IGREJA: SANTIFICADA PARA SER SANTA
NATUREZA, PROPÓSITO E PODER DA IGREJA
INTRODUÇÃO
AUTORIA E PROPÓSITO
A carta aos Coríntios foi escrita para atender às necessidades da igreja na cidade de Corinto que precisava de orientações urgentes sobre diversos assuntos, e todos eles muito graves.
Paulo trata de problemas como o partidarismo pois a igreja estava se dividindo em grupos tendo como base o nome de Paulo, de Pedro e de Apolo e até o nome de Jesus - mas nenhum destes queria que isso acontecesse pois pastores que são pastores de verdade, como Paulo era apóstolo de verdade, não querem a igreja dividida, muito menos usando seus nomes como desculpa para seus pecados (1Co 3.4-6).
A igreja também tinha problemas relacionais, chegando ao ponto de irmãos entrarem contra outros na quilo que chamaríamos de justiça comum, e para fazer isso tinham que oferecer (e ofereciam) sacrifícios a deuses pagãos para ganhar causas judiciais contra irmãos (1Co 6.4).
Outro problema envolvia a prática de impurezas sexuais. Embora os cristãos não precisassem se submeter as práticas cerimoniais do judaísmo - mas deviam se manter longe da imoralidade e da impureza sexual (At 21.25).
O culto estava caindo em desordem com a atuação de algumas pessoas que se julgavam mais espirituais que outras, pretendendo ter alguma relação especial mais profunda com Deus que Pedro e Paulo tiveram e pretendiam mostrar isso através de pretensos sinais espirituais, mas Paulo diz que eles eram apenas ignorantes (1Co 12.1) e por isso não contribuíam para a edificação da igreja (1Co 14.12).
A doutrina corria perigo com gente pregando contra a ressurreição (1Co 15.12), minando a esperança futura da igreja e o poder para testemunhar no tempo presente (1Co 15.17) sendo repreendidos por Paulo.
Paulo foi informado de tudo isso por meio de alguns irmãos da casa de Cloe, membro da igreja em Corinto e junto com ele também estava um judeu da cidade de Corinto chamado Sóstenes - que era o principal da sinagoga de Corinto onde, na companhia de Apolo e Priscila (e depois o time foi reforçado por Silas e Timóteo).
Paulo pregou por cerca de 18 meses, fazendo numerosos adeptos entre gentios e judeus, inclusive Crispo, na época o principal daquela sinagoga (At 18.8).
Depois de um tempo Paulo começou a enfrentar oposição dos judeus, passando a pregar numa casa vizinha à sinagoga pertencente a um homem gentio, temente a Deus, chamado Tício Justo (At 18.7).
Aparentemente depois da confusão contra Paulo Crispo foi substituído por Sóstenes na direção da sinagoga e este também creu e por isso acabou sendo espancado pelos judeus diante do tribunal (At 18.17).
A NATUREZA DA IGREJA
No meio de todo este ambiente tumultuado nasceu uma igreja que tinha uma característica que era muito mais importante que todos os problemas que ela enfrentava.
Aquela era a igreja que era de Deus, que tinha sua origem na vontade de Deus, assim como o apostolado de Paulo e que estava em Corinto, composta por santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos junto com os outros irmãos que invocam o nome do Senhor em todo lugar.
Aquela igreja, como esta, gozava da paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo (1Co 1.2-3).
A palavra de Paulo aos coríntios é Palavra de Deus para cada um de nós, que cremos em Jesus Cristo.
E é para essa igreja, para a igreja de Cristo, que vamos falar nesta noite que é de gratidão justamente por sermos igreja do Senhor!
Nesta mensagem vamos tratar de temas teológicos como justificação, santificação e comunhão, aspectos da obra de Deus na igreja garantidas pela obra de Cristo.
COMUNHÃO DE JUSTIFICADOS E SANTIFICADOS
Paulo escreveu à igreja que tem origem na vontade de Deus e que pertence a Deus e que congregava na cidade de Corinto. Ele chama esta igreja de santificados em Cristo Jesus (hgiasmenoij em xristw ihsou).
JUSTIFICADOS
O QUE A IGREJA É
O verbo aqui traduzido por ‘santificados’ tem diversos significados, mas basicamente isto quer dizer que os crentes foram purificados por meio da expiação de Cristo, livres da culpa do pecado e purificados internamente pela regeneração. A maneira que Paulo usa o verbo na língua original indica algo que foi feito por Deus, com efeitos permanentes, e é apenas recebido pela igreja.
Os santificados são pecadores que foram declarados como justos diante dele com base unicamente na obra redentora de Cristo - a justiça de Cristo é atribuída a todos os que creem nele, seus pecados são perdoados.
A justificação é simplesmente recebida, é um dom - ela não é alcançada por esforço ou méritos, justiça própria ou boas obras - é algo recebido unicamente pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2:8-9).
Pela justificação os santificados recebem uma mudança no status espiritual: de condenada ela é justificada, de culpada ela é inocentada. Sua posição diante de Deus não depende de suas falhas ou acertos, mas da obra perfeita de Jesus.
E este novo status é garantido para quem crê de uma vez por todas por causa da fidelidade de Deus e por isso o crente pode ter plena confiança de que é aceito por Deus e que tem a vida eterna.
SANTIFICAÇÃO
O QUE A IGREJA DEVE SER
Os santificados também são “chamados - com a finalidade de serem - santos” (klhtoij agioij). O verbo “chamados” era ordinariamente usado com o sentido de um chamado para ir a algum lugar ou fazer alguma coisa e foi escrito por Paulo num modo especial que indica finalidade, algo que foi feito com um objetivo específico.
Destas verbo (kalew) tiramos o nome da igreja (ekklesia), que é a comunidade dos chamados para fora mundo do pecado para uma vida de virtude e testemunho(1Pe 2.9), a comunidade dos que foram chamados para parar de pecar.
A igreja de Deus foi justificada para viver de maneira piedosa e santa. Se a justificação fala de Deus colocando a igreja em uma posição que não pode ser mudada porque é garantida por ele mesmo, a santificação é uma finalidade, algo que tem que fazer parte da vida da igreja.
COMUNHÃO
COMO A IGREJA DEVE VIVER
Paulo não quer que os coríntios se sintam isolados do restante da cristandade ou que, por outro lado, achem que são a única igreja de Cristo.
Eles foram justificados para viverem por modo digno do evangelho (Cl 1.10) junto com todos os que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus (sun pasin toij epikaloumenoij to onoma tou huriou hmwn ihsou xristou).
Eu quero que você aprenda que epikaloumenoij (invocar o nome) significa que os crentes tomaram o sobrenome de Jesus Cristo e por isso são chamados de cristãos. Este é o nosso sobrenome.
E este nome está, efetivamente, sobre todo nome (Fp 2.9).
Invocar o nome de Jesus é mais do que pedir que ele esteja presente - porque ele já está. Invocar o nome do Senhor é declarar-se sujeito a Cristo como seu Senhor.
Neste texto você também aprende que a santificação é um processo vivido junto com outros santos.
Qualquer pessoa que ache que pode ser santificado vivendo sozinho está cometendo o pecado de desprezar o corpo de Cristo, a comunhão dos santos - e fomos chamados para sermos povo de Deus (Tt 2.14).
Somente ímpios deixam de congregar (Hb 10.25) ou abandonam a igreja porque nunca foram justificados nem querem ser santificados (1Jo 2.19).
Assim viver isolado não é santificação, é só uma forma de pecado egoísta de quem não foi integrado ao corpo de Deus, que não tem Deus por Pai nem Cristo como Senhor pelo poder do Espírito Santo.
AS BÊNÇÃOS QUE SUSTENTAM A IGREJA
A GRAÇA E PAZ DO PAI E DO SENHOR JESUS
Eu quero concluir lembrando as palavras de Paulo: que a graça e a paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo sejam com todos vocês.
Você sabe o que significa esta expressão? Sabe o que significa a graça e a paz? Talvez muitos preferissem (ou prefiram) o refrão da musiquinha irritante que é cantada nas viradas de ano: “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”. Dinheiro e saúde são bons para viver - mas, e para morrer? Saúde e dinheiro fornecem esperança para esta vida - mas o crente que se chama pelo nome de Jesus, cujo sobrenome é cristão não se limita a esta vida (1Co 15.19).
Era comum entre os gregos, quando escreviam suas cartas, desejarem saúde e prosperidade para os destinatários, sendo saúde o desejo mais comum.
Paulo, no entanto, deseja que a igreja goze da graça e da paz que tem sua origem em Deus, o pai de todos os crentes (Ef 4.6) e do Senhor Jesus Cristo, o senhor e salvador de todos os que creem (1Jo 5.1).
Paulo destaca duas destas bênçãos dadas por Deus por meio de Jesus Cristo: graça e paz. Todo aquele que crê em Jesus Cristo recebe a graça da salvação por meio de Cristo e é pacificado com o criador (Ef 2.17).
A igreja existe e subsiste por causa da graça e da paz de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
GRAÇA
Paulo deseja que a bondade misericordiosa de Deus por meio de Jesus Cristo (xarij) seja constante na vida da Igreja. Pela graça a manifestação da ira de Deus sobre pecadores é substituída pela vida eterna, e ao invés de serem lançados no inferno os pecadores são transformados em filhos do amor de Deus e assentados em lugares celestiais por estarem em Cristo Jesus (Ef 2:5-6).
Pela graça Deus exerce santa influência sobre a alma dos pecadores que recebem um novo princípio de vida e são capacitados para que se voltem para Cristo.
Pela graça os pecadores são fortalecidos e crescem na fé. Pela graça o coração antes endurecidos dos pecadores são enternecidos para Cristo e para o corpo de Cristo, capacitando-os a amar outros que são tão pecadores quanto eles e são despertados para o exercício das virtudes cristãs.
A única razão para você estar aqui é a graça de Deus. A única razão para você estar vivo agora é a graça.
A única razão para você continuar aqui que não seja a graça de Deus.
Não há esperança da salvação sem a graça de Deus simplesmente porque ninguém merece coisa alguma de Deus - todos os homens são pecadores (Ec 7:20) e por isso merecem a condenação (Rm 6:23) expressa em ira (Cl 3:5-6). É a graça de Deus que é derramada nos que creem que os motiva espiritualmente a abandonar o pecado e viver para Deus.
PAZ
Ao lado da graça, e por causa da graça, a Igreja experimenta paz com Deus (Rm 5:1). A palavra paz vem do verbo e)irw=, que significa juntar, pôr fim à separação (Ef 2:12). Paz significa o fim da inimizade que separava o pecador do Senhor Deus, uma separação causada pelo pecado do próprio homem (Is 59:2).
O Senhor concede paz com ele mesmo por meio a obra mediatória de Jesus Cristo, cancelando a separação e assegurando sua manutenção por sua própria natureza imutável (Tg 1:17).
A paz com Deus ajuda a suportar as angústias do tempo presente (Rm 8.18) na Igreja (Gl 2:11) e o lar (Mt 10:36), ou em qualquer outro lugar. Quem tem paz com Deus experimenta paz em circunstâncias que ninguém mais entende (Fp 4:7).
A paz com Deus excede a capacidade do homem natural compreender (1Co 2:14) porque ela é muito maior, muito mais elevada do aquilo que pode ser alcançado e compreendido pela sabedoria humana.
Ela é uma dádiva do Senhor Jesus para os seus - e somente para os seus (Jo 14:27). Paz com Deus é algo que só a Igreja pode experimentar. Paz com Deus é algo que só na Igreja de Cristo você pode experimentar. Paz com Deus é algo que só a Igreja de Cristo anuncia e pode oferecer. Confie no Senhor, faça o bem (Pv 16:20), e então você entenderá a saudação de Paulo.
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