quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

CONFLITO JUDEU-ÁRABE: O COMEÇO (?)

CONFLITO JUDEU-ÁRABE: O COMEÇO (?)
A história do conflito árabe-palestino é vista como o desenrolar de fatos relatados na bíblia há aproximadamente 4000 anos (não vou entrar em datações neste post, pois julgo-as desnecessárias ao menos neste momento).
O fato é que ambos os povos, hebreus e árabes, reivindicam a si a legitimidade da filiação abraãmica. O Antigo Testamento conta-nos que um homem chamado Abrão [e sua esposa Sarai) foram chamados por Deus para se mudar da região de Ur, na Caldéia (moderno Iraque) para a região onde hoje se localiza Israel (chamada, à época, de Canaã – terra dos cananeus). A promessa de Deus era que ele seria abençoado dando origem a uma grande nação. Após dirigirem-se à região em companhia do sobrinho Ló, e numerosas aventuras, Abrão e Sarai entenderam que a promessa tardava, e resolveram interpretar a promessa de Deus a seu próprio modo: se era de Abrão (agora com idade próxima aos 90 anos) que sairia uma grande nação, isto não precisava acontecer necessariamente de Sarai (com idade entre 70 e 80 anos).
O caminho para "ajudar" Deus no cumprimento de sua promessa foi sugerido por Sarai: Abraão deveria gerar um filho de Hagar – uma serva egípcia [era comum os patriarcas possuírem mais de uma mulher, seja como esposa ou concubina]. Desta união nasce um menino chamado Ismael, que se torna o único herdeiro da riqueza de Abrão (embora a bênção mais desejada não fosse a posse, mas o direito de linhagem a primogenitura).
Quando Ismael era já adolescente Deus novamente fala com Abrão, informando-o que a promessa de Deus se cumpriria – e sem a ajuda extra dele ou de Sarai, que, aliás, riu-se por saber seu esposo amortecido e ela já tendo passado do período fértil. Por causa do seu riso Deus determinou que o menino se chamasse Isaque – que significa riso. Para tornar ainda mais evidente o cumprimento da promessa o nome de ambos é mudado. Abrão passa a chamar-se Abrãao e Sarai torna-se Sara. Como Deus não deixa cair no chão uma só de suas promessas, um ano depois nasce Isaque, o segundo filho de Abraão mas o legítimo herdeiro da cobiçada primogenitura, frustrando as esperanças de Ismael, que evidentemente recebe o irmão como um usurpador.
O relato bíblico informa-nos que Sara "viu Ismael zombando" do pequeno Isaque, e exigiu de Abraão que expulsasse Hagar e Ismael de sua presença (é bom lembrar que Hagar era, originalmente, serva de Sara, embora concubina de Abraão). É óbvio que Abraão não se alegrou com tal exigência, mas Deus garantiu-lhe que nada de mal aconteceria a Hagar e Ismael, pelo contrário, o próprio Deus deles cuidaria e de Ismael surgiria uma grande nação. Com apenas um pão e um odre de água ambos deixam as terras de Abraão (não vejamos o "deserto" citado na passagem como uma região de areia e calor, mas uma região evidentemente inóspita especialmente por ser pouco habitada).
Hagar e Ismael perambulam por um tempo na região, e, protegidos por Deus, sobrevivem. Ismael fixa-se no deserto da Arábia e gera doze filhos: Nebaiote; Quedar, Abdeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá.
Já Isaque gerou apenas a dois filhos, os célebres gêmeos Esaú e Jacó, que, depois de muitas aventuras tem seu nome mudado por Deus para Israel – e gera, também ele, doze filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Gade, Aser, José, Benjamim, Dã e Naftali. Destes dois não deram origem à tribos civilmente organizadas (Levi – que se tornou o grupo sacerdotal hebreu, sem direito a possessões) e José, que teve dois filhos que deram origem a duas tribos, recompondo, assim, o número de 12 (Manassés e Efraim).
Séculos depois estas tribos começariam a se enfrentar pelo direito de dominar a chamada "Terra Prometida". Os relatos destes enfrentamentos se encontram especialmente nos livros de Josué e dos juízes e seriam alimentados pelos romanos quando deportaram os judeus da região por volta do ano 70 d.C, reinventados com o surgimento do islamismo no século VII, avivados (com um fortíssimo tempero pseudo-cristão) durante a idade média (cruzadas) e retomados modernamente com o movimento sionista no séc. XIX e o anti-semitismo do séc. XX, especialmente nazista. Durante todo este tempo sempre houve fortíssima perseguição aos judeus – seja por motivos alegadamente religiosos – seriam eles os assassinos do Messias, e rogaram sobre si o sangue de Jesus, merecendo, assim todo o sofrimento e perseguições que têm sofrido especialmente no segundo milênio pos Christ; ou econômicos (como diz certo tolo num blog do Emir Sader – qual dos dois mais tolos, o que escreve ou o que publica tal absurdo? - acusando os judeus sempre trabalhadores e econômicas, até porque treinados para enfrentar as adversidades e sempre temerosos de novas perseguições [como as cruzadas cristãs, os progroms russos, anti-semitismo ariano] de agiotas, exploradores e ladrões).
Em próximo post tratarei do anti-semitismo e do movimento sionista moderno, a origem do estado de Israel e as guerras de sobrevivência que o mesmo tem travado. É bom salientar que Israel não deu início a nenhuma guerra na região – todas foram reativas, desde a primeira, em 1948 até a atual.

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