sábado, 1 de dezembro de 2018

A PIOR ESCRAVIDÃO POSSÍVEL


Boletim da IP de Paragominas, 02 de dezembro de 2018

“Do Egito escravo fui, sim, sim, Oh! Sim!
Do Egito escravo fui, do vil faraó.
Triste, bem triste estava, meu coração chorava,
Liberta-me Senhor...”
O contexto desta música infantil é bem conhecido. Os hebreus, que não eram povo, mas apenas tribos que serviam aos egípcios, clamaram ao Senhor e Ele lhes enviou um libertador. Antes mesmo de saírem do Egito eles já reclamavam do libertador, e não dos egípcios.
Deus continuou sendo gracioso com aquele povo, tirou-os do Egito, encaminhou-os às portas da terra prometida e novamente eles mostraram sua triste natureza pecaminosa, duvidando da Palavra do Senhor e reclamando do libertador, e não dos canaanitas.
Mantidos por 40 anos no deserto para serem provados, isto é, amadurecidos em sua confiança em Deus, mais de uma vez reclamaram contra o libertador, e não contra as intempéries do deserto.
No Egito aquele povo, apesar de numeroso, não passava de escravos. Seus desejos e projetos eram desprezados e até mesmo destruídos, como aconteceu quando faraó ordenou a morte de todos os meninos hebreus. Tinham um presente tenebroso e estavam condenados a não ter futuro. Não sabemos quanto tempo durou a proibição de terem filhos, mas certamente ela foi revogada porque Josué e Calebe tinham em torno de 40 anos quando começam a marcha para fora do Egito.
Pense na tristeza deste povo sendo oprimido pelos egípcios, obrigados a trabalhar duramente sob ameaças de chicotes, podendo morrer nas mãos de seus exatores sem ninguém que os defendesse, tendo suas filhas tornadas escravas nos palácios reais e sem liberdade alguma para adorar a Deus ou irem para onde desejassem.
40 anos depois este povo que se mostrou rebelde e contumaz, este povo que foi oprimido na “dádiva do Nilo” agora está prestes a entrar em Canaã, terra que mana leite e mel.
Uma multidão de escravos agora está às portas da terra prometida, onde entrará não porque mereceram, mas porque Deus é fiel a si mesmo, e havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó que faria sua descendência herdar aquela terra.
Vão, finalmente, entrar no lugar com o qual tinham sonhado a vida inteira, onde viveriam felizes e obedientes ao seu Libertador e Senhor.
Era esse o projeto. Certamente isso alegraria o povo e alegraria o coração de Deus. Mas, se do Egito escravos foram, e tendo sido libertos do poder de faraó, logo depois de entrarem na terra prometida são obrigados a lidar com uma nova servidão, com a qual não se importavam e da qual não desejavam se libertar. Não me refiro à servidão aos diversos povos que, de tempos em tempos, invadiam suas terras e os oprimiam, necessitando de juízes que os libertassem.
Israel parecia time de futebol que precisava trocar de técnico de tempos em tempos para melhorar o desempenho.
A mais dura servidão com a qual Israel teve que se deparar não foi a egípcia, nem seria a babilônica ou romana séculos depois, mas foi a do seu próprio coração, referida por Paulo em Rm 7.
Os hebreus, agora de posse de suas terras, donos de suas cidades, senhores de suas próprias vidas resolveram que cada um faria o que bem entendesse, que cada um buscaria satisfazer os anseios do seu coração. A nota constante do livro dos juízes, que retrata este triste período da história do povo de Deus, é que “cada um fazia o que lhe parecia reto” (Jz 21.25) e o resultado era sofrimento, tanto para o povo quanto para aquele que fazia o que lhe parecia reto.
O povo não andava unânime diante do seu Senhor, e, endurecendo a cerviz como fora predito, rejeitavam a liberdade de servirem a Deus porque julgavam os mandamentos do Senhor penosos, para a escravidão às inclinações pecaminosas e individualistas de seus próprios corações, nas quais se deliciavam.
Como o autoritarismo que haviam experimentado no Egito lhes era odioso, passaram a se rebelar contra qualquer forma de autoridade que lhes dissesse um não, mesmo que este não significasse proteção, prevenção e benção e viesse da parte de Deus.
E o lamentável resultado é que, cada um desobedecendo à sua maneira, tornaram-se um povo dividido, irmãos levantando-se contra irmãos, como no caso dos benjamitas. E, como povo dividido, eram facilmente oprimidos e sofriam.
O que é inacreditável é que Israel não aprendeu. Os erros cometidos no Egito, reiterados na saída do Egito antes mesmo de atravessarem o mar, renovados durante a marcha no deserto, cometidos nos dias dos juízes e nos dias dos reis e profetas não ficaram no passado. O novo Israel, a Igreja cristã, também cometeu os mesmos erros. Quando será que a Igreja será finalmente curada deste mal que a escraviza?

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