segunda-feira, 30 de outubro de 2017

QUAL O LIMITE DO AMOR DO CRISTÃO - I Ts 4.9-12

9 No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;
10 e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais
11 e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos;
12 de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.
I Ts 4.9-12
Imaginemos que fazemos parte de um exército cercado de inimigos por todos os lados. Inimigos ferozes pela direita, inimigos cruéis pela esquerda, inimigos impiedosos pela retaguarda e inimigos maléficos pela frente. Agora imagine que o único lugar seguro para este exercito em marcha está à frente, tendo eu superar as linhas inimigas enquanto é atacado por todos os lados.
Imagine que retroceder não é uma opção, pois o lugar de onde saíram não é mais o seu lar. Acampar também não é uma opção. Você só tem uma opção: você só pode ir em frente, avançar rumo ao alvo da sua missão (Fp 3:14), seguir adiante para completar a carreira (II Tm 4:7). Retroceder não é opção. Desertar também não é uma opção para os verdadeiros cristãos.
Que tal, agora, considerar parar em meio ao território inimigo enquanto o seu exército prossegue na jornada. Qual seria o seu destino? O que você acha que lhe aconteceria? Quais as chances que você teria de não ser capturado? Quais as possibilidades de sobrevivência de um soldado sozinho caçado por uma multidão de inimigos que tem uma única meta: deleitar-se na sua morte a mando de seu pai (Jo 8:44).
Imagine uma segunda situação: imagine que você está prestes a se casar depois de longos anos de namoro e conversa com seu futuro cônjuge e ele te diz que ainda pretende se casar porque descobriu que, levando em conta o tempo de namoro  considerou que amou você durante um certo número de anos, digamos, oito anos, mas nos dois últimos não ama mais, mas, no saldo, sobram alguns anos e por isso quer manter o compromisso e se casar. Imagine que lhe diga que não tem mais planos, não tem mais sonhos, não tem mais nenhuma perspectiva mas ainda tem um saldo de seis anos de amor e por isso pretende se casar.
Talvez você insistisse. Talvez você conheça alguém que insistisse. Talvez houvesse uma esperança, uma expectativa de que algum milagre viesse a acontecer. Mas seria uma aposta de alto risco, de pouca probabilidade e que, talvez, em condições normais, a maioria de nós não apenas não recomendaria mas, mais ainda, desaconselharia.
Na vida cristã não é nada diferente. Não podemos estacionar simplesmente porque ainda não chegamos ao nosso destino, ainda não nos tornamos aquilo que devemos ser (I Jo 3:2). Certamente podemos aprender, para podermos imitar, um pouco mais sobre o progresso na fé, sobre a perseverança dos santos, sobre como viver por modo digno de Deus (Fp 1:27) com uma fé operosa, com amor abnegado e prosseguindo para alcançar o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Há alguns fatos que são inquestionáveis:
 TODO CRISTÃO SABE QUE DEVE AMAR
9 No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros.
I Ts 4.9
O cristão é, por excelência, uma pessoa que sabe algo sobre o amor (I Jo 4:19). Um pecador salvo é, antes de mais nada, um amado de Deus. Só é feito filho de Deus aquele que é alvo do amor redentor e doador de Deus. Se interpretarmos corretamente as Escrituras, e acreditamos estar corretos, todo cristão é um discipulo de Cristo e, como discipulo deve se esforçar em obedecer aos mandamentos de seu Senhor e um destes mandamentos, aquele que prova que somos seus discípulos de verdade é o de amar uns aos outros como ele próprio nos amou (Jo 13:35).
Os tessalonicenses já estavam amando. Esta era uma característica que se destacava naquela Igreja: eles amavam abnegadamente, eles já estavam praticando o amor para com todos os irmãos da macedônia. Mas como? Como eles estavam fazendo isto? Como eles amavam a ponto disto ser percebido e se tornar modelo para outros. Penso que só pode servir de modelo aquilo que é visto, aquilo que é percebido. E amor só pode ser visto se for mostrado, se for vivido, se for prático, por isso a indagação do apóstolo: como pode alguém dizer que ama a Deus, a quem não vê, se não ama ao irmão a quem vê (I Jo 4:20). Como pode alguém dizer que quer comunhão com Deus se não quer estar perto dos irmãos? Por mais que você pense o contrário, provavelmente o problema não está nos irmãos.
Entre os irmãos que receberam a carta do apóstolo certamente havia irmãos que amavam a Deus de todo o seu coração e isto se refletia em sua fidelidade mesmo em meio às suas lutas. Certamente havia irmãos seus pastores e presbíteros, que eram submissos às suas autoridades, que amavam e obedeciam aos seus guias (Hb 13:17) e que oravam por eles. Com certeza havia irmãos que se amavam uns aos outros apesar de suas muitas falhas. Com certeza havia irmãos que amavam os pecadores e aproveitavam as oportunidades para lhes anunciar o Salvador Jesus. Certamente havia irmãos que amavam a obra e que contribuíam para a manutenção da Igreja.
Certamente havia maridos que amavam suas esposas imitando o amor de Cristo pela Igreja (Ef 5:25). Certamente havia esposas que amavam a Cristo e a seus maridos que lhes eram amorosamente submissas (Ef 5:24). Certamente havia pais que amavam seus filhos e que buscavam cria-los na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6:4), pois pais que amam seus filhos lhes dão instrução e disciplina na medida adequada. Com toda a certeza havia filhos que amavam seus pais honrando-os e assim agradando ao seu Senhor (Ef 6.1-3).
 TODO CRISTÃO SABE QUE NÃO PODE PARAR DE AMAR
10 e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais 11 e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; 12 de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.
I Ts 4.12
Amar é um verbo que não deveria ser conjugado no passado. Referindo-se às coisas que são realmente importantes Paulo fala aos coríntios que o amor, dentre elas, a mais importante (I Co 13:13).
Considerando o uso que Paulo faz da palavra “exortar” ele diz-nos para considerarmos seu exemplo, como se ele próprio pudesse se colocar ao nosso lado, ou, mais precisamente, como se contássemos e efetivamente contamos com a assistência do mesmo Espírito que conduzia e fortalecia o apóstolo em seu amor pela Igreja e que, mesmo depois de passados quase dois mil anos, continua agindo com o mesmo poder e com a mesma graça para alcançar o mesmo propósito: a edificação da Igreja de Cristo.
Os cristãos devem progredir cada vez mais na prática do amor (I Ts 4:1). Os cristãos não foram chamados para falar de amor apenas; não foram chamados para apenas receberem amor - foram chamados para amar de fato e de verdade (I Jo 3:18).
Amar da boca para fora qualquer poeta é capaz, qualquer pessoa pode conseguir. Mas amar, de fato e de verdade, amar com genuíno amor (Rm 12:10), amar demonstrando o amor com que Cristo nos amou só é possível aos verdadeiros cristãos (Jo 15:13).
Parece estranho não sermos exortados a sentir, mas a praticarmos o amor. Assim como Deus provou o seu amor por nós somos exortados a amar. Cristo nos amou sacrificialmente. Paulo amou sacrificialmente. Devemos amar sacrificialmente. Cristo nos amou perseverantemente, amou-nos até o fim de sua missão terrena, dando-se por amor em nosso lugar e somos chamados a amar da mesma maneira para experimentarmos o mesmo amor do Pai (Jo 14:21).
Não espere que eu te peça para você olhar para quem está do seu lado e dizer que o “ama em Cristo” porque isto pode ser constrangedor. Você pode ter que olhar para alguém que você não ama, alguém de quem você quer distância e usar o nome de Cristo numa mentira é inaceitável. Vou dizer-te apenas para você considerar não o que você sente, mas o que você demonstra sentir. Você consegue ver a você e sua Igreja se encaixando nesta descrição que Paulo faz desta Igreja?
Amor de verdade é prático, é não ser pedra de tropeço, não ser causa de dor e constrangimento para o próximo. Amar é servir a Deus no meio de sua geração (I Pe 3:15) e é justamente seu modo de viver que vai fazer surgir oportunidades para testemunhar da graça transformadora e redentora de Jesus Cristo (Cl 4:5).
CONCLUSÃO
Amar é um verbo que não deveria ser conjugado no passado. Referindo-se às coisas que são realmente importantes Paulo fala aos coríntios que o amor, dentre elas, a mais importante (I Co 13:13). Já disse um poeta que amor é um verbo transitivo porque exige alteridade, exige um objeto a ser amado. O homem foi capacitado para amar como parte da imagem de Deus e, como todo o mais da imago Dei, esta capacidade sofreu os efeitos da queda mas é parcial e potencialmente restaurada quando é feito filho de Deus, nova criatura (II Co 5:17).
O cristão ama porque foi amado, pode amar como Deus requer que ame porque Ele derramou o seu amor por eles (Rm 5:5). Deus não exige nada que ele não tenha dado ou ensinado e capacitado através do seu Espírito Santo.
Como cristão você é exortado a amar de verdade porque foi amado verdadeiramente; é exortado a amar sacrificialmente porque foi amado sacrificialmente; é exortado a provar o amor de maneira prática porque Deus já provou o seu amor para com eles (Rm 5:8).
É até curioso que houve uma época na qual a Igreja foi perseguida e caluniada por que era exatamente aquilo que deveria ser: uma comunidade que vivia em comunhão, uma comunidade composta por irmãos que se amavam fraternalmente e, ao mesmo tempo em que se amavam se tratavam como irmãos e por isso os gentios acreditaram que os cristãos eram incestuosos.
É muito pouco provável que este equívoco acontecesse hoje em dia, quando é mais comum que haja mordidas e feridas (Gl 5:15), e acredito que, tanto quanto nos dias de Paulo, as exortações apostólicas para que os cristãos se amem continua atual e necessária. E já vimos que estamos diante de uma situação de escolher como ouviremos o que temos diante de nós - se como voz de homens ou a voz de Deus.
É amando e vivendo o amor, é amando abnegadamente que a Igreja vai ser capaz de anunciar ao mundo  o amor sacrificial de Jesus, ao mesmo tempo em que prova sua existência e eficácia. É para experimentar o amor de Jesus e viver o amor na Igreja que eu convido você agora. Eu te convido para conhecer Jesus - Jesus não é algo ou alguém para você estudar, para você saber tudo sobre ele, ele é uma pessoa, e, como uma pessoa que é, deve ser amado, vivamente amado.
Eu te convido para conhecer o amor que eu conheço, o amor que excede todo o entendimento (Ef 3:19), o amor que um dia eu experimentei e mudou minha vida e também mudará a sua, e isto acontecerá se você o amar verdadeiramente como ele te amou verdadeiramente. Se você está ouvindo e se sente inclinado a uma mudança, então, não resista ao chamado e vem experimentar o amor de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo, vem experimentar o amor de Jesus na Igreja do Senhor Jesus. 

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