segunda-feira, 9 de junho de 2014

APRENDENDO COM OS VALENTES DE DAVI – III


FAÇAM TUDO SABENDO QUE NO SENHOR VOSSO TRABALHO NÃO É VÃO
Mas a história destes homens não termina aqui. Precisamos falar dos resultados de sua ação. Sozinhos, enfrentaram enormes desafios. Juntos, mostraram grande compromisso com a sua liderança. De que isto adiantou? A resposta é simples: o Senhor recebeu glória por isso.
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
17 E disse: Longe de mim, ó SENHOR, fazer tal coisa; beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.
Quanto valia aquela água para alguém que tinha ouro, que tinha prata, joias e roupas caras? A água em si mesma tinha o mesmo valor e efeito que qualquer outra água, de qualquer outro poço de Israel. Mas ali estava uma prova de companheirismo, camaradagem, comprometimento. Ali estava o esforço de três guerreiros - por aquela água eles arriscaram a própria vida, e é bem provável que tivessem sofrido alguma espécie de ferimento.
Há coisas que são preciosas pelo seu valor, por quanto pode-se obter por elas no mercado. Mas há coisas que são muito mais valiosas pelo que representam. Todos nós sabemos disso, temos coisas que não vendemos “por dinheiro algum” e que se levássemos a uma loja de penhores não conseguiríamos vender por dinheiro nenhum. É diante de uma destas preciosidades que estamos. Tem coisas que não podem ser compradas, e lealdade é uma delas. Davi imediatamente percebeu que estava diante de algo de valor ilimitado, e fez o que um homem segundo o coração de Deus faria (At 13.22). Se o valor é ilimitado, então, deve ser entregue a quem merece toda a honra e louvor (Sl 145.3).
Se você não conhecesse a história de Davi, o que você faria? Imaginemos que você, pastor, presidente de SAF, missionário, fosse fazer uma visita numa região de difícil acesso e lhe servissem um suco, da fruta que você mais gosta, porque seus anfitriões ouviram você falar em algum lugar que era sua preferida e resolveram fazer o máximo para te agradar. Antes, porém, de você tomar o suco, lhe contam a história de como ele foi conseguido - alguém teve que atravessar, a nado, um pequeno rio infestado de piranhas e arraias. O que você faria? Tomaria o suco?
Eu tenho certeza que, para não contrariar seus anfitriões, você tomaria e pediria um pouco mais. E creio que seu anfitrião ficaria muito feliz com isto. Certa feita, fazendo um Cross country tour na transamazônica, após 5 visitas em uma manhã, 2 cafés da manhãs e 3 sucos diferentes (cupuaçu, graviola e bacaba) cheguei à sexta e última visita antes de tomar o rumo de casa. A irmã, recém convertida, havia preparado um suco de goiaba (um dos meus preferidos) e preparado a mesa, com bolo e alguns biscoitos.
Depois de 80km de estradas vicinais numa XLR velha, muitos buracos, raízes, córregos, pontes de uma madeira só, colchetes, cancelas, gado no meio no pasto, mais buracos, o estômago já não aguentava mais nada. Foi difícil ter coragem para agradecer e não tomar.
Este quadro ilustra de maneira pequena - toda ilustração é apenas um resumo do que se pretende mostrar - o que aconteceu naquele momento que os três guerreiros entregam a água a Davi. Aquilo era grande, prova de um grande carinho, de uma grande consideração - grande demais para um homem receber. E por isso Davi oferece a Deus.
Embora aqueles homens não tivessem a preocupação de culto enquanto lutavam contra os filisteus, observe que por duas vezes (v. 10 e 12) a bíblia diz que, por meio deles, o próprio Senhor efetuou grande livramento. Por duas vezes suas ações glorificaram a Deus. Por duas vezes o povo de Deus teve motivos para louvar ao Senhor - aliás, sempre temos motivos para louvar ao Senhor (Dt 3.24) e quando ele efetua suas obras maravilhosas, quando contemplamos seus feitos poderosos só nos resta louvá-lo ainda mais intensamente.
 Davi sabia da importância do culto correto ao Senhor, de cultuá-lo com coração integro. Mais tarde não aceitaria que Araúna pagasse pelo sacrifício que ele deveria oferecer (II Sm 24.22-24). Não havia como devolver o presente dos guerreiros. Não havia como não aceitar o presente - já estava ali, já custara enorme esforço e risco de seus companheiros - só lhe restava considerar aquilo digno não de um homem, mas do verdadeiro Deus.
No meio de uma multidão de omissos a prontidão glorifica a Deus. Em meio à covardia a bravura destes homens glorifica a Deus. Quando muitos simplesmente lamentariam a impossibilidade que está posta o comprometimento destes homens com seu líder e seu Deus resulta numa inigualável demonstração de lealdade e, também, de consideração do esforço dos liderados - com mais uma oferta ao Senhor à partir de um coração moldado pelo Senhor.
Este é um acontecimento que ilustra com clareza cristalina o que realmente significa fazer as coisas como para o Senhor (Cl 3.23-24). Fazer todas as coisas como para o Senhor não quer dizer fazer tudo pensando: “Ah! Isto vai agradar a Deus” ou “Oh! Deixe-me ver na bíblia como Deus quer que eu lave a louça esta manhã”... Não é nada disso. Paulo escreve a Tito e ilustra isto de uma maneira muito prática: os servos devem ser obedientes, submissos e honestos (Tt 2.9-10). Aos senhores, ele diz para serem justos e se lembrarem que seus servos são, também, seus iguais (Tt 3.1). Há também instruções para pastores, presbíteros, jovens, filhos, pais...
E há, inclusive, para soldados - e estes três homens foram os melhores soldados que puderam ser. Fizeram o que sabiam fazer. Não tocaram, não profetizaram. Apenas lutaram como soldados que eram - e, se tinham a obrigação de fazer a vontade daquele que os arregimentara (II Tm 2.4) então, era isso o que iriam fazer. Davi queria água? Ele teria a água que desejara.
Sem pensar em culto eles deram uma oportunidade ímpar para que o Senhor fosse cultuado. Sem pensar em ofertas eles produziram algo de valor inigualável para Davi ofertar ao Senhor. O senso de Deus que Davi possuía levava-o a oferecer ao Senhor o que realmente tinha valor - ele jamais ofereceria ao Senhor algo sem valor, desprezível, como Malaquias denuncia que os judeus faziam em seus dias (Ml 1.7).
Está difícil para você? Está difícil servir ao Senhor? Está difícil produzir frutos? Falta-lhe tempo? Recursos? Falta-lhe apoio? Falta-lhe companhia? São poucos os que ainda trabalham? Não tem ninguém à sua direita ou esquerda? A vontade de desistir é maior do que a de prosseguir?
Antes de desistir, permita-me perguntar: em que isto vai glorificar a Deus? O seu fracasso, a sua desistência, o lugar vazio que você vai deixar nos remos vai glorificar a Deus em que? Ficar na zona de conforto, como expectador ou assistente vai ser muito bom para você, outros farão por você, mas em que sua vida glorificará a Deus? Creio que não haveria lugar de maior conforto que a glória, mas Cristo deixou-a e trocou-a pela cruz por você (Fp 2.5-8).
E qual o resultado disso? Qual o resultado da humilhação de Jesus? O mesmo resultado da ousadia e coragem daqueles três bravos soldados: a glorificação do nome do Senhor (Fp 2.9-11).
É óbvio que é possível escolher ficar na costumeira zona de conforto, aproveitando as bênçãos do cristianismo secularizado e acomodado do séc. XXI. Ninguém vai levantar uma voz condenatória, até porque esta é a atitude de grande parte dos cristãos atuais, da absoluta maioria. É consenso que, de cada 100 membros das Igrejas, apenas uma parcela entre 15 e 25% sejam efetivamente ativos - e que ao menos 40% contribui com sua presença e eventualmente financeiramente.
Não há comprometimento, não são, na maioria, soldados em campo de batalha. Muitos querem ser “general de Cristo” mas, ao mesmo tempo, ficar nos acampamentos apenas imaginando como deve ser a peleja - e fazendo isto com alguma eloquência. Geralmente quem menos se envolve é quem mais barulho faz.
É possível optar por ficar omisso, como os judeus ficaram quando Josebe-Bassebete enfrentou os filisteus; pode-se ainda ser ausente como eles foram quando Eleazar venceu os filisteus, ou ainda preferir a atitude semelhante à dos covardes e aproveitadores como foram quando Sama defendeu o campo de lentilhas.
Pior ainda, há ainda a opção de ficar esperando a notícia da queda dos valentes, a desistência dos que ainda lutam, como provavelmente os soldados ficaram quando souberam que eles estavam, sem apoio, indo para Belém onde teriam que enfrentar um acampamento inteiro de filisteus.
Estas atitudes são possíveis? Claro que são. Mas, quem optar por fazer assim não terá seu nome contado entre os grandes, não seremos contados entre os servos bons e fiéis, mas, certamente, estará entre os maus e negligentes (Mt 25.26) para os quais não resta outra coisa senão a reprovação do seu Senhor (Mt 25.30).
Quero lembrar uma coisa importante aos crentes. E só aos crentes. Se você é descrente, então, pode desconsiderar o que vou lhe dizer agora. É obvio que desejamos receber o galardão da mão do Senhor, mas Paulo nos faz uma interessante advertência, fazendo eco às palavras de Jesus de que somos apenas servos inúteis (Lc 17.10).
Nada feito apenas por “obrigação”, feito porque tem que ser feito agrada realmente ao Senhor (embora não seja nada mais que nossa obrigação fazer). Obras vazias fruto de corações frios não agradam ao Senhor, nem mesmo o que julgamos ser mais importante: a contribuição financeira (II Co 9.7) - pelo contrário, o que alegra o coração de Deus é a integridade (II Co 8.5).
Somente aquilo que é feito de coração, com alegria, produz alegria no coração de Deus (I Co 9.17). Cada um vai receber o galardão do seu trabalho para o Senhor (I Co 3.8) - e mesmo muito trabalho, se não for para o Senhor, não tem valor algum (Mt 7.22-23).

A orientação bíblica para quem está na obra é não desistir, não desanimar, continuar e ir em frente, mesmo que haja muitos e poderosos adversários (Hb 10.35).

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