FAÇAM TUDO SABENDO QUE NO SENHOR VOSSO TRABALHO NÃO
É VÃO
Mas a história destes homens não termina aqui. Precisamos
falar dos resultados de sua ação. Sozinhos, enfrentaram enormes desafios.
Juntos, mostraram grande compromisso com a sua liderança. De que isto adiantou?
A resposta é simples: o Senhor recebeu glória por isso.
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Então, aqueles três valentes romperam pelo
acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e
tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como
libação ao SENHOR.
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E disse: Longe de mim, ó SENHOR, fazer tal coisa;
beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira
que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.
Quanto valia aquela água para alguém que tinha ouro, que
tinha prata, joias e roupas caras? A água em si mesma tinha o mesmo valor e
efeito que qualquer outra água, de qualquer outro poço de Israel. Mas ali
estava uma prova de companheirismo, camaradagem, comprometimento. Ali estava o
esforço de três guerreiros - por aquela água eles arriscaram a própria vida, e
é bem provável que tivessem sofrido alguma espécie de ferimento.
Há coisas que são preciosas pelo seu valor, por quanto
pode-se obter por elas no mercado. Mas há coisas que são muito mais valiosas
pelo que representam. Todos nós sabemos disso, temos coisas que não vendemos
“por dinheiro algum” e que se levássemos a uma loja de penhores não conseguiríamos
vender por dinheiro nenhum. É diante de uma destas preciosidades que estamos.
Tem coisas que não podem ser compradas, e lealdade é uma delas. Davi
imediatamente percebeu que estava diante de algo de valor ilimitado, e fez o
que um homem segundo o coração de Deus faria (At 13.22). Se o valor é
ilimitado, então, deve ser entregue a quem merece toda a honra e louvor (Sl
145.3).
Se você não conhecesse a história de Davi, o que você faria?
Imaginemos que você, pastor, presidente de SAF, missionário, fosse fazer uma
visita numa região de difícil acesso e lhe servissem um suco, da fruta que você
mais gosta, porque seus anfitriões ouviram você falar em algum lugar que era
sua preferida e resolveram fazer o máximo para te agradar. Antes, porém, de
você tomar o suco, lhe contam a história de como ele foi conseguido - alguém
teve que atravessar, a nado, um pequeno rio infestado de piranhas e arraias. O
que você faria? Tomaria o suco?
Eu tenho certeza que, para não contrariar seus anfitriões,
você tomaria e pediria um pouco mais. E creio que seu anfitrião ficaria muito
feliz com isto. Certa feita, fazendo um Cross country tour na
transamazônica, após 5 visitas em uma manhã, 2 cafés da manhãs e 3 sucos
diferentes (cupuaçu, graviola e bacaba) cheguei à sexta e última visita antes
de tomar o rumo de casa. A irmã, recém convertida, havia preparado um suco de
goiaba (um dos meus preferidos) e preparado a mesa, com bolo e alguns biscoitos.
Depois de 80km de estradas vicinais numa XLR velha, muitos
buracos, raízes, córregos, pontes de uma madeira só, colchetes, cancelas, gado
no meio no pasto, mais buracos, o estômago já não aguentava mais nada. Foi
difícil ter coragem para agradecer e não tomar.
Este quadro ilustra de maneira pequena - toda ilustração é
apenas um resumo do que se pretende mostrar - o que aconteceu naquele momento
que os três guerreiros entregam a água a Davi. Aquilo era grande, prova de um
grande carinho, de uma grande consideração - grande demais para um homem
receber. E por isso Davi oferece a Deus.
Embora aqueles homens não tivessem a preocupação de culto
enquanto lutavam contra os filisteus, observe que por duas vezes (v. 10 e 12) a
bíblia diz que, por meio deles, o próprio Senhor efetuou grande livramento. Por
duas vezes suas ações glorificaram a Deus. Por duas vezes o povo de Deus teve
motivos para louvar ao Senhor - aliás, sempre temos motivos para louvar ao
Senhor (Dt 3.24) e quando ele efetua suas obras maravilhosas, quando
contemplamos seus feitos poderosos só nos resta louvá-lo ainda mais
intensamente.
Davi sabia da
importância do culto correto ao Senhor, de cultuá-lo com coração integro. Mais
tarde não aceitaria que Araúna pagasse pelo sacrifício que ele deveria oferecer
(II Sm 24.22-24). Não havia como devolver o presente dos guerreiros. Não
havia como não aceitar o presente - já estava ali, já custara enorme esforço e
risco de seus companheiros - só lhe restava considerar aquilo digno não de um
homem, mas do verdadeiro Deus.
No meio de uma multidão de omissos a prontidão glorifica a
Deus. Em meio à covardia a bravura destes homens glorifica a Deus. Quando
muitos simplesmente lamentariam a impossibilidade que está posta o
comprometimento destes homens com seu líder e seu Deus resulta numa inigualável
demonstração de lealdade e, também, de consideração do esforço dos liderados -
com mais uma oferta ao Senhor à partir de um coração moldado pelo Senhor.
Este é um acontecimento que ilustra com clareza cristalina o
que realmente significa fazer as coisas como para o Senhor (Cl 3.23-24).
Fazer todas as coisas como para o Senhor não quer dizer fazer tudo pensando:
“Ah! Isto vai agradar a Deus” ou “Oh! Deixe-me ver na bíblia como Deus quer que
eu lave a louça esta manhã”... Não é nada disso. Paulo escreve a Tito e ilustra
isto de uma maneira muito prática: os servos devem ser obedientes, submissos e
honestos (Tt 2.9-10). Aos senhores, ele diz para serem justos e se
lembrarem que seus servos são, também, seus iguais (Tt 3.1). Há também
instruções para pastores, presbíteros, jovens, filhos, pais...
E há, inclusive, para soldados - e estes três homens foram
os melhores soldados que puderam ser. Fizeram o que sabiam fazer. Não tocaram,
não profetizaram. Apenas lutaram como soldados que eram - e, se tinham a
obrigação de fazer a vontade daquele que os arregimentara (II Tm 2.4)
então, era isso o que iriam fazer. Davi queria água? Ele teria a água que
desejara.
Sem pensar em culto eles deram uma oportunidade ímpar para
que o Senhor fosse cultuado. Sem pensar em ofertas eles produziram algo de
valor inigualável para Davi ofertar ao Senhor. O senso de Deus que Davi possuía
levava-o a oferecer ao Senhor o que realmente tinha valor - ele jamais
ofereceria ao Senhor algo sem valor, desprezível, como Malaquias denuncia que
os judeus faziam em seus dias (Ml 1.7).
Está difícil para você? Está difícil servir ao Senhor? Está
difícil produzir frutos? Falta-lhe tempo? Recursos? Falta-lhe apoio? Falta-lhe
companhia? São poucos os que ainda trabalham? Não tem ninguém à sua direita ou
esquerda? A vontade de desistir é maior do que a de prosseguir?
Antes de desistir, permita-me perguntar: em que isto vai
glorificar a Deus? O seu fracasso, a sua desistência, o lugar vazio que você
vai deixar nos remos vai glorificar a Deus em que? Ficar na zona de conforto,
como expectador ou assistente vai ser muito bom para você, outros farão por
você, mas em que sua vida glorificará a Deus? Creio que não haveria
lugar de maior conforto que a glória, mas Cristo deixou-a e trocou-a pela cruz
por você (Fp 2.5-8).
E qual o resultado disso? Qual o resultado da humilhação de
Jesus? O mesmo resultado da ousadia e coragem daqueles três bravos soldados: a
glorificação do nome do Senhor (Fp 2.9-11).
É óbvio que é possível escolher ficar na costumeira zona de
conforto, aproveitando as bênçãos do cristianismo secularizado e acomodado do
séc. XXI. Ninguém vai levantar uma voz condenatória, até porque esta é a
atitude de grande parte dos cristãos atuais, da absoluta maioria. É consenso
que, de cada 100 membros das Igrejas, apenas uma parcela entre 15 e 25% sejam
efetivamente ativos - e que ao menos 40% contribui com sua presença e
eventualmente financeiramente.
Não há comprometimento, não são, na maioria, soldados em
campo de batalha. Muitos querem ser “general de Cristo” mas, ao mesmo tempo,
ficar nos acampamentos apenas imaginando como deve ser a peleja - e fazendo
isto com alguma eloquência. Geralmente quem menos se envolve é quem mais
barulho faz.
É possível optar por ficar omisso, como os judeus ficaram
quando Josebe-Bassebete enfrentou os filisteus; pode-se ainda ser ausente como
eles foram quando Eleazar venceu os filisteus, ou ainda preferir a atitude
semelhante à dos covardes e aproveitadores como foram quando Sama defendeu o
campo de lentilhas.
Pior ainda, há ainda a opção de ficar esperando a notícia da
queda dos valentes, a desistência dos que ainda lutam, como provavelmente os
soldados ficaram quando souberam que eles estavam, sem apoio, indo para Belém
onde teriam que enfrentar um acampamento inteiro de filisteus.
Estas atitudes são possíveis? Claro que são. Mas, quem optar
por fazer assim não terá seu nome contado entre os grandes, não seremos
contados entre os servos bons e fiéis, mas, certamente, estará entre os maus e
negligentes (Mt 25.26) para os quais não resta outra coisa senão a
reprovação do seu Senhor (Mt 25.30).
Quero lembrar uma coisa importante aos crentes. E só aos
crentes. Se você é descrente, então, pode desconsiderar o que vou lhe dizer
agora. É obvio que desejamos receber o galardão da mão do Senhor, mas Paulo nos
faz uma interessante advertência, fazendo eco às palavras de Jesus de que somos
apenas servos inúteis (Lc 17.10).
Nada feito apenas por “obrigação”, feito porque tem que ser
feito agrada realmente ao Senhor (embora não seja nada mais que nossa obrigação
fazer). Obras vazias fruto de corações frios não agradam ao Senhor, nem mesmo o
que julgamos ser mais importante: a contribuição financeira (II Co 9.7)
- pelo contrário, o que alegra o coração de Deus é a integridade (II Co 8.5).
Somente aquilo que é feito de coração, com alegria, produz
alegria no coração de Deus (I Co 9.17). Cada um vai receber o galardão
do seu trabalho para o Senhor (I Co 3.8) - e mesmo muito trabalho, se
não for para o Senhor, não tem valor algum (Mt 7.22-23).
A orientação bíblica para quem está na obra é não desistir,
não desanimar, continuar e ir em frente, mesmo que haja muitos e poderosos
adversários (Hb 10.35).
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