domingo, 6 de janeiro de 2013

ESTARIA A IGREJA VOLTANDO AO TEMPO DOS JUÍZES?

Adaptado e desenvolvido para a Escola Bíblica da Igreja Presbiteriana em Gurupi, na rua 13.

13O livro dos juízes apresenta um panorama bastante confuso do povo israelita. Não tinham mais os grandes líderes que conheceram a escravidão no Egito, tais como Moisés, Josué e Calebe. Também não tinham mais as testemunhas oculares da conquista da terra prometida - e cada um começou a achar que poderia agir como bem entendesse [Jz 2.10] porque não havia um rei ou outro fator unificador para as 12 tribos se tornarem uma nação. Vivemos dias muito semelhantes aos dias dos juízes, marcados por muitas indefinições sobre os papéis sociais - e isto desde a célula mater da sociedade, a família, passando por todas as instituições que o homem organiza, sejam elas educacionais, sociais ou eclesiásticas. A mais danosa normativa social dos nossos dias é justamente não ter norma alguma. Cada um faz o que bem quer, e se é confrontado, especialmente com a normativa bíblica, logo afirma “nada a ver”. Não há mais padrões de conduta, impera a frouxidão moral e o que as pessoas pensam [sejam a maioria ou os mais barulhentos] acaba se tornando um comportamento aceitável, ainda que não encontre respaldo algum nas Escrituras [Sl 1.1-3]. Precisamos entender que vox populi , vox Dei é um conceito absurdo e antibíblico [Mc 15.13-14].

Desde o Éden existem dois padrões de conduta: o direcionado por Deus e aquele que é contra seu direcionamento [Mt 12.30]. Um é divino e o outro, embora pareça o da autonomia do homem, é diabólico [Tt 3.3; Rm 6.20]. Nosso papel é escolher sob qual padrão vamos orientar nossas convicções morais, nossas escolhas espirituais. Se observamos o resultado colhido pelos israelitas enquanto faziam o que bem entendiam, provavelmente não vamos querer os mesmos frutos. O problema é que já estamos colhendo, e nossos sentidos estão ficando embotados [II Co 3.14] e mesmo quando avisados continuam tranquilamente em seus afazeres [Mt 24.37].

clip_image002Dois conceitos precisam ser mencionados antes de prosseguirmos:

i. RELATIVISMO: relativismo é uma doutrina filosófica que nega a existência de uma verdade absoluta, ou seja, cada pessoa tem uma verdade à partir do seu próprio conceito de verdade, sua formação cultural, social, escolar, eclesiástica, etc... Cada um constrói sua própria verdade - e ninguém pode ser condenado à partir da verdade do outro, isto é, ninguém nunca está errado. Para o relativista não há pecado. Tendo o relativismo como mapa você pode ir para qualquer lugar, para qualquer direção. Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve, embora saibamos que o destino final será a morte eterna, o inferno.

ii. SANTIDADE: diferente do que usualmente pensamos, santidade não é apenas a ausência de pecado, mas é a decisão firme de não se contaminar com ele [Dn 1.8] e correr em busca de perdão quando não conseguir resistir às tentações ou cair diante das provações [I Jo 1.9] porque não há ninguém sem pecado [I Jo 1.8]. Para o santo o pecado é uma realidade que deve ser combatida, mesmo que isto signifique cortar na própria carne [Mt 5.29].

O PROBLEMA DO RELATIVISMO

O relativismo impera na mente e no coração do nosso povo - e o maior problema não é a sua existência, mas o fato de que a maioria de nós nem sequer reflete sobre ele - ou, dito de outra maneira, nem sabe que ele existe. Mas todos nós, em determinado momento de escolhas ou de julgamentos, pronunciamos a célebre frase “isso não tem nada a ver” ou “faça o que achar melhor” ou ainda “faça como seu coração mandar”, esquecendo-se da corrupção que toma conta do coração do homem [Jr 17.9]. No tempo dos juízes cada um fazia o que achava mais reto. Embora sem estabelecer um julgamento sobre questões assustadoras para nós, há um exemplo de ações do tempo dos juízes que nos deviam fazer refletir. Sua história encontra-se em Jz 17.1-18.31. Mas destaquemos alguns fatos:

i. Mica estabeleceu um culto idólatra - ninguém o censurou pois era um homem rico;

ii. Parece ter sido o primeiro homem a ter um personal pastor [Jz 17.10-13];

iii. Contratou para ser seu sacerdote pessoal um levita mercenário e carreirista [Jz 18.19].

Ao invés de ser reprovado Mica foi invejado pelos Danitas que lhe roubaram a estola, os ídolos e o próprio sacerdote.

O profeta Isaías denuncia que este mal perpassou o tempo dos levitas, e era comum também em seu tempo [Is 5.20]. O principal problema do relativismo é que ele confronta com a verdade revelada de Deus. A Escritura nos afirma que há uma verdade absoluta [Jo 17.17] e esta verdade produz santidade, isto é, disposição para não pecar e para arrepender-se quando pecar. É só pelo fato de que a verdade de Deus não muda que ainda recebemos de suas bênçãos [Nm 23.19]. Deus não muda [Ml 3.6] nem sofre qualquer tipo de variação, nem mesmo por um mero instante [Tg 1.17].

O que Deus falou nos dias de Moisés tem o mesmo valor ainda hoje [Mt 24.35]. Ainda que tenhamos a dificuldade de saber como aplicá-la, ela permanece a mesma pelo simples motivo de que Deus não mudou. Não devemos buscar a resposta da aplicabilidade da palavra de Deus no relativismo que hoje prevalece, mas devemos pedir sabedoria a Deus que certamente nos dará [Tg 1.5]. E esta sabedoria só pode ser obtida com duas atitudes: conhecimento e humildade. Penso que o povo de Deus sofre porque lhe falta estas duas coisas. É possível ter uma ou outra, e ainda assim não fazer a vontade de Deus. Humildade sem conhecimento tem levado muita gente a servir de massa de manobra, ser explorada por mercadejadores da fé [II Co 2.17] ou encabrestada por fábulas habilmente inventadas [I Tm 4.7 cp. II Pe 1.16-17]. E é justamente por falta de conhecimento que o povo de Deus sofria [Os 4.6]. Por outro lado conhecimento sem humildade gera arrogância. Podemos ver na historia do povo de Deus que o problema não era de desconhecimento, mas de desprezo pelo verdadeiro conhecimento [Rm 1.25].

É impressionante que os seres humanos, a joia da criação de Deus, se rebelem cada vez mais [Sl 42.7] em seus maus caminhos [Pv 14.12] e procurem explicações para seu comportamento dissociado da vontade de Deus no comportamento de brutos animais irracionais [Sl 49.20 cp. Ec 3.18] que em pelo menos duas ocasiões envergonharam seus possuidores [II Pe 2.15-16; Is 1.3]. O desprezo pela verdade de Deus gera muitas mentiras, conceitos que precisam ser cada vez mais elaborados para suprirem a sua falha essencial: são falhos, são mentirosos. São, enfim, imperfeitos em sua natureza. É por isso que a filosofia de uma época não tem utilidade em outra... É por isso que de tempos em tempos os conceitos filosóficos mudam, são repaginados, mas a pergunta essencial permanece: o que é a verdade [Jo 18.38]? Jesus estabelece que só ele pode dar esta resposta [Jo 17.7] que é, eminentemente espiritual [I Jo 5.6].

Mas não é assim a verdade de Deus. Não por acaso foi gravada em pedra. Ele não é influenciado pelo passar do tempo ou pelas circunstâncias [Sl 99.9] e seus princípios morais e espirituais não sofrem alteração e continuam vigorando ainda hoje [Sl 19.7]: o que é perfeito não precisa ser mudado. O alerta da palavra é que nossos caminhos nem sempre são os melhores - e muitas vezes caminhos que parecem os melhores são caminhos de morte. Nossas escolhas precisam ser orientadas por Deus e por sua palavra, com sabedoria e humildade, porque nem sempre elas estão corretas. Diante de tantas tentações para nos conformarmos com o padrão de vida deste mundo, a Palavra de Deus exige dos cristãos que eles tenham sua mente constantemente transformadas pela palavra [Rm 12.1-2]. O cristão tem que conhecer a palavra de seu Deus, pois só assim estará habilitado a refutar as filosofias mundanas e as armadilhas do inimigo. Todas as vezes que o povo de Deus sofreu foi por apostasia [negação em obedecer a Palavra de Deus - Mt 22.29]. A consequência da falta de conhecimento ou rejeição sempre foi sofrimento [Is 1.20].

Não há escolha para nós - existem apenas dois caminhos, e eles evidenciam a quem pertencemos. Ou pertencemos ao Senhor, e andamos segundo a sua Palavra [Sl 119.105] ou demonstramos ter outro senhor, e sua vontade escraviza seus servos [Jo 8.44].

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