segunda-feira, 9 de junho de 2014

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI - I

SEJA CORAJOSO – JAMAIS ABANDONE SEU POSTO MESMO QUE ESTAR SÓ NÃO SEJA SÓ UMA IMPRESSÃO
Que lições podemos aprender com eles? A primeira e importante lição a aprender é o que fazer quando você realmente tiver que enfrentar uma grande tarefa por si mesmo.
Tomemos como exemplo Josebe-Bassebete.
8 São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal de três; este brandiu a sua lança contra oitocentos e os feriu de uma vez.
Não sabemos em que situação Josebe-Bassebete teve que se defrontar com oitocentos adversários. Mas seu feito fê-lo ser contado como o principal dos três - depois deles tinha uma elite de 30, após grupos de 50, de 100 e de 500. No meio de uma multidão de soldados temos Josebe-Bassebete. Onde estava? Numa fortaleza, numa rocha, num caminho? Não sabemos. Mas enfrentou e venceu 800 homens. Em quanto tempo? Horas, dias? Não sabemos. Mas enfrentou e venceu 800.
Se lhe é difícil ver um homem, sozinho, com uma lança, vencer tantos inimigos indo sobre ele como uma horda, para mim também é. Não sei como foi. Mas, se preferi pensar em um soldado defendendo um posto avançado e os inimigos indo em ondas contra ele, e ele os derrotando pouco a pouco, também é extraordinário por causa da sua perseverança. O que é certo é que 800 é mais que um. Que a força de 800 é maior que a força de um só.
Experimente tomar uma barra com uns 3 kg de peso e fazer, 800 vezes, o movimento de espetá-la em uma madeira (com a vantagem, sua, de que a madeira não se desvia, você não precisa repetir, e repetir, até achar uma brecha para feri-la). Certamente vai se cansar.
O que quero destacar é que Josebe-Bassebete se destacou entre todos os soldados de Davi, sem cargos, sem títulos, sem honras, porque fez o que lhe chegou às mãos para fazer. Ninguém recriminaria este homem se ele abandonasse o seu posto. Ninguém o recriminaria se ele negociasse com os adversários. Mas se ele tivesse feito isto eu não estaria apresentando para você um dos três mais de Davi.
Onde estavam os outros soldados? Não tenho a menor idéia. Havia outros soldados. Pelo menos mais 400. Mas somente este foi corajoso para enfrentar a horda, para enfrentar a batalha, a oposição.
Quero destacar, porque a bíblia o faz, Josebe-Bassebete como um homem de coragem, que não temia a luta. E é como um homem de coragem que retiro-o do quase anonimato para colocá-lo diante de nós como um exemplo a ser seguido. Se você realmente estiver sozinho, se realmente tiver que fazer uma grande tarefa por si mesmo, a primeira coisa que você precisa ter é consciência do tamanho e da importância da obra que estás fazendo (Ne 6.3) e, quanto maior a obra, quanto mais importante ela seja, maiores serão os obstáculos.
Lembro-me com emoção de uma canção que fala de um incêndio na floresta. Enquanto todos os animais fogem desesperados, um pequeno passarinho vai e volta a uma fonte, enche o seu biquinho de agua e joga-a sobre o fogaréu. O grande rei leão, passando-se por sábio, diz-lhe que é inútil, que ele não vai conseguir. Ao que o passarinho diz: “Estou fazendo a minha parte”.
Talvez você seja muito bom no seu trabalho. Talvez seja o melhor. E isto é bom, a bíblia manda que você seja mesmo (Pv 22:). Ser menos do que o melhor que você puder é pecado (Cl 3.23).
Mas talvez, na casa de Deus, na obra de Deus, você seja como um passageiro em um barco. Isto incomoda ao Senhor (Lc 3.9). E o que incomoda ao Senhor deve nos incomodar também. E incomodo pior ainda é ser cortado e lançado no fogo.
Tem passageiro que, mais que peso morto, é também fonte de desequilíbrio. Nada faz, e ainda atrapalha. Isto também incomoda ao Senhor. É pedra de tropeço (Mt 16.23) e não conta nem de longe com a aprovação do Senhor, pelo contrário, só pode esperar duro julgamento (Mt 18.6).
O que fazer? Converta-se ao Senhor, arrependa-se de seu pecado, do pecado (At 8.22) e lembre-se de quando você se converteu, da alegria da conversão, dos primeiros passos na fé. Não é tarde, ainda (Ap 2.5).
O segundo exemplo é o de Eleazar.
9 Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a peleja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel,
10 ele se levantou e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o SENHOR efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente para tomar os despojos.
Eleazar viveu uma situação que é, para muitos, simplesmente revoltante. Estavam em campanha militar, enfrentando os sempre odiados e temidos filisteus, que tantos males causaram a Israel, especialmente em seus dias de desobediência. Em determinado momento os filhos de Israel se retiraram, provavelmente um interregno entre uma batalha e outra. Mas não Eleazar. Ele permaneceu, e irrompeu contra os filisteus, sozinho.
Lutou tanto tempo, desferiu tantos golpes, venceu tantos inimigos a ponto de, de tanto apertar o punho da espada em suas mãos, elas já não o obedeciam mais, seus dedos não abriam mais. A espada era como uma extensão de si mesmo - sem ela ele não viveria mais. É uma experiência semelhante à de um motorista que dirige por longas horas a ponto de sua mão endurecer. Recentemente tive esta experiência ao pilotar um cortador de grama. Depois de algumas horas era difícil soltar o aparelho.
Será que, no meio da luta, ele se questionou sobre o que estava fazendo? Ou porque estava ali? Ou onde estavam seus companheiros? Provavelmente, se ele houvesse feito isso, estaríamos contando aqui a história da morte de um insensato. Ele tinha um foco, uma meta, e só pensava em desviar de um ataque, desferir outro golpe, e outro, e outro, sabendo que sempre viria mais um filisteu para tentar mata-lo. Ele não tinha o direito de vacilar um instante sequer.
A Escritura acrescenta um detalhe a mais, muito interessante, na história de Eleazar: após ele ter vencido, o povo voltou. Os “ausentes” retornaram, apareceram. É como a polícia nos filmes: depois de dois mil tiros, dezenas de carros destruídos, explosões, helicópteros, aviões e bombas atômicas, finalmente aparecem - bem na hora do beijo do casal de mocinhos. O povo apareceu, mas não foi para ajuda-lo, nem mesmo para ver se havia ferimentos que precisavam ser tratados. Voltaram para usufruir da vitória, dividir os despojos. Talvez isto revolte você. Você trabalha tanto, corre tanto para que as coisas aconteçam na Igreja e, quando é dia de festa, quem não trabalha aproveita até mais do que  você.
Não desanime, ocorre que os nomes dos israelitas desapareceram da história, e estamos aqui aprendendo com Eleazar, instrumento de Deus para benção do seu povo. Diz o texto que, naquele dia, por meio de Eleazar, o Senhor efetuou grande livramento. Não te é suficiente o reconhecimento do seu Senhor (Mt 25.23)? Não espere o reconhecimento dos homens, porque isto era o que os fariseus buscavam, isto é religiosidade vazia e vangloria humana (Mt 6.2).
O terceiro exemplo que nos interessa é Sama.
11 Depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugia de diante dos filisteus.
12 Pôs-se Sama no meio daquele terreno, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o SENHOR efetuou grande livramento.
Não sabemos quantos filisteus Sama enfrentou. Mas ele defendeu um pedaço de terra cultivável contra os inimigos do povo de Deus em campo aberto. Se no relato sobre Josebe-Basebete não se menciona onde estava o povo, de Eleazar é dito que eles haviam se retirado. Mas aqui o escritor insere uma informação dramática: o povo fugia de diante dos filisteus.
Mas Sama ficou. E enfrentou os inimigos. Proporcionou o tempo necessário para que os covardes se distanciassem e ficassem em segurança. Quem eram eles? Era o povo de Deus. Seus nomes? Só Deus sabe. Mas sabemos o nome de Sama. Um dos três valentes de Davi. Esqueça Chuck Norris, esqueça Rambo ou Schwarzenegger. Sama é que o cara. Sem rifles, bazucas ou coisas semelhantes, com uma espada e um escudo, e com a certeza de estar fazendo a vontade de Deus envergonhou não somente os filisteus, mas, também, os judeus que são retratados como covardes.
Creio que Sama também não vacilou pensando em que havia fugido, conjecturando porque eles eram tão covardes. Ele apenas fez o que tinha que fazer, e mais uma vez a frase “naquele dia o Senhor efetuou grande livramento” vai aparecer.
Josebe-Basebete, Eleazar e Sama faziam o seu trabalho e o Senhor fazia a sua obra através deles. Eles eram o que eram, soldados em campo de batalha. E soldados tem uma missão apenas - batalhar. Há uma estória de um soldado que foi pego abandonando o seu posto durante uma batalha. Por causa de seu gesto impensado a batalha quase fora perdida, porque abriu uma brecha nas falanges macedônias. Chamado diante do imperador, acusado de um crime cuja punição era a morte, o soldado não tinha justificativa alguma para ter colocado a vida dos colegas em risco. Inquirido sobre seu nome o desertou informa: “Alexandre, meu rei”. Com um brado o imperador Alexandre, o grande, o interrompe e diz-lhe para mudar de atitude, ou de nome.
Sama não abandonou seu posto. Manteve-se firme em sua atitude, como bom soldado. Que bom exemplo Sama nos dá. Como cristãos, se somos dignos deste nome (At 11.26). Se você acha que pode ser cristão e, ao mesmo tempo, estar livre de sofrimentos provavelmente você ainda não entendeu o que é ser discípulo de Cristo ou, pior ainda, você não acredita nas palavras do mestre (Jo 16.33). Há ainda uma terceira hipótese, trágica, que é fazer parte da lista dos que operam pelo poder de satanás (II Co 11.14-15).
É verdade que não temos mais os filisteus, então, que inimigos enfrentar? Podemos citar rapidamente pelo menos três desses inimigos:
I. Os erros doutrinários que ameaçam a verdadeira fé (Jd 1.3) mesmo que o erro venha de um verdadeiro irmão na fé (Gl 2.11). É um equívoco pensar que é sinal de amor ao próximo não esclarecê-lo de seus erros. Não é incomum ouvir que é melhor uma pessoa andar no erro religioso do que em religião nenhuma. O problema é que quanto mais uma pessoa anda no erro religioso, mais endurecido vai ficando seu coração para a verdade, vai se tornando como os judeus dos dias de Jesus. Eram religiosos, mas odiavam Jesus, procuravam mata-lo. Jesus advertiu duramente a Pedro, Paulo também o fez. Porque nós nos julgamos no direito de simplesmente nos calarmos?
II. As armadilhas do diabo (Tg 4.7). É muito comum pensar que perseguição é somente a ameaça da espada sobre a nossa cabeça, como acontece na África e em países islâmicos. Satanás é muito mais sutil do que isto, e a Igreja já vive cercada de ameaças satânicas que precisam ser enfrentadas. A estratégia é tirar um pouco de cada vez, como pequenos dardos envenenados que acabam matando todo o corpo (Ef 6.16). Já vivemos dias em que a fé é atacada, a família constituída segundo o padrão da Palavra de Deus é atacada de todos os lados. Muitas Igrejas se veem obrigadas a dizer ou deixar de dizer certas coisas com medo de serem consideradas incorretas politicamente - tudo isto e o levante satânico contra tudo o que se chama Deus, querendo, ele próprio, assentar-se no lugar de Deus (II Ts 2.4).
III. O terceiro inimigo é mesmo a oposição carnal, declarada. O espinho dos judeus eram povos como os filisteus - na Pérsia tiveram que enfrentar homicidas como Hamã, na própria palestina apareceu um louco chamado Antioco Epifânio. No início do cristianismo os perseguidos (os judeus) se tornaram perseguidores (dos cristãos). Durante quase 3 séculos as forças legais romanas tudo fizeram para extirpar o cristianismo. Sobre tudo isto o Senhor já havia advertido seus discípulos (Jo 15.20). Antes de lamentar, lembremos que o Senhor disse que isto é uma bem aventurança (Lc 6.22) e, a nós, cabe suportar tais sofrimentos (I Pe 5.9) entendendo isto como motivo de alegria no Senhor (I Pe 4.13).
Quem nos deu o direito de pensarmos que podemos nos autoentitular povo de Deus, de nos chamarmos de cristãos e acreditar que o inimigo não se importa conosco. Se cumprirmos o nosso papel de ser sal e luz, então, como sal na carne ferida, como luz para olhos acostumados com as trevas, a Igreja será um incômodo.

Mas a Igreja não incomoda. E por não incomodar, não salgar, não lançar luz em olhos que prefere as trevas a Igreja não é perseguida diretamente, mas não deve se iludir - as forças das trevas ainda querem destruí-la.

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