segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PORQUE DEVEMOS VALORIZAR A COMUNHÃO - I Ts 3.11-13

11 Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós,
12 e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco,
13 a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
I Ts 3.11-13
 É um fato a ser lamentado haver muitos que não consideram a comunhão com os demais irmãos como algo de suma importância, como algo essencial (Sl 16.3). É muito comum a comunhão ocupar um lugar menos importante na agenda dos crentes. Mas também é certo que há muitos que consideram a comunhão com os irmãos o melhor momento de seus dias.
É provável que você até considere o ato de congregar como uma obrigação (Hb 10.25) que lhe é imposta pelo Senhor (e é mesmo) e pela presença do seu pastor (ao menos para alguns). E é possível que você se esforce para cumprir com sua obrigação religiosa. E quer saber? É mesmo uma obrigação. É mesmo um dever. Mas é muito mais que uma obrigação, na verdade deveria ser, também e principalmente, um enorme prazer para o cristão (Sl 84.10).
Deixar de cumpri-lo, deixar de congregar é, sem qualquer sombra de dúvida, uma desobediência, um sinal de relaxamento e, por fim, um pecado (Hb 10.26-27), mas congregar é uma alegria, um prazer, um momento muito especial para o crente porque é o momento em que ele está inserido não apenas espiritualmente, mas também fisicamente no corpo de Cristo, a Sua Igreja.
Não é anormal que alguma circunstância atrapalhe o cristão de congregar. Também não é incomum que as circunstâncias se repitam passando de eventuais para constantes (uma visita recebida, uma visita a fazer, um jantar de negócios, um trabalho escolar) e, por fim o congregar vai se tornando cada vez mais esporádico, virando dominical e, por fim, como diziam os antigos, uma ação “de ver Deus”. Diante de circunstâncias impeditivas, em dependência de Deus, mais uma vez aprendemos que o caminho é a sujeição à vontade de Deus em oração. Como fazer para que as circunstâncias não se tornem impeditivas para a congregação, para a comunhão?
A COMUNHÃO É UM PRESENTE DE DEUS
I Ts 3:11 - Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós,
 É muito comum sentir que a prática de congregar seja interpretada como uma simples obrigação diante de Deus e da instituição. Mais uma vez: é sim. É uma obrigação, é um compromisso assumido diante de Deus ao receber Jesus como seu Senhor e dos homens ao professar a sua fé no redentor perante a Igreja, mas é muito mais do que isso. É muito mais do que um dever. É muito mais até mesmo do que um prazer. E é mesmo um prazer estar em comunhão com os irmãos, com os santos que há na terra nos quais o crente deve ter o seu prazer, considerando o sempre curto tempo na casa de Deus como mais importante e mais proveitoso que uma semana inteira em qualquer outro lugar.
Como devemos ver a estada na casa de Deus? Como devemos considerar os momentos de comunhão, as oportunidades de estarmos juntos com os nossos irmãos em Cristo? Há ainda quem interprete como um privilégio cultural, social e um fruto da nossa liberdade de expressão e liberdade religiosa. Mas é ainda mais do que isso. É mais do que obrigação, mais do que um dever, mais do que um privilégio. E o que é então?
Paulo já havia dito que se empenhara, se esforçara para ir congregar com os irmãos mas o diabo (o adversário = diaboloj) lhe impedira por duas vezes e então ele nos mostra que o privilégio de congregar, que o prazer de congregar é, acima de tudo uma dádiva de Deus, uma dádiva que ele pedia a Deus para dirigir-lhe o caminho, certamente vencendo ou removendo os obstáculos que o adversário havia interposto em seu caminho, fossem quais fossem esses obstáculos que nós desconhecemos.
Estar na Igreja, estar com a Igreja, louvar a Deus com a Igreja, viver as lutas da Igreja e experimentar as bênçãos que Deus dá ao seu povo é uma dádiva que se você não tem experimentado, se você tem negligenciado então, antes de mais nada, você deve pedir a Deus para que isso seja mudado em seu coração, deve pedir a ele para renovar sua vontade, para inclinar a sua vontade e efetuar em você o querer e o realizar (Fp 2.13) porque estar entre os eleitos de Deus é uma dádiva, um presente que Deus dá aos seus eleitos e certamente tem muitos eleitos que, neste exato momento, gostariam de ter este mesmo privilégio agora.
CRESCEMOS EM AMOR ATRAVÉS DA COMUNHÃO
I Ts 3:12 - ...e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco,
A Igreja já era conhecida como uma comunidade amorosa e, mais do que isso, uma comunidade que possuía um amor abnegado, sacrificial, à semelhança do amor que lhe havia sido demonstrado por seu Senhor Jesus, o maior amor que era possível demonstrar por alguém (Jo 15.13) que foi até o fim para demonstrar que o seu amor é o maior amor do mundo (Jo 13.1) e provar o amor do Pai por nós da única maneira possível - de forma prática (Rm 5.8).
Este amor, este grande amor, era vivenciado pela Igreja em seu testemunho como discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.35), da mesma maneira que eles próprios viram no apóstolo Paulo e seus companheiros Silvano e Timóteo. Mas Paulo queria ainda mais. Queria que eles crescessem - e em tempos onde o que conta são relatórios, as estatísticas, os números, a oração de Paulo era para que eles crescessem em algo que não era mensurável estatisticamente, crescessem no amor de uns para com os outros, porque com o crescimento em amor a Igreja certamente experimentaria o mesmo fenômeno que a Igreja em Jerusalém experimentaria: o Senhor, dia a dia, ia lhes acrescentando os que iam sendo salvos (At 2:47).
Podemos entender este crescimento em amor de duas maneiras: a primeira um crescimento pessoal, interno, com os corações dos cristãos se enternecendo mais e mais uns pelos outros, e isto é maravilhoso (Cl 3.12) e se compadecendo pelo estado de perdição, miséria e condenação dos pecadores que podiam ser seus vizinhos, seus amigos de infância, colegas de trabalho, familiares e todo tipo de relações interpessoais (Cl 4:5).
É mais do que desejável que isto aconteça, na verdade é um imperativo divino para que a Igreja de Deus cumpra o seu papel de testemunhar o amor imenso de Deus ao mundo, um amor tão grande que o levou a dar o seu próprio filho para resgatá-lo através de sua morte na cruz.
Você também poderia entender este crescimento de uma segunda maneira. À medida em que o amor interno se entranha na Igreja, à medida em que o amor abnegado consolida a comunhão no interior da Igreja este amor é de expresso de tal maneira que logo é percebido pelos incrédulos (Rm 12.9-14), e muitos são tocados por este testemunho vivo, por esta vida diferente do que era visto no mundo de então e, com os novos convertidos haveria mais gente amando, haveria mais amor, e Paulo queria estar lá, estar com a Igreja.
Ele não queria apenas ouvir falar do amor da Igreja, de uma Igreja que estava geograficamente distante. Ele queria mais, ele queria fazer parte desse processo, ele queria contribuir com a sua parcela de amor porque ele já amava aquela Igreja como uma ama que acaricia a criança a quem amamenta ou como um pai que disciplina a todos os filhos a quem ama.
 SOMOS FORTALECIDOS NA CAMINHADA
I Ts 3:13 - a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
A Palavra de Deus diz que um cordão de três dobras não se rompe facilmente (Ec 4:12). Você pode fazer prova disto de uma maneira bem simples. Pegue um barbante e verifique a sua resistência. Coloque um cordão dobrado e veja se ele não suporta mais que o dobro do peso. É assim com a Igreja também. Quando caminha em amor, ela se sustenta, cresce ao invés de apenas sobreviver.
É possível que a Igreja tenha perdido o foco daquilo que é mais importante. No séc. III a aceitação formal de rituais passou a ser tida como a prova mais importante de fé. Ser membro, ainda que formalmente, o cumprimento de rituais como o batismo resolvia o problema do que significava fazer parte da Igreja - e muitos se contentavam sinceramente com isso por não saber que precisavam de mais.
Séculos depois o foco foi mudado para a aceitação de doutrinas e o conhecimento de fórmulas confessionais (I Jo 4.3). Candidatos a membresia da Igreja eram ensinados e decoravam símbolos doutrinários como o Breve Catecismo e até mesmo a Confissão de Fé de Westminster (e isto não é ruim em si mesmo, e é uma pena que tenha se desvirtuado com o tempo e hoje esteja se perdendo).
Algum tempo depois a influência do relativismo e do empirismo existencialista mudou o pêndulo e a prova de fé passou a ser a experiência pessoal, êxtases e a demonstração de certos efeitos cada vez mais caóticos e incontroláveis e a certeza interior, desprezando tanto a forma quanto o conhecimento.
Obviamente a Igreja não desprezou e nem deve desprezar o conhecimento porque Paulo queria ir até os tessalonicenses para suprir as deficiências de sua fé, isto é, havia coisas que eles ainda precisavam aprender e ele não tivera tempo de lhes ensinar. É claro que a Igreja também não desprezava o cumprimento de ritos, como o batismo que é ministrado por Filipe ao Etíope. Jesus havia mandado ensinar e batizar (Mt 28.19-20) e era isso o que a Igreja estava fazendo, apesar de Paulo não dar tanta ênfase a tal prática, deixando que Silvano, Timóteo, Barnabé e outros o fizessem (I Co 1.14-16).
Mas a Igreja também não desprezava a comunhão, o viver a sua fé de maneira prática - sua fé seria confirmada numa vida de santidade, de serviço a Deus, de prática da justiça, de obediência ao Senhor por causa do amor que o cristão sente por seu Deus (I Jo 4.20), por seus irmãos e pelo seu próximo - todos os dias, diária e perseverantemente, como era o exemplo da Igreja de Jerusalém, enquanto aguardavam o retorno de seu Senhor e salvador Jesus Cristo em sua nova vida (I Jo 3.10).
Andando juntos, estimulando-se mutuamente (Cl 3:16) ao amor abnegado e à fé operosa ficava mais fácil, mais suave perseverar na comunidade cristã apenas das muitas lutas e provações a que os crentes são submetidos até alcançarem a plenitude de Cristo (Ef 3:19), sendo fieis até à morte e recebendo a recompensa que o Senhor reservou para os seus, a coroa da vida (Tg 1:12).
 CONCLUSÃO
Quando li este texto eu me perguntei: o que o pastor Paulo, o pastor de pastores Paulo queria dizer ao pastor que lesse este texto vinte séculos depois? E o que ele iria querer que os pastores do séc. XXI dissessem para as igrejas que pastoreariam? Em suma, qual a mensagem de Paulo para mim e para você?
Em primeiro lugar eu aprendi e gostaria de compartilhar com você sobre a maneira como você experimenta ou não a comunhão, se você a valoriza ou a despreza. Quero que você entenda que a comunhão é mais que uma obrigação, mais que um dever, mais até mesmo que um prazer - embora seja realmente tudo isso.
Se você não entender que a comunhão é um maravilhoso dom de Deus mais cedo ou mais tarde você acabará desprezando a comunhão por qualquer coisa passageira do mundo. Se você acha que ela é uma obrigação, então obrigações profissionais, educacionais, familiares, emergenciais ou outras podem concorrer e ganhar a disputa por valorização.
Se você acha interpretar como um prazer então outros prazeres podem tomar o lugar de maior importância aos seus olhos. Mas só se você reconhecer a comunhão como uma dádiva de Deus a quem não era povo e agora é mais que povo, é povo de Deus você vai dar-lhe o devido valor e não deixará que nada tome este lugar. Se você não valorizar isso, então você não valorizará mais nada, nem mesmo algo que venha de Deus porque você já está desprezando o chamado do próprio Deus para se alegrar em sua presença e junto com seus irmãos na fé (Rm 15:10).
Vejamos, o que podemos aprender em segundo lugar. O que mais o pastor Paulo ensinou a este respeito? Preciso compartilhar com vocês que a comunhão promove o crescimento em amor, promove o crescimento individual, promove o crescimento do amor a Deus e do amor de Deus sendo derramado cada vez mais abundantemente em seu coração; promove o amor de Deus uns para com os outros, cuidando uns dos outros, resultando na edificação uns dos outros em amor, mas também aprendi que para que o número de pessoas que amam a Cristo e se amam em Cristo aumente aquele que ama ao Senhor também precisa amar cada vez mais e isto na comunhão dos santos.
Amar sem comunhão é amar da boca para fora e, no fim, não é amar de verdade. Jesus nos amou e o Pai provou seu amor quando ele veio estar conosco, viver conosco e nos amar sacrificialmente, morrendo por nós.
Em terceiro lugar quero compartilhar um pouco mais do que eu aprendi com o apóstolo Paulo. Aprendi que quando andamos em comunhão somos mutuamente incentivados a prosseguir, a não desanimar; aprendemos que enquanto um fraqueja outros ajudam a carregar as cargas cumprindo assim o mandamento do amor (Gl 6.2), aprendi que há coisas nas quais eu sou fraco e outros irmãos me ajudam, e que provavelmente há áreas onde posso ajudar outros irmãos que são menos fortes que eu.
E, através da comunhão, o corpo anda se cuidando. Talvez você pense que pode ser Igreja sozinho ou que não precisa da Igreja. Talvez, mas só se você for mais espiritual que Paulo, que os apóstolos e que o próprio Senhor Jesus que morreu para criar um povo (Tt 2.14).
É como povo, como Igreja, que nos apresentaremos perante o Senhor da glória. Cada um se desvia por seu próprio caminho - somente a Igreja se apresenta como corpo perante o Senhor.
Permita-me concluir: para ser aprovado pelo Senhor como Igreja do Senhor você não pode desprezar a dádiva da comunhão; para ser aprovado como Igreja do Senhor você não pode desprezar o crescimento pessoal e comunitário em amor e para você completar a carreira você precisa estar unido ao corpo de Cristo porque quem fica sozinho é ovelha perdida - as ovelhas de Cristo estavam perdidas mas foram buscadas para o aprisco do bom pastor.

Talvez você tenha entrado aqui como ovelha extraviada, perdida, ferida... Talvez você não considere a comunhão com este povo importante, talvez nem mesmo queira amá-lo nem caminhar com ele, mas eu oro para que o Senhor abra o seu coração e, como Lídia, você entenda e atenda às palavras de Paulo (At 16.14) e valorize a comunhão como uma dádiva, o amor como um estilo de vida e a caminhada rumo à Nova Jerusalém celestial como uma empreitada a ser empreendida junto com os seus irmãos, tornados irmãos em Cristo Jesus.

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