Estamos encerrando uma semana onde alguns beijos foram dados, e outros são lembrados. Alguém já disse que há muitos tipos de beijos – inclusive aqueles que não deveriam ser beijados.
Numa forma de protesto contra a inexpressiva presidência do autopastor e deputado Marco Feliciano na mais inexpressiva ainda comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados [afinal, por ali só circulam alguns milhões míseros de reais], duas Montenegros - nome sugestivo para tal assunto - protagonizaram espetaculares beijos. Assumo aqui o sentido de espetacular para significar show, de mostra, de teatralidade mesmo. A primeira, a mãe, durante um protesto formal em praça pública, e a segunda, a filha, num gesto mais estudado, num programa televisivo com o sugestivo nome de vem ai... o que vem mesmo por aí? Ofensas à milhões de brasileiros que não concordam com o homossexualismo, que o acham uma aberração e que, talvez, estavam à frente da televisão se preparando para dormir, talvez conversando com seus filhos, foram obrigados a assistir um beijo lésbico. Teatral? Cenográfico? Técnico?
Que importa! Alguém que deseje ver cenas de lesbianismo [padrão antinatural de relacionamento sexual humano – Rm 1.26] sabe onde encontrar tais cenas. Basta digitar uma única palavra em www.google.com e terá uma enxurrada de sites. Ou ir a qualquer banca de jornal ou locadora. É possível ver o que se deseja gratuitamente. Mas eu não quero. Eu não queria que minha filha visse tamanha afronta aos valores cristãos. E a rede Globo fez isto – a que eu repudio veementemente. Teve tempo para pensar nas consequências, e, creio, o fez de propósito – como, aliás, defendo que vem fazendo desde que transformou o homossexualismo em caricatura [quem não lembra do capitão gay do Jô Soares], depois tentou apresentar como um padrão normal [Torre de Babel] até que passou a caricaturizar os heterossexuais.
Beijos negros, montes deles, montes negros. Aquilo não foram beijos de verdade, não havia sentimento, havia apenas o desejo de contestar, de ofender, de aparecer na mídia. Na verdade, foi mais um tapa na cara, uma ofensa que muitos [cristãos] acharam divertida, engraçada, digna de aplausos. Não eu. Sei que não sou o único, e, mesmo que fosse, ainda assim insistiria: NÃO EU. Este não é o meu padrão. Não é o padrão que quero que forme a mente de meus filhos. Insisto. NÃO EU. Não estou do lado do monte negro que pretendem erigir.
Outro beijo também é lembrado nesta semana. Foi dado há quase 2000 anos por um homem cujo nome é uma corruptela de Judá, o quarto filho de Jacó e Lia, a esposa não amada, e significa “filho do meu louvor”. Foi dado num jardim, numa noite negra, em um monte negro chamado Getsêmani. Foi o beijo da traição. O que deveria ser um gesto de carinho, e, até mesmo na cultura hebraica um gesto de consideração, tornou-se universalmente conhecido como o gesto que marca a mais nojenta traição jamais praticada.
Ali mais um passo era dado pelo Senhor Jesus rumo à cruz. Já tentaram tirá-lo da história, já tentaram mantê-lo da cruz. Já tentaram tirá-lo do coração dos crentes com ameaças, com perseguições e mortes. Não conseguiram. Tentam, agora, a exemplo de Judas Iscariotes, tirá-lo com beijos cênicos. O dia em que os cristãos aceitarem os montes negros de beijos que enojam as famílias brasileiras que ainda temem ao Senhor, Jesus terá pedido licença, não para entrar, como querem os arminianos, mas para se retirar. O Espírito terá sido apagado, as profecias desprezadas, o mundo e o mundanismo terá triunfado sobre a igreja.
Se há alguém que ainda espere um tempo de tribulação [a tal grande tribulação] é porque seus olhos ainda estão turvos, seu coração está amornecido pelos calores mundanos. Somente néscios não percebem que já a vivemos, embora a mesma seja disfarçada. Não são mais os porretes, os cassetetes e as espadas. Mas os beijos... beijos traiçoeiros, beijos negros, montes deles, montes negros de beijos.
O que me consola é saber que “as portas do inferno não prevalecerão sobre a igreja” [Mt 16.18], e, ainda que a igreja cristã desapareça num lamaçal de pecados no Brasil, ela ainda se fará presente em algum lugar no mundo, nem que seja no seio da igreja oficial e formalmente perseguida na África, ou no Oriente Médio.