9 No tocante ao amor
fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos
estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;
10 e, na verdade, estais
praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo,
vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais
11 e a diligenciardes por
viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos,
como vos ordenamos;
12 de modo que vos porteis com
dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.
I Ts 4.9-12
Imaginemos
que fazemos parte de um exército cercado de inimigos por todos os lados.
Inimigos ferozes pela direita, inimigos cruéis pela esquerda, inimigos
impiedosos pela retaguarda e inimigos maléficos pela frente. Agora imagine que
o único lugar seguro para este exercito em marcha está à frente, tendo eu
superar as linhas inimigas enquanto é atacado por todos os lados.
Imagine
que retroceder não é uma opção, pois o lugar de onde saíram não é mais o seu
lar. Acampar também não é uma opção. Você só tem uma opção: você só pode ir em
frente, avançar rumo ao alvo da sua missão (Fp 3:14), seguir adiante
para completar a carreira (II Tm 4:7). Retroceder não é opção. Desertar
também não é uma opção para os verdadeiros cristãos.
Que
tal, agora, considerar parar em meio ao território inimigo enquanto o seu
exército prossegue na jornada. Qual seria o seu destino? O que você acha que
lhe aconteceria? Quais as chances que você teria de não ser capturado? Quais as
possibilidades de sobrevivência de um soldado sozinho caçado por uma multidão
de inimigos que tem uma única meta: deleitar-se na sua morte a mando de seu pai
(Jo 8:44).
Imagine
uma segunda situação: imagine que você está prestes a se casar depois de longos
anos de namoro e conversa com seu futuro cônjuge e ele te diz que ainda
pretende se casar porque descobriu que, levando em conta o tempo de namoro considerou que amou você durante um certo
número de anos, digamos, oito anos, mas nos dois últimos não ama mais, mas, no
saldo, sobram alguns anos e por isso quer manter o compromisso e se casar.
Imagine que lhe diga que não tem mais planos, não tem mais sonhos, não tem mais
nenhuma perspectiva mas ainda tem um saldo de seis anos de amor e por isso
pretende se casar.
Talvez
você insistisse. Talvez você conheça alguém que insistisse. Talvez houvesse uma
esperança, uma expectativa de que algum milagre viesse a acontecer. Mas seria
uma aposta de alto risco, de pouca probabilidade e que, talvez, em condições
normais, a maioria de nós não apenas não recomendaria mas, mais ainda,
desaconselharia.
Na
vida cristã não é nada diferente. Não podemos estacionar simplesmente porque
ainda não chegamos ao nosso destino, ainda não nos tornamos aquilo que devemos
ser (I Jo 3:2). Certamente podemos aprender, para podermos imitar, um
pouco mais sobre o progresso na fé, sobre a perseverança dos santos, sobre como
viver por modo digno de Deus (Fp 1:27) com uma fé operosa, com amor
abnegado e prosseguindo para alcançar o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus.
Há
alguns fatos que são inquestionáveis:
TODO
CRISTÃO SABE QUE DEVE AMAR
9 No tocante
ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós
mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros.
I Ts 4.9
O
cristão é, por excelência, uma pessoa que sabe algo sobre o amor (I Jo 4:19).
Um pecador salvo é, antes de mais nada, um amado de Deus. Só é feito filho de
Deus aquele que é alvo do amor redentor e doador de Deus. Se interpretarmos
corretamente as Escrituras, e acreditamos estar corretos, todo cristão é um
discipulo de Cristo e, como discipulo deve se esforçar em obedecer aos
mandamentos de seu Senhor e um destes mandamentos, aquele que prova que somos
seus discípulos de verdade é o de amar uns aos outros como ele próprio nos amou
(Jo 13:35).
Os
tessalonicenses já estavam amando. Esta era uma característica que se destacava
naquela Igreja: eles amavam abnegadamente, eles já estavam praticando o amor
para com todos os irmãos da macedônia. Mas como? Como eles estavam fazendo
isto? Como eles amavam a ponto disto ser percebido e se tornar modelo para
outros. Penso que só pode servir de modelo aquilo que é visto, aquilo que é
percebido. E amor só pode ser visto se for mostrado, se for vivido, se for
prático, por isso a indagação do apóstolo: como pode alguém dizer que ama a
Deus, a quem não vê, se não ama ao irmão a quem vê (I Jo 4:20). Como
pode alguém dizer que quer comunhão com Deus se não quer estar perto dos
irmãos? Por mais que você pense o contrário, provavelmente o problema não está
nos irmãos.
Entre
os irmãos que receberam a carta do apóstolo certamente havia irmãos que amavam
a Deus de todo o seu coração e isto se refletia em sua fidelidade mesmo em meio
às suas lutas. Certamente havia irmãos seus pastores e presbíteros, que eram
submissos às suas autoridades, que amavam e obedeciam aos seus guias (Hb
13:17) e que oravam por eles. Com certeza havia irmãos que se amavam uns
aos outros apesar de suas muitas falhas. Com certeza havia irmãos que amavam os
pecadores e aproveitavam as oportunidades para lhes anunciar o Salvador Jesus.
Certamente havia irmãos que amavam a obra e que contribuíam para a manutenção
da Igreja.
Certamente
havia maridos que amavam suas esposas imitando o amor de Cristo pela Igreja (Ef
5:25). Certamente havia esposas que amavam a Cristo e a seus maridos que
lhes eram amorosamente submissas (Ef 5:24). Certamente havia pais que amavam
seus filhos e que buscavam cria-los na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef
6:4), pois pais que amam seus filhos lhes dão instrução e disciplina na
medida adequada. Com toda a certeza havia filhos que amavam seus pais honrando-os
e assim agradando ao seu Senhor (Ef 6.1-3).
TODO
CRISTÃO SABE QUE NÃO PODE PARAR DE AMAR
10 e, na
verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia.
Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais 11 e a
diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com
as próprias mãos, como vos ordenamos; 12 de modo que vos porteis com dignidade
para com os de fora e de nada venhais a precisar.
I Ts 4.12
Amar
é um verbo que não deveria ser conjugado no passado. Referindo-se às coisas que
são realmente importantes Paulo fala aos coríntios que o amor, dentre elas, a
mais importante (I Co 13:13).
Considerando
o uso que Paulo faz da palavra “exortar” ele diz-nos para considerarmos seu
exemplo, como se ele próprio pudesse se colocar ao nosso lado, ou, mais precisamente,
como se contássemos e efetivamente contamos com a assistência do mesmo Espírito
que conduzia e fortalecia o apóstolo em seu amor pela Igreja e que, mesmo
depois de passados quase dois mil anos, continua agindo com o mesmo poder e com
a mesma graça para alcançar o mesmo propósito: a edificação da Igreja de
Cristo.
Os
cristãos devem progredir cada vez mais na prática do amor (I Ts 4:1). Os
cristãos não foram chamados para falar de amor apenas; não foram chamados para
apenas receberem amor - foram chamados para amar de fato e de verdade (I Jo
3:18).
Amar
da boca para fora qualquer poeta é capaz, qualquer pessoa pode conseguir. Mas
amar, de fato e de verdade, amar com genuíno amor (Rm 12:10), amar
demonstrando o amor com que Cristo nos amou só é possível aos verdadeiros
cristãos (Jo 15:13).
Parece
estranho não sermos exortados a sentir, mas a praticarmos o amor. Assim como
Deus provou o seu amor por nós somos exortados a amar. Cristo nos amou
sacrificialmente. Paulo amou sacrificialmente. Devemos amar sacrificialmente.
Cristo nos amou perseverantemente, amou-nos até o fim de sua missão terrena,
dando-se por amor em nosso lugar e somos chamados a amar da mesma maneira para
experimentarmos o mesmo amor do Pai (Jo 14:21).
Não
espere que eu te peça para você olhar para quem está do seu lado e dizer que o
“ama em Cristo” porque isto pode ser constrangedor. Você pode ter que olhar
para alguém que você não ama, alguém de quem você quer distância e usar o nome
de Cristo numa mentira é inaceitável. Vou dizer-te apenas para você considerar
não o que você sente, mas o que você demonstra sentir. Você consegue ver a você
e sua Igreja se encaixando nesta descrição que Paulo faz desta Igreja?
Amor
de verdade é prático, é não ser pedra de tropeço, não ser causa de dor e constrangimento
para o próximo. Amar é servir a Deus no meio de sua geração (I Pe 3:15)
e é justamente seu modo de viver que vai fazer surgir oportunidades para
testemunhar da graça transformadora e redentora de Jesus Cristo (Cl 4:5).
CONCLUSÃO
Amar
é um verbo que não deveria ser conjugado no passado. Referindo-se às coisas que
são realmente importantes Paulo fala aos coríntios que o amor, dentre elas, a
mais importante (I Co 13:13). Já disse um poeta que amor é um verbo
transitivo porque exige alteridade, exige um objeto a ser amado. O homem foi
capacitado para amar como parte da imagem de Deus e, como todo o mais da imago
Dei, esta capacidade sofreu os efeitos da queda mas é parcial e
potencialmente restaurada quando é feito filho de Deus, nova criatura (II Co
5:17).
O
cristão ama porque foi amado, pode amar como Deus requer que ame porque Ele
derramou o seu amor por eles (Rm 5:5). Deus não exige nada que ele não
tenha dado ou ensinado e capacitado através do seu Espírito Santo.
Como
cristão você é exortado a amar de verdade porque foi amado verdadeiramente; é
exortado a amar sacrificialmente porque foi amado sacrificialmente; é exortado
a provar o amor de maneira prática porque Deus já provou o seu amor para com
eles (Rm 5:8).
É
até curioso que houve uma época na qual a Igreja foi perseguida e caluniada por
que era exatamente aquilo que deveria ser: uma comunidade que vivia em
comunhão, uma comunidade composta por irmãos que se amavam fraternalmente e, ao
mesmo tempo em que se amavam se tratavam como irmãos e por isso os gentios
acreditaram que os cristãos eram incestuosos.
É
muito pouco provável que este equívoco acontecesse hoje em dia, quando é mais
comum que haja mordidas e feridas (Gl 5:15), e acredito que, tanto
quanto nos dias de Paulo, as exortações apostólicas para que os cristãos se
amem continua atual e necessária. E já vimos que estamos diante de uma situação
de escolher como ouviremos o que temos diante de nós - se como voz de homens ou
a voz de Deus.
É
amando e vivendo o amor, é amando abnegadamente que a Igreja vai ser capaz de
anunciar ao mundo o amor sacrificial de
Jesus, ao mesmo tempo em que prova sua existência e eficácia. É para
experimentar o amor de Jesus e viver o amor na Igreja que eu convido você
agora. Eu te convido para conhecer Jesus - Jesus não é algo ou alguém para você
estudar, para você saber tudo sobre ele, ele é uma pessoa, e, como uma pessoa
que é, deve ser amado, vivamente amado.
Eu
te convido para conhecer o amor que eu conheço, o amor que excede todo o
entendimento (Ef 3:19), o amor que um dia eu experimentei e mudou minha
vida e também mudará a sua, e isto acontecerá se você o amar verdadeiramente
como ele te amou verdadeiramente. Se você está ouvindo e se sente inclinado a
uma mudança, então, não resista ao chamado e vem experimentar o amor de nosso
Senhor e salvador Jesus Cristo, vem experimentar o amor de Jesus na Igreja do
Senhor Jesus.
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