domingo, 23 de dezembro de 2018

É DA ÉPOCA. EU IA FALAR SOBRE NATAL, MAS...


É da época. É do costume. Já escrevi mais de 200 páginas sobre o nascimento do redentor. Mas logo no início desta semana uma notícia que já está se tornando recorrente chegou a mim, e resolvi falar de pastores. Isto também é pertinente, uma vez que esta semana a Igreja Presbiteriana do Brasil comemora o dia do pastor presbiteriano, lembrando a ordenação do primeiro pastor brasileiro, Rev. José Manoel da Conceição, em 17 de dezembro de 1865.
Mas a minha palavra não é de homenagem aos pastores. Sei que há bons e maus pastores, sei que há pastores bons que erram e pastores maus que, como relógios quebrados, de vez em quando estão certos. Há pastores que amam suas ovelhas e se desgastam cuidando delas a ponto de exaurirem suas forças. Há pastores que abusam do rebanho, retirando delas até o que elas necessitam para sua própria sobrevivência. Há pastores que exercem um ministério honrado e são honrados pela Igreja com palavras, gestos, finanças, cuidado, presentes e atitudes de obediência porque reconhecem neles o anjo que o Senhor deu à Igreja; há pastores que não gozam destes cuidados porque a Igreja é relapsa, mas também há pastores que exigem serem honrados mas agem despoticamente, tiranicamente, se esquecendo que o rebanho é do Senhor.
Há pastores que são amados pelas famílias da Igreja, e há pastores cujas famílias são abraçadas e amadas pela Igreja; há pastores que são criticados e sua família vive sob crítica e cobranças da Igreja. Há pastores que, com sua vida e ensino, servem de inspiração e exemplo para a Igreja, e há aqueles que dividem a Igreja, são pedra de tropeço e rocha submersa para dano. Há pastores que gostam de marketing e divulgam tudo o que fazem, até uma oração silenciosa no trânsito, alardeando ser o que o rebanho não consegue ver, e há pastores que deixam que o Senhor, Aquele que vê em secreto, veja e recompense o seu trabalho, não permitindo que a mão esquerda saiba o que a direita fez. Há pastores que amam a posição, a honra e a dignidade do título, e há pastores que amam pastorear, ensinar e edificar o povo de Deus, e alguns em título de pastor tem.
Sim, ainda há pastores que amam sinceramente a Jesus Cristo, o reino de Deus, e suas ovelhas. Bem aventurada é a Igreja que é confiada por Deus a um pastor assim.
Mas, há alguns pastores que se cansam, e é por causa deles, que resolvi escrever este texto. Nesta terça recebi o informe a respeito de mais uma morte de pastor. Cansado, o ministro do Senhor pôs fim à sua própria vida. Há algum tempo lidava com a depressão, com a exigência de resultados, com a opressão de concílios, sofria com o sofrimento de sua família na Igreja, sofria e com seu sofrimento fazia a sua família sofrer, e isto afetava seu ministério, dificultando ainda mais a realização do trabalho pastoral. O último que eu soube era da Igreja Batista, não me inteirei sobre qual ramo batista, e isto não é importante. Já recebi informes sobre suicídio de pastores assembleianos, metodistas, quadrangulares e, também, presbiterianos. Conheço pastores que lidam com as pressões num estado de depressão tal que ir para Igreja é penoso, tudo o que desejam é encontrar um lugar escuro e silencioso onde possam estar a sós, alguns sequer conseguem orar tamanha é a sua angústia interior.
Muitas são as causas, mas em muitos dos relatos convergem afirmando que a exigência de que sejam super-homens, profícuos no ensino, visitadores, administradores, economistas, engenheiros, visionários, pais, maridos e mais um monte de coisa pesa-lhes sobre os ombros humanos, a ponto de se tornarem uma carga maior do que qualquer ser humano é capaz de suportar. Para evitar isto, a Escritura diz que a Igreja pode colaborar não sendo um peso aos seus guias (Hb 13.17). Tenho plena convicção que este é um dos presentes mais valiosos que um pastor pode receber durante todo o ano, e não apenas uma homenagem em um dia.

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