quarta-feira, 3 de outubro de 2018

O REINO DE DEUS E ESTE MUNDO

São muito conhecidas as palavras de Jesus a respeito da natureza do reino de Deus: ele não é comida, não é bebida, não se mede por território e não pode ser dito como estando aqui ou acolá.
Jesus afirma que o reino de Deus está dentro dos crentes, isto é, ele é muito mais vida do que um lugar para se viver - até que, obviamente, o Senhor Jesus retorne e seu reino seja integralmente estabelecido, pois, no momento, já o vivemos porque ele foi efetivamente inaugurado.
Já manifestei minha opinião política muitas vezes, já houve pessoas que gostaram e outras que se incomodaram, o fato é que nunca ganhei amigos por causa disto e talvez tenha ganho alguns desafetos. Amigos já me disseram muitas vezes: pastor, não se meta com estas coisas, cuida da Igreja, este é o seu trabalho.
E cheguei a um ponto em que tive que concordar - trabalho de pastor é cuidar da Igreja, por isso acredito que pastor que se envolve com política partidária deveria, no mínimo, solicitar o desligamento pastoral, sendo que muitas vezes mereceriam o despojamento pela maneira que se envolvem.
Hoje os brasileiros elegerão pessoas para legislarem e governarem, e a Igreja presbiteriana, a meu ver acertadamente, tem se mantido à margem de conchavos, acertos políticos, compra e venda de apoio - ao menos em tese nossos pastores não se vendem a este ou àquele candidato. Lembremos - a instituição, a Igreja, não tem título de eleitor, não vota. Sua função não é ser cabo eleitoral de candidato algum, mas proclamar as virtudes daquele que a libertou do império das trevas e a trouxe para o filho do seu amor, Jesus Cristo. Enquanto aqui caminha, porém, tem a obrigação de viver de maneira justa, santa e piedosa, dando glória a Deus e tudo fazendo para agradá-lo, e isto inclui orar pelos governantes para que eles não usurpem atribuições que não lhes pertencem, louvar a Deus por seus acertos e ser voz profética rejeitando os seus erros, especialmente quando estes são mais que políticos, são morais e espirituais. A Igreja deve obedecer ao rei, isto é, às leis, dirigindo-se às seções eleitorais e cumprindo o dever cívico de votar.
Aos mestres da Igreja cabe o dever de orientar a Igreja em todos os aspectos da vida, pois a Igreja deve fazer tudo para glória de Deus - desta maneira pesa-me a responsabilidade de orientar a Igreja quanto às escolhas diante das propostas políticas que nos são apresentadas, mas jamais ousaria orientar o voto a qualquer candidato - nenhum mestre da Igreja tem este direito, não são senhores da consciência de ninguém, pelo contrário, votar livremente implica em escolher de acordo com as informações disponíveis para se fazer uma escolha consciente.
Uma escolha política pode ser feita por interesses pessoais, econômicos, familiares, pedido de terceiros, afinidade ideológica, amizade, simpatia, história da vida, religião. Gostaria de dar algumas orientações para que o cristão, na hora de sufragar um nome na urna, o faça consciente e livremente, mas ao mesmo tempo buscando a glória de Deus.
Uma última orientação preliminar: candidaturas são definidas em agremiações políticas chamadas de partidos, e estes partidos tem estatutos, propostas políticas, ideológicas e econômicas à qual estes candidatos dizem se submeter, portanto, votar em um amigo que é membro de um partido significa dar apoio à proposta política do partido.
Quando você for votar, pergunte-se:
i. O que este candidato pensa sobre a família? Ele é contra ou a favor? Ele considera a família composta por homem e mulher, macho e fêmea, ou defende outras formas plurais e não bíblicas com o intento de destruir a unidade familiar conforme estabelecida pelas Escrituras? O matrimônio é uma benção indissolúvel de Deus ou defende que corações endurecidos podem ir mudando de cônjuge como quem muda de roupa?
ii. O que este candidato pensa sobre o valor da vida? Ele considera o aborto uma ofensa a Deus, um crime, um assassinato, ou é apenas pouco mais que uma cirurgia estética feita por irresponsáveis promíscuos? Para ele a vida é uma dadiva de Deus e qualquer tentativa de interrompê-la de maneira banal é um crime contra o ser humano e contra o criador?
iii. O que este candidato pensa sobre a infância? Ela pode ser desorientada em sua sexualidade com informações irresponsáveis de professores descompromissados com qualquer moralidade ou precisam ser preservadas de influências malignas que trarão graves prejuízos à sua constituição moral, emocional e espiritual?
iv. O que ele pensa sobre a liberdade de expressão, especialmente a religiosa? O que ele pensa de projetos legislativos que proíbem cultos ou evangelismo em lugares públicos (mas não proíbem parada gay), limitar o acesso a programas de televisão apenas a portadores de cursos de jornalismo (embora possa-se ser presidente da república apenas sabendo assinar o nome)? Oque acha de projeto de lei que proíbe pastores de falar sobre dízimos, ofertas, espiritismo, feitiçaria e especialmente homossexualismo, obrigando a realização de enlaces homossexuais?
v. Qual o histórico pessoal do candidato? Qual a sua reputação em relação a envolvimento com corrupção? Ele usa os poderes do cargo para o bem público ou promove assistencialismo que não soluciona desigualdades sociais, mas perpetua a dependência e com isso o encabrestamento do eleitor? Como o candidato trata as questões de corrupção? Considera-a algo natural, finge não saber ou combate-a?
vi. O que o candidato tem a dizer sobre justiça social? Ele é a favor de tirar do pobre para aumentar as fazendas dos ricos ou pretende tirar tudo dos ricos para dar a desocupados? O que ele tem a dizer a todos os brasileiros, natos ou naturalizados, sobre o direito de se alimentar, morar, vestir e estudar dignamente e ter acesso rápido e eficiente a serviços como saúde, básicos e fundamentais garantidos por lei?

vii. O que este candidato tem a dizer sobre os valores escriturísticos defendidos pela Igreja cristã conforme registrados na bíblia? O que antes era escondido agora é abertamente declarado, e há candidatos que se apresentam como inimigos declarados  da fé cristã com o livro O Capital, de Karl Marx, sob a cabeceira, afirmando cristianismo e marxismo não podem andar juntos, são mutuamente excludentes, e por isso lutam abertamente pela destruição da fé cristã. Só os cristãos ainda não se aperceberam que luz e trevas não podem andar de braços dados, nem que seja de quatro em quatro anos. Seus caminhos são incongruentes, tem origem e destinos diferentes. Um é da terra para o céu, o outro é terreno para o inferno. Sua escolha, seu voto.

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