1 Dias depois, entrou Jesus
de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. 2 Muitos afluíram para ali, tantos que
nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.
3 Alguns foram ter com ele,
conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. 4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão,
descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo
uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. 5 Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus
pecados estão perdoados.
6 Mas alguns dos escribas
estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar
pecados, senão um, que é Deus? 8 E
Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes:
Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? 9 Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus
pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10 Ora, para que saibais que o
Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao
paralítico: 11 Eu te mando:
Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
12 Então, ele se levantou e,
no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se
admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!
Mc 2.1-12
PORQUE A MULTIDÃO BUSCAVA A JESUS
Jesus era conhecido por duas
razões – a primeira, e provavelmente a que mais havia se espalhado pela região,
era como alguém capaz de fazer coisas extraordinárias por causa dos numerosos
milagres que havia feito, tantos que Marcos prefere não mencioná-los, falando
detalhadamente de alguns e citando muitos enfermos e endemoninhados (At 8:7). Provavelmente por isso a multidão o seguia mesmo nos lugares
ermos, chegando mesmo a impedi-lo de entrar nas cidades, não que ele não
quisesse, porque pregava sempre que podia nas sinagogas deles, mas porque tal
era o alvoroço que caminhar pelas estreitas ruas das pequenas vilas palestinas
se tornava quase impossível (Lc 8:45).
A segunda razão para algumas
pessoas procurarem-no era que ele ensinava como quem tem autoridade (Mc 1:22). Assim
foi com Nicodemos (Jo 3:4), por exemplo, e até mesmo
com o jovem rico, mas que tinha seu coração voltado para as riquezas (Lc 18:18).
Vamos analisar o texto escolhido
para nossa meditação nesta ocasião e estabelecer alguns fatos referentes ao
evangelho e referentes ao relacionamento entre o homem e o Senhor Jesus – fatos
que são, ao mesmo tempo, inquestionáveis e contemporâneos.
FATO N. I: A
MULTIDÃO BUSCA A JESUS (v. 1-2)
1 Dias depois, entrou Jesus
de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. 2 Muitos afluíram para ali, tantos que
nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.
Após alguns dias Jesus dirigiu-se, novamente, a Cafarnaum.
Ele estava estabelecendo um perímetro inicial para o cumprimento de sua missão
– fazer a luz do mundo (Jo 8:12) brilhar na região
da escuridão, onde reinava a obscuridade (Is
9:1), onde o povo era de pouca instrução e os instrutores
não se davam ao trabalho de ensinar-lhes porque eles se relacionavam com outros
povos e eram, por isso, considerados indignos e impuros.
Embora dispusesse de uma casa onde hospedar-se (a de Pedro)
parece que Jesus se estabelece em uma residência (Jo 1:38).
A chegada de Jesus a Cafarnaum não poderia passar
despercebida. Não depois de ter curado a sogra de Pedro, vários outros doentes
e libertado outros tantos possessos por espíritos imundos. É provável, também,
que já soubessem que ele havia estabelecido uma base por ali, afinal, alguém já
famoso como Jesus alugar uma casa numa vila como aquela deveria ser, sem sombra
de dúvidas, um acontecimento.
Um fato inconteste é que a multidão logo se reuniu às portas
da casa onde ele se encontrava. Marcos diz que eles foram “a uma”, como se
tivessem sido convocados por alguém muito importante, e, na verdade, mesmo sem
saber, estavam se colocando diante do seu rei, para ouvir sua voz, saberem qual
a sua vontade, conhecerem sua lei e seus deveres. Lembremos as ruas estreitas,
casas humildes, e muita gente tentando chegar o mais perto possível da porta de
onde Jesus lhes falava – se muitos procuravam-no por causa de eventos
miraculosos, ele lhes proclamava a palavra. Os milagres não eram um fim em si
mesmo, os milagres demonstram sua autoridade de origem divina, mas era a sua
vida e o seu ensino que transformaria vidas, e, por conseguinte, encheria o
mundo.
Marcos faz questão de ressaltar este ponto – para a multidão
que ele procurava ele não os saciava com um show de milagres, aliás, a
expectativa por milagres é própria de uma geração corrupta (Mt 12:39), ao contrário do que caracteriza os verdadeiros crentes, que
creem, mesmo sem precisar de tais demonstrações (II Co 5:7).
O que levava aquela multidão a Jesus? Curiosidade? Para
muitos sim, mas o que é inquestionável é, fosse qual fosse o motivo, a multidão
o procurava movidos por uma força que os convocava a apresentarem-se diante de
Jesus, o rei que não reconheciam e nem reconheceriam.
FATO N. II: A
MULTIDÃO TINHA INTERESSES AO PROCURÁ-LO (v. 3-4)
3 Alguns foram ter com ele,
conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. 4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão,
descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo
uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.
Não pretendemos apontar se os interesses das pessoas de
Cafarnaum e região ao procurarem a Jesus eram legítimos ou não, mas o fato é
que todos tinham algum tipo de interesse, desde a mera satisfação de uma
curiosidade sobre o que ele era capaz de fazer (ele faz milagres mesmo? Ele ensina
bem mesmo?), a resposta para uma dúvida existencial (que fazer para herdar a
vida) e a solução para um problema imediato. E é sobre esta necessidade
imediata que Marcos vai se deter.
Quatro homens saíram ao encontro de Jesus carregando um homem
paralítico, prostrado em seu catre, uma espécie de maca feita de madeira, couro
e tecido grosso de algodão. Uma multidão de interesses conflitantes tornou
impossível que eles se achegassem a Jesus. Se, para as pessoas normais, já era
difícil, imagine a dificuldade multiplicada. Não era um, mas quatros homens
carregando uma maca com um enfermo, ocupando o espaço de, pelo menos, 12
pessoas. É óbvio que, se todos queriam se aproximar de Jesus por seus próprios
interesses, não abririam mão de tanto espaço para os interesses de uma pessoa
só. Até mesmo os próprios discípulos já foram, de alguma forma, motivos para
impedimento de que as pessoas se aproximassem de Jesus, como a mulher cananéia (Mt 15:23) e as crianças (Lc
18:16).
Devemos nos lembrar que cada discípulo de Jesus é colocado
para ser um facilitador para que as pessoas cheguem a Jesus e não causa de impedimento ou vergonha (Sl 69:6).
Aqueles quatro homens tinham diante de si uma impossibilidade
– não a impossibilidade de não ter tempo, ou de morar longe da Igreja (temos
tempo para lazer e para o trabalho, independente da distância e do horário).
Eles queriam, mas não tinham poder
para vencer a resistência da multidão e buscaram uma alternativa, subindo no
teto da casa onde estava Jesus e fizeram um buraco grande o suficiente para
fazerem descer por ali o paralítico. Não é dito que eles tiraram telhas – eles
fizeram um buraco, certamente fazendo cair barro dentro da casa. Era muito
comum que as casas da região tivessem o teto feito de barro e galhos finos
trançados que tornava a casa mais fresca durante o dia.
Eles não fizeram o que todo mundo podia fazer, eles fizeram o
que era necessário fazer para se aproximarem de Jesus. Não sabemos de onde
aquele paralitico veio, o que podemos afirmar é que ele não foi levado a Jesus
quando da sua primeira passagem por Cafarnaum, quando curou a sogra de Pedro e
muitas outras pessoas.
FATO N. III: AS
PESSOAS TEM UMA PERCEPÇÃO DIFERENTE DA DE JESUS (v. 5-8)
5 Vendo-lhes a fé, Jesus
disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. 6 Mas alguns dos escribas estavam
assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar
pecados, senão um, que é Deus? 8 E
Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes:
Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
Embora a multidão não tenha percebido a extrema necessidade
daquele paralítico, o texto nos mostra três formas de perceber uma situação. As
duas primeiras estão relacionadas a como Jesus considera as nossas motivações –
a terceira, que está entre elas no relato, é como os homens podem perceber as
ações do Senhor.
Em primeiro lugar, vemos que Jesus é capaz de se aperceber,
de compreender, de ver o que ninguém mais é capaz de ver – a fé. Porque nós não
conseguimos? Porque não somos Deus. Porque ele é capaz de perceber? Porque ele
é o doador e consumador da fé (Hb 12:2). É por meio dele que
a fé vem (At 3:16) e se consuma.
Jesus percebe o grau de envolvimento daqueles homens com o
seu desejo de que o paralitico seja curado – eles não fariam tanto se não
acreditassem que, efetivamente, Jesus poderia curá-lo. Eles depredam o
patrimônio alheio, invadem lhe a privacidade, sujam sua casa, interrompem seu
ensino – mas o fazem porque tem fé, porque acreditam que Jesus era capaz de
satisfazer o intento do seu coração. Eles não queriam nada para si mesmos – nem
ouro, nem conforto. E Jesus consegue, sendo quem é, perceber que em seu coração
havia fé. E atende-lhes a sua fé ao afirmar ao paralítico que ele obtivera o
perdão dos seus pecados – observe que ele ainda não fora curado, mas já tivera
os seus pecados perdoados.
Em segundo lugar vemos a reação de alguns observadores – os
mesmos escribas que ensinavam sem comprometimento com as Escrituras, sem
autoridade, sem interesse pelo bem daquele povo e que foram comparados como
ineptos diante do ensino de Jesus ficam indignados. Eles estavam ali já há
algum tempo. Tinham um lugar privilegiado, estavam assentados, literalmente
desocupados depois que a multidão se voltou para ouvir o que Jesus lhes
anunciava, com autoridade, sobre o reino de Deus. Estavam ali ociosos, sem nada
fazer e sem nada buscar, seus corações apresentavam pensamentos divergentes,
contraditórios e francamente hostis ao que Jesus fazia.
E acusavam Jesus de falar uma blasfêmia, isto é, dizer algo
contra Deus ou atribuir a Deus o que Deus nunca pretendeu dizer. Talvez eles
devessem fazer uma rápida passagem pelas igrejas do sec. XXI para fazerem um
curso intensivo de detecção de blasfêmias – quanta asnice é dita como se Deus
tivesse dito, sem que jamais fez parte do santo conselho de Deus. Quantos
colocam Deus como alguém que tem sonhos – quando Deus tem um plano; colocam
Deus como um pedinte de amor, quando ele é o doador do amor e Senhor de todos.
Mas eles, na sua ignorância e oposição, colocando-se contra Jesus na verdade
acabam proporcionando a ocasião perfeita para que Jesus nos esclareça o porque
dos milagres. É verdade que eles abençoavam as pessoas, mas não era este o
motivo principal. É verdade que eles apontavam para Jesus como o messias, e
este era um motivo importante, mas o principal motivo era para autenticar a
divindade de Jesus. Eles afirmam, acertadamente, que somente Deus tem poder
para perdoar pecados.
Utilizando uma metáfora bem comum aos brasileiros, a bola
estava na marca do pênalti. O goleiro já estava caído num canto... só faltava o
gol.
E aqui temos a terceira percepção, de Jesus, a respeito dos
homens. Se dos primeiros ele percebeu a fé, destes ele percebe, rapidamente, a
incredulidade, perguntando-lhes porque alimentavam dúvidas no coração? Eles não
haviam dito nada, mas Jesus conhece o coração dos homens (Lc 5:22) e sabia o que pensavam e sentiam, sabiam que
não se alegrariam com a cura de um paralítico como não se alegraram com nenhum
dos outros milagres. Nenhum milagre é suficiente para satisfazer uma geração
adúltera, má, incrédula – nenhum milagre é necessário para levar alguém aos pés
de Jesus, com fé. Os amigos do paralítico creram antes do milagre – os escribas
se tornaram opositores ainda mais ferrenhos vendo o milagre.
Assim como a fé é facilmente perceptível pelo Senhor, assim
também a incredulidade. Incrédulos podem enganar os homens – uma pessoa pode se
tornar membro de uma Igreja e, ainda assim, permanecer incrédula. Alguém pode
nascer, ser batizado na infância, tornar-se adolescente e jovem na Igreja, e
até mesmo permanecer depois de adulto, como foi o caso destes escribas, e ainda
assim, permanecer na incredulidade. Pode até ser um eficiente guardador de
normas eclesiásticas, e ainda assim ser um incrédulo (Mc 10:20). Pode até tornar-se um alto dirigente da Igreja, e
ainda assim permanecer na incredulidade, precisando, desesperadamente, nascer
de novo (Jo 3:3).
FATO N. IV: JESUS
PROVA INQUESTIONAVELMENTE SUA DIVINDADE (v. 9-11)
9 Qual é mais fácil? Dizer ao
paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu
leito e anda? 10 Ora, para que
saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados
- disse ao paralítico: 11 Eu te
mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Porque Jesus realizava milagres? Para o bem estar passageiro
dos homens? Evidente que não era apenas isso. Para atestar sua messianidade?
Sim, mas não apenas para isso. Quando os amigos do paralitico creram antes do milagre, quando os escribas,
estudiosos da lei, que deveriam ter reconhecido mais facilmente o messias do
que os demais que julgavam rudes e ignaros (Jo 7:49) não
creram nem mesmo durante o milagre, e questionam se Jesus tinha, realmente, autoridade
para perdoar pecados (algo que qualquer um poderia falar) eles aprenderão que, de fato, somente Deus é capaz de
perdoar pecados de uma maneira inquestionável.
Muitos poderiam se apresentar como o messias – mas quantos
poderiam fazer o que Jesus fazia? A afirmação de que somente Deus pode perdoar
pecados forneceu a ocasião perfeita para Jesus provar sua divindade, seu poder
sobre todas as coisas, inclusive perdoar pecados. Quem pode perdoar pecados –
Deus? O que Jesus fez? Perdoou pecados. Eles duvidavam? Então cabia uma
demonstração visível de algo que eles não podiam ver.
Eles não criam em Jesus como o que podia perdoar pecados, mas
poderiam crer no Jesus que mandava a um paralítico, descido com cordas da
cobertura furada da casa pelo esforço de quatro amigos, que se levantasse,
tomasse o seu catre e fosse embora. Mas não era a cura em sim, mas o propósito
– o milagre era para que eles soubessem que Jesus era, a um só tempo, o filho
do homem, o messias, o redentor, e, também, possuía autoridade exclusiva de
Deus, perdoar pecados, que Jesus então ordena que o homem se levante, ande, e
vá pra casa carregando o que antes era usado para carrega-lo.
Eles não creriam mesmo assim. Rejeitaram a Jesus como o servo
sofredor, rejeitaram-no enquanto andava por toda a parte anunciando o reino,
fazendo o bem a todos, curando os enfermos, libertando os oprimidos do diabo.
Eles o rejeitariam de todas as formas porque não eram das ovelhas de Cristo,
jamais poderiam ouvir a sua voz (Jo
10:26).
A mensagem que Jesus
proclamava era: o reino de Deus é chegado. No reino de Deus o coxo anda. No
reino de Deus o cego vê. No reino de Deus os mortos ressuscitam – e tudo isto
aconteceu durante o ministério de Jesus. No reino de Deus os crentes seriam
separados dos incrédulos, e isto também aconteceu durante o ministério de
Jesus. Jesus já provou que é o filho de Deus, o Deus em carne – o problema não
é a falta de provas – o problema está em seu coração que pode ser como o dos
escribas.
FATO N. V: CONHECER
A JESUS SEMPRE TEM REPERCUSSÕES IMEDIATAS (v. 12)
12 Então, ele se levantou e,
no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se
admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!
O Senhor afirma que sua Palavra não volta vazia, mas produz
os resultados designados (Is 55:11). Jesus é,
também, a um só tempo, a pedra sobre a qual a casa é edificada (Mt 7:24) e a pedra que esmaga os incrédulos (Lc 20:18). O
mesmo Jesus que é crido como por uns como o Filho de Deus é rejeitado por
muitos mais como o Filho de Deus.
Ao ter seus pecados perdoados e tendo ouvido a ordem do
Senhor para tomar o seu leito aquele homem realiza algumas ações. A primeira é
que ele abandona a sua antiga posição de prostração. Ele se levanta, ele toma
uma atitude. E ele se levanta para obedecer, não para questionar, não para a
desobediência ou para ficar observando letargicamente. Ele se levanta e faz
exatamente o que Jesus manda – toma o seu leito e vai embora. Os que antes
impediam-no de entrar agora abriam espaço para ele sair.
A ação de Jesus também fez com que, apesar da incredulidade
dos despeitados escribas, as pessoas ficassem fora de si, admiradas, extasiadas
com o que acontecera diante de seus olhos. Não houve um show previamente
combinado como tem acontecido em nossos dias, com curas anunciadas de antemão e
participação de atores. Aquele homem era conhecido – a cura era um fato
inconteste, Jesus, de fato, tinha poder para curar enfermos, mas tinha, também,
autoridade para perdoar pecados, e o faz mais de uma vez (Jo 8.10).
A ação de Jesus levou aqueles que testemunharam a fazerem a
única coisa que lhes era digna de fazer – glorificar a Deus, aquele que
proporcionou a realização de tão extraordinários feitos em seu meio. Ao invés
de glorificarem homens, como acontece com os falsos profetas que querem seus
nomes nas fachadas de seus templos, que querem ser vistos por todos e recebem a
recompensa pelo que fazem aqui mesmo (Mt
6:2), ao invés de
chamarem algum homem de grande poder e poder de Deus, mas que, sem Cristo, está
no caminho da perdição (At 8.10-11) eles glorificam a Deus.
CONCLUSÃO
Deixe-me relembrar os fatos que ocorreram naqueles dias,
naquela vila de Cafarnaum, na distante e esquecida Galiléia dos gentios:
i.
Havia ali
uma multidão que buscava a Jesus – como hoje, as multidões ainda
tem a mesma necessidade;
ii.
Havia ali
uma multidão que buscava a Jesus com os mais diversos interesses – e
independente de quais sejam estas intenções, elas existem;
iii.
Havia ali
diferentes percepções à respeito da situação – Jesus percebia algumas
coisas que ninguém mais percebia, e havia quem não percebesse o que lhes era
mostrado com clareza;
iv.
Havia ali
pessoas que viram Jesus provar, inquestionavelmente, a sua messianidade e a sua
divindade – e mesmo assim muitos continuavam firmes em sua
incredulidade;
v.
Havia ali
uma multidão que sofreu influência imediata da ação de Jesus na vida daquele paralítico – e só
lhes restava glorificar a Deus.
Você tem alguma dúvida quanto a algum destes fatos? Com o que
você não concorda? Este é o relato que Marcos recebeu de uma testemunha ocular
– o apóstolo Pedro, seu tio. Pedro e Marcos poderiam ser desmentidos se
faltassem a verdade, já que escreveram menos de 30 anos depois dos fatos – ainda
havia pessoas vivas que haviam presenciado estes acontecimentos, como atesta
Paulo ao escrever aos Coríntios mais ou menos na mesma época (I Co 15:6).
Mas ninguém os desmentiu. Nem mesmo os inimigos do
cristianismo conseguiram se levantar contra os relatos apostólicos – se
levantaram contra a fé, contra a mensagem, mas não contra a veracidade dos
relatos. Então, você e eu temos que admitir que o que foi dito esta noite é
verdade – é a verdade de Deus sobre seu Filho, Jesus Cristo, sobre seu enviado,
Jesus Cristo, sobre seu amor e suas obras, e, principalmente, sobre o fato de
ele ser o único meio de salvação para os pecadores (At 4:12).
Eu poderia, insistentemente, apresentar mais dados, falar de
mais ensinos e de mais milagres do Senhor Jesus – mas acredito que o que foi
dito basta para eu poder te perguntar: o que você vai fazer? Um ex-paralítico
saiu dando glórias a Deus pelo perdão de seus pecados e pela cura recebida. Um
religioso ficou questionando Jesus com seu coração endurecido. Não há terceira
via. Qual será o seu agir?