INTRODUÇÃO
Uma queixa recorrente nos lábios de muitos membros ativos
na Igreja é que eles trabalham mais que os outros, se esforçam há anos sem
apoio da maioria da Igreja. É uma queixa justa, verdadeira. É um fato que, em
média, uma Igreja com 30% de membros ativos já pode se considerar afortunada.
E já foi observado que, quando a barreira dos 50% de
envolvimento é ultrapassada, a Igreja experimenta um crescimento numérico, em
comunhão e espiritualidade sem precedentes, um avivamento com resultados semelhantes
aos primeiros dias da congregação - quando a média de envolvimento geralmente é
muito superior a 50%.
Embora alguns reclamem que “falta espaço” para desenvolverem
seus dons e talentos, a verdade é que, quando se deseja algum espaço, deseja-se
o espaço do outro, fazer o que outro já está fazendo, e isto gera uma mera
troca, uma mera substituição que não aumenta a participação geral - e aqueles
que se encostaram não apresentam nenhuma alternativa para que seu potencial,
dons e talentos seja aproveitado, sem falar que acabam criando alguma raiz de
amargura ou ressentimento.
Se este é um problema real, como animar os que já estão no
batente para que continuem e, ao mesmo tempo, como despertar os que ainda não
se engajaram com todo o vigor para que se comprometam?
As crises são excelentes momentos para demonstrar o caráter
e a disposição das pessoas em relação à obra de Deus. Ser cristão na crista
da onda, ser filho do rei, viver um cristianismo tranquilo e vida mansa,
com tudo indo bem, a igreja cheia, muitas atividades, boas pregações, cultos
animados e bem musicados não apresenta dificuldade alguma.
Aliás, não só não apresenta dificuldades como acaba atraindo
muitos que se acostumam ao ambiente, gostam das atividades mas sem que tenham
realmente nascido de novo.
Mas, quando chega a tempestade, quando chegam as crises,
quando chegam as dificuldades, quando dar algo mais, andar a segunda milha,
perdoar o ofensor, suportar a perseguição se torna um imperativo, eis o momento
de saber quem, realmente, está edificado na rocha (Lc 6.47) e quem era
apenas planta sobre a rocha (Mt 13.20).
A Palavra de Deus nos apresenta três homens, quase
esquecidos na história, de quem quase nada ouvimos falar, mas que foram
contados entre os mais valentes guerreiros de Israel, ante os quais nem mesmo
os grandes generais, que aparecem mais, como Joabe, Urias, Abisai ou Benaia,
conseguiram sobressair. Eram homens de uma têmpera diferente. Quem são eles e
porque podem nos servir de exemplo para a Igreja de nossos dias - especialmente
quando não estamos em campo de batalha, pelo menos não ainda nem com espadas e
lanças?
Sua história é contada em II Sm 23.8-17.
8 São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal de três; este brandiu a sua lança contra oitocentos e os feriu de uma vez.
9 Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a peleja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel,
10 ele se levantou e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o SENHOR efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente para tomar os despojos.
11 Depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugia de diante dos filisteus.
12 Pôs-se Sama no meio daquele terreno, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o SENHOR efetuou grande livramento.
13 Também três dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, foram ter com Davi, à caverna de Adulão; e uma tropa de filisteus se acampara no vale dos Refains.
14 Davi estava na fortaleza, e a guarnição dos filisteus, em Belém.
15 Suspirou Davi e disse: Quem me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém!
16 Então, aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e tomaram-na, e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como libação ao SENHOR.
17 E disse: Longe de mim, ó SENHOR, fazer tal coisa; beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.
Josebe-Basebete, Eleazar e Sama. Quem
são estes homens? De onde vieram? Eram daqueles homens amargurados de espírito,
endividados, homens rejeitados pela sociedade, certamente desprezados que
consideravam seu mundo, sua cidade, um local que não era mais seu (I Sm
22.1-2).
Não precisamos nos preocupar com sua família, embora eles os
tivessem. Também tinham esposas, filhos, não eram diferentes de nós - mas não
estavam satisfeitos com a vida que tinham, talvez nem mesmo soubessem o que
buscavam - e aceitaram a liderança de Davi, homem de guerra, valoroso, cantado
em Israel (I Sm 18.7) e fora de suas fronteiras (I Sm 21.11) como
um grande general.
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