupos de 50, de 100 e de 500. No meio de uma multidão de soldados temos Josebe-Bassebete. Onde estava? Numa fortaleza, numa rocha, num caminho? Não sabemos. Mas enfrentou e venceu 800 homens. Em quanto tempo? Horas, dias? Não sabemos. Mas enfrentou e venceu 800.
Se lhe é difícil ver um homem, sozinho, com uma lança, vencer tantos inimigos indo sobre ele como uma horda, para mim também é. Não sei como foi. Mas, se preferi pensar em um soldado defendendo um posto avançado e os inimigos indo em ondas contra ele, e ele os derrotando pouco a pouco, também é extraordinário por causa da sua perseverança. O que é certo é que 800 é mais que um. Que a força de 800 é maior que a força de um só.
Experimente tomar uma barra com uns 3 kg de peso e fazer, 800 vezes, o movimento de espetá-la em uma madeira (com a vantagem, sua, de que a madeira não se desvia, você não precisa repetir, e repetir, até achar uma brecha para feri-la). Certamente vai se cansar.
O que quero destacar é que Josebe-Bassebete se destacou entre todos os soldados de Davi, sem cargos, sem títulos, sem honras, porque fez o que lhe chegou às mãos para fazer. Ninguém recriminaria este homem se ele abandonasse o seu posto. Ninguém o recriminaria se ele negociasse com os adversários. Mas se ele tivesse feito isto eu não estaria apresentando para você um dos três mais de Davi.
Onde estavam os outros soldados? Não tenho a menor idéia. Havia outros soldados. Pelo menos mais 400. Mas somente este foi corajoso para enfrentar a horda, para enfrentar a batalha, a oposição.
Quero destacar, porque a bíblia o faz, Josebe-Bassebete como um homem de coragem, que não temia a luta. E é como um homem de coragem que retiro-o do quase anonimato para colocá-lo diante de nós como um exemplo a ser seguido. Se você realmente estiver sozinho, se realmente tiver que fazer uma grande tarefa por si mesmo, a primeira coisa que você precisa ter é consciência do tamanho e da importância da obra que estás fazendo (Ne 6.3) e, quanto maior a obra, quanto mais importante ela seja, maiores serão os obstáculos.
Lembro-me com emoção de uma canção que fala de um incêndio na floresta. Enquanto todos os animais fogem desesperados, um pequeno passarinho vai e volta a uma fonte, enche o seu biquinho de agua e joga-a sobre o fogaréu. O grande rei leão, passando-se por sábio, diz-lhe que é inútil, que ele não vai conseguir. Ao que o passarinho diz: “Estou fazendo a minha parte”.
Talvez você seja muito bom no seu trabalho. Talvez seja o melhor. E isto é bom, a bíblia manda que você seja mesmo (Pv 22:). Ser menos do que o melhor que você puder é pecado (Cl 3.23).
Mas talvez, na casa de Deus, na obra de Deus, você seja como um passageiro em um barco. Isto incomoda ao Senhor (Lc 3.9). E o que incomoda ao Senhor deve nos incomodar também. E incomodo pior ainda é ser cortado e lançado no fogo.
Tem passageiro que, mais que peso morto, é também fonte de desequilíbrio. Nada faz, e ainda atrapalha. Isto também incomoda ao Senhor. É pedra de tropeço (Mt 16.23) e não conta nem de longe com a aprovação do Senhor, pelo contrário, só pode esperar duro julgamento (Mt 18.6).
O que fazer? Converta-se ao Senhor, arrependa-se de seu pecado, do pecado (At 8.22) e lembre-se de quando você se converteu, da alegria da conversão, dos primeiros passos na fé. Não é tarde, ainda (Ap 2.5).
O segundo exemplo é o de Eleazar.
9 Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a peleja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel,
10 ele se levantou e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o SENHOR efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente para tomar os despojos.
Eleazar viveu uma situação que é, para muitos, simplesmente revoltante. Estavam em campanha militar, enfrentando os sempre odiados e temidos filisteus, que tantos males causaram a Israel, especialmente em seus dias de desobediência. Em determinado momento os filhos de Israel se retiraram, provavelmente um interregno entre uma batalha e outra. Mas não Eleazar. Ele permaneceu, e irrompeu contra os filisteus, sozinho.
Lutou tanto tempo, desferiu tantos golpes, venceu tantos inimigos a ponto de, de tanto apertar o punho da espada em suas mãos, elas já não o obedeciam mais, seus dedos não abriam mais. A espada era como uma extensão de si mesmo - sem ela ele não viveria mais. É uma experiência semelhante à de um motorista que dirige por longas horas a ponto de sua mão endurecer. Recentemente tive esta experiência ao pilotar um cortador de grama. Depois de algumas horas era difícil soltar o aparelho.
Será que, no meio da luta, ele se questionou sobre o que estava fazendo? Ou porque estava ali? Ou onde estavam seus companheiros? Provavelmente, se ele houvesse feito isso, estaríamos contando aqui a história da morte de um insensato. Ele tinha um foco, uma meta, e só pensava em desviar de um ataque, desferir outro golpe, e outro, e outro, sabendo que sempre viria mais um filisteu para tentar mata-lo. Ele não tinha o direito de vacilar um instante sequer.
A Escritura acrescenta um detalhe a mais, muito interessante, na história de Eleazar: após ele ter vencido, o povo voltou. Os “ausentes” retornaram, apareceram. É como a polícia nos filmes: depois de dois mil tiros, dezenas de carros destruídos, explosões, helicópteros, aviões e bombas atômicas, finalmente aparecem - bem na hora do beijo do casal de mocinhos. O povo apareceu, mas não foi para ajuda-lo, nem mesmo para ver se havia ferimentos que precisavam ser tratados. Voltaram para usufruir da vitória, dividir os despojos. Talvez isto revolte você. Você trabalha tanto, corre tanto para que as coisas aconteçam na Igreja e, quando é dia de festa, quem não trabalha aproveita até mais do que  você.
Não desanime, ocorre que os nomes dos israelitas desapareceram da história, e estamos aqui aprendendo com Eleazar, instrumento de Deus para benção do seu povo. Diz o texto que, naquele dia, por meio de Eleazar, o Senhor efetuou grande livramento. Não te é suficiente o reconhecimento do seu Senhor (Mt 25.23)? Não espere o reconhecimento dos homens, porque isto era o que os fariseus buscavam, isto é religiosidade vazia e vangloria humana (Mt 6.2).
O terceiro exemplo que nos interessa é Sama.
11 Depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugia de diante dos filisteus.
12 Pôs-se Sama no meio daquele terreno, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o SENHOR efetuou grande livramento.
Não sabemos quantos filisteus Sama enfrentou. Mas ele defendeu um pedaço de terra cultivável contra os inimigos do povo de Deus em campo aberto. Se no relato sobre Josebe-Basebete não se menciona onde estava o povo, de Eleazar é dito que eles haviam se retirado. Mas aqui o escritor insere uma informação dramática: o povo fugia de diante dos filisteus.
Mas Sama ficou. E enfrentou os inimigos. Proporcionou o tempo necessário para que os covardes se distanciassem e ficassem em segurança. Quem eram eles? Era o povo de Deus. Seus nomes? Só Deus sabe. Mas sabemos o nome de Sama. Um dos três valentes de Davi. Esqueça Chuck Norris, esqueça Rambo ou Schwarzenegger. Sama é que o cara. Sem rifles, bazucas ou coisas semelhantes, com uma espada e um escudo, e com a certeza de estar fazendo a vontade de Deus envergonhou não somente os filisteus, mas, também, os judeus que são retratados como covardes.
Creio que Sama também não vacilou pensando em que havia fugido, conjecturando porque eles eram tão covardes. Ele apenas fez o que tinha que fazer, e mais uma vez a frase “naquele dia o Senhor efetuou grande livramento” vai aparecer.
Josebe-Basebete, Eleazar e Sama faziam o seu trabalho e o Senhor fazia a sua obra através deles. Eles eram o que eram, soldados em campo de batalha. E soldados tem uma missão apenas - batalhar. Há uma estória de um soldado que foi pego abandonando o seu posto durante uma batalha. Por causa de seu gesto impensado a batalha quase fora perdida, porque abriu uma brecha nas falanges macedônias. Chamado diante do imperador, acusado de um crime cuja punição era a morte, o soldado não tinha justificativa alguma para ter colocado a vida dos colegas em risco. Inquirido sobre seu nome o desertou informa: “Alexandre, meu rei”. Com um brado o imperador Alexandre, o grande, o interrompe e diz-lhe para mudar de atitude, ou de nome.
Sama não abandonou seu posto. Manteve-se firme em sua atitude, como bom soldado. Que bom exemplo Sama nos dá. Como cristãos, se somos dignos deste nome (At 11.26). Se você acha que pode ser cristão e, ao mesmo tempo, estar livre de sofrimentos provavelmente você ainda não entendeu o que é ser discípulo de Cristo ou, pior ainda, você não acredita nas palavras do mestre (Jo 16.33). Há ainda uma terceira hipótese, trágica, que é fazer parte da lista dos que operam pelo poder de satanás (II Co 11.14-15).
É verdade que não temos mais os filisteus, então, que inimigos enfrentar? Podemos citar rapidamente pelo menos três desses inimigos:
I. Os erros doutrinários que ameaçam a verdadeira fé (Jd 1.3) mesmo que o erro venha de um verdadeiro irmão na fé (Gl 2.11). É um equívoco pensar que é sinal de amor ao próximo não esclarecê-lo de seus erros. Não é incomum ouvir que é melhor uma pessoa andar no erro religioso do que em religião nenhuma. O problema é que quanto mais uma pessoa anda no erro religioso, mais endurecido vai ficando seu coração para a verdade, vai se tornando como os judeus dos dias de Jesus. Eram religiosos, mas odiavam Jesus, procuravam mata-lo. Jesus advertiu duramente a Pedro, Paulo também o fez. Porque nós nos julgamos no direito de simplesmente nos calarmos?
II. As armadilhas do diabo (Tg 4.7). É muito comum pensar que perseguição é somente a ameaça da espada sobre a nossa cabeça, como acontece na África e em países islâmicos. Satanás é muito mais sutil do que isto, e a Igreja já vive cercada de ameaças satânicas que precisam ser enfrentadas. A estratégia é tirar um pouco de cada vez, como pequenos dardos envenenados que acabam matando todo o corpo (Ef 6.16). Já vivemos dias em que a fé é atacada, a família constituída segundo o padrão da Palavra de Deus é atacada de todos os lados. Muitas Igrejas se veem obrigadas a dizer ou deixar de dizer certas coisas com medo de serem consideradas incorretas politicamente - tudo isto e o levante satânico contra tudo o que se chama Deus, querendo, ele próprio, assentar-se no lugar de Deus (II Ts 2.4).
III. O terceiro inimigo é mesmo a oposição carnal, declarada. O espinho dos judeus eram povos como os filisteus - na Pérsia tiveram que enfrentar homicidas como Hamã, na própria palestina apareceu um louco chamado Antioco Epifânio. No início do cristianismo os perseguidos (os judeus) se tornaram perseguidores (dos cristãos). Durante quase 3 séculos as forças legais romanas tudo fizeram para extirpar o cristianismo. Sobre tudo isto o Senhor já havia advertido seus discípulos (Jo 15.20). Antes de lamentar, lembremos que o Senhor disse que isto é uma bem aventurança (Lc 6.22) e, a nós, cabe suportar tais sofrimentos (I Pe 5.9) entendendo isto como motivo de alegria no Senhor (I Pe 4.13).
Quem nos deu o direito de pensarmos que podemos nos autoentitular povo de Deus, de nos chamarmos de cristãos e acreditar que o inimigo não se importa conosco. Se cumprirmos o nosso papel de ser sal e luz, então, como sal na carne ferida, como luz para olhos acostumados com as trevas, a Igreja será um incômodo.

Mas a Igreja não incomoda. E por não incomodar, não salgar, não lançar luz em olhos que prefere as trevas a Igreja não é perseguida diretamente, mas não deve se iludir - as forças das trevas ainda querem destruí-la.

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI – II

SEJAM PROFUNDAMENTE COMPROMETIDOS COM A LIDERANÇA QUE DEUS INSTITUIU PARA BEM DA IGREJA
Passamos então, a uma segunda característica destes valentes. Além de não desanimarem nem deixarem seu posto mesmo que estivessem sozinhos, ou cercados de apáticos ou mesmo abandonados pelos covardes e aproveitadores eles eram profundamente comprometidos com a sua liderança.
A história destes valentes, companheiros de Davi, se junta quando seu líder demonstra sentir saudades de sua terra natal.
13 Também três dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, foram ter com Davi, à caverna de Adulão; e uma tropa de filisteus se acampara no vale dos Refains.
14 Davi estava na fortaleza, e a guarnição dos filisteus, em Belém.
15 Suspirou Davi e disse: Quem me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém!
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
Como sabemos, Davi era natural de Belém. Crescera nas cercanias da cidade, conhecia cada monte, cada fonte. Fugitivo, sabia que os espiões de Saul certamente avisariam caso se aproximasse da casa de Jessé, seu pai. Para piorar, os históricos inimigos dos judeus haviam montado uma guarnição impedindo o acesso à cidade.
Fora naquela região que, provavelmente, escrevera o salmo 23, enquanto cuidava dos rebanhos de ovelhas de seu pai. Havia muitas experiências e recordações. Ali meditara sobre a suficiência do Senhor na vida dos crentes (Sl 23.1). Ali provavelmente vencera o leão e o urso (I Sm 17.34-35).
Lembranças como estas podiam estar ocupando a mente de Davi, quando suspira e manifesta o que está em seu coração: o desejo de beber água do poço que está junto à porta em Belém. Davi não pediu, não planejou ir até o poço, apenas manifestou um desejo do seu coração como, muitas vezes, desejamos estar na cidade onde nascemos, ou com pessoas às quais não vemos há muito tempo.
Nem sempre isto quer dizer que queiramos realmente ir para lá, que seja um propósito. E foi o que aconteceu. Davi estava saudoso, pensativo e suspirou.
Mas, com homens como Josebe-Basebete, Eleazar e Sama não se brinca. Eles não temiam nada, não temiam a ninguém. Algumas centenas de filisteus, para eles, não eram motivo de temor. Se separados fizeram o que fizeram, imagina então o que eram capazes de fazer juntos.
Aqueles homens possuíam um alto grau de comprometimento com o seu chamado. Não abandonavam o posto, não deixavam a peleja e, mesmo que ficassem sozinhos, somente deixariam de lutar se fossem alcançados pela morte. Ou se tornariam heróis mortos, ou permaneceriam heróis vivos. Mas, jamais se tornariam covardes, apáticos ou ausentes.
Isso é fundamental e merece destaque na atitude destes homens: o seu comprometimento com a liderança. Num mundo onde intrigas eram comuns (I Sm 22.22), e tendo Davi a cabeça a prêmio porque Saul desejava matá-lo, não era muito difícil fazer algo para livrarem-se de Davi e dirigirem, eles mesmos, o bando. Mas não aqueles homens.
Eles chegaram a Davi amargurados de espírito, sem propósitos na vida, endividados (eles ou seus filhos podiam ser tornados escravos pelos seus credores). Não tinham para onde ir - e foram a Davi. Davi não era um lugar, era um líder. E eles o reconheciam como tal. Chegaram sem nada, e, depois de várias campanhas militares, vitórias contra os inimigos de Israel, se sentiam parte de alguma coisa novamente.
Estar com Davi e os outros 400 homens era algo muito importante para eles. E fora Davi que lhes proporcionara. Era seu líder. E eles tinham um profundo senso de comprometimento com a liderança. É impossível ser um homem de Deus sem ser comprometido com a liderança que o próprio Deus instituiu. Um cristão pode rejeitar uma ordem ímpia de um governante ímpio. Mas não pode ser capaz de dar um testemunho eficiente de sua fé se estiver em rebeldia contra a liderança que o próprio Deus instituiu (Rm 13.1), seja para alegria ou para disciplina (I Pe 2.14) de seu povo.
Paulo e Pedro dizem estas coisas num contexto de governantes romanos, ímpios, inimigos da Igreja - o que dizer, então, da submissão às autoridades dentro da Igreja. Creio que era assim que estes homens se sentiam. Impulsionados por gratidão e dedicação ao seu líder, que, sabiam, era um homem realmente ungido por Deus, através de seu profeta, Samuel (I Sm 16.12-13), e que, no tempo de Deus, reinaria sobre Israel.
Apenas por saberem qual o desejo de Davi eles resolvem fazer o impensável - algo que nem Davi intentava fazer. Pegam suas armas, invadem o acampamento dos filisteus. Eles não entraram furtivamente, mas romperam, literalmente “dividiram, destroçaram em pedaços de forma vitoriosa” aquele destacamento filisteu. Eles entraram e saíram, o que pressupõe passar duas vezes pelo meio dos inimigos - se na primeira passagem tinham as mãos livres para batalhar, agora carregavam um tesouro.
Onde Davi estava tinha ouro. Tinha, também, joias e vestes conquistadas nas batalhas. Mas só eles tinham o que Davi queria no fundo do seu coração, um desejo que eles ouviram ser mencionado em meio a um suspiro. Só eles tinham este tesouro, e não seria um mero destacamento filisteu a tomar isso deles.
O que vemos aqui é comprometimento com a liderança. Comprometimento total e absoluto. Aqueles homens tinham sua vida totalmente comprometidas com a sua tarefa - lutar. E tinham sua vida totalmente comprometida com a liderança que possuíam.
É obvio que não queremos que os membros da Igreja se façam cegos e se deixem guiar por outros cegos (Mt 23.16). O Senhor diz para a Igreja ser criteriosa, julgar todas as coisas, provando os espíritos (I Jo 4.1), e retendo apenas o que é bom (I Ts 5.21).
Embora haja quem defenda uma obediência cega às autoridades - especialmente eclesiásticas - sob a desculpa de que são os “ungidos do Senhor” precisamos entender que, mesmo os que foram ungidos pelo Senhor, nas páginas das Escrituras, agiram com estultícia e por isso foram, posteriormente, rejeitados pelo Senhor (I Sm 15.26). Ordens insensatas não foram feitas para serem obedecidas (I Sm 14.24-27). Observe que o julgamento sobre Saul é que, com sua ordem insensata, ele perturbou a terra e impediu um progresso maior do povo de Deus (I Sm 14.29-30).
Mas, estamos falando de santos, de quem tem o propósito de servir a Deus com o melhor que tiver, a ponto de comprometer a própria vida nesta tarefa. Queremos o progresso da obra, queremos o crescimento da casa de Deus, então, não pretendemos perder tempo com rebelião (I Sm 15.23) ou dividindo a nossa casa porque, assim procedendo, ela não subsistirá (Mt 12.25).
Precisamos ser cuidados e criteriosos porque, embora o Senhor Jesus tenha prometido que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mt 16.18) ele certamente estava se referindo à sua Igreja, àqueles que estão em união mística com ele  e não a uma instituição ou a um lugar, erro cometido pelos judeus e samaritanos (Jo 4.20), especialmente os judeus que confiaram, supersticiosamente, muito mais no templo (Jr 7.4) que no Senhor (Is 6.3).
Nas nossas Igrejas existem pastores, oficiais, líderes de sociedades e departamentos e é desejável que todos tenham como meta o bem do reino, o crescimento da Igreja nas mais diversas áreas: espiritual, econômica, frequência, numérica, comunitária. Deve ser relativamente incomum (embora a experiência demonstre a existência) de pessoas que assumem a liderança de uma entidade sem o propósito de abençoa-las, querendo, somente, usufruir delas para sua satisfação pessoal.
Davi tinha desejos pessoais, mas nem sequer passava por sua cabeça pedir aos seus valentes que cometessem uma ação temerária como aquela - e se o fizesse demonstraria estar interessado somente em seu bem estar pessoal, e não dos seus liderados. Mas, por outro lado, eles conheciam Davi, e sabiam que era um líder sensato, prudente e competente.
Aqui temos o perfil de um líder adequado e de liderados adequados - isto é ainda mais relevante quando lembramos que os três eram os maiores guerreiros de Davi, líderes, portanto, dentro da comunidade. Para alguém ser benção na Igreja do Senhor tem que entender que, por graça e bondade, o Senhor concedeu à Igreja diversas formas de lideranças, tais como pastores (cuidado e assistência, administração), mestres (ensino e direção espiritual), guias (com a visão e conhecimento do que é melhor para o corpo).
A uns o Senhor colocou por olhos, outros por mãos e outros por outros membros (I Co 12.16-18) e é só quando cada um desempenha sua função que o corpo é abençoado (Ef 4.16).
Colocando um espelho diante de nós, aliás, não um espelho, mas uma lente, um microscópio, de preferência o mais poderoso que há: a lente do Espírito (Sl 139.1-3), perscrutando o nosso coração e dizendo-nos quem nós somos, por um lado, filhos de Deus (Rm 8.16) e, por outro, nos convencendo do nosso pecado, da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8) nós percebemos que há muito a aprender com o exemplo destes homens. E, mesmo filhos de Deus, somos filhos que ainda estão em processo de educação (I Jo 3.2).
Precisamos aprender a nos comprometer, não cegamente, mas inteligentemente, espiritualmente, com a liderança da nossa Igreja. Aprender que somos parte de um corpo e que estamos nele para o crescimento de todos, e não para a nossa satisfação exclusiva, porque isto se chama parasitismo. Comprometimento é não ser como criança mimada cuja principal brincadeira é ter a sua vontade atendida, em qualquer área, do contrário logo fica num canto e diz: “não brinco mais”.
É uma benção quando o corpo anda junto. O exemplo do Senhor Jesus é maravilhoso. Ele diz que veio pela vontade do Pai (João 8.42) para fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Se Jesus submeteu a sua vontade ao Pai, porque nós não podemos fazer o mesmo, nos submetendo às autoridades que ele colocou sobre nossas vidas, sejam pastores, presbíteros, diáconos, presidentes de sociedades?
Não podemos fazer como os judeus, nos omitindo, escondendo, fugindo - prontos a criticar se não der certo, mas também, aparecendo rapidinho na hora de colher os louros. Se fizermos isso será para nossa vergonha ver que um, sozinho, ou três, fizeram mais que multidões.
Se você está fazendo sozinho, não desista. Se lhe parece estar lutando sozinho, e talvez esteja mesmo, não desanime. O que precisa ser feito tem que ser feito. É muito - é, provavelmente é. Mas, se você não tentar, ninguém fará. Por maiores que sejam os obstáculos o que você fizer será contando como obra do Senhor, como o texto fala duas vezes - a obra foi do Senhor.

Continue, pois quem sabe apareçam mais alguns para ficar do seu lado, fazer ainda mais do que já tem sido feito. Se você parar, talvez deixe sozinho outro que está lutando a mesma luta que você, talvez buscando a mesma coisa que você busca - um companheiro de armas – um companheiro que será lembrado como aquele por meio de quem o Senhor efetuou grande livramento no meio do povo de Deus. E você?

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI – III


FAÇAM TUDO SABENDO QUE NO SENHOR VOSSO TRABALHO NÃO É VÃO
Mas a história destes homens não termina aqui. Precisamos falar dos resultados de sua ação. Sozinhos, enfrentaram enormes desafios. Juntos, mostraram grande compromisso com a sua liderança. De que isto adiantou? A resposta é simples: o Senhor recebeu glória por isso.
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
17 E disse: Longe de mim, ó SENHOR, fazer tal coisa; beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.
Quanto valia aquela água para alguém que tinha ouro, que tinha prata, joias e roupas caras? A água em si mesma tinha o mesmo valor e efeito que qualquer outra água, de qualquer outro poço de Israel. Mas ali estava uma prova de companheirismo, camaradagem, comprometimento. Ali estava o esforço de três guerreiros - por aquela água eles arriscaram a própria vida, e é bem provável que tivessem sofrido alguma espécie de ferimento.
Há coisas que são preciosas pelo seu valor, por quanto pode-se obter por elas no mercado. Mas há coisas que são muito mais valiosas pelo que representam. Todos nós sabemos disso, temos coisas que não vendemos “por dinheiro algum” e que se levássemos a uma loja de penhores não conseguiríamos vender por dinheiro nenhum. É diante de uma destas preciosidades que estamos. Tem coisas que não podem ser compradas, e lealdade é uma delas. Davi imediatamente percebeu que estava diante de algo de valor ilimitado, e fez o que um homem segundo o coração de Deus faria (At 13.22). Se o valor é ilimitado, então, deve ser entregue a quem merece toda a honra e louvor (Sl 145.3).
Se você não conhecesse a história de Davi, o que você faria? Imaginemos que você, pastor, presidente de SAF, missionário, fosse fazer uma visita numa região de difícil acesso e lhe servissem um suco, da fruta que você mais gosta, porque seus anfitriões ouviram você falar em algum lugar que era sua preferida e resolveram fazer o máximo para te agradar. Antes, porém, de você tomar o suco, lhe contam a história de como ele foi conseguido - alguém teve que atravessar, a nado, um pequeno rio infestado de piranhas e arraias. O que você faria? Tomaria o suco?
Eu tenho certeza que, para não contrariar seus anfitriões, você tomaria e pediria um pouco mais. E creio que seu anfitrião ficaria muito feliz com isto. Certa feita, fazendo um Cross country tour na transamazônica, após 5 visitas em uma manhã, 2 cafés da manhãs e 3 sucos diferentes (cupuaçu, graviola e bacaba) cheguei à sexta e última visita antes de tomar o rumo de casa. A irmã, recém convertida, havia preparado um suco de goiaba (um dos meus preferidos) e preparado a mesa, com bolo e alguns biscoitos.
Depois de 80km de estradas vicinais numa XLR velha, muitos buracos, raízes, córregos, pontes de uma madeira só, colchetes, cancelas, gado no meio no pasto, mais buracos, o estômago já não aguentava mais nada. Foi difícil ter coragem para agradecer e não tomar.
Este quadro ilustra de maneira pequena - toda ilustração é apenas um resumo do que se pretende mostrar - o que aconteceu naquele momento que os três guerreiros entregam a água a Davi. Aquilo era grande, prova de um grande carinho, de uma grande consideração - grande demais para um homem receber. E por isso Davi oferece a Deus.
Embora aqueles homens não tivessem a preocupação de culto enquanto lutavam contra os filisteus, observe que por duas vezes (v. 10 e 12) a bíblia diz que, por meio deles, o próprio Senhor efetuou grande livramento. Por duas vezes suas ações glorificaram a Deus. Por duas vezes o povo de Deus teve motivos para louvar ao Senhor - aliás, sempre temos motivos para louvar ao Senhor (Dt 3.24) e quando ele efetua suas obras maravilhosas, quando contemplamos seus feitos poderosos só nos resta louvá-lo ainda mais intensamente.
 Davi sabia da importância do culto correto ao Senhor, de cultuá-lo com coração integro. Mais tarde não aceitaria que Araúna pagasse pelo sacrifício que ele deveria oferecer (II Sm 24.22-24). Não havia como devolver o presente dos guerreiros. Não havia como não aceitar o presente - já estava ali, já custara enorme esforço e risco de seus companheiros - só lhe restava considerar aquilo digno não de um homem, mas do verdadeiro Deus.
No meio de uma multidão de omissos a prontidão glorifica a Deus. Em meio à covardia a bravura destes homens glorifica a Deus. Quando muitos simplesmente lamentariam a impossibilidade que está posta o comprometimento destes homens com seu líder e seu Deus resulta numa inigualável demonstração de lealdade e, também, de consideração do esforço dos liderados - com mais uma oferta ao Senhor à partir de um coração moldado pelo Senhor.
Este é um acontecimento que ilustra com clareza cristalina o que realmente significa fazer as coisas como para o Senhor (Cl 3.23-24). Fazer todas as coisas como para o Senhor não quer dizer fazer tudo pensando: “Ah! Isto vai agradar a Deus” ou “Oh! Deixe-me ver na bíblia como Deus quer que eu lave a louça esta manhã”... Não é nada disso. Paulo escreve a Tito e ilustra isto de uma maneira muito prática: os servos devem ser obedientes, submissos e honestos (Tt 2.9-10). Aos senhores, ele diz para serem justos e se lembrarem que seus servos são, também, seus iguais (Tt 3.1). Há também instruções para pastores, presbíteros, jovens, filhos, pais...
E há, inclusive, para soldados - e estes três homens foram os melhores soldados que puderam ser. Fizeram o que sabiam fazer. Não tocaram, não profetizaram. Apenas lutaram como soldados que eram - e, se tinham a obrigação de fazer a vontade daquele que os arregimentara (II Tm 2.4) então, era isso o que iriam fazer. Davi queria água? Ele teria a água que desejara.
Sem pensar em culto eles deram uma oportunidade ímpar para que o Senhor fosse cultuado. Sem pensar em ofertas eles produziram algo de valor inigualável para Davi ofertar ao Senhor. O senso de Deus que Davi possuía levava-o a oferecer ao Senhor o que realmente tinha valor - ele jamais ofereceria ao Senhor algo sem valor, desprezível, como Malaquias denuncia que os judeus faziam em seus dias (Ml 1.7).
Está difícil para você? Está difícil servir ao Senhor? Está difícil produzir frutos? Falta-lhe tempo? Recursos? Falta-lhe apoio? Falta-lhe companhia? São poucos os que ainda trabalham? Não tem ninguém à sua direita ou esquerda? A vontade de desistir é maior do que a de prosseguir?
Antes de desistir, permita-me perguntar: em que isto vai glorificar a Deus? O seu fracasso, a sua desistência, o lugar vazio que você vai deixar nos remos vai glorificar a Deus em que? Ficar na zona de conforto, como expectador ou assistente vai ser muito bom para você, outros farão por você, mas em que sua vida glorificará a Deus? Creio que não haveria lugar de maior conforto que a glória, mas Cristo deixou-a e trocou-a pela cruz por você (Fp 2.5-8).
E qual o resultado disso? Qual o resultado da humilhação de Jesus? O mesmo resultado da ousadia e coragem daqueles três bravos soldados: a glorificação do nome do Senhor (Fp 2.9-11).
É óbvio que é possível escolher ficar na costumeira zona de conforto, aproveitando as bênçãos do cristianismo secularizado e acomodado do séc. XXI. Ninguém vai levantar uma voz condenatória, até porque esta é a atitude de grande parte dos cristãos atuais, da absoluta maioria. É consenso que, de cada 100 membros das Igrejas, apenas uma parcela entre 15 e 25% sejam efetivamente ativos - e que ao menos 40% contribui com sua presença e eventualmente financeiramente.
Não há comprometimento, não são, na maioria, soldados em campo de batalha. Muitos querem ser “general de Cristo” mas, ao mesmo tempo, ficar nos acampamentos apenas imaginando como deve ser a peleja - e fazendo isto com alguma eloquência. Geralmente quem menos se envolve é quem mais barulho faz.
É possível optar por ficar omisso, como os judeus ficaram quando Josebe-Bassebete enfrentou os filisteus; pode-se ainda ser ausente como eles foram quando Eleazar venceu os filisteus, ou ainda preferir a atitude semelhante à dos covardes e aproveitadores como foram quando Sama defendeu o campo de lentilhas.
Pior ainda, há ainda a opção de ficar esperando a notícia da queda dos valentes, a desistência dos que ainda lutam, como provavelmente os soldados ficaram quando souberam que eles estavam, sem apoio, indo para Belém onde teriam que enfrentar um acampamento inteiro de filisteus.
Estas atitudes são possíveis? Claro que são. Mas, quem optar por fazer assim não terá seu nome contado entre os grandes, não seremos contados entre os servos bons e fiéis, mas, certamente, estará entre os maus e negligentes (Mt 25.26) para os quais não resta outra coisa senão a reprovação do seu Senhor (Mt 25.30).
Quero lembrar uma coisa importante aos crentes. E só aos crentes. Se você é descrente, então, pode desconsiderar o que vou lhe dizer agora. É obvio que desejamos receber o galardão da mão do Senhor, mas Paulo nos faz uma interessante advertência, fazendo eco às palavras de Jesus de que somos apenas servos inúteis (Lc 17.10).
Nada feito apenas por “obrigação”, feito porque tem que ser feito agrada realmente ao Senhor (embora não seja nada mais que nossa obrigação fazer). Obras vazias fruto de corações frios não agradam ao Senhor, nem mesmo o que julgamos ser mais importante: a contribuição financeira (II Co 9.7) - pelo contrário, o que alegra o coração de Deus é a integridade (II Co 8.5).
Somente aquilo que é feito de coração, com alegria, produz alegria no coração de Deus (I Co 9.17). Cada um vai receber o galardão do seu trabalho para o Senhor (I Co 3.8) - e mesmo muito trabalho, se não for para o Senhor, não tem valor algum (Mt 7.22-23).

A orientação bíblica para quem está na obra é não desistir, não desanimar, continuar e ir em frente, mesmo que haja muitos e poderosos adversários (Hb 10.35).

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI - FINAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que você faria se estivesse lá? Se pudesse ser transportado para estes eventos, quem você seria? Um dos três valentes? Considere o que você é e isto é exatamente o que você seria. Seria constante Josebe-Bassebete? Teria a coragem de Eleazar? Imitaria a firmeza de Sama? Teria o comprometimento dos três e se reuniria com os valentes para efetuar o que todos julgavam impossível?
O que você faria se na sua Igreja, na sociedade da qual você faz parte ninguém estivesse ajudando? Se todos se ausentassem, ou cruzassem os braços e só aparecessem na hora do pastor parabenizar publicamente a sociedade pelos eventos que a Igreja fez durante o ano?
É provável que o primeiro sentimento seja de revolta: porque tantos cruzam os braços e ninguém se levanta para ajudar? O que acontece que ninguém percebe a necessidade de todos se envolverem e assim o trabalho ser muito mais frutífero?
O segundo sentimento pode ser de auto complacência, de pena de si mesmo, de ver-se como um miserável sobrecarregado, explorado, cada vez mais cansado.
Em seguida você pode sentir-se desanimado e desejar desistir, abandonar tudo e fazer como todo mundo... Até perceber que não é como todo mundo. Você é único, foi comprado pelo precioso sangue de Cristo. Se os outros querem ser contados como servos maus e negligentes, que não souberam ou não quiseram investir os talentos recebidos, este não é o seu caso. O seu trabalho é para o Senhor, não para homens. É do Senhor que você espera a recompensa - e ele nunca falha.
No futuro a história da obra do Senhor será contada e haverá duas relações - aquela dos que tiveram seus nomes escritos em livros de atas (e, em muitos casos, também no livro da vida do cordeiro - Ap 21.27), e a dos que escreveram a história, que foram parte importante e que foram usadas por Deus para que o evangelho fosse anunciado, para que vidas fossem impactadas, para que a Igreja fosse edificada em amor (Ef 4.16).
Você pode voltar pra casa agora com a decisão de entregar seus cargos, e assentar-se nos bancos apenas para contemplar o que está sendo feito por outros, talvez tão ou mais cansados do que você. Com menos tempo que você. Com cônjuges mais difíceis que os seus. Com filhos mais trabalhosos que os seus. Com maiores dificuldades de locomoção, de recursos, de conhecimentos...
Com certeza você conseguirá achar muitos defeitos no que está sendo feito, e dizer: “Não é assim, deste jeito não está certo, não vai dar certo”... É o que a maioria faz.
Ou...
Ou pode se como Josebe-Bassebete... Como Eleazar... Como Sama... Como Dorcas... Trabalhar duro, arduamente, mesmo com muito desgaste - e no final ver seu trabalho glorificar a Deus - com a diferença que você terá este objetivo.

A escolha é sua. A recompensa é do Senhor. Se quiser, pode pedir para sair - pode pedir para parar que você quer descer. Meu desafio é: “quem de Cristo ao lado agora quer andar? Quem a sua vida quer lhe dedicar? Tudo abandonando, a Jesus seguir? Encarando as lutas que lhe possam vir”? (HNC - 313).

segunda-feira, 2 de junho de 2014

CONVITE

Nosso aniversário está chegando, e você é nosso convidado. Dias 14 e 15 de junho comemoraremos 27 anos de organização.


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