terça-feira, 23 de outubro de 2018

EU VI O SENHOR... VOCÊ VIU?


A história da humanidade está dividida em eras, ou “idades”. Antes mesmo de haver história dizemos haver uma pré-história. E, especialmente na parte que chamamos de histórica os especialistas escolhem datas e eventos que balizam os períodos históricos. É claro que estas escolhas são totalmente arbitrárias, pois nem todo o mundo sofreu mudanças decorrentes, por exemplo, da queda do Império Romano do Ocidente, ou da Tomada de Constantinopla. Mas elas servem de ponto de recorte para quem estuda, e possuem o seu valor.
O profeta Isaías, em determinado momento, precisou de um ‘ponto de recorte’ para ambientar seu chamado e ministério. E ele o faz no capítulo 6 do livro que traz o seu nome:
No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo (Is 6.1).
Isaías destaca um evento extremamente marcante, que teria profundas repercussões na história de Israel e na história de toda a humanidade.
O senso comum nos leva a considerar a morte de Uzias (também conhecido como Azarias) no ano de 740 a.C. como um momento que mexia com todo o povo, após um longo governo de 52 anos. Seu governo piedoso e sábio, embora imperfeito, seu trabalho de reestruturar a economia, a agricultura, a segurança, a educação e o culto em Israel realmente foi impressionante (2Cr 26.1-15).
Quando ele morreu naturalmente o povo olhava em redor procurando um substituto tão capaz quanto ele. Se houve rei que chegou perto de ser equiparado a Davi no coração do povo de Israel como o descendente de Davi foi este (1Rs 13.2), apesar de seu trágico e arrogante erro perto do fim de sua vida (2Cr 26.21).
O profeta Isaías diz que, no tempo do seu chamado, o povo olhava para o trono e esperava que o novo rei lhes garantisse a paz e a prosperidade que gozavam nos dias de Uzias, embora houvesse uma promessa de disciplina de Deus sobre a nação.
Isaías cita o ano da morte do rei, mas o evento mais marcante, o evento que realmente merece ser destacado aqui não é a morte do rei, não é o trono vazio, mas o trono ocupado. Não o trono dos reis de Judá, mas o alto e sublime trono ocupado pelo Senhor. Enquanto Isaías usa uma frase para falar da morte de Uzias, todo o resto do capítulo chama a atenção para o que realmente deve ser digno de nossa atenção.
O trono do universo nunca está vazio, o Senhor nunca deixa de reinar sobre sua criação, nada está sem controle ou governo. O que deve realmente ocupar as mentes e corações do povo de Deus é que o Senhor estava, está e continuará eternamente regendo o seu povo à partir do seu glorioso trono.
Não há nem um momento sequer em que o trono fique vazio e a sua grei sem sua direção e governo. O registro de Isaías é bastante sugestivo: todo o Israel olhava para o rei morto em busca de outro rei, mas se esquecia que os reis de Israel eram apenas servos do Rei de toda a terra, do Senhor dos Exércitos, do Deus que tudo provê para satisfazer as necessidades de seu povo.
Assim como Israel no passado, os brasileiros nesta semana também olharão para uma urna (diferente da de Uzias que era funerária) com uma mistura de esperança e temor. Quem ocupará o trono que Michel Temer em breve deixará vago? E isto importa? Sim, claro que importa. Queremos reis que sejam para bênção e não para disciplina de toda a nação, e que a disciplina seja aplicada sobre todos os homens maus. Oremos para que o Senhor nos dê governantes sábios porque é ele quem remove reis e estabelece reis (Dn 2.21) mas, acima de tudo, não nos esqueçamos de que o Senhor continua assentado no seu alto e sublime trono a reinar sobre toda a terra. Sobre o trono em Brasília se assentará aquele que Ele escolheu. E assim será eternamente.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

QUANDO O PASTOR FICA MUITO PREOCUPADO COM A IGREJA


(ESTE TEXTO É MAIS QUE UM TEXTO PARA BOLETIM, LEIA-O MEDITANDO NOS TEXTOS BÍBLICOS CITADOS)

Semana passada estava estudando um pouco mais profundamente o texto base da lição que encerraria a nossa revista “A Identidade do Cristão” e, quanto mais vezes eu lia os primeiros versos do texto (1Jo 5.1-4) não consegui deixar de pensar: “É isso. É por isso que a Igreja do Senhor encontra tantas dificuldades hoje em dia”.
E comecei a fazer uma análise textual inversa, isto é, de traz pra frente, dos resultados apontados para as causas. E este texto declara enfaticamente que a nossa fé é a razão de vencermos o mundo. Mas... Pensei eu, já começando a ficar preocupado, porque a Igreja não tem vencido o mundo? Porque a Igreja tem sido tantas vezes e tão duramente ferida pelo mundo? Continuei perguntando, de que tipo de fé João está falando mesmo?
João está falando da fé obediente, da fé que obedece aos mandamentos do Senhor Jesus Cristo (Jo 14.15). Fé pode ser explicada como uma atitude de confiança em alguém, uma confiança tão forte que leva o crente a fazer o que lhe é mandado tendo como única evidência a autoridade de quem manda e não podemos esquecer que Jesus já deu evidências insofismáveis de sua autoridade absoluta. Assim, a fé que vence o mundo é uma fé obediente - o que não tem nada a ver com quanta fé alguém tem.
Vamos olhar mais um pouco para o texto. A fé que vence o mundo é a fé obediente, é a fé que obedece aos mandamentos do Senhor - e isto não se refere a práticas litúrgicas e João tampouco está tratando, nesta seção, de ortodoxia religiosa, ele já fez isso anteriormente nesta mesma carta.
Que tipo de obediência não penosa é esta? Segundo João é a obediência ao mandamento do amor mútuo (Jo 13.34). Aquele que não quer ser um fracassado em sua vida espiritual, que não quer ser vencido pelo mundo tem que considerar o que a Palavra de Deus ensina: ninguém será um vencedor sobre o mundo sem vencer a inclinação pecaminosa carnal para o ódio (1Jo 2.9-11), que é natural e comum em quem não conhece a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4.8). É muito mais que absurdo considerar penoso o mandamento ensina o cristão a amar o seu próprio irmão. Isso não deveria sequer necessitar de uma ordem, deveria ser natural ao que conhece o Deus que é amor como é natural odiar para o que serve o diabo, que é assassino desde o princípio. João declara que o teste do amor não é para ser feito por terceiros em relação aos irmãos, mas para que cada cristão olhe para si mesmo e, conhecendo o seu coração, conhecendo suas atitudes, pergunte a si mesmo: eu realmente amo a Deus? Uma palavra chave neste texto de João (junto com amor) é conhecimento, não meramente intelectual, mas mais profundo, existencial. João diz que nós conhecemos se amamos ou não os filhos de Deus.
O ensino de João é que só é vencedor, só pode ser vencedor quem não considera penoso obedecer aos mandamentos do Senhor Jesus, quem não considera penoso amar os próprios irmãos porque reconhece neles aqueles que nasceram do mesmo Pai, possuem o mesmo Deus e salvador, Jesus Cristo, e são selados pelo mesmo Espírito.
Para concluir esta rápida análise do texto joanino, chegamos então ao primeiro verso - para você ser vencedor você precisa crer que Jesus é o messias, o Cristo de Deus, e, por ter recebido a salvação por meio de Jesus Cristo ama ao seu Pai e ama também àqueles que, da mesma maneira, nasceram de novo por crerem nele.
E, voltando ao início do texto, porque a preocupação pastoral com este assunto? Porque não há dúvidas de que o amor não tem sido a ação mais praticada pelos cristãos. Não preciso apontar exemplos, mas convocar você a considerar se realmente tem alguma chance de ser um vencedor, aliás, mais que vencedor por meio daquele que nos amou.
Quero convidar você a, silenciosa, discretamente e mentalmente, “olhasse” para os seus irmãos, e se perguntasse: se dependesse de quanto eu amo a este irmão nós dois chegarmos juntos à Nova Jerusalém, quanto da jornada eu andaria? Eu seria considerado qualificado ou seria prontamente desqualificado por não conseguir e não querer amar a este meu irmão?

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

SOBRE RELIGIOSIDADE E FÉ [Jo 3.1-21]


REFLETINDO SOBRE RELIGIÃO E FÉ À PARTIR DA VISITA DE NICODEMOS A JESUS
Numa noite, há aproximadamente vinte séculos, um homem tomou uma atitude que seria comentada, estudada, interpretada e que serviria de exemplo, mesmo debaixo de severas críticas, para muitos cristãos ao longo de tantos séculos. Seu nome: Nicodemos. Sua história: a visita de um religioso cheio de si a um mestre religioso desprezado pela maioria dos religiosos, como o próprio visitante. Seu propósito ao fazer a visita é motivo das mais diversas interpretações, e só nos resta dizer desconhecermos a real motivação de Nicodemos.
Naquela noite, quando achava que estava terminando a sua visita, na verdade Nicodemos estava começando uma nova etapa insuspeita de sua vida - uma etapa que começava com uma grande decepção religiosa e terminaria em salvação eterna, contrariando a perspectiva comum de que é a religião, ou a religiosidade, quem conduz à salvação.
Nicodemos tinha conhecimento teológico mas este conhecimento não lhe dava a satisfação intelectual necessária e por causa desta insatisfação ele estava em busca de algo mais, de um conhecimento que ele não poderia encontrar nos livros, nos comentários rabínicos, nos midrash e talmudes disponíveis.
Nicodemos tinha status político-eclesiástico, numa comparação simplista seria como se ele fosse um dos subprefeitos de uma grande cidade, na verdade, de toda uma província, a Palestina. Sua autoridade ia de pequenos assuntos civis até grandes questões religiosas - apenas a aplicação da pena de morte era vedada aos membros do sinédrio, embora os mesmos pudessem recomendá-la e requerê-la aos governantes romanos. Mas ele descobriu que nem mesmo toda a autoridade do sinédrio poderia dar-lhe a satisfação que sua alma angustiadamente procurava na religiosidade política.
Nicodemos era mestre teológico de Israel, e ainda assim logo foi advertido que seu diploma poderia ser pregado na parede mas não lhe garantia o nome no livro da vida, precisando, portanto, nascer de novo. O problema é que seus estudos teológicos nunca lhe levaram à percepção desta necessidade. Ele via a vida como uma linha que o levava sempre adiante, na qual ele precisava sempre de algo mais, precisava ir acumulando conhecimento e reconhecimento, sendo o mais obediente possível à letra da lei (frequência aos cultos, orações constantes e longas, leitura assídua das Escrituras, contribuições criteriosas), mesmo que isto resultasse num formalismo mecânico.
Você pode ler o evangelho de João e se perguntar, por exemplo, porque Nicodemos aparece neste livro com alguma ênfase? Porque o livro de João diz que Jesus veio para o que era seu, e os seus não o receberam (Jo 1:11)? João também afirma que aqueles que receberam a Jesus ganharam a dádiva da nova vida, do novo nascimento e serem feitos filhos de Deus (Jo 1:12) como Jesus afirmou ser uma necessidade absoluta para o espantado mestre Nicodemos (Jo 3:7).
João insiste neste ensino até o fim do seu evangelho, afirmando que tudo que ele escreveu foi para que os seus leitores cressem que Jesus é o Filho de Deus e, crendo, pudessem receber a vida que ele dá pela fé em seu nome (Jo 20:31). E como se não fosse suficiente, esta continua sendo a tônica em sua primeira carta (1Jo 5:13).
Nicodemos é mais que um personagem de uma historia - Nicodemos é a representação de uma das muitas formas da humanidade tatear em busca de Deus (At 17:27), atendendo ao anseio essencial implantado no coração do homem que o homem tenta, desesperada e inutilmente, arrancar e acaba endeusando seres ou coisas, numa loucura vã (Rm 1:25).
Nicodemos, visitando Jesus naquela noite, talvez seja exatamente como você, aqui, agora. Quero que você acompanhe comigo um pouco mais sobre a trajetória deste homem e espero que você encontre o que necessita para satisfazer o seu coração. O que vamos aprender nesta noite com esta história?
NÃO É SOBRE EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
Há alguns anos, enquanto transformava uma comunidade de cristãos e muitos amigos num mausoléu para menos de uma dúzia de frequentadores com reuniões lúgubres uma vez por semana uma família exclamava exasperada: “Somos filhos de presbiterianos, netos de presbiterianos, nossos bisavós conheceram os missionários americanos que vieram para o Brasil”. E onde estão hoje? Em lugar nenhum - deixaram a denominação de que se orgulhavam, perambularam por outras denominações e hoje um deles ainda visita esporadicamente a Igreja.
Orgulhar-se de suas tradições e raízes eclesiásticas não era uma exclusividade de Nicodemos, como podemos perceber facilmente. Sempre é possível encontrar, em qualquer ambiente religioso, pessoas que se orgulham de seu histórico religioso, de seu conhecimento religioso, de seu tempo de vida religiosa. Os judeus expressavam isto coletivamente afirmando que tinham as promessas de Deus, e de fato tinham (Rm 9:4-5), insistindo que seus eram os profetas (e de fato eles eram judeus)
Orgulhosamente faziam tremular a bandeira de que deles viria o Messias, que seria enviado para eles (Jo 4:22) e que eram descendentes de Abraão, embora esta descendência fosse segundo a carne (Rm 9:8). Tudo isto, que deveria ser uma grande bênção para a nação tornou-se em instrumento para endurecimento e rejeição ao Senhor Jesus (Rm 11:25).
Por mais que busquemos simpatia com Nicodemos, este é o quadro mais próximo que temos de sua religiosidade. Ele era capaz de rodear o mar e a terra para fazer um prosélito e depois torná-lo escravo do seu legalismo como eles mesmos eram, ou ainda pior pois, como eram judeus de sangue, estavam sempre obrigados a diariamente dar provas de sua religiosidade (Mt 23:15).
Mas... Provavelmente Nicodemos seria tido como um bom religioso, um bom membro de alguma Igreja, afinal, conhecia as Escrituras, orava diariamente, não era injusto, nem roubador, nem adúltero, era patriota, jejuava duas vezes por semana e era dizimista (Lc 18:11-12). Sinceramente, qual pastor não desejaria ter uma dúzia de membros assim na Igreja? Provavelmente na maioria das igrejas logo seriam eleitos como diáconos e presbíteros, representantes ou presidentes de presbitério, sínodo, etc... - como Nicodemos foi para o Sinédrio.
NÃO É SOBRE ONDE SUA RELIGIÃO TE LEVA
A religiosidade de Nicodemos o levava à sinagoga - e não há mal algum nisto. As sinagogas surgiram como parte do plano de Deus para reunião do povo quando os judeus estavam no cativeiro babilônico quase 5 séculos antes e que fazem parte daquilo que Paulo chama de disposições de Deus (Ef 1:10). Como não tinham os templos os judeus se reuniram nas sinagogas - e os cristãos, quando espalhados pela perseguição foram até as sinagogas anunciando a chegada do Messias (Lc 12:11). Não havia nenhum problema em Nicodemos estudar as Escrituras, em reunir-se com outras pessoas para estudarem as Escrituras. Era um bom lugar para ir, como são boas as reuniões de quarta-feira para estudo e oração.
A religiosidade de Nicodemos o levava ao templo - e não há mal nisto também. Era dever religioso dos judeus comparecer ao templo, oferecer sacrifícios e entregar seus dízimos e ofertas. Todas estas práticas estavam de acordo com os preceitos religiosos que o próprio Deus estabeleceu (Dt 14:23). Era seu dever e ele o cumpria religiosamente, mais que muitos cristãos que precisaram, já nas primeiras décadas do cristianismo, de exortação para ir aos cultos (Hb 10:25).
É possível que a religiosidade de Nicodemos o levasse a lugares onde outras pessoas precisam de ajuda, onde houvesse órfãos, viúvas e estrangeiros precisando de algum tipo de assistência (Mq 6:8) e ao mesmo tempo providenciando para que eles não passassem necessidade em meio ao povo de Deus (Dt 24:19).
A religiosidade de Nicodemos chegou a levá-lo à casa onde Jesus estava, e, temos que admitir, era um lugar melhor do que qualquer outro no mundo para ele estar. Mas, da mesma maneira que Nicodemos, muitos outros foram a lugares onde Jesus estava. Estas pessoas podiam ser contadas aos milhares, e cada uma delas tinha suas próprias razões, como enfermidades que desejavam ser curadas, fome que precisava ser saciada e até mesmo por cobiça (Lc 12:13). Religiosidade leva às pessoas a qualquer lugar do mundo - mas não vai além disso. Não pode ir além disso.
Mas a religiosidade de Nicodemos não podia levá-lo além disso. Ele não tinha a percepção que Pedro teve quando, depois de muitos terem abandonado a Jesus, disse: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna (Jo 6.68).
 NÃO É SOBRE O QUE VOCÊ FAZ PELA RELIGIÃO
Mas, havia um problema com os escribas e fariseus. E Nicodemos era um deles. Ele estava lá. Ele ouvia o que Jesus lhe dizia, mas ele era incapaz de compreender e praticar.
Há um problema com a religiosidade, e você não pode estar satisfeito consigo mesmo simplesmente por ser um religioso. Os fariseus, acompanhados dos escribas, ensinavam muitos preceitos que eram bons, a ponto de Jesus dizer aos seus discípulos para fazer e guardar o que eles ensinavam (Mt 23:3) mas eles eram como placas, hábeis para apontar o caminho, mas eles próprios não iam além disso. Os fariseus tiravam nota 10 em religiosidade, mas eram reprovados em vida com Deus (Jo 10:26).
Nicodemos certamente sabia o que devia fazer, e talvez até fizesse muitas coisas boas, provavelmente era extremamente obediente aos preceitos da lei e às interpretações dos seus companheiros de religião, os escribas (sendo ele próprio, provavelmente, um deles pois era considerado rabino) mas, por causa da sua religiosidade invalidada a Palavra de Deus, desprezava o verdadeiro sentido do mandamento (Mt 15:3).
Anos depois deste episódio Pedro prega em Jerusalém e a primeira reação dos judeus, muitos judeus zelosos como Nicodemos, foi perguntar o que deveriam fazer para compensar o fato de terem rejeitado e matado o messias. É sempre a mesma coisa: estou em débito, minha balança está mais pesada pro lado mau, meu limite está no vermelho: como compensar? O que eu tenho que fazer para merecer.
Nicodemos e os fariseus faziam todas as coisas que a religião permitia - mas seu alvo, no fim, denuncia Jesus, era serem vistos, isto é, reconhecidos e honrados (Mt 23:5).
Nicodemos e os fariseus eram discipuladores, mas faziam discípulos para si mesmo e para sua doutrina, e não para o Senhor - pelo contrário, seus discípulos acabavam duas vezes mais perdidos do que eles, porque religiosidade carnal só pode produzir carnalidade, que pode até ser sincera, mas ainda é terrena. A esperança dos fariseus no que faziam é duramente advertida pelo Senhor ao dizer-lhes que muitos que faziam coisas em nome do Senhor não tinham nada que receber das mãos do Senhor porque não eram seus servos (Mt 7:23). Considere isso: não é o que você faz, por mais sincero que você seja. Não se esqueça que a salvação não é alcançada por méritos, mas pela fé implantada por Deus naqueles a quem ele amou por sua absoluta e soberana misericórdia (Rm 9:16). Não é sobre o que você faz na Igreja que precisamos refletir agora. Não é sobre isto que Jesus está tratando com Nicodemos.
 É TUDO SOBRE EM QUEM VOCÊ CRÊ
Olhemos mais um pouco para Nicodemos. Ele era um homem de muitos conhecimentos teológicos - mas não era salvo, não podia ver nem entrar no reino de Deus. Apesar de ser um dos maiorais dos fariseus ele era um perdido com grande conhecimento das Escrituras. Este é o diagnóstico que o Senhor Jesus faz dele.
Este homem também era um homem que frequentava os lugares de culto com grande assiduidade e participava dos tribunais onde as causas do povo deveriam ser julgadas com imparcialidade, defendendo especialmente o órfão, a viúva e o estrangeiro. Apesar de ser um dos maiorais dos fariseus ele era um perdido que frequentava os templos e sinagogas. Este é o diagnóstico que o Senhor Jesus faz dele.
Certamente este homem era capaz de fazer coisas boas, ajudar pessoas que estivessem passando por dificuldades. Não devemos duvidar de seu comprometimento em fazer coisas religiosas. Apesar de ser um dos maiorais dos fariseus ele era um perdido que tinha muitas atribuições religiosas. Este é o diagnóstico que o Senhor Jesus faz dele.
A questão toda não é sobre o que ele conhecia, aonde ele ia ou que tipo de compromissos religiosos ele era capaz de desempenhar. A questão é que ele não nascera de novo (Jo 3.7). A questão é que ele ainda era um incrédulo, ainda se mantinha rebelde, sem reconhecer o Filho como o enviado de Deus (Jo 3:36).
João afirma que Jesus veio para dar vida a todo aquele que nele cresse, passando da morte para a vida e não sendo julgado como ímpio (Jo 3:18). João afirma que Jesus foi enviado por Deus para salvar o mundo - e, ao mesmo tempo, como demonstração do julgamento de Deus, da ira de Deus sobre o pecado e sobre os pecadores rebeldes (Jo 3:19).
Jesus diz para Nicodemos que, fosse qual fosse a motivação dele para estar naquele lugar, àquela hora da noite, sua motivação precisava ser revista (Jo 3:20-21). Aquele que efetua o querer e o realizar (Fp 2:13); aquele que inclina o coração dos reis como ribeiros de águas de acordo com o seu querer (Pv 21:1) o levou ali para que ele soubesse que o que ele sabia não era suficiente; para mostrar que os lugares religiosos que ele frequentava não resolveriam o seu estado de afastado de Deus; para mostrar que, fizesse o que fizesse, mesmo com as melhores intenções, suas melhores obras não passavam de trapos de imundice (Is 64:6).
Jesus diz para Nicodemos que ele foi ali para aprender que precisava crer no filho de Deus, precisava crer nele, Jesus, como o Filho de Deus, e, crendo, receber o poder de ser feito filho de Deus, receber a vida eterna que era concedida somente aos que cressem nele, Jesus. De maneira indireta Jesus diz que a atitude de Nicodemos, de procurá-lo sob o manto das trevas indicava sua natureza: quem é das trevas ama as trevas, faz as coisas sob as trevas, mas Nicodemos estava diante da luz do mundo, da luz que alumia a todo homem - e, se quisesse mesmo conhecer, ver e experimentar as coisas do reino celeste, deveria crer nele, Jesus, como o enviado de Deus e achegar-se à luz (Jo 8:12).
Nicodemos era mestre em Israel, e, sendo terreno, tinha limitações em compreende as coisas terrenas como qualquer outro homem (Jo 3.12). Mas, crendo em Jesus, seria capaz de discernir e compreender as coisas espirituais (1Co 2:14).
Não era sobre onde ir ou o que fazer, era sobre crer em Jesus. Quando os discípulos foram questionados se não queriam votar para suas casas a resposta de Pedro não foi “para onde iremos” mas “para quem iremos” (Jo 6:68-69) e isto era fruto de um discernimento espiritual (Mt 16:17). Você pode ir ao mundo inteiro por causa da religião; você pode passar toda a sua vida dentro de uma Igreja cristã como membro dela e ainda assim estar longe de Deus porque, mais do que qualquer outra coisa, o que importa é estar em Cristo (Gl 6:15).
Eu não quero que você saia daqui como Nicodemos entrou naquela casa. Nicodemos saiu diferente. Ele aprendeu sobre a necessidade do novo nascimento. Ele aprendeu sobre coisas que ele não podia alcançar se de Deus não fosse revelado a ele. Você também já sabe estas coisas. Não é o quanto você sabe, nem onde você pratica sua religião, e muito menos as coisas que você faz. O que você precisa é crer e confessar Jesus como seu Senhor e salvador. Eu quero que você creia que Jesus é o seu Senhor e salvador. Eu quero que você confesse Jesus como seu Senhor e salvador. Eu quero que você entregue sua vida ao Senhor, reconheça-o como seu Senhor e Deus, e seja salvo pela graça de Deus. Aqui! Hoje! Agora! Este é o desejo do meu coração para sua vida neste momento.

sábado, 13 de outubro de 2018

SOBRE A NATUREZA DA FÉ, RELIGIÃO E DESTINO [Jo 3.1-21]


A história do encontro de Nicodemos é uma história de paradoxos. Poucos cristãos atuais conseguiriam passar pelo rigoroso crivo religioso que caracterizava a religiosidade farisaica da qual Nicodemos era adepto.
Posso afirmar que, a menos que estivesse longe demais de uma sinagoga ou incapacitado por algum motivo Nicodemos jamais deixava de estar presente a um culto público, e por isso havia se destacado entre os seus correligionários a ponto de conseguir uma importantíssima cadeira no sinédrio.
Também posso afirmar que Nicodemos não se eximia de oferecer sacrifícios por seus pecados, levando ao templo aquilo que a lei exigia e as suas posses permitiam.
Não duvido que Nicodemos era um homem extremamente escrupuloso em suas contribuições para a manutenção da casa do tesouro, onde, por causa de homens como ele, havia mantimentos para os sacerdotes e demais levitas, calculando conscienciosamente os seus ganhos, pesando até mesmo a produção do seu endro e da sua hortelã da horta no fundo do quintal.
Também não duvido que Nicodemos responderia com facilidade sobre o conteúdo da lei, citando profusamente diversos trechos bíblicos (lembre-se que a bíblia ainda não estava dividida em capítulos e versículos) para defender a unidade e a unicidade do Deus de Israel.
Nicodemos certamente também estaria disposto a ir a qualquer lugar se isto resultasse em fazer um prosélito, isto é, tornar um gentio um judeu, submetendo-o aos rituais de iniciação como parte do povo de Deus, como o sacrifício e a circuncisão.
Sim, com isto em mente posso afirmar que Nicodemos seria um membro zeloso e respeitável de qualquer igreja séria de nossa cidade - talvez não de qualquer igreja, porque não toleraria os excessos e muito menos a doutrina rala e rasa de muitas denominações que existem aos borbotões em todos os cantos. Provavelmente ele tentaria fechar-lhes as portas. Mas...
Com tudo isto, Nicodemos não era membro da Igreja de Jesus Cristo. Vamos repassar rapidamente: ele sabia onde devia congregar, e congregava, quotidianamente, invariavelmente, constantemente, fielmente. Nicodemos certamente orava ao Senhor muitas vezes ao dia, em público e em particular. Nicodemos sabia onde entregar os seus dízimos e suas ofertas - e ele o fazia escrupulosamente. Nicodemos sabia que devia estudar as Escrituras, e estudava profundamente. Vou facilitar mais um pouco:
[ x ] Frequentador assíduo;
[ x ] Homem de oração;
[ x ] Dizimista fiel;
[ x ] Ofertante liberal;
[ x ] Estudioso das Escrituras.
Se você fosse fazer uma conferida em sua religiosidade, como ficaria a pequena lista que segue abaixo:
[  ] Frequentador assíduo?
[  ] Ora constantemente?
[  ] Dizimista fiel?
[  ] Ofertante liberal?
[  ] Estudioso das Escrituras?
Com tudo isto, Nicodemos ainda era um perdido, morto em delitos e pecados. Era um homem obediente, um exemplo perfeito daquilo que João descreve como “os que eram seus mas que não o receberam”. Talvez você não consiga satisfazer nem mesmo o padrão religioso dos fariseus. Provavelmente poucos cristãos sejam mais frequentes à Igreja do que Nicodemos era. Provavelmente poucos orem tanto quanto ele orava, fossem quais fossem os seus motivos. Provavelmente poucos contribuíssem com mais regularidade e fidelidade do que ele contribuía. Com certeza poucos leem e meditam nas Escrituras tanto quanto ele mas, e isto é somente pela graça de Deus, mesmo com todas as suas falhas talvez você seja um eleito, um salvo, já tenha sido feito um filho de Deus, o que ainda não tinha acontecido com Nicodemos com toda a sua religiosidade.
Não confunda as coisas - religiosidade sem Deus não leva a lugar nenhum, é zelo sem entendimento, é tatear como cego no escuro, é viver sem Deus no mundo. Todavia, não existe nenhum filho de Deus que não esteja religado a Deus por meio de Jesus Cristo. E esta é a verdadeira religião, a religião que vai se expressar na obediência, na frequência aos cultos, no estudo da palavra e na contribuição para o bem da obra do Senhor.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

COMO PARTICIPAR, COMO CRISTÃO, DAS ELEIÇÕES


Como cidadãos que somos, temos uma enorme responsabilidade diante de tudo isto. Somos, é, claro, individualmente, pouco significantes no processo. Mas, mesmo os cristãos que creem na absoluta soberania de Deus – e nós, os presbiterianos, ao menos nominalmente o cremos, temos esta mesma responsabilidade. Não como Igreja, mas como indivíduos, como cidadãos que tem, entre outras funções, a de serem sal e luz.
Nossa Igreja historicamente tem se mantido à margem dos conchavos e acertos políticos – ao menos em tese nossos pastores não se vendem a este ou àquele candidato. A instituição, a Igreja não tem título de eleitor. Sua função é outra: proclamar as virtudes daquele que nos libertou do império das trevas e nos trouxe pro reino do filho do seu amor, Jesus Cristo. Enquanto isto, devem viver de maneira justa, santa e piedosa, dando glória a Deus e levando outros a fazê-lo.
Enquanto age como sal e luz, a Igreja deve adotar o procedimento não de "apoiar politicamente" candidato "A", "B" ou "C", mas orar pelos seus governantes para que eles não usurpem atribuições que não lhes pertencem, louvar a Deus pelos acertos dos mesmos e ao mesmo tempo ser voz profética rejeitando os seus erros – especialmente quando estes erros são mais que políticos, são morais e espirituais.
Aos mestres da Igreja cabe orientar a Igreja quanto às propostas que tem sido apresentadas, seja de forma direta, seja através de programas "ocultos", mas, jamais, determinar que os membros votem em qualquer candidato que seja. Não tem este direito, os mestres ensinam, mas não são senhores da consciência de ninguém.
Uma das maneiras de se sustentar a democracia é o voto. No Brasil os cidadãos têm o privilégio e o dever de exercer esta responsabilidade, e isso deve ser feito consciente e livremente.
Votar com liberdade significa que cada cidadão pode escolher em quem votar independente da vontade do poder econômico ou político que possui, à hora, a supremacia. Mas votar com liberdade também quer dizer que o individuo precisa ter as informações necessárias para fazer uma escolha consciente. Sabe-se muito pouco sobre a trajetória política, pessoal e moral de muitos candidatos. E o atual modelo de campanha facilita, em muito, este esconder. Ora, os candidatos [do latim "candidus", puros] deveriam ser pessoas de reputação ilibada.
Lembremos que os partidos políticos não são igreja. Mesmo que se denominem cristãos em suas siglas, estão longe de ser uma igreja. Pior que isso, usam indevidamente o nome de Cristo, que afirmou que seu reino não é deste mundo [Jo 18.36]. Nenhum partido vai poder fazer da tribuna púlpito. Estamos tratando de entidades com natureza completamente diferente – o que não significa que devam ser antagônicos, embora haja partidos que se coloquem como anticristãos em seu programa de governo mas não ousem afirmar isto publicamente.
A Igreja é o reino de Deus – nenhum partido político pode mudar isso, nem mesmo fazer de uma nação o reino de Deus. Ele é mais do que isso – e este não é o intento do Senhor. Em breve teremos que exercer o direito e a obrigação de votar. Como então, escolher um candidato? Os motivos elencados para fazer tais escolhas são muitos: interesses pessoais, econômicos, familiares, indicação de terceiros, afinidade política, amizade, simpatia, história de vida do candidato, religião, etc. Sei que algumas escolhas já estão feitas, e que estas não mudarão – e nem pretendo fazê-las mudar. Mas creio ser necessário observar se as candidaturas propostas têm, realmente, propostas de governo que podem ser homologadas pelo voto de um cristão? Se és cristão, reflita nestas questões?
i.                  A candidatura em questão é contra ou a favor da família?
Ele sabe que no princípio Deus criou “homem e mulher”, “macho e fêmea”. Embora existam em nossa pátria diferentes tipos de família, o meu candidato reconhece não apenas a importância dos “papéis” de pai e mãe, mas, sobretudo ele reconhece a necessidade da figura do pai, macho, e da mãe, fêmea, para a perpetuação da família conforme instituída pelo Criador. Meu candidato aceita o matrimônio como algo sagrado e por isso mesmo não é um incentivador da banalização do matrimônio pelo divórcio indiscriminado. Meu candidato respeitará a diversidade das famílias, no entanto, não será um promotor dos desvios de conduta e de comportamentos sexuais contrários à natureza.
ii.                A candidatura em questão é a favor ou contra o aborto?
O aborto é uma ofensa a Deus, um crime, um assassinato. No programa de governo ou na plataforma da candidatura há algum posicionamento a respeito? Na história da candidatura proposta [não importa que grau de afinidade tenhamos com a pessoa que se candidata] há algum posicionamento pró ou contra a vida? Há diversas propostas tratando da descriminalização do aborto do Brasil. Sabe-se quem as tem proposto, candidatos e ministros de estado, especialmente da saúde, já demonstraram interesse em implantar esta prática no Brasil, e dependendo do quadro político vigente em janeiro, é possível que o tema volte a ser discutido. A candidatura que você pretende autorizar a governar é a favor da vida e contra a descriminalização do aborto?
Esta candidatura entende que a vida é uma dádiva de Deus e que qualquer tentativa de interrompê-la de maneira banal constitui-se num crime contra o ser humano e contra o seu Criador? Ele se esforçará por preservar a vida não fazendo e nem sancionado leis injustas, para legalizar o assassinato de inocentes, anestesiando ou violando a consciência do povo com fraseologia dúbia e pouco esclarecedora para justificar e institucionalizar o infanticídio?
iii.            A candidatura proposta é a favor ou contra a castidade?
Na pauta da câmara dos deputados encontra-se projetos de lei que envolvem a sexualização das crianças. Já há projeto conjunto do ministério da saúde e da educação para distribuir preservativos nas escolas públicas com crianças à partir de 8 anos de idade. Isto sem sombra de dúvida promove ao menos a aceitação como natural da promiscuidade.
De que adianta combater a pornografia infantil, a exploração sexual de nossas crianças se o ministério da saúde e da educação se propõem a incentivar a prática sexual ainda na infância? Que ninguém seja tolo ao afirmar que isto acabará não incentivando a prática, mas que é só uma medida educacional e preventiva. Tendo o instrumento à disposição, eles vão usá-los.
iv.             A candidatura proposta é a favor ou contra a aberração homossexual?
Não estamos falando de indivíduos, mas da prática que, aos olhos de Deus, é aberração [Lv 18.22]. Pretende-se institucionalizar o "dia do orgulho gay" obrigando a sua comemoração em todas as instituições de ensino fundamental, públicas ou particulares. Ainda há a pretensão de obrigar pastores e padres a realizarem solenidades de casamentos homossexuais – quem não o fizer poderá ser multado, preso e processado por "descriminação e desobediência civil", respondendo ao processo em regime de detenção;
v.                 A candidatura proposta é a favor ou contra a liberdade de expressão, especialmente a liberdade religiosa?
Há projetos em vias de serem votados que proíbem cultos ou evangelismo em locais públicos [parada gay pode], obriga-se à realização dos cultos particulares com as portas fechadas, limitam o tempo dos programas evangélicos televisivos e obrigam os pastores a possuir faculdade de jornalismo [pode-se ser presidente da república semi-analfabeto] com limitação de assuntos: não pode falar de dízimos, nem de ofertas, nem contra o espiritismo, a feitiçaria e a idolatria ou contra abominações proibidas por Deus em sua Palavra. Qualquer tipo de mensagem contra estas práticas contrárias à Palavra de Deus pode ocasionar a eventual prisão do pregador. Estes projetos são tem autores conhecidos, e contam com aval dos ministérios e secretarias de governo. Eles não se contentam em mentir. Querem esconder a verdade.
vi.             A candidatura proposta tem reputação ilibada e combate a injustiça social e a corrupção?
Estes são dois males endêmicos no nosso país. A mera transferência de renda, o assistencialismo desenfreado que apenas encabresta os menos favorecidos à uma esmola mensal não é a solução para as desigualdades sociais. Quais as propostas dos candidatos na área de educação, saneamento, geração de emprego e sustentabilidade econômica? Como o candidato trata as questões de corrupção? Considera-a algo natural, finge não saber ou combate-a? O que a história política dos candidatos em questão lhe diz a este respeito?
É necessário que o trato com ao bem público seja feito com seriedade e transparência. Como os candidatos que estão pedindo seu voto se relacionam com as leis e com as instituições? Denigre-as? Enxovalha-as? Ou as respeita e valoriza?
vii.         Qual o posicionamento da candidatura proposta em relação à família?
Não estou perguntando sobre como é família do candidato [ainda que isto diga muita coisa, basta ver o que o jornalismo tem mostrado nos últimos dias], mas me refiro ao que, como governante, proporia para família. O esfacelamento familiar está em pauta nas leis que podem ser publicadas em breve [dissolução instantânea casamento, retirada da autoridade paterna para educar e corrigir os filhos – como se o estado tivesse competência para isso].
viii.      A candidatura proposta é a favor de leis justas ou produzirá leis para atender a interesses inconfessáveis?
Ela aceita e defende os princípios estabelecidos na Carta Magna da nação brasileira e não fará nem obrigará ninguém a promover mudanças na lei que venham a prejudicar o direito estabelecido para favorecer a quem quer que seja? Ela legislará e promulgará leis justas e sempre de acordo com a consciência e nunca contrário a ela, pois a sua consciência é inegociável e está sujeita não a homens ou a partidos políticos, embora pertença a um, mas a Deus como governante supremo do universo?
ix.             A candidatura proposta concorda que todos são iguais perante a lei ou defende que há alguns mais iguais que outros?
A candidatura que você defende concorda que ninguém deve ter mais direitos ou regalias por outras, independentemente de qualquer condição, seja de cor, idade ou origem social. Não existem brasileiros mais brasileiros que outros, todos são iguais e devem ter direitos e responsabilidades iguais. A candidatura proposta considera que deve valorizar o esforço e dar oportunidades aos menos favorecidos para que alcancem seus alvos sem quotas que só promovem a sensação de desigualdade?
A candidatura proposta defende que criminosos paguem por seus crimes, independentemente da idade ou por serem mais favorecidos financeiramente – o que deveria ser visto como um agravante e não como um meio de se safar de punições legais?
x.                 A candidatura proposta é comprometida com a justiça social sem que com isso defenda luta de classes?
Esta candidatura sabe que não é correto tirar do pobre para aumentar as já gigantescas fazendas dos ricos – mas também não vão vai tomar o que foi conquistado com trabalho para dar ao desocupado. Ela se para que todos os cidadãos brasileiros, natos ou adotados por essa pátria, tenham direitos iguais: direito de se alimentar dignamente, de se vestir decentemente, de receber uma educação digna e de qualidade, de ter acesso rápido e digno aos serviços de saúde, direito de ter acesso a esses e a tantos outros direitos básicos e fundamentais garantidos por lei.
xi.             A candidatura proposta demonstra compromisso com valores democráticos, institucionais ou com a liberdade de expressão?
Os candidatos têm se mostrado respeitosos para com os direitos dos cidadãos de saberem o que fizeram e fazem como pessoas públicas? Há inúmeras tentativas de acabar com a liberdade de expressão em nosso país. A censura à moda castrista, chavista e até mesmo kirschnerista [Argentina] é aclamada como alguns como o modelo a ser seguido.
Reiteradamente há quem afirme que há liberdade demais para a imprensa e para o povo expressar suas opiniões. Você concorda com isso? Sabe quem não quer que você seja informado dos constantes escândalos envolvendo praticamente todas as esferas da vida pública? Quando questionado nega-se a dar explicações ou conta dezenas de vezes a mesma mentira na esperança de que você acredite nela?
Por fim, não acredito em salvador da pátria, nenhum candidato é perfeito, nenhum candidato deve ser visto como impoluto ou santo – mas não vou me comprometer jamais em dar uma procuração em branco para nenhum candidato comprovadamente comprometido com valores anticristãos, com metas de governo e partidárias de acabar com a influência benéfica da fé cristã na sociedade ocidental.
Em breve elegeremos nossos legisladores estaduais, federais, senadores e governantes em cargos executivos. No próximo domingo, 06 de outubro, “eu” votarei e elegerei os legisladores e os governantes do meu Estado e da minha querida Pátria.
Sei que a minha responsabilidade é enorme, pois estarei assinado uma procuração com firma reconhecida em cartório para que pessoas possam me representar nos próximos anos – e por isso não posso cometer o erro e o pecado de votar por causa de qualquer tipo de benefício que tenha recebido ou tenha a esperança de receber porque sei que quem se vende sempre recebe mais do que vale e não tem o direito de protestar depois quando incompetentes ou mal intencionados dilapidarem o patrimônio público.
Bem pelo que você percebeu, não votarei num partido, mas sim em pessoas – mas sempre considerando que estas pessoas estão agrupadas em partidos e que os partidos expressam a verdadeira opinião (e não a opinião para o público – dessas pessoas) – conheça a ideologia dos partidos, e, desde já, recomendo que evite partidos que defendem uma ideologia marxista e, por isso, incompatível com a fé cristã.
Espero que o eleito seja a expressão da vontade de Deus para nosso bem, e não para mais disciplina, e que o eleito honre os valores cristãos que sustentam nossa sociedade. Ao dar o seu voto tenha a certeza de que votou a favor da família, a favor da vida e contra o aborto, a favor de leis justas e a favor de uma vida mais digna para o povo brasileiro. Votando assim terás votado a favor do Brasil e buscando a glória de Deus.

O REINO DE DEUS E ESTE MUNDO

São muito conhecidas as palavras de Jesus a respeito da natureza do reino de Deus: ele não é comida, não é bebida, não se mede por território e não pode ser dito como estando aqui ou acolá.
Jesus afirma que o reino de Deus está dentro dos crentes, isto é, ele é muito mais vida do que um lugar para se viver - até que, obviamente, o Senhor Jesus retorne e seu reino seja integralmente estabelecido, pois, no momento, já o vivemos porque ele foi efetivamente inaugurado.
Já manifestei minha opinião política muitas vezes, já houve pessoas que gostaram e outras que se incomodaram, o fato é que nunca ganhei amigos por causa disto e talvez tenha ganho alguns desafetos. Amigos já me disseram muitas vezes: pastor, não se meta com estas coisas, cuida da Igreja, este é o seu trabalho.
E cheguei a um ponto em que tive que concordar - trabalho de pastor é cuidar da Igreja, por isso acredito que pastor que se envolve com política partidária deveria, no mínimo, solicitar o desligamento pastoral, sendo que muitas vezes mereceriam o despojamento pela maneira que se envolvem.
Hoje os brasileiros elegerão pessoas para legislarem e governarem, e a Igreja presbiteriana, a meu ver acertadamente, tem se mantido à margem de conchavos, acertos políticos, compra e venda de apoio - ao menos em tese nossos pastores não se vendem a este ou àquele candidato. Lembremos - a instituição, a Igreja, não tem título de eleitor, não vota. Sua função não é ser cabo eleitoral de candidato algum, mas proclamar as virtudes daquele que a libertou do império das trevas e a trouxe para o filho do seu amor, Jesus Cristo. Enquanto aqui caminha, porém, tem a obrigação de viver de maneira justa, santa e piedosa, dando glória a Deus e tudo fazendo para agradá-lo, e isto inclui orar pelos governantes para que eles não usurpem atribuições que não lhes pertencem, louvar a Deus por seus acertos e ser voz profética rejeitando os seus erros, especialmente quando estes são mais que políticos, são morais e espirituais. A Igreja deve obedecer ao rei, isto é, às leis, dirigindo-se às seções eleitorais e cumprindo o dever cívico de votar.
Aos mestres da Igreja cabe o dever de orientar a Igreja em todos os aspectos da vida, pois a Igreja deve fazer tudo para glória de Deus - desta maneira pesa-me a responsabilidade de orientar a Igreja quanto às escolhas diante das propostas políticas que nos são apresentadas, mas jamais ousaria orientar o voto a qualquer candidato - nenhum mestre da Igreja tem este direito, não são senhores da consciência de ninguém, pelo contrário, votar livremente implica em escolher de acordo com as informações disponíveis para se fazer uma escolha consciente.
Uma escolha política pode ser feita por interesses pessoais, econômicos, familiares, pedido de terceiros, afinidade ideológica, amizade, simpatia, história da vida, religião. Gostaria de dar algumas orientações para que o cristão, na hora de sufragar um nome na urna, o faça consciente e livremente, mas ao mesmo tempo buscando a glória de Deus.
Uma última orientação preliminar: candidaturas são definidas em agremiações políticas chamadas de partidos, e estes partidos tem estatutos, propostas políticas, ideológicas e econômicas à qual estes candidatos dizem se submeter, portanto, votar em um amigo que é membro de um partido significa dar apoio à proposta política do partido.
Quando você for votar, pergunte-se:
i. O que este candidato pensa sobre a família? Ele é contra ou a favor? Ele considera a família composta por homem e mulher, macho e fêmea, ou defende outras formas plurais e não bíblicas com o intento de destruir a unidade familiar conforme estabelecida pelas Escrituras? O matrimônio é uma benção indissolúvel de Deus ou defende que corações endurecidos podem ir mudando de cônjuge como quem muda de roupa?
ii. O que este candidato pensa sobre o valor da vida? Ele considera o aborto uma ofensa a Deus, um crime, um assassinato, ou é apenas pouco mais que uma cirurgia estética feita por irresponsáveis promíscuos? Para ele a vida é uma dadiva de Deus e qualquer tentativa de interrompê-la de maneira banal é um crime contra o ser humano e contra o criador?
iii. O que este candidato pensa sobre a infância? Ela pode ser desorientada em sua sexualidade com informações irresponsáveis de professores descompromissados com qualquer moralidade ou precisam ser preservadas de influências malignas que trarão graves prejuízos à sua constituição moral, emocional e espiritual?
iv. O que ele pensa sobre a liberdade de expressão, especialmente a religiosa? O que ele pensa de projetos legislativos que proíbem cultos ou evangelismo em lugares públicos (mas não proíbem parada gay), limitar o acesso a programas de televisão apenas a portadores de cursos de jornalismo (embora possa-se ser presidente da república apenas sabendo assinar o nome)? Oque acha de projeto de lei que proíbe pastores de falar sobre dízimos, ofertas, espiritismo, feitiçaria e especialmente homossexualismo, obrigando a realização de enlaces homossexuais?
v. Qual o histórico pessoal do candidato? Qual a sua reputação em relação a envolvimento com corrupção? Ele usa os poderes do cargo para o bem público ou promove assistencialismo que não soluciona desigualdades sociais, mas perpetua a dependência e com isso o encabrestamento do eleitor? Como o candidato trata as questões de corrupção? Considera-a algo natural, finge não saber ou combate-a?
vi. O que o candidato tem a dizer sobre justiça social? Ele é a favor de tirar do pobre para aumentar as fazendas dos ricos ou pretende tirar tudo dos ricos para dar a desocupados? O que ele tem a dizer a todos os brasileiros, natos ou naturalizados, sobre o direito de se alimentar, morar, vestir e estudar dignamente e ter acesso rápido e eficiente a serviços como saúde, básicos e fundamentais garantidos por lei?

vii. O que este candidato tem a dizer sobre os valores escriturísticos defendidos pela Igreja cristã conforme registrados na bíblia? O que antes era escondido agora é abertamente declarado, e há candidatos que se apresentam como inimigos declarados  da fé cristã com o livro O Capital, de Karl Marx, sob a cabeceira, afirmando cristianismo e marxismo não podem andar juntos, são mutuamente excludentes, e por isso lutam abertamente pela destruição da fé cristã. Só os cristãos ainda não se aperceberam que luz e trevas não podem andar de braços dados, nem que seja de quatro em quatro anos. Seus caminhos são incongruentes, tem origem e destinos diferentes. Um é da terra para o céu, o outro é terreno para o inferno. Sua escolha, seu voto.

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