sábado, 19 de outubro de 2019

IGREJA CONSAGRADA E IGREJA JUBILOSA (II)

CRENTES CONSAGRADOS SÃO ATENTOS GUARDIÕES DA VERDADE

A primeira característica destes cristãos é eu eles são atentos guardiães da verdade. É pela verdade que uma Igreja permanece ou cai. Mesmo quando nos referimos ao amor ele precisa ser verdadeiro (1Pe 1:22 - Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente). O apóstolo inicia o terceiro capitulo considerando suficiente o que já foi dito, deixando o assunto por encerrado e passando a tratar de uma nova necessidade da Igreja. Como ela poderia permanecer de pé? 
Paulo continua falando para as mesmas pessoas, pessoas que, com ele, possuem a mesma comunhão em Cristo. Eles são "meus irmãos" (adelfo\j mou=) e precisam de orientação para não deixarem de ser cristãos alegres (xairw=) que, para eles, é fruto do fato de estarem no (en) Senhor (kurioj), soberano governante de todas as coisas.
Para Paulo, como um pastor e pai amoroso, não é motivo de desgosto repetir um ensino que resulta em benção para a Igreja. Paulo não vê como um fardo, mas como uma parte do ministério, uma parte necessária para segurança e confirmação (asfalhj) da fé que ele sabia haver naquela comunidade de crentes que ele lhes escrevesse. 
O interesse de Paulo era o bem dos filipenses, e o recurso que Paulo tinha era escrever-lhes (grafw=) lembrando o que eles já conheciam muito bem. O que Paulo está dizendo não é para crentes neófitos, mas de alerta e confirmação para crentes amadurecidos, crentes que viram o ministério paulino em Filipos, crentes que ouviram seus ensinamentos (Fp 4:9 - O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco).
De que Paulo achava necessário eles serem lembrados? Cremos que estamos diante de membros de uma igreja que guardava o ensino apostólico, que eram irmãos consagrados ao Senhor, que procuravam viver zelosamente a ponto de Paulo não precisar tratar de problemas como os existentes na Igreja em Corinto, pelo contrário, apenas alertá-los para que problemas não viessem a existir.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A QUEM VOCÊ PODE OU DEVE SEGUIR


Há algum tempo eu li uma frase no para-choques de um caminhão que dizia, mais ou menos, o seguinte: “Não me siga! Também estou perdido”. Por outro lado, vemos uma multidão de perdidos buscando atrair seguidores, tanto virtuais quanto reais. Lembramos aqui o caso de religiosos que conduziram seus seguidores ao suicídio coletivo como o de Charles Manson ou de Jamestown, na Guiana. Não há dúvida de que sempre houve e ainda há cegos suicidas guiando outros cegos suicidas (Mt 15:14 - Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco).

E lembrando-me disso, comecei a fazer algumas perguntas, que gostaria de  compartilhar com vocês:

i. A quem você seguiria com absoluta confiança? Você conhece alguém a quem você confiaria decisões importantes de sua vida?

ii. Quem seguiria você com absoluta confiança? Você conhece alguém que confiaria decisões importantes de sua vida em suas mãos?

Não é nada difícil encontrar pessoas que desejam colocar-se como guias de outras - é assim nas famílias, onde às vezes encontramos cônjuges e pais que querem determinar cada detalhe da vida dos demais membros, desde escolhas mais simples como a cor de uma roupa até coisas mais sérias, como escolha de uma profissão. Não faltam guias e gurus dizendo o que as pessoas devem fazer, e muitos querem tais guias especialmente pelo fato de que isto tira um pouco da responsabilidade por fazer escolhas, e há pessoas que tem medo de fazê-las [teleiofobia].

A frase do caminhoneiro revela uma verdade: muitos não sabem para onde estão indo. A Escritura afirma que há caminhos que parecem direitos ao homem, mas, ao cabo, dão em caminhos de morte (Pv 14:12 - Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte).

Lamentavelmente a frase revela uma segunda verdade - que há muitos que querem ser guias mas não passam de cegos que não sabem para onde estão indo  e estão não apenas indo para o abismo mas levando muitos outros consigo, mas quem segue cego, não é digno de lamentações, pois é mais cego ainda, como quem segue a um ídolo mudo que precisa ser carregado (Sl 115:8 - Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam).

Pra complicar ainda há muitos que dizem que há muitos caminhos possíveis, usando uma frase de efeito, um antigo  provérbio que na península itálica e no império romano podia até fazer sentido real, mas que aplicada às coisas espirituais são é absolutamente inaceitável: todos os caminhos levam a Roma. Mas será mesmo que todos os caminhos levam a Deus?

Não podemos esperar encontrar direção em outro lugar a não ser nas palavras daquele que não apenas sabe o caminho mas é o próprio caminho.

Quando Tomé pergunta a Jesus para onde ele vai, ou melhor, quando ele admite sua ignorância (Jo 14:5 - Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?), a resposta que recebe do Senhor Jesus é enfática: Jesus não é apenas alguém que ensina o caminho, ele é o próprio caminho.

Seguir a homens significa colocar-se a si mesmo em sério risco pois significa afastar-se do Senhor Deus (Jr 17:5 - Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!).

Podemos, sem dúvida, aprender coisas importantes com pessoas, podemos até mesmo aprender que devemos seguir ao Senhor Jesus, mas só devemos seguir a Jesus pois só ele é capaz de afirmar que quem o segue não anda em trevas e terá a luz da vida (Jo 8:12 - De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida).

Seguir a Jesus não significa apenas ter para onde ir ou saber para onde ir, mas estar com quem se deve estar (Jo 6:68 - Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna) porque estar em Jesus é estar com o próprio pai (Jo 10:30 - Eu e o Pai somos um).

É importante que saibamos que o Senhor tem nos dado informações preciosas sobre como servi-lo e como segui-lo mesmo num emaranhando de informações disponíveis confusas e contraditórias.

E estas informações nos chegam através do que ele ensinou através de  homens que ele mesmo escolheu, os apóstolos e profetas (II Pe 1:21 - ...porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo) para que nós não ficássemos sem testemunho sobre si mesmo (At 14:17 - ...contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria) e, por isso, não podemos correr o risco de, tendo todas as informações, rejeitarmos suas instruções (Hb 2.1-3 - Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram).

Isto quer dizer que, embora ninguém tenha o direito de fazer o que Jesus fez como quando chamou Mateus para segui-lo (Mt 9:9 - Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu) você ainda deve, como Natanael, dar ouvidos a quem lhe chama para seguir ao Senhor (Jo 1:46 - Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê) porque não segui-lo significa estar à margem do caminho, sem direção e em caminhos de morte.

Infelizmente muitos erram apesar da existência de numerosos marcos orientando o caminho. Há informação mais que suficiente disponível e acessível para quem quiser saber o que fazer, como seguir a Jesus, como e a quem entregar a direção de sua vida (Sl 37:5 - Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará) e como andar com Deus de maneira que lhe seja agradável (Mq 6:8 - Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus).

O problema não é não saber para onde ir - o problema maior é receber a informação sobre para onde ir, receber o mapa do caminho, receber uma bússola e ainda assim continuar errando o caminho.

Não faça isso, porque não estamos falando de uma simples viagem de dezenas ou centenas de quilômetros, mas da viagem que lhe conduz à eternidade. Todos os caminhos conduzem à eternidade, mas só um caminho é a eternidade com Deus. Os demais caminhos conduzem à eternidade da condenação. O caminho dos prazeres, dos luxos, da incredulidade, da cegueira - todos eles conduzem ao mesmo lugar, e não é a Roma, e muito menos ao céu. Qual é mesmo o caminho que você vai seguir? 

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

IGREJA CONSAGRADA E IGREJA JUBILOSA [I]

Quais são as características de uma Igreja que realmente conhece a Cristo? Nossa pergunta não se dirige aos membros de nenhuma Igreja, nenhuma instituição humana em particular – já vivemos o suficiente para saber que não há nenhuma instituição humana que esteja livre de pessoas visceralmente comprometidas com as estruturas mas não essencialmente comprometidas com o alvo real. Dito de outra maneira, dentro do nosso contexto, não há nenhuma Igreja que esteja perfeitamente comprometida com a glorificação do nome do Senhor. 
Isto não quer dizer que as Igrejas que existam não sejam Igrejas de Cristo – creio que muitas são, a questão que abordo nesta ocasião é: todas elas, e cada uma delas, ainda está caminhando, ainda está no mundo e misturada com o mundo, embora não pertença mais a ele. Está vivendo um processo de santificação, de separação. E, neste processo, é absolutamente essencial que haja uma real consagração de vidas ao Senhor – lamentavelmente em muitos casos há uma confusão entre consagração e uma mera aparência de piedade, uma figura exteriormente "séria", sisuda, mas descuidada do interior.
Consagração é comprometimento com a verdade revelada e bem conhecida de Deus.
Este comprometimento deve gerar, de alguma forma, alegria no Senhor (Sl 32:11 - Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração).
Nossa proposta agora é que você pode ser uma pessoa realmente alegre, realmente feliz e, ao mesmo tempo, realmente comprometida com o Senhor e com o seu reino, tendo a alegria do Senhor em sua vida, sendo fortalecido pelo Espírito do Senhor (Sl 51:12 - Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário) e ao mesmo tempo afastando seu coração dos prazeres transitórios do pecado (Gl 5:16 - Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne), por mais atrativos que eles sejam.
Observe que eu usei os verbos sempre no gerúndio porque eu quero que você entenda que você só pode ser alegre no Senhor se começar e não parar de andar com o Senhor. Não é uma coisa do passado, nem apenas do presente, nem uma expectativa futura – é algo a ser experimentado em toda a vida.
Ser um cristão alegre no Senhor não significa, entretanto, não ter que enfrentar algum tipo de dificuldade, aliás, quanto mais consagrada for o cristão, maiores os enfrentamentos que ela terá com o mundo.
O mundo só se opõe aos cristãos quando eles se tornam um corpo estranho em seu meio (1Pe 4:4 - Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão), quando eles incomodam não por serem chatos, encrenqueiros ou barulhentos em praças públicas e marchas inúteis, mas por serem verdadeiramente crentes, por fazerem a vontade de Deus enquanto o mundo se rebela contra ele seguindo as inclinações da carne que lhe são naturais (1Pe 2.11-12 - Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, 22 mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação).
Enquanto a Igreja for morna e escolher ser parecida com o mundo, tomar a forma do mundo e agir como o mundo ela poderá ser rica, tolerada e até amada pelo mundo (Jo 15:19 - Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia), mas não saberá, jamais, o que é experimentar a alegria de carregar, verdadeiramente, o nome de Jesus Cristo (At 5:41 - E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome).

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ESTAR CONSCIENTE OU SER CONSCIENTE

Há alguns dias tomei em minhas mãos um livro de título bastante sugestivo, Mentes Perigosas. Não se trata de um livro de religião, embora seus conceitos ajudem a entender muito da religiosidade e mais especificamente dos costumes religiosos sem transformação espiritual que encontramos o tempo todo. Também não é um livro de política, embora o título pareça abordar o assunto, o que também explicaria o ambiente político e a politicagem, mentira e a abundância de fake News, disseminação de calúnias, difamações e injúrias que permeiam a nossa realidade.
A autora, Ana Beatriz Barbosa Silva, começa com uma diferenciação entre o que é estar consciente e ser consciente. Tentarei resumir os dois conceitos e apresentarei uma breve conclusão:
ESTAR CONSCIENTE
"(...) é fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. Estar consciente é ser capaz de pensar e ter ciência das nossas ações físicas e mentais. (...) podemos perceber num exame clínico o estado ou nível de consciência (...): lúcido, vigil, hipovigil, hipervigil, confuso, coma profundo, etc. Todos atestam o nível de percepção que temos em relação ao mundo”.
SER CONSCIENTE
"(...) refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado à forma como conduzimos nossas vidas, e, especialmente, às ligações emocionais que estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia-a-dia. (...) A consciência é um senso de responsabilidade e generosidade baseado em vínculos emocionais de extrema nobreza com outras criaturas, ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo”.
Todavia, há um grande número de pessoas
“...destituídas desse senso de responsabilidade ética, que deveria ser a base essencial de nossas relações emocionais com os outros. (...) algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Eles são verdadeiros atores da vida real, que mentem com a maior tranquilidade, como se estivessem contando a verdade mais cristalina e (...) conseguem deixar seus instintos maquiavélicos absolutamente imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que tem  consciência e aqueles que são desprovidos deste nobre atributo”.
Por fim, o psicólogo canadense Robert Hale afirma que
“...os sociopatas tem total ciência de seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), (...) sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo desta maneira. A deficiência deles (e é ai que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultado de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem nenhuma culpa”.
E a teologia como explica isto? Diferente do que um mau teólogo poderia pensar, afirmando: “Então, se é uma deficiência emocional, a pessoa não é responsável?” eles não são inimputáveis, de uma maneira ou de outra. Nem mesmo o direito penal pensa assim. Psicopatas são presos, isolados do convívio social em instituições penais ou médicas (vide caso Adélio). Em alguns países são condenados à morte por seus crimes. Mas o que é certo é que jamais haverá arrependimento. Haverá dissimulação, tentativa de ocultação sob disfarces de piedade, vida familiar e até de serviço religioso, mas não arrependimento. É por isso que pessoas como Acabe e sua ímpia esposa Jezabel são duramente punidas por seus pecados. Incapazes de saber o que é verdadeiro arrependimento, incapazes de sentir qualquer remorso por suas ações, mesmo feitas em nome da religião, sofrem dura condenação de Deus. Sociopatas e psicopatas, provavelmente, mas, certamente, pecadores, ímpios e pérfidos.
A bíblia trata isto de duas maneiras: a primeira é falando do efeito do pecado no coração, tornando-o enganoso (Jr 17.9) e inclinado para práticas continuamente más (Gn 6.5), uma após a outra (Sl 42.7). A segunda maneira é chamada pelos teólogos de efeitos noéticos (do grego nous, mente) do pecado, mostrando que há dissociação entre pensamentos e propósitos íntimos e inconfessáveis (Hb 4.12), isto é, como se oculta e se justifica de maneira articulada aquilo que se pratica.
É por isso que encontramos pessoas religiosas que praticam o mal sem nunca demonstrar arrependimento. Seja cuidadoso: elas podem estar do teu lado, falando palavras suaves e sorrindo para você.

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