sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ESTAR CONSCIENTE OU SER CONSCIENTE

Há alguns dias tomei em minhas mãos um livro de título bastante sugestivo, Mentes Perigosas. Não se trata de um livro de religião, embora seus conceitos ajudem a entender muito da religiosidade e mais especificamente dos costumes religiosos sem transformação espiritual que encontramos o tempo todo. Também não é um livro de política, embora o título pareça abordar o assunto, o que também explicaria o ambiente político e a politicagem, mentira e a abundância de fake News, disseminação de calúnias, difamações e injúrias que permeiam a nossa realidade.
A autora, Ana Beatriz Barbosa Silva, começa com uma diferenciação entre o que é estar consciente e ser consciente. Tentarei resumir os dois conceitos e apresentarei uma breve conclusão:
ESTAR CONSCIENTE
"(...) é fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. Estar consciente é ser capaz de pensar e ter ciência das nossas ações físicas e mentais. (...) podemos perceber num exame clínico o estado ou nível de consciência (...): lúcido, vigil, hipovigil, hipervigil, confuso, coma profundo, etc. Todos atestam o nível de percepção que temos em relação ao mundo”.
SER CONSCIENTE
"(...) refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado à forma como conduzimos nossas vidas, e, especialmente, às ligações emocionais que estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia-a-dia. (...) A consciência é um senso de responsabilidade e generosidade baseado em vínculos emocionais de extrema nobreza com outras criaturas, ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo”.
Todavia, há um grande número de pessoas
“...destituídas desse senso de responsabilidade ética, que deveria ser a base essencial de nossas relações emocionais com os outros. (...) algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Eles são verdadeiros atores da vida real, que mentem com a maior tranquilidade, como se estivessem contando a verdade mais cristalina e (...) conseguem deixar seus instintos maquiavélicos absolutamente imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que tem  consciência e aqueles que são desprovidos deste nobre atributo”.
Por fim, o psicólogo canadense Robert Hale afirma que
“...os sociopatas tem total ciência de seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), (...) sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo desta maneira. A deficiência deles (e é ai que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultado de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem nenhuma culpa”.
E a teologia como explica isto? Diferente do que um mau teólogo poderia pensar, afirmando: “Então, se é uma deficiência emocional, a pessoa não é responsável?” eles não são inimputáveis, de uma maneira ou de outra. Nem mesmo o direito penal pensa assim. Psicopatas são presos, isolados do convívio social em instituições penais ou médicas (vide caso Adélio). Em alguns países são condenados à morte por seus crimes. Mas o que é certo é que jamais haverá arrependimento. Haverá dissimulação, tentativa de ocultação sob disfarces de piedade, vida familiar e até de serviço religioso, mas não arrependimento. É por isso que pessoas como Acabe e sua ímpia esposa Jezabel são duramente punidas por seus pecados. Incapazes de saber o que é verdadeiro arrependimento, incapazes de sentir qualquer remorso por suas ações, mesmo feitas em nome da religião, sofrem dura condenação de Deus. Sociopatas e psicopatas, provavelmente, mas, certamente, pecadores, ímpios e pérfidos.
A bíblia trata isto de duas maneiras: a primeira é falando do efeito do pecado no coração, tornando-o enganoso (Jr 17.9) e inclinado para práticas continuamente más (Gn 6.5), uma após a outra (Sl 42.7). A segunda maneira é chamada pelos teólogos de efeitos noéticos (do grego nous, mente) do pecado, mostrando que há dissociação entre pensamentos e propósitos íntimos e inconfessáveis (Hb 4.12), isto é, como se oculta e se justifica de maneira articulada aquilo que se pratica.
É por isso que encontramos pessoas religiosas que praticam o mal sem nunca demonstrar arrependimento. Seja cuidadoso: elas podem estar do teu lado, falando palavras suaves e sorrindo para você.

Um comentário:

Avali Ignes Dal Agnol disse...

Gostei deste livro, quando tiver outros testos pode me passar obrigado Boa sorte na nova Igreja

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