A história da humanidade está dividida em eras, ou “idades”.
Antes mesmo de haver história dizemos haver uma pré-história. E, especialmente
na parte que chamamos de histórica os especialistas escolhem datas e eventos
que balizam os períodos históricos. É claro que estas escolhas são totalmente
arbitrárias, pois nem todo o mundo sofreu mudanças decorrentes, por exemplo, da
queda do Império Romano do Ocidente, ou da Tomada de Constantinopla. Mas elas
servem de ponto de recorte para quem estuda, e possuem o seu valor.
O profeta Isaías, em determinado momento, precisou de um
‘ponto de recorte’ para ambientar seu chamado e ministério. E ele o faz no
capítulo 6 do livro que traz o seu nome:
No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor
assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o
templo (Is 6.1).
Isaías destaca um evento extremamente marcante, que teria
profundas repercussões na história de Israel e na história de toda a
humanidade.
O senso comum nos leva a considerar a morte de Uzias (também
conhecido como Azarias) no ano de 740 a.C. como um momento que mexia com todo o
povo, após um longo governo de 52 anos. Seu governo piedoso e sábio, embora
imperfeito, seu trabalho de reestruturar a economia, a agricultura, a
segurança, a educação e o culto em Israel realmente foi impressionante (2Cr
26.1-15).
Quando ele morreu naturalmente o povo olhava em redor
procurando um substituto tão capaz quanto ele. Se houve rei que chegou perto de
ser equiparado a Davi no coração do povo de Israel como o descendente de Davi
foi este (1Rs 13.2), apesar de seu trágico e arrogante erro perto do fim de sua
vida (2Cr 26.21).
O profeta Isaías diz que, no tempo do seu chamado, o povo
olhava para o trono e esperava que o novo rei lhes garantisse a paz e a
prosperidade que gozavam nos dias de Uzias, embora houvesse uma promessa de
disciplina de Deus sobre a nação.
Isaías cita o ano da morte do rei, mas o evento mais
marcante, o evento que realmente merece ser destacado aqui não é a morte do
rei, não é o trono vazio, mas o trono ocupado. Não o trono dos reis de Judá,
mas o alto e sublime trono ocupado pelo Senhor. Enquanto Isaías usa uma frase
para falar da morte de Uzias, todo o resto do capítulo chama a atenção para o
que realmente deve ser digno de nossa atenção.
O trono do universo nunca está vazio, o Senhor nunca deixa
de reinar sobre sua criação, nada está sem controle ou governo. O que deve
realmente ocupar as mentes e corações do povo de Deus é que o Senhor estava,
está e continuará eternamente regendo o seu povo à partir do seu glorioso
trono.
Não há nem um momento sequer em que o trono fique vazio e a
sua grei sem sua direção e governo. O registro de Isaías é bastante sugestivo:
todo o Israel olhava para o rei morto em busca de outro rei, mas se esquecia
que os reis de Israel eram apenas servos do Rei de toda a terra, do Senhor dos
Exércitos, do Deus que tudo provê para satisfazer as necessidades de seu povo.
Assim como Israel no passado, os brasileiros nesta semana
também olharão para uma urna (diferente da de Uzias que era funerária) com uma
mistura de esperança e temor. Quem ocupará o trono que Michel Temer em breve
deixará vago? E isto importa? Sim, claro que importa. Queremos reis que sejam
para bênção e não para disciplina de toda a nação, e que a disciplina seja
aplicada sobre todos os homens maus. Oremos para que o Senhor nos dê
governantes sábios porque é ele quem remove reis e estabelece reis (Dn 2.21)
mas, acima de tudo, não nos esqueçamos de que o Senhor continua assentado no
seu alto e sublime trono a reinar sobre toda a terra. Sobre o trono em Brasília
se assentará aquele que Ele escolheu. E assim será eternamente.
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