sábado, 10 de novembro de 2018

NÃO PERCA SUA IDENTIDADE PARA NÃO SER REPROVADO




Há quase três décadas eu vi uma cena que me impressionou enormemente, embora não seja algo tão inusitado assim. Mas me fez pensar bastante sobre este assunto. Em uma viagem de representação comercial entre Cocos e SaMaVi, na Bahia, estava em minha poltrona no ônibus quando percebemos uns 300m à frente uma mulher correndo em direção à estrada, para tentar chegar a tempo e viajar conosco. Naqueles dias eram apenas 2 ônibus por dia, e aquele era o último. Por mais que ela se esforçasse não conseguiu. Junto com alguns passageiros ainda tentamos avisar o motorista, mas ele fez ‘ouvidos de mercador’ e passou adiante.
Fiquei pensando o que teria levado aquela mulher a perder o time para estar na estrada a tempo, embora não houvesse horário certo para o ônibus passar, podia atrasar até 2h e ninguém estranhava. Mas o que ela estaria fazendo? Talvez arrumando os últimos apetrechos de casa, alimentando as galinhas e porcos, dando as últimas instruções para os que ficavam, despedindo-se do esposo ou dos filhos. Talvez estivesse fazendo nada, apenas distraída e quando ouviu o barulho do ônibus a distância pôs-se a correr e... Já era tarde demais.
Nos últimos anos, todo ano é a mesma coisa. Gente correndo, apressada, perdendo a hora para o bendito ENEM. Gente que perdeu a prova por 1’ de atraso no trânsito, ou por ter ido comer um cachorro quente. Mas um dos muitos casos que me chamaram a atenção não foi nem o costumeiro “perder a hora”.
Foi o caso de uma jovem estudante, de 20 anos, mãe de uma criança de 20 dias, que, dividida entre preparar a filha, conseguir uma irmã para cuidar da criança, dirigir-se para o local da prova e fazer o exame cometeu uma única falha: ela perdeu o exame por falta de documento de identidade.
Aquilo me fez pensar um pouco sobre o que também pode estar acontecendo com os cristãos. Aquela estudante sabia quem ela era, sabia dizer o seu nome, sabia que tinha feito a inscrição, isto é, seu nome tinha que estar naquela lista. Mas mesmo assim ela não conseguiu fazer a prova. Não passou no primeiro teste, o de confirmar a sua identidade. Para sorte dela ela ainda pode fazer o teste ano que vem, e no ano seguinte outra vez.
Mas, e com os cristãos que estão perdendo a identidade, que não conseguem comprovar, apesar de discursarem como um antigo personagem da TV dizendo “Eu sou eu, eu mesmo, eu sou eu” com um sotaque bem caipira.
Quantos cristãos não sofreram uma tremenda decepção acreditando que podem provar que são cristãos no dia do juízo apenas com discursos, quando o Senhor poderá dizer: “Nunca vos conheci, apartai-vos de mim”. Aquela estudante sabia quem ela era. Seu esposo, ao lado dela no portão, também sabia quem ela era. Ela chegou até a entrar na escola, colocar seu celular dentro do ‘saquinho’, mas, lamentavelmente, ela não tinha identidade. Ela não era conhecida da fiscalização, ela não pode ficar e assim perdeu o exame. Os cristãos precisam ter cuidado para não apenas parecer, enganando-se a si mesmos, sem ser. Você acha que conhece Jesus? E Jesus, te conhece?

ENEM? A PROVA EM QUE REALMENTE IMPORTA SER APROVADO

Ser submetido a uma prova não é novidade para ninguém. Em todas as etapas da nossa vida somos obrigados a provar a nossa capacidade, a provar que aprendemos algumas coisas, que temos condições de desempenhar determinadas funções. Família, escola, trabalho e até no lazer é assim. No futebol, por exemplo, praticamente todos os que estão em campo sabem bater o pé na bola. Mas alguns já provaram que são capazes de, com um chute, enviá-la ao alvo com maior precisão, e assim são eles os cobradores de faltas e pênaltis.
Nos próximos dois finais de semana milhares de brasileiros estarão diante da sua ‘marca do pênalti’, fazendo provas que podem determinar o direcionamento de seus estudos e carreiras. É o tão temido ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) uma jabuticaba brasileira que, por um lado, comprova a ineficiência do nosso sistema de ensino e, por outro, ajuda muita gente a ganhar muito dinheiro com os tais cursinhos preparatórios. Estudantes e pais de estudantes investem tudo o que podem para conseguir uma pontuação elevada e assim conseguirem vagas em universidades que aceitam as notas do ENEM como substitutos para os vestibulares.
Todavia, há muito maior preocupação, tanto dos pais quanto de seus filhos, com uma prova muito mais importante: a prova da nossa fé (Tg 1.2-4) fala desta prova muito importante, e o apóstolo João, em sua primeira carta, também nos apresenta um método muito simples para vermos se somos aprovados naquela profissão de fé que não pode ser apenas verbal ou tradicional, como era o caso dos judeus que Isaías denuncia e Jesus corrobora, que honravam a Deus com os seus lábios mas cujos corações estavam longe do temor do Senhor.
João nos diz que a nossa fé deve ser aprovada naquilo que cremos, na verdade que guardamos no coração. E este é um primeiro problema: investimos mais para que nossos filhos saibam de química e física do que carreguem no coração o conhecimento do Senhor.
O segundo item que João apresenta é o exame da comunhão: ensinamos nossos filhos a amarem as melhores notas, a melhor profissão com o objetivo de que tenham maior estabilidade financeira e social - mas deveríamos nos preocupar muito mais em que ele ame a Deus e seja por Ele amado, e que ame ao que também nasceram de Deus, amando aos irmãos com integridade e não apenas de palavras vãs.
O terceiro item é o da defesa da verdade - nossos estudantes são ensinados a se preocuparem com o tema da redação, o tal #temadoenem que faz muitos surtarem antes da ora - e precisamos nos preocupar muito mais em que eles conheçam a verdade de Deus e sejam preparados para combater as heresias.
Por tudo isto, reconheço a legítima preocupação com o ENEM, mas preciso exortar a Igreja que, mais importante que é o ENEM, é ter a fé provada e aprovada, porque a prova da fé é muito mais dura que o exame do ENEM, e os inimigos são mais insensíveis que os professores que corrigem as redações, mas a recompensa, por sua vez, é muito maior do que os pontos necessários para conseguir entrar nas faculdades. A provação da nossa fé produz perseverança, a perseverança produz experiencia, a experiencia esperança, e a esperança produz a certeza de que o amor de Deus tem sido derramado no coração dos que ele ama, aos quais ele não permite que sejam deficientes em nada essencial à salvação .

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