Há
alguns dias tomei em minhas mãos um livro de título bastante sugestivo, Mentes
Perigosas. Não se trata de um livro de religião, embora seus conceitos
ajudem a entender muito da religiosidade e mais especificamente dos costumes
religiosos sem transformação espiritual que encontramos o tempo todo. Também
não é um livro de política, embora o título pareça abordar o assunto, o que
também explicaria o ambiente político e a politicagem, mentira e a abundância
de fake News, disseminação de calúnias, difamações e injúrias que permeiam a
nossa realidade.
A autora, Ana Beatriz
Barbosa Silva, começa com uma diferenciação entre o que é estar consciente e
ser consciente. Tentarei resumir os dois conceitos e apresentarei uma breve
conclusão:
ESTAR CONSCIENTE
"(...) é fazer uso da razão
ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. Estar
consciente é ser capaz de pensar e ter ciência das nossas ações físicas e
mentais. (...) podemos perceber num exame clínico o estado ou nível de
consciência (...): lúcido, vigil, hipovigil, hipervigil, confuso, coma
profundo, etc. Todos atestam o nível de percepção que temos em relação ao
mundo”.
SER CONSCIENTE
"(...) refere-se à
nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado à forma como conduzimos
nossas vidas, e, especialmente, às ligações emocionais que estabelecemos com as
pessoas e as coisas no nosso dia-a-dia. (...) A consciência é um senso de
responsabilidade e generosidade baseado em vínculos emocionais de extrema
nobreza com outras criaturas, ou até mesmo com a humanidade e o universo como
um todo”.
Todavia, há um grande número
de pessoas
“...destituídas desse senso
de responsabilidade ética, que deveria ser a base essencial de nossas relações
emocionais com os outros. (...) algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais
experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso
por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Eles são
verdadeiros atores da vida real, que mentem com a maior tranquilidade, como se
estivessem contando a verdade mais cristalina e (...) conseguem deixar seus
instintos maquiavélicos absolutamente imperceptíveis aos nossos olhos e
sentidos a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que tem
consciência e aqueles que são desprovidos deste nobre atributo”.
Por fim, o psicólogo
canadense Robert Hale afirma que
“...os sociopatas tem total
ciência de seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), (...) sabem
perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo desta
maneira. A deficiência deles (e é ai que mora o perigo) está no campo dos
afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar
alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém
faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são
resultado de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem
nenhuma culpa”.
E a teologia como explica
isto? Diferente do que um mau teólogo poderia pensar, afirmando: “Então, se é
uma deficiência emocional, a pessoa não é responsável?” eles não são
inimputáveis, de uma maneira ou de outra. Nem mesmo o direito penal pensa
assim. Psicopatas são presos, isolados do convívio social em instituições
penais ou médicas (vide caso Adélio). Em alguns países são condenados à morte
por seus crimes. Mas o que é certo é que jamais haverá arrependimento. Haverá
dissimulação, tentativa de ocultação sob disfarces de piedade, vida familiar e
até de serviço religioso, mas não arrependimento. É por isso que pessoas como
Acabe e sua ímpia esposa Jezabel são duramente punidas por seus pecados.
Incapazes de saber o que é verdadeiro arrependimento, incapazes de sentir
qualquer remorso por suas ações, mesmo feitas em nome da religião, sofrem dura
condenação de Deus. Sociopatas e psicopatas, provavelmente, mas, certamente,
pecadores, ímpios e pérfidos.
A bíblia trata isto de duas
maneiras: a primeira é falando do efeito do pecado no coração, tornando-o
enganoso (Jr 17.9) e inclinado para práticas continuamente más (Gn 6.5),
uma após a outra (Sl 42.7). A segunda maneira é chamada pelos teólogos
de efeitos noéticos (do grego nous, mente) do pecado, mostrando que há
dissociação entre pensamentos e propósitos íntimos e inconfessáveis (Hb 4.12),
isto é, como se oculta e se justifica de maneira articulada aquilo que se
pratica.
É por isso que encontramos
pessoas religiosas que praticam o mal sem nunca demonstrar arrependimento. Seja
cuidadoso: elas podem estar do teu lado, falando palavras suaves e sorrindo
para você.
Um comentário:
Gostei deste livro, quando tiver outros testos pode me passar obrigado Boa sorte na nova Igreja
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