R.
Na quarta petição, que é: O pão nosso de cada dia nos dá hoje", pedimos
que da livre dádiva de Deus recebamos uma porção suficiente das coisas boas
desta vida, e gozemos com elas de suas bênçãos.
Pv
30.8-9; I Tm 6.6-8; Pv 10.22
Ao
pedirmos o "pão nosso de cada dia" admitimos que somos incapazes de
prover o nosso próprio sustento. Ninguém pede o que não precisa – a menos que
esteja contaminado com o vício da mendicância ou da cobiça – e pedidos
cobiçosos são rejeitados pelo Senhor (Tg 4:3 - …pedis e não recebeis, porque
pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres).
O
REI SUPRE AS NECESSIDADES DE SEUS SERVOS
A
oração cuja vontade foi tornada submissa à vontade de Deus, suplicando pelo seu
reino e pelo cumprimento de Sua vontade, substitui a ansiedade pela gratidão
repleta de confiança (Fp 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo,
porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graças) porque conhece a Deus, e sabe que ele, como pai
que dá boas dádivas aos seus filhos (Mt 7.11 - Ora, se vós, que sois maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos
céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?) conhece todas as necessidades e
supre cada uma delas (Lc 12.29-30 - Não andeis, pois, a indagar o que haveis de
comer ou beber e não vos entregueis a inquietações. Porque os gentios de todo o
mundo é que procuram estas coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas).
O
SUPRIMENTO DA PALAVRA DE DEUS
Sabemos
que não só de pão viverá o homem (Mt 4:4 - Jesus, porém, respondeu: Está
escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca
de Deus), e, por isso, o Senhor nos orienta a pedir o suficiente para suprir as
nossas necessidades diárias (Pv 30.7-9 - Duas coisas te peço; não mas negues,
antes que eu morra: afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a
pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que,
estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha
a furtar e profane o nome de Deus).
CRISTO,
O PÃO VIVO
Ao
mesmo tempo não precisamos alegorizar a petição a respeito do pão diário como
se estivéssemos a pedir tanto a participação na ceia quanto a presença de
Cristo – dentro do contexto não parece ser este o objetivo do Senhor,
especialmente pelo fato de que a presença de Cristo em nosso meio independe das
nossas orações – ele prometeu se fazer presente (Mt 28:20 - …ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos
os dias até à consumação do século) tanto mais perceptivelmente quanto
estivemos ansiando e trabalhando pela vinda do seu reino.
O
REI IMUTÁVEL CONTINUA SUSTENTANDO SEUS SERVOS
Esta
petição remete, analogamente, ao sustento que Deus providenciou para seu povo
durante a caminhada no deserto – com exceção do dia de descanso, eles só
poderiam colher o "pão de cada dia" (Ex 16.16 - Eis o que o SENHOR
vos ordenou: Colhei disso cada um segundo o que pode comer, um gômer por
cabeça, segundo o número de vossas pessoas; cada um tomará para os que se
acharem na sua tenda) sem duvidar que, a cada dia, o Senhor dará o sustento
necessário (Êx 16:20 - Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, e alguns
deixaram do maná para a manhã seguinte; porém deu bichos e cheirava mal. E
Moisés se indignou contra eles). De maneira tola alguns comeram menos do que o
suficiente no dia, experimentando um mal desnecessário (Mt 6:34 - Portanto, não
vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta
ao dia o seu próprio mal).
Disto
aprendemos que o Senhor não quer que seus filhos vivam preocupados com o dia de
amanhã, mas que esperem confiantes na sua providência. O Senhor é o mesmo
diariamente e eternamente. Ansiedade é só um sintoma de ausência de fé na providência
de Deus, falta de fé em Cristo.
O
REI NOS ORIENTA A COMPARTILHAR DO SUPRIMENTO
Passa
quase sem perceber o fato de que Deus supre as necessidades de seu povo,
individualmente, mas, na oração, o Senhor diz para pedirmos a satisfação das
necessidades de todos os seus filhos. O pedido é "o pão nosso". O
ensino da Palavra de Deus é muito claro – não podemos nos fartar das dádivas
divinas, achando-nos abençoados, enquanto nossos irmãos passam necessidades (Tg
2.15 - Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do
alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos
e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o
proveito disso?).
Tiago
chama a isso de uma fé morta, diferente da fé experimentada pela Igreja
descrita no livro de Atos (At 4.34-35 - Pois nenhum necessitado havia entre
eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os
valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se
distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade).
O
REI NÃO SUSTENTA INJUSTOS
Entretanto,
este ensino se aplica aos que tem necessidades, não aos preguiçosos (II Ts 3.10
- Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer
trabalhar, também não coma). A Igreja do Senhor tem para com os preguiçosos o
mesmo compromisso que Deus tem – nenhum (Pv 24.33 - Um pouco para dormir, um
pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim
sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem
armado). Deus já lhes dá da sua graça comum, e recompensa aqueles que se
afadigam e dela se aproveitam (II Co 9.10 - Ora, aquele que dá semente ao que
semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e
multiplicará os frutos da vossa justiça). Porém, só colhe quem planta, pois a
colheita procede à semeadura, de modo que o preguiçoso, que não planta, que não
trabalha, não tem, evidentemente, o direito de colher.
A
benção do Senhor é para os justos, isto é, para os trabalhadores que descansam
no Senhor (Sl 127:2 - Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde,
comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto
dormem) que o fazem com fadiga, e às vezes, até com lágrimas mas com esperança
de colheita (Sl 126:6 - Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará
com júbilo, trazendo os seus feixes).