A teologia reformada afirma que a pregação é a vox Dei, isto
é, que quando o pregador proclama fielmente o conteúdo da mensagem Deus fala
através do pregador, Deus faz dele sua boca, seu profeta. Não vamos confundir
isto nem com o profetismo abusivo e impostor de nossos dias, nem com qualquer
pretensão de continuidade da revelação de Deus. Sabemos que a revelação está
completa e que tudo o que Deus quis transmitir de mensagem ao coração dos
homens para sua salvação está contido nas páginas das Escrituras.
Agora, pergunte-se: ‘Eu
entendi e apliquei o que da mensagem de Deus para minha vida neste ano de 2018’.
O que das mensagens, estudos, sermões, devocionais, leituras, cânticos e
orações tem sido realmente útil e edificante para a sua vida? Em que sua vida
foi alterada em virtude da proclamação continuada da Palavra, semana após
semana? Que pecados foram abandonados? Que resoluções abençoadoras foram
tomadas? O que do velho homem morreu por causa da Palavra e em que você se
revestiu do novo homem que se refaz segundo o conhecimento de Cristo?
Tente fazer um pequeno
esforço de memória e lembrar-se do tema de 5 mensagens dominicais? Difícil?
Foram 50 este ano, e estamos pedindo para lembrar apenas 10%. Tente lembrar de
5 textos utilizados nas mensagens, inclusive os das últimas semanas. Quantos
você consegue? Não se trata de um jogo de memória, trata-se do quanto estamos
ouvindo, aprendendo, apreendendo e, por conseguinte, praticando como Igreja do
Senhor.
Recentemente alguns membros
da Igreja agradeceram pelo conteúdo da Palavra que tem sido pregada. Outros me
apresentaram comentários interessantes que podem contribuir para o crescimento
da Igreja em conhecimento. De ambos, com a pequena experiencia pastoral
adquirida, podemos tirar coisas boas e coisas boas. E uma das lições mais
preciosas que tenho aprendido no que tenho estudado, no seminário, na academia,
é que o conhecimento pode ser apresentando de maneira profunda e simples.
Obscuridade quase sempre parece profundidade mas águas escuras podem
simplesmente esconder pedras rasas, como adverte o sábio irmão de Jesus (Jd
12-13).
Quero trazer à memória as
palavras de Jesus: as minhas ovelhas ouvem a minha voz e a seguem. Ouvir, no
sentido usado por Jesus, é submeter-se às ordens proclamadas e coloca-las em
prática imediatamente, sem questionamento ou nem mesmo escolha de que partes
serão obedecidas e que outras serão olvidadas.
Mais um pouco das palavras de
Jesus, que diz que aquele que tem os seus mandamentos, e os guarda, é que será
amado de Deus e receberá as graciosas manifestações de Deus. Quanto do que você
tem ouvido você tem guardado? Guardar tem o sentido bíblico de interiorizar,
como diz o salmista que afirmava guardar no coração a Palavra de Deus para não
pecar contra o Senhor (Sl 119.11) e orienta os jovens a guardarem o seu caminho
com pureza, e o jeito para fazer isso era orientando suas práticas pela Palavra
de Deus (Sl 119.9).
Conheço pessoas que possuem
uma agenda, um caderninho de notas, nos quais anotam aquilo que ouviram das
pregações dominicais. Isto é realmente muito bom, é uma prática salutar, que eu
acho recomendável, mas eu tenho que considerar que esta prática, por si mesma,
não é suficiente, pois pode resultar até mesmo em um conhecimento de esboços de
sermões, mas não ser interiorizado e transformar de prática da mensagem na vida
diária. Mais que guardar numa caderneta de anotações, é necessário que a
Palavra de Deus seja guardada no coração e expressa em ações.
Eis o alvo da
pregação. Eis o objetivo da mensagem que é apresentada semanalmente. Eis porque
pastores fiéis se afadigam no ensino, dedicam tempo, horas a fio, para
entender, explicar e aplicar o ensino da Palavra da melhor maneira possível. É
óbvio que alguns insucessos acontecem, às vezes não se tem a melhor compreensão
pois esta é limitada pelos efeitos do pecado na mente do homem. Pode acontecer
que a transmissão também não seja adequada. A recepção também enfrenta
barreiras culturais ou emocionais. Tudo isto pode atrapalhar, resultado de
corações e mentes contaminadas pelo pecado, mas o ministério do pastor deve ter
um esforço supremo: ser fiel ao Senhor que o chamou (2Tm 2.4) expressando
com fidelidade o que o Senhor mandar (2Cr 18.13), sem buscar o favor de homens (Gl 1.10) para não
perder a aprovação de Cristo.
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