sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

P. 104. PELO QUE ORAMOS NA QUARTA PETIÇÃO?

R. Na quarta petição, que é: O pão nosso de cada dia nos dá hoje", pedimos que da livre dádiva de Deus recebamos uma porção suficiente das coisas boas desta vida, e gozemos com elas de suas bênçãos.
Pv 30.8-9; I Tm 6.6-8; Pv 10.22
Ao pedirmos o "pão nosso de cada dia" admitimos que somos incapazes de prover o nosso próprio sustento. Ninguém pede o que não precisa – a menos que esteja contaminado com o vício da mendicância ou da cobiça – e pedidos cobiçosos são rejeitados pelo Senhor (Tg 4:3 - …pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres).
O REI SUPRE AS NECESSIDADES DE SEUS SERVOS
A oração cuja vontade foi tornada submissa à vontade de Deus, suplicando pelo seu reino e pelo cumprimento de Sua vontade, substitui a ansiedade pela gratidão repleta de confiança (Fp 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças) porque conhece a Deus, e sabe que ele, como pai que dá boas dádivas aos seus filhos (Mt 7.11 - Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?) conhece todas as necessidades e supre cada uma delas (Lc 12.29-30 - Não andeis, pois, a indagar o que haveis de comer ou beber e não vos entregueis a inquietações. Porque os gentios de todo o mundo é que procuram estas coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas).
O SUPRIMENTO DA PALAVRA DE DEUS
Sabemos que não só de pão viverá o homem (Mt 4:4 - Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus), e, por isso, o Senhor nos orienta a pedir o suficiente para suprir as nossas necessidades diárias (Pv 30.7-9 - Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus).
CRISTO, O PÃO VIVO
Ao mesmo tempo não precisamos alegorizar a petição a respeito do pão diário como se estivéssemos a pedir tanto a participação na ceia quanto a presença de Cristo – dentro do contexto não parece ser este o objetivo do Senhor, especialmente pelo fato de que a presença de Cristo em nosso meio independe das nossas orações – ele prometeu se fazer presente (Mt 28:20 - …ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século) tanto mais perceptivelmente quanto estivemos ansiando e trabalhando pela vinda do seu reino.
O REI IMUTÁVEL CONTINUA SUSTENTANDO SEUS SERVOS
Esta petição remete, analogamente, ao sustento que Deus providenciou para seu povo durante a caminhada no deserto – com exceção do dia de descanso, eles só poderiam colher o "pão de cada dia" (Ex 16.16 - Eis o que o SENHOR vos ordenou: Colhei disso cada um segundo o que pode comer, um gômer por cabeça, segundo o número de vossas pessoas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda) sem duvidar que, a cada dia, o Senhor dará o sustento necessário (Êx 16:20 - Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, e alguns deixaram do maná para a manhã seguinte; porém deu bichos e cheirava mal. E Moisés se indignou contra eles). De maneira tola alguns comeram menos do que o suficiente no dia, experimentando um mal desnecessário (Mt 6:34 - Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal).
Disto aprendemos que o Senhor não quer que seus filhos vivam preocupados com o dia de amanhã, mas que esperem confiantes na sua providência. O Senhor é o mesmo diariamente e eternamente. Ansiedade é só um sintoma de ausência de fé na providência de Deus, falta de fé em Cristo.
O REI NOS ORIENTA A COMPARTILHAR DO SUPRIMENTO
Passa quase sem perceber o fato de que Deus supre as necessidades de seu povo, individualmente, mas, na oração, o Senhor diz para pedirmos a satisfação das necessidades de todos os seus filhos. O pedido é "o pão nosso". O ensino da Palavra de Deus é muito claro – não podemos nos fartar das dádivas divinas, achando-nos abençoados, enquanto nossos irmãos passam necessidades (Tg 2.15 - Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?).
Tiago chama a isso de uma fé morta, diferente da fé experimentada pela Igreja descrita no livro de Atos (At 4.34-35 - Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade).
O REI NÃO SUSTENTA INJUSTOS
Entretanto, este ensino se aplica aos que tem necessidades, não aos preguiçosos (II Ts 3.10 - Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma). A Igreja do Senhor tem para com os preguiçosos o mesmo compromisso que Deus tem – nenhum (Pv 24.33 - Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado). Deus já lhes dá da sua graça comum, e recompensa aqueles que se afadigam e dela se aproveitam (II Co 9.10 - Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça). Porém, só colhe quem planta, pois a colheita procede à semeadura, de modo que o preguiçoso, que não planta, que não trabalha, não tem, evidentemente, o direito de colher.

A benção do Senhor é para os justos, isto é, para os trabalhadores que descansam no Senhor (Sl 127:2 - Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem) que o fazem com fadiga, e às vezes, até com lágrimas mas com esperança de colheita (Sl 126:6 - Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes). 

P. 103. PELO QUE ORAMOS NA TERCEIRA PETIÇÃO

R. Na terceira petição, que é: "Seja feita Tua vontade, assim na terra como no Céu", pedimos que Deus, pela sua graça, nos torne capazes e desejosos de conhecer a sua vontade, de obedecer e submeter-nos a ela em tudo, como fazem os anjos no Céu.
Mt 24.39; Fp 1.9-11; Sl 103.20-21
Oramos pela realização da vontade de Deus – isto não quer dizer que a realização do propósito eterno de Deus dependa de algo em nós, nem mesmo das nossas mais ardentes orações. Não há, na oração, poder para apressar a implantação do reino.
A VONTADE DE DEUS É PERFEITA
Podemos afirmar que a vontade de Deus é perfeita, e, portanto, não precisa nem pode sofrer mudanças, não estando sujeitas a nenhuma condição circunstancial, inclusive a vontade ou ação de quaisquer criaturas, humanas ou angélicas. Não podemos esperar que Deus mude a sua vontade, pois sua vontade é um atributo eterno e em Deus não pode haver variações ou mudanças (Tg 1.17 - Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança).
Quando oramos para que a vontade de Deus seja feita isto quer dizer que, em primeiro lugar, desejamos conhecer e obedecer a sua vontade, como quando, por exemplo, rogamos para que o Senhor envie mais trabalhadores para a seara (Lc 10:2 - E lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara) ele efetivamente o faz – ele nos envia (Mc 16:15 - E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura).
A VONTADE DE DEUS É SOBERANA
O relato bíblico da provação de Jó nos mostra que a vontade de Deus é feita de maneira perfeita nos céus – inclusive o próprio satanás nada pode fazer se não estiver de conformidade com a vontade do Senhor. Ali os santos anjos do Senhor conhecem e querem fazer sua vontade, pois os que se rebelaram foram expulsos de lá (II Pe 2.4 - Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo). No céu também o Espírito Santo faz a vontade de Deus de maneira perfeita (Jo 16.13-14 - …quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar).
No caso dos homens a vontade dos crentes ainda está sendo moldada, sua mente ainda está sendo liberta das suas inclinações pecaminosas (Rm 7.15-17 - Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim) até que seja completamente renovada pelo próprio Senhor (Rm 12.2 - E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus).
O CRENTE SUJEITA SUA VONTADE À DE DEUS
O Senhor nos ensina que nossas orações são respondidas quando pedimos segundo a sua vontade (I Jo 5:14 - E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve). É insensato imaginar que o Senhor concederá os desejos de um coração rebelde e que usará suas bênçãos para ampliar esta rebelião (Tg 4:3 - …pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres).
Nossa oração por ver a vontade de Deus ser feita passa, primeiramente, pela sujeição da nossa vontade à de Deus. Somente um genuíno convertido pode orar de coração para que a vontade de Deus seja feita, porque ama e deseja guardar os mandamentos do Senhor e estar com ele (Jo 17:24 - Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo).
PARA CUMPRIR É NECESSÁRIO CONHECER
Se ainda estamos sendo preparados, podemos fazer a vontade de Deus de maneira perfeita? Em primeiro lugar, para compreendermos qual a vontade de para nossas vidas precisamos ter a mente renovada e vivenciarmos esta nova vida (Rm 12.2 - E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus).
É certo que, para que nossa oração seja recebida e atendida precisamos permanecer na sua Palavra (Jo 15.7 - Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e vos será feito).
É impossível permanecer na Palavra de Deus se não a conhecer (At 22.14 - Então, ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires uma voz da sua própria boca).

A CERTEZA DE QUE DEUS CUMPRE SUA VONTADE
Alguns pseudo teólogos defendem que colocar a condicional "se" em uma oração é uma forma de duvidar de Deus, quando, na verdade, expressa muito mais a sujeição da nossa vontade à vontade de Deus. Lamentavelmente alguns querem saber mais que o Senhor e serem mais santos que o próprio filho de Deus (Lc 22.42 - …dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua)
Cristo deu o exemplo mais bem acabado do que significa orar pedindo para que a vontade do Pai seja feita: ele sujeitou-se totalmente, fez a vontade do pai, e recebeu nome acima de todo nome (Fp 2.9-11 - Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai).
Desta forma, orar para que a vontade de Deus seja feita, no céu e na terra, é desejar que, em qualquer circunstância, a vontade do Pai celeste domine sobre a vontade do homem, e este submeta seus desejos à vontade de Deus, submeta suas decisões às orientações da palavra de Deus de maneira que Deus seja a razão de sua vida (Gl 2.20 - …logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim), deixe-se controlar pelo Espírito Santo (Gl 5:16 - Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne) sendo, finalmente, capacitado a, mesmo nas maiores provas, a orar como o Senhor e esperar que seja feita a vontade de Deus.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

EM DIAS DE CARNALIDADE…

PULAR CARNAVAL OU PULAR O CARNAVAL?
Há algum tempo escrevi um texto sobre o carnaval exortando os cristãos a pularem o carnaval, isto é, não tê-lo em sua agenda. Embora eu acredite que já deveria ser absolutamente desnecessário dizer que cristãos não devem se envolver com o carnaval, cada vez mais parece imperativo tratar do assunto.
Não que o carnaval seja uma festa pagã. Mais pagão é o inocente "halloween" de brincadeirinha nas escolas brasileiras – o carnaval é uma festa orgíaca, sem dúvida, mas muito mais pagãs são as festas juninas, que muitas Igrejas "envangelicalizaram" sob o nome de 'festa das nações' e até um 'sem João com Jesus'. Desculpem, mas isto é conversa para engambelar tolos, é simplesmente uma mundanização da Igreja.
Como disse, o carnaval não é uma festa pagã, embora muito semelhante aos antigos bacanais (em honra a Baco, divindade do vinho) e também aos cultos da fertilidade comuns tanto em Canaã como na Europa pré-cristã. É uma festa da carne, onde vale tudo, sensualidade, luxúria, bebidas e, cada vez mais, violência, drogas e dinheiro, cada vez mais dinheiro.
E os cristãos, o que tem com isso? Nada, ou não deveriam ter nada, embora existam 'blocos evangelizadores' saltitando alegremente em meio a orgia carnavalesca sob a desculpa de que está evangelizando os foliões, os mesmos foliões que podem ser encontrados em suas casas, em seus trabalhos, em sua escola, no trânsito e no ônibus, e em tantos outros lugares e os evangelizadores não os conseguem encontrar durante 362 dias do ano.
 Em meio a tudo isto lembrei-me de uma marchinha carnavalesca composta por Caetano Velos que se tornou clássico carnavalesco – e que eu alegremente cantava na década de 80: "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu". Embora a afirmação se referisse a morte física, sem querer, como Caifás (Jo 11.49-52), o insosso Caetano apresenta uma verdade a respeito dos cristãos – os verdadeiros cristãos não se empolgam com o carnaval simplesmente porque já estão mortos para os rudimentos do mundo (Cl 2:20 - Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças) e para suas concupiscências.
Pois é. Vais assistir o desfile das escolas de samba? Vai torcer pela Mangueira ou pela Jabuticabeira? É, isto é sinal de que estás vivo, e isto é ruim, pois ainda não morrestes com Cristo. Andas a observar os atributos da mulata globeleza? De novo, mais um triste sinal de que a vida de Cristo ainda não se manifestou. Em que parte das "boas obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas" você consegue encaixar o carnaval?
Quantos cristãos não estão se comportando como Demas, acreditando que podem se comportar como mundanos por uma semana e o resto do ano como cristãos aguardando ansiosamente não a volta de Jesus, mas o próximo carnaval?
Um conselho? Pule o carnaval, risque-o da sua agenda, vá para um retiro, para um acampamento, para uma fazenda… desligue sua TV e tranque suas portas, mas pule o carnaval. Sei que a diferença parece pequena entre pular o carnaval e pular carnaval. É uma diferença tão pequena quanto a vida e a morte, a glória ou o inferno, Cristo ou o diabo. A quem você vai servir, afinal? 

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