segunda-feira, 9 de junho de 2014

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI – II

SEJAM PROFUNDAMENTE COMPROMETIDOS COM A LIDERANÇA QUE DEUS INSTITUIU PARA BEM DA IGREJA
Passamos então, a uma segunda característica destes valentes. Além de não desanimarem nem deixarem seu posto mesmo que estivessem sozinhos, ou cercados de apáticos ou mesmo abandonados pelos covardes e aproveitadores eles eram profundamente comprometidos com a sua liderança.
A história destes valentes, companheiros de Davi, se junta quando seu líder demonstra sentir saudades de sua terra natal.
13 Também três dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, foram ter com Davi, à caverna de Adulão; e uma tropa de filisteus se acampara no vale dos Refains.
14 Davi estava na fortaleza, e a guarnição dos filisteus, em Belém.
15 Suspirou Davi e disse: Quem me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém!
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
Como sabemos, Davi era natural de Belém. Crescera nas cercanias da cidade, conhecia cada monte, cada fonte. Fugitivo, sabia que os espiões de Saul certamente avisariam caso se aproximasse da casa de Jessé, seu pai. Para piorar, os históricos inimigos dos judeus haviam montado uma guarnição impedindo o acesso à cidade.
Fora naquela região que, provavelmente, escrevera o salmo 23, enquanto cuidava dos rebanhos de ovelhas de seu pai. Havia muitas experiências e recordações. Ali meditara sobre a suficiência do Senhor na vida dos crentes (Sl 23.1). Ali provavelmente vencera o leão e o urso (I Sm 17.34-35).
Lembranças como estas podiam estar ocupando a mente de Davi, quando suspira e manifesta o que está em seu coração: o desejo de beber água do poço que está junto à porta em Belém. Davi não pediu, não planejou ir até o poço, apenas manifestou um desejo do seu coração como, muitas vezes, desejamos estar na cidade onde nascemos, ou com pessoas às quais não vemos há muito tempo.
Nem sempre isto quer dizer que queiramos realmente ir para lá, que seja um propósito. E foi o que aconteceu. Davi estava saudoso, pensativo e suspirou.
Mas, com homens como Josebe-Basebete, Eleazar e Sama não se brinca. Eles não temiam nada, não temiam a ninguém. Algumas centenas de filisteus, para eles, não eram motivo de temor. Se separados fizeram o que fizeram, imagina então o que eram capazes de fazer juntos.
Aqueles homens possuíam um alto grau de comprometimento com o seu chamado. Não abandonavam o posto, não deixavam a peleja e, mesmo que ficassem sozinhos, somente deixariam de lutar se fossem alcançados pela morte. Ou se tornariam heróis mortos, ou permaneceriam heróis vivos. Mas, jamais se tornariam covardes, apáticos ou ausentes.
Isso é fundamental e merece destaque na atitude destes homens: o seu comprometimento com a liderança. Num mundo onde intrigas eram comuns (I Sm 22.22), e tendo Davi a cabeça a prêmio porque Saul desejava matá-lo, não era muito difícil fazer algo para livrarem-se de Davi e dirigirem, eles mesmos, o bando. Mas não aqueles homens.
Eles chegaram a Davi amargurados de espírito, sem propósitos na vida, endividados (eles ou seus filhos podiam ser tornados escravos pelos seus credores). Não tinham para onde ir - e foram a Davi. Davi não era um lugar, era um líder. E eles o reconheciam como tal. Chegaram sem nada, e, depois de várias campanhas militares, vitórias contra os inimigos de Israel, se sentiam parte de alguma coisa novamente.
Estar com Davi e os outros 400 homens era algo muito importante para eles. E fora Davi que lhes proporcionara. Era seu líder. E eles tinham um profundo senso de comprometimento com a liderança. É impossível ser um homem de Deus sem ser comprometido com a liderança que o próprio Deus instituiu. Um cristão pode rejeitar uma ordem ímpia de um governante ímpio. Mas não pode ser capaz de dar um testemunho eficiente de sua fé se estiver em rebeldia contra a liderança que o próprio Deus instituiu (Rm 13.1), seja para alegria ou para disciplina (I Pe 2.14) de seu povo.
Paulo e Pedro dizem estas coisas num contexto de governantes romanos, ímpios, inimigos da Igreja - o que dizer, então, da submissão às autoridades dentro da Igreja. Creio que era assim que estes homens se sentiam. Impulsionados por gratidão e dedicação ao seu líder, que, sabiam, era um homem realmente ungido por Deus, através de seu profeta, Samuel (I Sm 16.12-13), e que, no tempo de Deus, reinaria sobre Israel.
Apenas por saberem qual o desejo de Davi eles resolvem fazer o impensável - algo que nem Davi intentava fazer. Pegam suas armas, invadem o acampamento dos filisteus. Eles não entraram furtivamente, mas romperam, literalmente “dividiram, destroçaram em pedaços de forma vitoriosa” aquele destacamento filisteu. Eles entraram e saíram, o que pressupõe passar duas vezes pelo meio dos inimigos - se na primeira passagem tinham as mãos livres para batalhar, agora carregavam um tesouro.
Onde Davi estava tinha ouro. Tinha, também, joias e vestes conquistadas nas batalhas. Mas só eles tinham o que Davi queria no fundo do seu coração, um desejo que eles ouviram ser mencionado em meio a um suspiro. Só eles tinham este tesouro, e não seria um mero destacamento filisteu a tomar isso deles.
O que vemos aqui é comprometimento com a liderança. Comprometimento total e absoluto. Aqueles homens tinham sua vida totalmente comprometidas com a sua tarefa - lutar. E tinham sua vida totalmente comprometida com a liderança que possuíam.
É obvio que não queremos que os membros da Igreja se façam cegos e se deixem guiar por outros cegos (Mt 23.16). O Senhor diz para a Igreja ser criteriosa, julgar todas as coisas, provando os espíritos (I Jo 4.1), e retendo apenas o que é bom (I Ts 5.21).
Embora haja quem defenda uma obediência cega às autoridades - especialmente eclesiásticas - sob a desculpa de que são os “ungidos do Senhor” precisamos entender que, mesmo os que foram ungidos pelo Senhor, nas páginas das Escrituras, agiram com estultícia e por isso foram, posteriormente, rejeitados pelo Senhor (I Sm 15.26). Ordens insensatas não foram feitas para serem obedecidas (I Sm 14.24-27). Observe que o julgamento sobre Saul é que, com sua ordem insensata, ele perturbou a terra e impediu um progresso maior do povo de Deus (I Sm 14.29-30).
Mas, estamos falando de santos, de quem tem o propósito de servir a Deus com o melhor que tiver, a ponto de comprometer a própria vida nesta tarefa. Queremos o progresso da obra, queremos o crescimento da casa de Deus, então, não pretendemos perder tempo com rebelião (I Sm 15.23) ou dividindo a nossa casa porque, assim procedendo, ela não subsistirá (Mt 12.25).
Precisamos ser cuidados e criteriosos porque, embora o Senhor Jesus tenha prometido que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mt 16.18) ele certamente estava se referindo à sua Igreja, àqueles que estão em união mística com ele  e não a uma instituição ou a um lugar, erro cometido pelos judeus e samaritanos (Jo 4.20), especialmente os judeus que confiaram, supersticiosamente, muito mais no templo (Jr 7.4) que no Senhor (Is 6.3).
Nas nossas Igrejas existem pastores, oficiais, líderes de sociedades e departamentos e é desejável que todos tenham como meta o bem do reino, o crescimento da Igreja nas mais diversas áreas: espiritual, econômica, frequência, numérica, comunitária. Deve ser relativamente incomum (embora a experiência demonstre a existência) de pessoas que assumem a liderança de uma entidade sem o propósito de abençoa-las, querendo, somente, usufruir delas para sua satisfação pessoal.
Davi tinha desejos pessoais, mas nem sequer passava por sua cabeça pedir aos seus valentes que cometessem uma ação temerária como aquela - e se o fizesse demonstraria estar interessado somente em seu bem estar pessoal, e não dos seus liderados. Mas, por outro lado, eles conheciam Davi, e sabiam que era um líder sensato, prudente e competente.
Aqui temos o perfil de um líder adequado e de liderados adequados - isto é ainda mais relevante quando lembramos que os três eram os maiores guerreiros de Davi, líderes, portanto, dentro da comunidade. Para alguém ser benção na Igreja do Senhor tem que entender que, por graça e bondade, o Senhor concedeu à Igreja diversas formas de lideranças, tais como pastores (cuidado e assistência, administração), mestres (ensino e direção espiritual), guias (com a visão e conhecimento do que é melhor para o corpo).
A uns o Senhor colocou por olhos, outros por mãos e outros por outros membros (I Co 12.16-18) e é só quando cada um desempenha sua função que o corpo é abençoado (Ef 4.16).
Colocando um espelho diante de nós, aliás, não um espelho, mas uma lente, um microscópio, de preferência o mais poderoso que há: a lente do Espírito (Sl 139.1-3), perscrutando o nosso coração e dizendo-nos quem nós somos, por um lado, filhos de Deus (Rm 8.16) e, por outro, nos convencendo do nosso pecado, da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8) nós percebemos que há muito a aprender com o exemplo destes homens. E, mesmo filhos de Deus, somos filhos que ainda estão em processo de educação (I Jo 3.2).
Precisamos aprender a nos comprometer, não cegamente, mas inteligentemente, espiritualmente, com a liderança da nossa Igreja. Aprender que somos parte de um corpo e que estamos nele para o crescimento de todos, e não para a nossa satisfação exclusiva, porque isto se chama parasitismo. Comprometimento é não ser como criança mimada cuja principal brincadeira é ter a sua vontade atendida, em qualquer área, do contrário logo fica num canto e diz: “não brinco mais”.
É uma benção quando o corpo anda junto. O exemplo do Senhor Jesus é maravilhoso. Ele diz que veio pela vontade do Pai (João 8.42) para fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Se Jesus submeteu a sua vontade ao Pai, porque nós não podemos fazer o mesmo, nos submetendo às autoridades que ele colocou sobre nossas vidas, sejam pastores, presbíteros, diáconos, presidentes de sociedades?
Não podemos fazer como os judeus, nos omitindo, escondendo, fugindo - prontos a criticar se não der certo, mas também, aparecendo rapidinho na hora de colher os louros. Se fizermos isso será para nossa vergonha ver que um, sozinho, ou três, fizeram mais que multidões.
Se você está fazendo sozinho, não desista. Se lhe parece estar lutando sozinho, e talvez esteja mesmo, não desanime. O que precisa ser feito tem que ser feito. É muito - é, provavelmente é. Mas, se você não tentar, ninguém fará. Por maiores que sejam os obstáculos o que você fizer será contando como obra do Senhor, como o texto fala duas vezes - a obra foi do Senhor.

Continue, pois quem sabe apareçam mais alguns para ficar do seu lado, fazer ainda mais do que já tem sido feito. Se você parar, talvez deixe sozinho outro que está lutando a mesma luta que você, talvez buscando a mesma coisa que você busca - um companheiro de armas – um companheiro que será lembrado como aquele por meio de quem o Senhor efetuou grande livramento no meio do povo de Deus. E você?

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