O apóstolo
Paulo certamente não se sentia um heroico desbravador do mundo gentílico com a
espada do evangelho em punho. Também não se via como um general, um
conquistador como muitos tem se considerado ultimamente. Ele se considerava um
mero servo, um soldado em campanha que devia total obediência ao seu Senhor que
o arregimentou (II Tm
2:4 - Nenhum soldado em
serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer
àquele que o arregimentou).
Paulo tinha
consciência de seu chamado (At
9:15-16 - Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um
instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como
perante os filhos de Israel; 16 pois eu lhe
mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome) e das consequências deste chamado, bem como para o que fora chamado (Gl 1.15-17 - Quando, porém, ao que me separou
antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve 16 revelar seu Filho em mim, para que eu o
pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, 17 nem subi a Jerusalém para os que já eram
apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra
vez, para Damasco) e se esforçou por cumprir este chamado numa atitude de
obediência e submissão (At
26:19-20 - Pelo que, ó
rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, 20 mas anunciei primeiramente aos de Damasco
e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se
arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de
arrependimento) porque sabia que era esta a sua obrigação, sabia que não tinha
escolha (I Co 9:16 - Se anuncio o evangelho, não tenho de
que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não
pregar o evangelho!).
Seu chamado era
para semear onde ninguém mais havia semeado, pregar onde outros não estavam
pregando, edificar onde ninguém estava edificando (Rm 15:20 - ...esforçando-me, deste modo, por
pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre
fundamento alheio). Ele foi tão criterioso que a única igreja para a qual ele
escreveu que não era filha de suas viagens missionárias foi a Igreja em Roma -
e é justamente na carta aos romanos que ele coloca este princípio ministerial
porque o objetivo de Paulo era tê-la como parceira no projeto missionário de
atingir a península ibérica, a Espanha.
Paulo tinha
consciência de seu chamado e lidava, desde o começo, com a desconfiança e a
oposição. Foi assim que o novo convertido foi recebido na própria Igreja (Gl 1:23 - Ouviam somente dizer: Aquele que, antes,
nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir) que
desconfiava de algum estratagema. Também os judeus perceberam o potencial
propagador do evangelho que se levantava e logo estabeleceram planos para
tirar-lhe a vida (At
23:12 - Quando
amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de
comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo). Foi assim em todo lugar,
inclusive entre os gentios (II
Co 11:26 - ...em
jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em
perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em
perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos) e sempre
houve adversários do progresso do evangelho que colocavam em cheque a sua
autoridade apostólica (I
Co 9:1 - Não sou eu,
porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não
sois fruto do meu trabalho no Senhor?) a ponto de ele ter que dizer que a fonte
de seu evangelho era o próprio Senhor Jesus (Gl 1:11-12 - Faço
-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o
homem, 12 porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante
revelação de Jesus Cristo) sendo, portanto, recebido entre os demais apóstolos
como genuíno apóstolo com uma missão diferente (Gl 2.9 - ...e, quando conheceram a graça que me foi
dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a
Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles,
para a circuncisão).
E mesmo assim,
com todas estas credenciais e lutas, Paulo ainda se considerava o menor dentre
os apóstolos (I Co 15:9 - Porque eu sou o menor dos apóstolos,
que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de
Deus) embora tivesse consciência da abrangência do seu trabalho e creditasse o
alcance de sua obra não a si mesmo, mas à graça de Deus atuando nele e através
dele (I Co 15:10 - Mas, pela graça de Deus, sou o que
sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei
muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo).
Quando Paulo
fala das perseguições sofridas ele não tem o objetivo de gloriar-se (II Co 10:17 Aquele,
porém, que se gloria, glorie-se no Senhor) e muito menos de despertar sentimentos de pena, pelo contrário, elas
são apenas evidências de sua apostolicidade (Gl 6:17 -
Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de
Jesus). Seu objetivo é levar os cristãos a enfrentarem confiantemente as
provações reconhecendo que é um privilégio maravilhoso crer em Cristo e ser
considerado digno de sofrer por ele (Fp 1:29 -
Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de
crerdes nele), partilhando de seus sofrimentos e assim, em meio às provações,
terem a sua fé aprovada (Tg
1:12 - Bem-aventurado o
homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido
aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam)
resistindo, quando necessário, até ao sangue (Hb 12:4 - Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao
sangue). E, sim, muitas vezes foi mesmo necessário!
Os próprios
tessalonicenses eram prova disso. Ele sofreu entre eles para lhes dar o
evangelho. Mais do que isso, os tessalonicenses se tornaram imitadores de
Paulo, inclusive, desde o começo, sofrendo as mesmas perseguições que ele
sofria e sendo perseguidos em lugar dele. Receberam o evangelho em meio a
provações e se mantiveram firmes em sua esperança de vida eterna por mais
acirradas que as provações se apresentassem. Com o exemplo deles podemos
aprender algumas coisas preciosas para os cristãos que vivem mansamente no
mundo multicultural do séc. XXI.
Como cristão,
discipulo de Cristo, imitador de Paulo e do próprio Cristo (I Co 11:1 - Sede meus imitadores, como também eu sou
de Cristo) você certamente vai encontrar obstáculos imensos ao exercício da sua
fé. O mundo lhe servirá de obstáculo tão grande quanto for sua fé (Lc 21:12-13 - Antes, porém, de todas estas coisas,
lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos
cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome;
13 e isto vos acontecerá para que deis
testemunho).
Provavelmente
ninguém ameaçará os cristãos brasileiros com prisões, chicotes, pedras, leões,
flechas, fogo e cruz. Os inimigos da sua fé serão muito mais sutis,
imperceptíveis e por isso muito, muito perigosos. Serão familiares amados,
amigos de toda uma vida, parceiros de lazer e colegas de estudo ou de trabalho,
que tudo farão pra que você seja como eles, se conforme com o mundo deles (Rm 12:2 - E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus) e não seja refeito segundo a
imagem de seu salvador, Jesus Cristo (Cl 3:10 - ...e
vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou).
O mundo não quer
que você seja santo, não quer que você se santifique, na verdade o que ele quer
é que você faça como todo mundo, afinal, todo mundo faz, e incorra nas mesmas
ações de todos, assim, ninguém condena ninguém. Isto não quer dizer que todas
as pessoas tenham o interesse de trazer males sobres sua vida, eles apenas não
são capazes de enxergar o perigo em que estão sem a luz do Espírito de Cristo,
não tem discernimento (I
Co 2:14 - Ora, o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente). Para eles é
normal, alguns até são “cristãos”, dizem crer em Deus e fazer alguma atividade
religiosa de vez em quando.
Anormal é ser
cristão de verdade, compromissado com o Senhor e seu reino. Normal, para eles,
é ser cristão nominal e é possível que, semana após semana se assentem ao seu
lado na Igreja e talvez, por mais paradoxal que isto possa parecer, até sejam
eles quem te convidem para ir à Igreja.
Mas o que você
não pode deixar de considerar é o fato de que Jesus disse a verdade: seus
discípulos despertariam a animosidade, o ódio e a ira do mundo que iria fazer,
e faz, de tudo para vê-los cair. Por isso há três atitudes que os cristãos
devem considerar como essenciais para viver sua fé:
i.
Proclamar a verdade independente dos obstáculos;
ii.
Proclamar a verdade de Deus com fidelidade;
iii.
Proclamar a verdade de Deus com fidelidade porque isso glorifica a Deus.
ATITUDE Nº I: PROCLAMAR A VERDADE DE DEUS
I Ts
2:1-2 - Porque vós, irmãos, sabeis, pessoalmente, que a nossa estada entre vós
não se tornou infrutífera; 2 mas,
apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, como é do vosso conhecimento,
tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus,
em meio a muita luta.
O evangelho,
quando realmente vivido, produz frutos. Quando a fé é operosa, quando o amor é
abnegado e verdadeiro, quando a esperança se mantém firme mesmo quando
duramente provada e tudo parece perdido (Hc 3:17-18 - Ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja
gado, 18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto
no Deus da minha salvação) os frutos não deixam de aparecer. Preso e perseguido
em Filipos Paulo deixou ali uma Igreja estabelecida com famílias inteiras
convertidas, como as de Lídia e do carcereiro. A estada de Paulo em Tessalônica
não foi infrutífera. Os próprios crentes tessalonicenses experimentaram os
efeitos de uma vida digna do evangelho de Cristo, produzindo frutos dignos de
arrependimento (At 26:20
- ...mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a
região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas de arrependimento).
Apesar de terem
sofrido maus tratos (propasxw), e de serem ultrajados (ubrizw), isto é, serem vítimas de tratamentos ofensivos e insolentes,
prejudicados por calúnias nada disso deve ser visto como suficiente para
impedir o evangelho de dar frutos.
E não pode
impedir o fiel de dar frutos porque o modelo é o modelo de seu mestre, e foi em
ultrajes e maus tratos (I Pe 2:21-23 - Porquanto
para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar,
deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, 22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou
em sua boca; 23 pois ele,
quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas
entregava-se àquele que julga retamente) que o Senhor Jesus alcançou o fruto do penoso trabalho de sua alma,
a salvação de muitos (Is
53:11 - Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o
meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as
iniqüidades deles levará sobre si).
Assim como terra
não revolvida é terra improdutiva, assim também crente acomodado é improdutivo
e, à semelhança de terras incultas, tomado por ervas daninhas e juquira, que no
caso são os frutos da carne, os vícios.
Mas apesar da
oposição Paulo manteve sua ousada confiança no Senhor, mesmo com muita luta
anunciou o evangelho e viu muitos serem salvos pela fé no Senhor Jesus Cristo.
Em meio a muitas lutas Igrejas tem nascido, crescido e se fortalecido mas, quando
os crentes deviam imitar a Cristo e se tornam como camelos mimetizando o mundo as igrejas vão se tornando
irrelevantes, mornas e mortas. Igrejas só são Igrejas do Senhor quando, através
de suas vidas, cada crente, cada cristão comprometido com o reino proclama o
evangelho de Deus mesmo se houver perseguições e muitas lutas.
ATITUDE Nº II: PROCLAMAR A VERDADE COM FIDELIDADE
I
Ts 2:3-4 - Pois a nossa exortação não procede
de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; 4 pelo contrário, visto que
fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim
falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso
coração.
A oposição e as
barreiras ao evangelho nem sempre são físicas, na verdade, estas são as menos
relevantes. Elas são espirituais (II Ts 2.3-4 - Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque
isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem
da iniqüidade, o filho da perdição, 4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus
ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,
ostentando-se como se fosse o próprio Deus) e também filosóficas (II Co 10.3-5 - Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. 4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo).
Aliás, prisões, cadeias e maus
tratos serviram para os cristãos mostrarem a firmeza e o poder de sua fé (Fp 1.12-13 - Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o
progresso do evangelho; 13 de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram
conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais) a um mundo profundamente desiludido com
a frouxidão moral e o formalismo vazio do paganismo ou as exigências legalistas
judaísmo.
A verdade pode ser atacada pela
mentira, pelo erro, pode ser incentivada a negociar princípios, tornar-se
impura, perder a eficácia.
Foi, por exemplo, o que aconteceu
com o cristianismo quando se tornou religião oficial do império romano na
segunda metade do séc. IV. O mundo romano viu-se obrigado a ser cristão - mas
sem conversão, sem o conhecimento verdadeiro do verdadeiro Deus. E o
cristianismo se tornou um paganismo com o símbolo da cruz. Velas no lugar dos
penates, adoração a mártires no lugar do culto aos antepassados, santos no
lugar dos deuses e semideuses, pompa ritualista sacerdotal no lugar dos
basileus greco-romanos, padres intermediando o culto no lugar dos antigos
sacerdotes pagãos.
Foi assim, também, com o
cristianismo europeu tres séculos após a Reforma no cristianismo europeu.
Alemanha, Inglaterra e Holanda sucumbiram ao secularismo existencialista
niilista. Foi o que também aconteceu com o cristianismo americano. Todos
abraçaram a filosofia e os estatutos da ciência humanista e materialista e, os
que ainda sobrevivem, estão moribundos.
É o que está acontecendo com o
cristianismo brasileiro que abraça o pragmatismo, que aceita elementos da
cultura católica, umbandista, espírita ou inventa novas formas de erro, de
engano, de trapaça, de maldade consciente e dolosa.
Para tudo isto a Palavra proclama
um só julgamento: eles mudaram a verdade de Deus para criarem sua própria
religiosidade, seu próprio Deus (Rm
1.25 - ...pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando
e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!). E para
estes o Senhor proclama um só antídoto: saiam daí imediatamente (Ap 18:4 - Ouvi outra
voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em
seus pecados e para não participardes dos seus flagelos), como Lutero e os
reformadores fizeram.
Viver aprovado por Deus, honrando o
evangelho que nos foi confiado implica em anunciar a verdade de Deus mesmo que
isso contrarie a cultura, a filosofia, estatutos pseudocientíficos
materialistas como o evolucionismo, pragmatismo que traz benefícios pessoais e
mesmo que isto contrarie até mesmo a Igreja da qual faz parte (Gl 2:11 - Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face,
porque se tornara repreensível) porque o alvo do cristão é ser fiel (I Co 4:2 - Ora, além
disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado
fiel), é agradar àquele que o arregimentou, é agradar àquele que prova os
corações e sabe até quando uma pessoa faz o que lhe é mandado pelas motivações
erradas (Pv 24:12 - Se disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem
segundo as suas obras?) e lhes dá a recompensa que suas motivações merecem.
ATITUDE Nº III: PROCLAMAR A VERDADE COM FIDELIDADE PARA GLORIFICAR A DEUS
I
Ts 2:5-6 - A verdade é que nunca
usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos.
Deus disto é testemunha. 6 Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós,
nem de outros.
A Igreja que
troca a pureza do evangelho por uma mistura que seja mais palatável ao mundo
está anunciando outro evangelho. Misturar filosofia, religião ou ciência ao
genuíno evangelho acaba criando outro evangelho, um evangelho inútil (Gl 1:8-9 - Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo
vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho
que vá além daquele que recebestes, seja anátema) que não produz salvação e
assim ela se aparta da graça de Cristo como estava acontecendo com os crentes
gálatas (Gl 1:6 - Admira-me que estejais passando tão
depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho).
Quando a Igreja
deixa de ser fiel e obediente ao seu Senhor e busca agradar a homens ou ao
mundo que jaz no maligno ela jamais vai conseguir ser agradável aos olhos do
Senhor (Lc 16:13 - Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas) e por isso não merece outro nome além
de bajuladora, dotada de um discurso adulador mas não salvífico, sinagoga de
satanás (Ap 3:9 - Eis farei que
alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e
prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei).
Uma Igreja
bajuladora só tem interesse nas coisas deste mundo (I Tm 6:9 - Ora, os que querem ficar ricos caem em
tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as
quais afogam os homens na ruína e perdição), exatamente como os mestres
sofistas do séc. I e só merece outro terrível veredicto do Senhor: gananciosa.
O problema é que
se você não é testemunha de Jesus como ele mandou, se você é desobediente e
lerdo em testemunhar ele é testemunha veloz (Ml 3:5 - Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e
contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do
jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e
não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos) contra o relapso, contra o de ânimo
dôbre e, se você é infiel, ele é sempre fiel, inclusive para aplicar a sua ira
prometida aos infiéis (Is
1:20 - Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do
SENHOR o disse).
E é a aprovação
de Deus, e não a do mundo, que a Igreja deve buscar com todas as suas forças. É
por ter sido escolhida pelo Senhor que a Igreja deve testemunhar. Não é tão
difícil conseguir a glória de homens. É humanamente possível. Os fariseus
conseguiram!
Não é difícil
conseguir a glória até mesmo entre as pessoas na Igreja. Muitos ministros de
satanás conseguiram e ainda conseguem enganar muitas pessoas na Igreja (Mc 13:22 - ...pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e
prodígios, para enganar, se possível, os
próprios eleitos).
Também não é
humanamente impossível conseguir a glória do mundo. Mas nada disso é
permanente, tudo isso é vaidade como afirma o sábio Salomão, no começo (Ec 1:2 - Vaidade de
vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade) e no fim de suas
reflexões (Ec 12:8 - Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo
é vaidade).
A única coisa
que não é vaidade é a certeza de que o Senhor vai tomar juízo sobre o que
fazemos com os bens deste mundo e que, ao final, vale a pena servir ao Senhor (Mt 19:29 - E todo aquele que
tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa
do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna). O crente, o fiel, só deve ter um
desejo: ser encontrado em Cristo para ver sua firme esperança se tornar em
celeste realidade (Fp
3.9-11 - e ser achado
nele, não tendo justiça
própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça
que procede de Deus, baseada na fé; 10 para o
conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua
morte; 11 para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos).
Enquanto isso,
seu propósito é viver de modo digno de Deus, é viver obedientemente diante de
seu Deus que o chama para seu reino e glória.
CONCLUSÃO
A mensagem das Escrituras é
para a Igreja do Senhor Jesus. Ela é viva, é atual. Meditamos na mensagem do
Espírito à Igreja dos tessalonicenses sabendo que tudo que está revelado é para
a Igreja do Senhor com o imperativo de obedecer (Dt 29.29 - As coisas encobertas pertencem ao SENHOR,
nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei) em todos os tempos e lugares. Isto
significa que é para você, isto é, é para você que é crente, que é um fiel, que
quer agradar ao seu Senhor e pretende ouvir dele, por sua graça, o convite para
entrar no reino glorioso que está preparado para os que são dele (Mt 25.34 - ...então, dirá o Rei aos que estiverem à sua
direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo), que ele escolheu desde
antes da fundação do mundo em seu filho Jesus (I Pe 1.2 - ...eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do
Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz
vos sejam multiplicadas).
Acredito que você já saiba como,
mas me permita fazer aquilo que a Palavra manda, isto é, repetir, inculcar na
mente as Palavras do Senhor para que você se lembre com o máximo de clareza
possível:
Em primeiro lugar, você tem que estar disposto a viver e
anunciar o evangelho mesmo que surjam (e certamente surgirão) obstáculos. Na
verdade você deve ir preparado com a expectativa de que, onde não houver
perseguição e oposição, mesmo que não seja física, ela venha a surgir por causa
da pregação da verdade a um mundo que odeia a verdade e ama a mentira. Os
inimigos da luz do mundo, que é Cristo (Jo
8:12 - De novo, lhes falava Jesus,
dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo
contrário, terá a luz da vida), não ficarão felizes em ver a luz brilhar
através dos remidos (Mt 5.16 - Assim brilhe
também a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai que está nos céus)
denunciando as obras infrutíferas das trevas e vendo o julgamento que se abate
sobre eles [Jo 3.19 - O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os
homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras
eram más).
Em segundo lugar
você, cristão,
tem que estar disposto a viver e anunciar o evangelho sem negociar a verdade,
sem abrir mão de princípios e sem misturá-lo com nenhuma cosmovisão do presente
século (II Tm 4.10 - Porque Demas,
tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito,
para a Dalmácia) porque isso caracterizará um desvio da verdade. Já afirmamos
que o que o Senhor requer de seus servos é que sejam encontrados fiéis (I Co 4.2 - Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel).
Somos advertidos que o mundo quer
que admitamos e aceitemos sua fôrma e sua forma de ser - e somos chamados para
sermos inconformados, transtornadores deste sistema porque conformados à imagem
de Cristo. O resultado é que, fora da fôrma do mundo o mundo pode querer
deforma você, como fez com Estevão e quis fazer com Paulo... E você pode perder
a sua vida. Mas, se perder a sua vida, você a ganhará eternamente (Lc 9.24 - Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida
por minha causa, esse a salvará).
Em terceiro lugar você tem que estar disposto a viver o
evangelho proclamando a verdade com fidelidade com o objetivo de agradar a
Deus. Se o seu objetivo não for agradar a Deus, se o que você faz na Igreja, se
a sua religiosidade tem como alvo agradar a homens ou ao mundo, então é tudo
inútil e pecaminoso.
Tem quem faz por dinheiro - e isto
é pecaminoso. Tem quem faz por fama e reconhecimento. E isto é pecaminoso. Tem
quem faz por política - e isto é pecaminoso. Tem quem faz para agradar amigos e
familiares - e isto é pecaminoso. A única razão aceitável é glorificar a Deus. Isto,
e só isto, é aceitável e agradável ao Senhor.
Não há outra alternativa para a
Igreja e para o crente que deseja ser frutífero: ele tem que conhecer, viver e
proclamar o evangelho e com isso glorificar a Deus. Se você gosta da Igreja mas
não tem esta disposição então não se comprometa. Se você gosta da Igreja e tem
medo de sofrer alguma forma de oposição ou perseguição, então, não se
comprometa. Se você não está plenamente convicto de que o evangelho é a verdade
absoluta e perfeita de Deus e quer mantê-lo puro então não se comprometa. Se
você deseja de alguma forma ser glorificado então você não deve se comprometer
porque Deus não da a sua glória a ninguém (Is
48.11 - Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria
profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem).
Mas é meu dever te alertar que, se
não tens compromisso com o salvador ele também não tem nenhum compromisso em te
salvar. Se você não confessá-lo agora como seu Senhor ele também não te
receberá como súdito em seu reino (Mt 10:32 - Portanto, todo
aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus).
Me permita concluir com um desafio
para você, crente, abrir mão de teu conforto tão duramente alcançado, de suas
convicções pessoais desprovidas de fundamentação bíblica e do desejo de ver sua
vontade estabelecida e se arrepender de seus pecados e consertar sua vida (Is 55:7 - Deixe o
perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá
dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar).
Me permita dizer uma última palavra
para você que nunca respondeu positivamente ao chamado do evangelho para dizer
a Jesus: “Senhor, eu ouvi tua voz, ouvi teu chamado e, sim, Senhor, eu quero
recebe-lo, eu quero ser salvo conforme o evangelho, eu quero uma nova vida, eu
quero a vida eterna que só o Senhor pode dar”.
Não importa o modo como você entrou
aqui esta noite. O que importa é que você saia daqui cheio de alegria por saber
que tem um Senhor com o qual se comprometeu por toda a eternidade - e que será,
também, o seu salvador para toda a eternidade.
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