É da época. É do costume. Já escrevi mais de 200 páginas
sobre o nascimento do redentor. Mas logo no início desta semana uma notícia que
já está se tornando recorrente chegou a mim, e resolvi falar de pastores. Isto
também é pertinente, uma vez que esta semana a Igreja Presbiteriana do Brasil
comemora o dia do pastor presbiteriano, lembrando a ordenação do primeiro
pastor brasileiro, Rev. José Manoel da Conceição, em 17 de dezembro de 1865.
Mas a minha palavra não é de
homenagem aos pastores. Sei que há bons e maus pastores, sei que há pastores
bons que erram e pastores maus que, como relógios quebrados, de vez em quando
estão certos. Há pastores que amam suas ovelhas e se desgastam cuidando delas a
ponto de exaurirem suas forças. Há pastores que abusam do rebanho, retirando
delas até o que elas necessitam para sua própria sobrevivência. Há pastores que
exercem um ministério honrado e são honrados pela Igreja com palavras, gestos,
finanças, cuidado, presentes e atitudes de obediência porque reconhecem neles o
anjo que o Senhor deu à Igreja; há pastores que não gozam destes cuidados
porque a Igreja é relapsa, mas também há pastores que exigem serem honrados mas
agem despoticamente, tiranicamente, se esquecendo que o rebanho é do Senhor.
Há pastores que são amados
pelas famílias da Igreja, e há pastores cujas famílias são abraçadas e amadas
pela Igreja; há pastores que são criticados e sua família vive sob crítica e
cobranças da Igreja. Há pastores que, com sua vida e ensino, servem de
inspiração e exemplo para a Igreja, e há aqueles que dividem a Igreja, são
pedra de tropeço e rocha submersa para dano. Há pastores que gostam de
marketing e divulgam tudo o que fazem, até uma oração silenciosa no trânsito,
alardeando ser o que o rebanho não consegue ver, e há pastores que deixam que o
Senhor, Aquele que vê em secreto, veja e recompense o seu trabalho, não
permitindo que a mão esquerda saiba o que a direita fez. Há pastores que amam a
posição, a honra e a dignidade do título, e há pastores que amam pastorear,
ensinar e edificar o povo de Deus, e alguns em título de pastor tem.
Sim, ainda há pastores que
amam sinceramente a Jesus Cristo, o reino de Deus, e suas ovelhas. Bem aventurada
é a Igreja que é confiada por Deus a um pastor assim.
Mas, há alguns pastores que
se cansam, e é por causa deles, que resolvi escrever este texto. Nesta terça
recebi o informe a respeito de mais uma morte de pastor. Cansado, o ministro do
Senhor pôs fim à sua própria vida. Há algum tempo lidava com a depressão, com a
exigência de resultados, com a opressão de concílios, sofria com o sofrimento
de sua família na Igreja, sofria e com seu sofrimento fazia a sua família
sofrer, e isto afetava seu ministério, dificultando ainda mais a realização do
trabalho pastoral. O último que eu soube era da Igreja Batista, não me inteirei
sobre qual ramo batista, e isto não é importante. Já recebi informes sobre
suicídio de pastores assembleianos, metodistas, quadrangulares e, também,
presbiterianos. Conheço pastores que lidam com as pressões num estado de
depressão tal que ir para Igreja é penoso, tudo o que desejam é encontrar um
lugar escuro e silencioso onde possam estar a sós, alguns sequer conseguem orar
tamanha é a sua angústia interior.
Muitas são as causas, mas em
muitos dos relatos convergem afirmando que a exigência de que sejam
super-homens, profícuos no ensino, visitadores, administradores, economistas,
engenheiros, visionários, pais, maridos e mais um monte de coisa pesa-lhes
sobre os ombros humanos, a ponto de se tornarem uma carga maior do que qualquer
ser humano é capaz de suportar. Para evitar isto, a Escritura diz que a Igreja
pode colaborar não sendo um peso aos seus guias (Hb 13.17). Tenho plena
convicção que este é um dos presentes mais valiosos que um pastor pode receber
durante todo o ano, e não apenas uma homenagem em um dia.
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