sábado, 16 de novembro de 2024

POR QUE SOMOS PROVADOS? OU PARA QUE SOMOS PROVADOS? [ATUALIZADO EM 2024]

 POR QUE SOMOS PROVADOS?

OU PARA QUE SOMOS PROVADOS?

 A carta aos Coríntios foi escrita para atender às necessidades da igreja na cidade de Corinto que precisava de orientações urgentes sobre diversos assuntos, e todos eles muito graves.

Paulo trata de problemas como o partidarismo pois a igreja estava se dividindo em grupos tendo como base o nome de Paulo, de Pedro e de Apolo e até o nome de Jesus - mas nenhum destes queria que isso acontecesse pois pastores verdadeiros não querem a igreja dividida, muito menos usando seus nomes como desculpa para seus pecados (1Co 3.4-6).

A igreja também tinha problemas relacionais com irmãos chegando ameaçar outros na tão justiça comum e oferecendo sacrifícios a deuses pagãos para ganhar causas judiciais contra irmãos (1Co 6.4).

Outro problema envolvia a prática de impurezas sexuais. Embora os cristãos não precisassem se submeter as práticas cerimoniais do judaísmo - mas deviam se manter longe da imoralidade e da impureza sexual (At 21.25).

O culto estava caindo em desordem com a atuação de algumas pessoas que se julgavam mais espirituais que outras, pretendendo ter alguma relação especial mais profunda com Deus que Pedro e Paulo tiveram e pretendiam mostrar isso através de pretensos sinais espirituais, mas Paulo diz que eles eram apenas ignorantes (1Co 12.1) e por isso não contribuíam para a edificação da igreja (1Co 14.12).

Mas esta igreja tinha uma característica muito mais importante que todos os problemas que ela enfrentava: ela era a igreja de Deus que estava em Corinto, composta por santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos junto com os outros irmãos que invocam o nome do Senhor em todo lugar. Aquela igreja, como esta, gozava da paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo (1Co 1.2-3).

A palavra de Paulo aos coríntios é Palavra de Deus para cada um de nós, que cremos em Jesus Cristo.

 INTRODUÇÃO

 No milênio passado eu participei de uma reunião de oração dirigida por adolescentes, e um deles leu um pensamento de alguém que me fez pensar muito naquele momento - e que ainda está presente em minha mente e coração: "Se não fossem as provações, a igreja estaria cheia de hipócritas".

E é óbvio que o Senhor não quer uma igreja cheia de hipócritas - uma das mais graves acusações contra os fariseus, os homens mais religiosos do judaísmo do Séc., foi o de hipocrisia (Mt 23.27). A hipocrisia (upokrithj) é um subproduto pecaminoso da árvore contaminada da religiosidade, da autojustificação, da justiça pelas obras.

O hipócrita é um ator, um dissimulado, um impostor, um farsante e por isso seu fim é o de condenação (Mt 24.51) e eu quero crer que você está na igreja justamente porque não deseja ser condenado - ou porque foi alertado da condenação (Hb 12.25) e deu ouvidos à voz do seu pastor, Jesus (Jo 10.27).

O problema é que a hipocrisia é apenas uma máscara - uma maquiagem. E uma maquiagem não resiste a determinadas provas. Para que as máscaras caiam Deus providenciou meios para provar a fé.

Deus permite que sejamos provados, inclusive através das tentações até o limite em que podemos suportar (1Co 10.13). Ele permite que os crentes sejam provados e tentados.

O diabo espera que o crente abandone a fé, ele pretende destruir nossas vidas pelas provações mas Deus nos prova para que sejamos aprovados, maduros, frutíferos. Para que Pedro pudesse fortalecer os irmãos, Deus permitiu que ele fosse joeirado como trigo (Lc 22.31-32).

Somos confortados com a verdade de que Deus é fiel e não permitirá que sejamos provados além das nossas forças. Ele provê uma saída triunfal das provações.

Esta igreja já foi provada. Os membros desta igreja já passaram por tentações e superaram provações, e o fato é que elas são inevitáveis (Jo 17.15), e fazem do processo de crescimento do cristão, pois quando ele persevera nas provações é aprovado e recompensado (Tg 1.12).

É possível que o inimigo tenha olhado esta igreja em determinados momentos de sua história e tripudiado zombeteiramente achando que as portas do inferno prevaleceriam contra ela - mas o Senhor não permitiu que isso acontecesse e não permitirá que isto aconteça.

Esta igreja aprendeu com o Senhor Jesus que quando é sustentada pelo Espírito, quando ora diariamente é fortalecida para não cair quando é tentada - o ensino de Jesus na oração do Senhor é um ensino preventivo. Sendo assim, qual o propósito de Deus em relação às provações que enfrentamos como crentes?

 AS PROVAÇÕES REVELAM AS PROVISÕES DA GRAÇA DE DEUS – I Co 10.1-4

 Ninguém discorda que o período de Israel no deserto foi um período de provação e disciplina para um povo que se mostrou incrédulo quando não quis entrar na terra de Canaã quando Deus mandou e que resolveu entrar quando Deus disse que não deviam entrar mais como podemos ler no livro de Números (Nm 14).

Paulo fala sobre as provisões de Deus para o povo de Israel em sua caminhada no deserto rumo à terra prometida (10.1-4). Mesmo nas provações Deus não deixou seu povo à mercê da fome, ou da sede, ou da penúria, ou dos inimigos. É possível que os anos no deserto tenham sido o período em que Israel mais gozou de paz ininterrupta.

A experiência de 40 anos no deserto era necessária como provação para o povo de Deus (Dt 8.2-4) - eles precisavam da disciplina para seu crescimento e treinamento devido ao que teriam que enfrentar. Deus estava preparando seus filhos para a posse permanente da terra prometida. A disciplina de Deus em nossa vida é expressão do seu amor paternal (Dt 8.5).

O texto fala da satisfação das necessidades mais básicas de um povo nômade: comida, e Deus lhes deu o maná que desceu do céu (Ex 16.35) e bebida, por isso Deus fala da água que brotou da rocha (Ex 17.6).

Não era uma tarefa fácil. Para saciar a fome de cerca de 2 milhões de pessoas no deserto só por milagre - não havia como produzir ou comprar alimento suficiente para tantas pessoas por tanto tempo.

Nossa realidade é diferente hoje, e Deus permite experiências semelhantes em nossa realidade para que possamos reconhecer que tudo o que nós temos hoje, tudo o que conseguimos obter vem unicamente dele, porque é dele que procede tudo de bom, toda boa dádiva e todo o dom perfeito (Tg 1.17).

Ninguém, em lugar ou em tempo algum, ninguém além de Deus era capaz de saciar a fome e a sede dos hebreus no deserto durante 4 longas décadas, assim como Jesus diz que só ele pode saciar a alma dos famintos (Mt 5.6) e sedentos (Jo 6.32-35) e dos cansados (Mt 11.28). Somente Deus pode dar direção a um povo perdido e desorientado (Jo 14.6).

Por mais difíceis que sejam as provações elas são uma dádiva de Deus e quando perseveramos nas provações aprendemos com elas que a Sua graça é suficiente e de que somos fortes na fraqueza (2 Co 12.7-10).

Se seus olhos não se fixarem nas provações você será capaz de perceber que Deus continua presente, que ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e assim como ele providenciou a satisfação de todas as necessidades de seu povo no deserto ele também é o Deus provedor hoje (Hb 13.8) e continuará sendo assim para sempre porque dele, por ele e para ele são todas as coisas (Rm 11.36).

 AS PROVAÇÕES REVELAM E REPROVAM A INCREDULIDADE - 10. 5-11

Quando os hebreus saíram do Egito todos eles passaram pelas mesmas experiências. Todos ouviram as mesmas ordens. Todos passaram pelas mesmas provações e todos igualmente receberam as mesmas bênçãos: todos foram igualmente libertos da escravidão e da opressão de faraó.

Mas não lhe intriga que mesmo assim Deus não se agradou da maioria deles (10.5)? Não é perturbador pensar que a maioria deles não viu realizado seu sonho de chegar à terra prometida, pelo contrário, tombaram prostrados no deserto (Nm 14.29-30).

A resposta para esta intrigante questão é: eles não entraram na terra prometida porque foram rebeldes e incrédulos (v. 6 e 11). Centenas de milhares pereceram por causa da incredulidade. Centenas de milhares, milhões pereceram e estão perecendo por causa da incredulidade. Israel foi provado e pereceu em sua incredulidade e talvez você conheça alguém que faz parte e quer que você também faça parte da maioria e vivem imaginando coisas más (Ez 38.10).

Mas você deve se perguntar: qual o destino da maioria?

A maioria dos que saíram do Egito acabou perecendo no deserto. Foram provados em diversas situações e reprovados continuamente porque eram incrédulos - eram murmuradores, desobedientes, rebeldes, idólatras. Não é conveniente fazer parte da maioria dos que morrem.

O crente deve rejeitar enfaticamente seus convites e resistir firmemente às suas pressões mesmo no pior dos dias (Ef 6.13). O crente deve fazer parte da ‘minoria dos escolhidos’ (Mt 20.16), da minoria crente, como Calebe e Josué, os únicos homens adultos daquela geração que saiu do Egito e que entraram em Canaã.

Os demais, os que entraram na terra prometida, cresceram no deserto - muitos deles nasceram ali! Mas todos cresceram durante a prova, viram que a incredulidade e rebeldia de seus pais os privaram das bênçãos - aqueles pais incrédulos fizeram seus filhos amargar os sofrimentos do deserto por 40 longos anos de peregrinação, mas mesmo assim, neste período todo, não houve sequer um único dia de desamparo.

A incredulidade e rebeldia se manifestaram e se manifestam em:

(1) cobiça (10.6; veja Nm 11.4),

(2) idolatria (10.7; veja Ex 32.4-6),

(3) imoralidade (10.8; veja Nm 25.1-18),

(4) provar a Deus (10.9; veja Nm 21.5-6)

(5) murmuração (10.10; veja Nm 16.41, 49).

Foi por essas atitudes de rebelião e incredulidade que a maioria ficou prostrada no deserto! Esses fatos estão registrados como advertência para nós hoje (10.6 e 11). O nosso Deus é amoroso, mas é igualmente justo!

A incredulidade desonra Deus e Deus repudia, envergonha pune a incredulidade!

  AS PROVAÇÕES REVELAM E APROVAM A FÉ NO DEUS VIVO - 1Co 10.12-13

Já vimos que um dos principais problemas dos fariseus era a hipocrisia. Mas no caso deles o problema era mais grave porque eles realmente acreditavam que eram aquilo que aparentavam. O personagem se tornou a personalidade - e esta é uma característica da hipocrisia: julgar a si mesmo além do que realmente é e por isso Paulo diz aos crentes para serem moderados no autojulgamento(Rm 12.3).

Em Corinto havia crentes que se julgavam a si mesmos superiores, mais desenvolvidos espiritualmente e desprezavam os demais irmãos - e não compreendiam que a bandeira que hasteavam, a da superioridade (Fp 2.3) na verdade evidenciava sua própria carnalidade (1Co 3.3).

Para evitar a armadilha da hipocrisia Paulo oferece uma linha de ação que não é nenhum método mágico. Ele exorta os crentes para serem vigilantes porque assim poderão permanecer de pé e não caírem (10.12).

As tentações (provações) são comuns a todos os seres humanos. A fidelidade de Deus não permite que sejamos tentados além do nosso limite, mas provê para nós uma saída vitoriosa! (10.13)!!!

A perseverança na fé em meios às provações faz do crente um bem aventurado porque através delas os crentes são aprovados e se tornam frutíferos (Tg 1.2-4; e ainda Tg 1.12; veja também 1Pe 1.6-9).

Mas a perseverança é fruto da vigilância - o perseverante é aquele que não caiu, aquele que permaneceu firme. E a ordem bíblica é: preste atenção crente, se você acha que é bom, que é forte, que é capaz ou qualquer coisa parecida lembre-se que você é incapaz de se autossustentar. Você só existe, só respira, só faz o que faz porque Deus quer que você seja assim. Você existe em Deus (At 17.28) e se ele quiser seus dias acabam no exato instante que ele retirar o seu Espírito (Jó 34.15).

Quando o ouro é provado o fogo não destrói o ouro. Ele queima as impurezas - e as que não são queimadas são separadas dele. O fogo purifica o ouro e faz com que ele brilhe mais! O crisol também não destrói a prata - ele faz com que o metal seja revelado mesmo como prata.

O mesmo acontece com o crente no meio da provação. Quando o crente é provado por Deus o seu caráter vai sendo lapidado, sua fé vai sendo evidenciada e nisto tudo ele manifesta a gloria de Deus em sua vida (Pv 17.3; veja também Pv 27.21; e também Mt 5.16).

Todas as tentações e provações que o crente enfrenta estão dentro do plano de Deus - e Deus sabe exatamente o que você é capaz de suportar. Ninguém é tentado como se fosse o super-homem. Ninguém é provado como se fosse o incrível Hulk. Cada individuo é tentado como um ser humano com forças limitadas. Os coríntios que cometiam pecados absurdos, assim como os hebreus no deserto porque atendiam aos interesses e inclinações de seus corações corruptos. Nenhuma tentação é super-humana. Esta é a primeira parte da verdade contida no v. 13.

Mas Paulo vai além e diz para uma igreja cheia de problemas e de pecados que aqueles que confiam sua vida a Deus serão tentados, serão provados, mas também receberão o livramento para suportá-la. Isto quer dizer que Deus livrará o crente das provações? Não, não necessariamente. Pode ser que Deus livre nas provações - e nisto Ele é ainda mais glorificado. Foi o que aconteceu com o trio de amigos de Daniel jogados na fornalha incandescente (Dn 3.17-18). Foi isto o que aconteceu com o próprio Daniel na cova dos leões (Dn 6.20).

Lembre-se nas suas provações e tentações: confie em Deus e obedeça sua Palavra. Guarde em seu coração: A fé honra a Deus e Deus honra a fé!

 CONCLUSÃO

Eu quero concluir com uma história que nos ajuda a entender a natureza das provações. No Séc. XVIII a Marinha mercante inglesa estava tendo prejuízo porque muitos navios estavam se afundando por excesso de carga afinal, quanto mais mercadoria, maior o lucro - mas, quanto maior o peso, maior a probabilidade de problemas na estrutura dos navios e maior dificuldade de navegar.

Antes que a crise se instalasse o parlamento resolveu aprovar uma lei que obrigava cada navio a ter um sinal facilmente identificável pelos fiscais ingleses espalhados por todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. Este sinal no casco dos navios servia simplesmente para indicar o limite de carga. Assim, eles saberiam que, se a carga ficava aquém do limite estabelecido o navio estava dando prejuízo por trabalhar com capacidade ociosa, mas se ia além do limite, dava prejuízo porque naufragava.

Todos deveriam trabalhar no seu limite - nem mais, nem menos. Isto ilustra o fato de que quando somos provados no limite de Deus, tornamo-nos maduros e frutíferos na obra do Senhor (1Co 15.58)! Este é o nosso alvo!

Frutificar para glória do Senhor.

Quando eu criança conhecia poucos materiais para construir casas: madeira, ramos finos de árvore e barro (pau a pique), adobe e alvenaria. Somente na adolescência fui conhecer os blocos furados. As casas mais antigas eram de adobe, eram mais robustas, paredes mais largas, mas era quase impossível pendurar alguma coisa mais pesada em suas paredes porque os ‘adobes’ eram apenas areia e cal, e se esfacelavam com relativa facilidade embora ainda existam muitas casas assim hoje.

Já aquelas cujas paredes eram feitas de alvenaria eram mais finas mas também eram mais resistentes (e obviamente este era um material mais caro). Você podia pendurar o que quisesse nelas.

Mas qual a diferença entre o adobe e a alvenaria. O primeiro era simplesmente seco ao sol. Já a alvenaria era colocada em fornos e o barro era submetido a altas temperaturas até ganhar resistência. O que não era experimentado era mais fraco. O crente que não é provado é menos resistente - e talvez isto explique os numerosos exemplos de fé e resiliência do passado. Sua fé foi provada e aprovada, e a provação da fé produziu perseverança (Tg 1.2-4) em contraste com o grande número de ‘ex-crentes’ que se decepcionam com a igreja.

Os ex-crentes não são pessoas que se decepcionaram com Deus porque Deus é fiel em todas as suas promessas. Estas pessoas se decepcionaram com o que lhes foi ensinado sobre Deus, coisas que muitas vezes não correspondiam à realidade - foram enganados ou se auto enganaram. É por isso que abandonam a fé diante das primeiras provas (1Jo 2.19) como Jesus advertiu ao contar a parábola do semeador (Mt 13.20-22).

Que tipo de fé você tem? Que tipo de crente você é? A igreja do Senhor foi edificada sobre o fundamento firme que é o próprio Senhor Jesus Cristo - sobre homens e mulheres que eram fracos em si mesmos, mas tiveram sua fé edificada sobre a rocha e quanto foram provados resistiram ao temporal (Mt 7.24-25). 

IGREJA: SANTIFICADA PARA SER SANTA. A NATUREZA, PROPÓSITO E PODER DA IGREJA

 IGREJA: SANTIFICADA PARA SER SANTA

NATUREZA, PROPÓSITO E PODER DA IGREJA

INTRODUÇÃO

             AUTORIA E PROPÓSITO

A carta aos Coríntios foi escrita para atender às necessidades da igreja na cidade de Corinto que precisava de orientações urgentes sobre diversos assuntos, e todos eles muito graves.

Paulo trata de problemas como o partidarismo pois a igreja estava se dividindo em grupos tendo como base o nome de Paulo, de Pedro e de Apolo e até o nome de Jesus - mas nenhum destes queria que isso acontecesse pois pastores que são pastores de verdade, como Paulo era apóstolo de verdade, não querem a igreja dividida, muito menos usando seus nomes como desculpa para seus pecados (1Co 3.4-6).

A igreja também tinha problemas relacionais, chegando ao ponto de irmãos entrarem contra outros na quilo que chamaríamos de justiça comum, e para fazer isso tinham que oferecer (e ofereciam) sacrifícios a deuses pagãos para ganhar causas judiciais contra irmãos (1Co 6.4).

Outro problema envolvia a prática de impurezas sexuais. Embora os cristãos não precisassem se submeter as práticas cerimoniais do judaísmo - mas deviam se manter longe da imoralidade e da impureza sexual (At 21.25).

O culto estava caindo em desordem com a atuação de algumas pessoas que se julgavam mais espirituais que outras, pretendendo ter alguma relação especial mais profunda com Deus que Pedro e Paulo tiveram e pretendiam mostrar isso através de pretensos sinais espirituais, mas Paulo diz que eles eram apenas ignorantes (1Co 12.1) e por isso não contribuíam para a edificação da igreja (1Co 14.12).

A doutrina corria perigo com gente pregando contra a ressurreição (1Co 15.12), minando a esperança futura da igreja e o poder para testemunhar no tempo presente (1Co 15.17) sendo repreendidos por Paulo.

Paulo foi informado de tudo isso por meio de alguns irmãos da casa de Cloe, membro da igreja em Corinto e junto com ele também estava um judeu da cidade de Corinto chamado Sóstenes - que era o principal da sinagoga de Corinto onde, na companhia de Apolo e Priscila (e depois o time foi reforçado por Silas e Timóteo).

Paulo pregou por cerca de 18 meses, fazendo numerosos adeptos entre gentios e judeus, inclusive Crispo, na época o principal daquela sinagoga (At 18.8).

Depois de um tempo Paulo começou a enfrentar oposição dos judeus, passando a pregar numa casa vizinha à sinagoga pertencente a um homem gentio, temente a Deus, chamado Tício Justo (At 18.7).

Aparentemente depois da confusão contra Paulo Crispo foi substituído por Sóstenes na direção da sinagoga e este também creu e por isso acabou sendo espancado pelos judeus diante do tribunal (At 18.17).

    A NATUREZA DA IGREJA

No meio de todo este ambiente tumultuado nasceu uma igreja que tinha uma característica que era muito mais importante que todos os problemas que ela enfrentava.

Aquela era a igreja que era de Deus, que tinha sua origem na vontade de Deus, assim como o apostolado de Paulo e que estava em Corinto, composta por santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos junto com os outros irmãos que invocam o nome do Senhor em todo lugar.

Aquela igreja, como esta, gozava da paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo (1Co 1.2-3).

A palavra de Paulo aos coríntios é Palavra de Deus para cada um de nós, que cremos em Jesus Cristo.

E é para essa igreja, para a igreja de Cristo, que vamos falar nesta noite que é de gratidão justamente por sermos igreja do Senhor!

Nesta mensagem vamos tratar de  temas teológicos como justificação, santificação e comunhão, aspectos da obra de Deus na igreja garantidas pela obra de Cristo.

 O QUE A IGREJA É

COMUNHÃO DE JUSTIFICADOS E SANTIFICADOS

Paulo escreveu à igreja que tem origem na vontade de Deus e que pertence a Deus e que congregava na cidade de Corinto. Ele chama esta igreja de santificados em Cristo Jesus (hgiasmenoij em xristw ihsou).

          JUSTIFICADOS

O QUE A IGREJA É

O verbo aqui traduzido por ‘santificados’ tem diversos significados, mas basicamente isto quer dizer que os crentes foram purificados por meio da expiação de Cristo, livres da culpa do pecado e purificados internamente pela regeneração. A maneira que Paulo usa o verbo na língua original indica algo que foi feito por Deus, com efeitos permanentes, e é apenas recebido pela igreja.

Os santificados são pecadores que foram declarados como justos diante dele com base unicamente na obra redentora de Cristo - a justiça de Cristo é atribuída a todos os que creem nele, seus pecados são perdoados.

A justificação é simplesmente recebida, é um dom - ela não é alcançada por esforço ou méritos, justiça própria ou boas obras - é algo recebido unicamente pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2:8-9).

Pela justificação os santificados recebem uma mudança no status espiritual: de condenada ela é justificada, de culpada ela é inocentada. Sua posição diante de Deus não depende de suas falhas ou acertos, mas da obra perfeita de Jesus.

E este novo status é garantido para quem crê de uma vez por todas por causa da fidelidade de Deus e por isso o crente pode ter plena confiança de que é aceito por Deus e que tem a vida eterna.

          SANTIFICAÇÃO

O QUE A IGREJA DEVE SER

Os santificados também são “chamados - com a finalidade de serem - santos” (klhtoij agioij). O verbo “chamados” era ordinariamente usado com o sentido de um chamado para ir a algum lugar ou fazer alguma coisa e foi escrito por Paulo num modo especial que indica finalidade, algo que foi feito com um objetivo específico.

Destas verbo (kalew) tiramos o nome da igreja (ekklesia), que é a comunidade dos chamados para fora mundo do pecado para uma vida de virtude e testemunho(1Pe 2.9), a comunidade dos que foram chamados para parar de pecar.

A igreja de Deus foi justificada para viver de maneira piedosa e santa. Se a justificação fala de Deus colocando a igreja em uma posição que não pode ser mudada porque é garantida por ele mesmo, a santificação é uma finalidade, algo que tem que fazer parte da vida da igreja.

            COMUNHÃO

COMO A IGREJA DEVE VIVER

Paulo não quer que os coríntios se sintam isolados do restante da cristandade ou que, por outro lado, achem que são a única igreja de Cristo.

Eles foram justificados para viverem por modo digno do evangelho (Cl 1.10) junto com todos os que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus (sun pasin toij epikaloumenoij to onoma tou huriou hmwn ihsou xristou).

Eu quero que você aprenda que epikaloumenoij (invocar o nome) significa que os crentes tomaram o sobrenome de Jesus Cristo e por isso são chamados de cristãos. Este é o nosso sobrenome.

E este nome está, efetivamente, sobre todo nome (Fp 2.9).

 Invocar o nome de Jesus é mais do que pedir que ele esteja presente - porque ele já está. Invocar o nome do Senhor é declarar-se sujeito a Cristo como seu Senhor.

Neste texto você também aprende que a santificação é um processo vivido junto com outros santos.

Qualquer pessoa que ache que pode ser santificado vivendo sozinho está cometendo o pecado de desprezar o corpo de Cristo, a comunhão dos santos - e fomos chamados para sermos povo de Deus (Tt 2.14).

Somente ímpios deixam de congregar (Hb 10.25) ou abandonam a igreja porque nunca foram justificados nem querem ser santificados (1Jo 2.19).

Assim viver isolado não é santificação, é só uma forma de pecado egoísta de quem não foi integrado ao corpo de Deus, que não tem Deus por Pai nem Cristo como Senhor pelo poder do Espírito Santo.

AS BÊNÇÃOS QUE SUSTENTAM A IGREJA

A GRAÇA E PAZ DO PAI E DO SENHOR JESUS

  Eu quero concluir lembrando as palavras de Paulo: que a graça e a paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo sejam com todos vocês.

Você sabe o que significa esta expressão? Sabe o que significa a graça e a paz? Talvez muitos preferissem (ou prefiram) o refrão da musiquinha irritante que é cantada nas viradas de ano: “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”. Dinheiro e saúde são bons para viver - mas, e para morrer? Saúde e dinheiro fornecem esperança para esta vida - mas o crente que se chama pelo nome de Jesus, cujo sobrenome é cristão não se limita a esta vida (1Co 15.19).

Era comum entre os gregos, quando escreviam suas cartas, desejarem saúde e prosperidade para os destinatários, sendo saúde o desejo mais comum.

Paulo, no entanto, deseja que a igreja goze da graça e da paz que tem sua origem em Deus, o pai de todos os crentes (Ef 4.6) e do Senhor Jesus Cristo, o senhor e salvador de todos os que creem (1Jo 5.1).

Paulo destaca duas destas bênçãos dadas por Deus por meio de Jesus Cristo: graça e paz. Todo aquele que crê em Jesus Cristo recebe a graça da salvação por meio de Cristo e é pacificado com o criador (Ef 2.17).

A igreja existe e subsiste por causa da graça e da paz de Deus e do Senhor Jesus Cristo.

              GRAÇA

Paulo deseja que a bondade misericordiosa de Deus por meio de Jesus Cristo (xarij) seja constante na vida da Igreja. Pela graça a manifestação da ira de Deus sobre pecadores é substituída pela vida eterna, e ao invés de serem lançados no inferno os pecadores são transformados em filhos do amor de Deus e assentados em lugares celestiais por estarem em Cristo Jesus (Ef 2:5-6).

Pela graça Deus exerce santa influência sobre a alma dos pecadores que recebem um novo princípio de vida e são capacitados para que se voltem para Cristo.

Pela graça os pecadores são fortalecidos e crescem na fé. Pela graça o coração antes endurecidos dos pecadores são enternecidos para Cristo e para o corpo de Cristo, capacitando-os a amar outros que são tão pecadores quanto eles e são despertados para o exercício das virtudes cristãs.

A única razão para você estar aqui é a graça de Deus. A única razão para você estar vivo agora é a graça.

A única razão para você continuar aqui que não seja a graça de Deus.

Não há esperança da salvação sem a graça de Deus simplesmente porque ninguém merece coisa alguma de Deus - todos os homens são pecadores (Ec 7:20) e por isso merecem a condenação (Rm 6:23) expressa em ira (Cl 3:5-6). É a graça de Deus que é derramada nos que creem que os motiva espiritualmente a abandonar o pecado e viver para Deus.

                    PAZ

Ao lado da graça, e por causa da graça, a Igreja experimenta paz com Deus (Rm 5:1). A palavra paz vem do verbo e)irw=, que significa juntar, pôr fim à separação (Ef 2:12). Paz significa o fim da inimizade que separava o pecador do Senhor Deus, uma separação causada pelo pecado do próprio homem (Is 59:2).

O Senhor concede paz com ele mesmo por meio a obra mediatória de Jesus Cristo, cancelando a separação e assegurando sua manutenção por sua própria natureza imutável  (Tg 1:17).

A paz com Deus ajuda a suportar as angústias do tempo presente (Rm 8.18) na Igreja (Gl 2:11) e o lar (Mt 10:36), ou em qualquer outro lugar. Quem tem paz com Deus experimenta paz em circunstâncias que ninguém mais entende (Fp 4:7).

A paz com Deus excede a capacidade do homem natural compreender (1Co 2:14) porque ela é muito maior, muito mais elevada do aquilo que pode ser alcançado e compreendido pela sabedoria humana.

Ela é uma dádiva do Senhor Jesus para os seus - e somente para os seus (Jo 14:27). Paz com Deus é algo que só a Igreja pode experimentar. Paz com Deus é algo que só na Igreja de Cristo você pode experimentar. Paz com Deus é algo que só a Igreja de Cristo anuncia e pode oferecer. Confie no Senhor, faça o bem (Pv 16:20), e então você entenderá a saudação de Paulo.

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL