quinta-feira, 3 de outubro de 2013

APOSTASIA: QUANDO PERDER SIGNIFICA GANHAR.

...SAÍRAM DO NOSSO MEIO!
SAÍRAM? ENTÃO, NÃO ERAM DOS NOSSOS.
O que é apostasia? A definição que ofereço é a que segue: “é abandonar a proximidade com Cristo e com os santos ao perceber que esta proximidade não se tornará comunhão por causa das inclinações do coração daquele que apostata”.
Apostasia é o abandono da comunhão, da doutrina correta (ortodoxia) e da prática correta (ortopraxia), mas não implica em abandono da fé genuína, porque é impossível alguém abandonar o que nunca possuiu e que apenas aparentava (hipocrisia).
A palavra apostasia significa “perder o equilíbrio”, “separar-se de uma base que serve de apoio indispensável”, “cair”, “abandonar a retidão”. No sentido cristão ela assume o sentido de insubordinação mediante rebeldia moral e espiritual, queda das convicções religiosas.
Ao mesmo tempo podemos considerar a apostasia um gravíssimo erro espiritual porque a Palavra atesta que aqueles que abandonam a Igreja, depois de terem conhecido a luz da verdade, se encontram em estado pior que o anterior (II Pe 2:20 Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro). Torna-se ainda mais escravo do pecado, escravo de satanás e réu da perdição eterna.
É por isso que não é de admirar que seja mais difícil trazer de volta para o seio da Igreja um apóstata (que se julga cheio de razões para abandonar a Igreja, numa atitude de insubmissão e rebeldia contumaz, pretendendo-se superiores aos que ficaram) do que levar uma pessoa pela primeira vez ao evangelho. Nestes tempos de politicamente corretos os apóstatas tem sido eufemisticamente designados de “desigrejados”.
Mas sabemos que há casos de arrependimento e retorno à sensatez - II Tm 2:26 ...mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade).
Para o convertido a apostasia temporária é um perigo que rodeia a Igreja constantemente, e este perigo é ainda mais grave onde há ignorância das doutrinas, falta de amor cristão, indiferença para com o ensino da Palavra, transformação dos canais de edificação em mero entretenimento, falta de amor mútuo. Todos estes males agravam o risco de que, esquecendo-se de que do Senhor vem a satisfação de todas as nossas necessidades (Sl 23:1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará) o cristão busque em cisternas rotas o que deveria estar recebendo da fonte de águas tranquilas (Jr 2:13 Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas).
Entretanto, o inconvertido não pode evitar a apostasia, pois sua natureza é comparada à de um animal que, livrando-se da impureza, retorna à podridão (II Pe 2:22 Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal).
Mas, e o convertido, como evitar o perigo da apostasia? Como evitar que, lavado no sangue de Cristo, volte a chafurdar-se na lama? Atitudes como meditação diária e constante, com obediência à Palavra, cuidado e vigilância em sua vida devocional, prática de exercícios devocionais particulares e comunitários, envolvimento nas atividades da Igreja, guarda do dia do Senhor, assiduidade ao culto, submissão às autoridades e amor aos demais membros do corpo de Cristo são instrumentos de fortificação da alma.

I Tm 4.1-5
1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,
2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência,
3 que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade;
4 pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável,
5 porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.
____ I. A APOSTASIA NÃO É SURPRESA
Para os cristãos a apostasia não é nenhuma surpresa por dois motivos.
O primeiro é histórico: ao longo de toda a história da fé sempre houve apóstatas, incluindo, em determinado momento, até mesmo todo o povo de Deus desde o começo de sua história (At 7:39-40 A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito, dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu), em seu desenvolvimento durante o período dos juízes (Jz 2:12 Deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira) e mesmo nos dias de Jesus, quando os discípulos o abandonaram (Jo 6.66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele), inclusive um dos doze a quem ele escolheu (Jo 17.12 Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura).
Mas a apostasia não tem lugar no coração dos que conhecem a Cristo como o filho de Deus (Jo 6:68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna) e se mantém atentos para não serem enganados (II Ts 2:3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição).
Outro motivo para que não nos surpreendamos com a apostasia é o fato de que o Senhor afirmou, de maneira muito clara, que ela aconteceria (Mt 24.10-13 Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo).
A Igreja pode ser surpreendida pelo momento e pelo modo de insurreição apóstata - mas nunca pelo fato de tal insurreição acontecer e muitos abandonarem a doutrina bíblica. A própria doutrina bíblica prevê e explica a apostasia como um movimento de um coração não regenerado rebelando-se contra leis espirituais que não deseja cumprir. Embora a palavra seja agradável aos crentes (Sl 19:10 São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos) é um duro jugo para os inconversos (Jo 6:60 Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?) ela é pesada e desagradável para os descrentes.
Para o Senhor da Igreja não há surpresa nenhuma quando surge um movimento apóstata - ele conhece o coração do homem (Jo 2:23-25 Estando ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome; mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana).
Deus não foi surpreendido nem pela rebelião de Satanás, e muito menos pelo pecado de Adão.
É impossível imaginar que o Deus que tem pleno conhecimento de todas as coisas (Jo 16:30 Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus), de tudo sobre todo o universo, inclusive os pensamentos do homem antes que sejam formulados (Sl 139:4 Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda), e tudo dispõe segundo o seu querer (Pv 21:1 Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina) seja surpreendido por alguma coisa que o homem consegue fazer.
A Palavra afirma que o Espírito do Senhor sabe tanto quem são como de onde virão os apóstatas, e com que propósitos - atrair os homens para si, engrandecerem-se à custa de seus seguidores e afastar os homens de glorificarem ao Deus vivo, de maneia que, mortos espiritualmente, sejam arrastados para o inferno junto com satanás e seus anjos (Mt 25:41 Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos).
____ II. A ORIGEM DA APOSTASIA
De onde vem a apostasia? Toda apostasia é demoníaca? Ou devemos creditá-la a interesses humanos? Ou a mera hipocrisia e dureza de coração? Ou é tudo isto junto? Na visão de Paulo, existem pelo menos três causas para a apostasia - causas que podem atuar isoladas ou concomitantemente.
ESPÍRITOS ENGANADORES
Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios...
I Tm 4.1
Esta mesma expressão é usada por João para descrever uma das causas da apostasia: pregadores de um falso evangelho, ou profetas da mentira [I Jo 4.1 Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora). Paulo assume que é do coração do homem que procedem os maus desígnios (Mt 15:19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias).
O Senhor se refere a propósitos que brotam do coração do homem, que é corrupto (Jr 17:9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?) e foi justamente esta a causa do dilúvio: os maus desígnios do coração do homem (Gn 6:5 Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração).
É por causa destes maus desígnios que homens inescrupulosos ameaçam a paz e a unidade da Igreja, buscando arrastar alguns com doutrinas muitas vezes atrativas, outras tantas esquisitas, mas verdadeiras afrontas a Deus e à sua Palavra (Rm 16:17-18 Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos).
INFLUÊNCIA DEMONÍACA
Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios...
I Tm 4.1
É obvio que o diabo não perderia a oportunidade de perturbar a Igreja do Senhor, e ele o faz de duas maneiras.
A primeira é semeando o joio no meio do trigo (Mt 13:25 ...mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se), através de seus ministros (II Co 11.13-15 Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras) na tentativa de enganar os eleitos - o que, evidentemente, é impossível definitivamente.
A segunda é tentando retirar o joio levando junto o trigo. Existem inúmeras formas de doutrina satânica sendo disseminadas - umbanda, espiritismo, satanismo propriamente dito. Ademais, toda doutrina que nega a Cristo é doutrina anticristã, e é, pois, uma filha do diabo independente do uso ou rejeição da bíblia. Entretanto, há, claramente, doutrinas que são diretamente proporcionadas pela direção demoníaca, através de entidades espirituais disfarçadas ou não. A umbanda, por exemplo, apropriou-se de um sincretismo com a idolatria romanista para disfarçar suas entidades animistas africanas - mas recebe direção direta de tais entidades.
O espiritismo pretende ser o canal de comunicação entre espíritos de luz (que eles mesmos admitem a possibilidade de serem espíritos enganadores), homens e espíritos de mortos, uma doutrina que não encontra respaldo nas Escrituras (Hb 9:27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo).
Até mesmo o romanismo e suas mensagens atribuídas a mortos (santos) ou à Maria (todos mortos, evidentemente) pode ser tão corretamente atribuídas a ação demoníaca quanto a falsa visão que Saul “entendeu” ser de Samuel, contra todas as evidências: alguém que deveria estar com Deus teve que “subir” e, posteriormente, aceita que o rei se prostre ante ele (I Sm 28:14 Perguntou ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo um ancião e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou) e ainda oferece uma profecia que não se cumpre perfeitamente, embora Saul realmente tenha morrido, mas não no dia predito (I Is 28:19 O SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus).
Não podemos nos esquecer do moderno pseudo pentecostalismo e seus cada dia mais aberrantes extremos, cujos praticantes procuram justificar suas loucuras em pretensas visões, esquecendo-se do que Paulo disse aos gálatas - nem ele, nem anjos podiam ir além da revelação das Escrituras (Gl 1.8-9 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema).
É evidente que este pseudo pentecostalismo pode ser, claramente, uma soma de tudo o que serve de fonte para heresias: espíritos dispostos a enganar, homens mercadejando a fé, sob influência de satanás e possuidores de corações hipócritas e consciências cauterizadas.
DESONESTA HIPOCRISIA
...pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência,
I Tm 4.2
Raramente a apostasia é fruto de dificuldade de entendimento doutrinário - é muito mais de desonestidade e dissimulação intelectual. Um exemplo claro que ilustra esta afirmação é o momento em que muitos discípulos deixam de andar com Jesus (Jo 6:66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele) exatamente porque compreenderam o que ele disse e o que isto significava para suas vidas - renúncia do eu, comprometimento integral com o reino (Jo 6.60 Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?).
Eles queriam uma religião que pudessem “praticar” (Lc 10:25 E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?) e Jesus lhes oferece uma religião que era muito mais que isso, mais que um estilo de vida, era uma nova vida (Jo 6.63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida) como ele mostra com absoluta clareza para Nicodemos (Jo 3:3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus).
Observe que os apóstatas julgam-se no direito de julgar o ensino de Jesus, colocando-se acima do mestre, como fizeram os judeus e, há pouco tempo, foram seguidos pelo herético Edir Macedo em vídeo datado de 31 de dezembro de 2012:
“Pensa comigo, por favor. O primeiro milagre que Jesus realizou foi numa festa de casamento quando ele transformou a água em vinho. Eu fiquei perguntando: ‘Meu Deus, o primeiro milagre que o Senhor faz não é a cura de um enfermo, não é a libertação de um oprimido, não é a salvação de um ser humano. O senhor transformou água em vinho?’ E esse vinho, o que fez? Alegrou apenas os convidados daquela festa de casamento. Não fez mais nada. Ou fez? Qual foi o benefício que a transformação de água para vinho trouxe para o Reino de Deus?”
“Qual foi o benefício que a transformação de água em vinho trouxe para o reino de Deus? Houve algum benefício? Não. É justo que o Senhor tenha transformado em água em vinho sem beneficiar qualquer pessoa e não tenha transformado a vida de uma pessoa para nova criatura e tenha a mesma qualidade de vida?”
“Eu não aceito essa situação. Minha inteligência se nega a aceitar. O meu coração diante do conhecimento que nós temos da Tua palavra e da justiça de Deus, não passa na minha cabeça, é inaceitável”.
Macedo usa a desonesta [como todo apóstata e herético ele não poderia ser honesto) tática argumentativa de chamar a pessoa a “pensar com ele” - insinuando implicitamente que quem ousar discordar está, automaticamente, classificado de “não pensante”. Então, podemos insistir na afirmação de que não é falta de entendimento, mas essencialmente desonestidade intelectual, preferência pela mentira e rejeição da verdade que move o apóstata (Rm 1.24-25 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!).
____ III. AS ARMADILHAS DA APOSTASIA
A apostasia não se apresenta com um convite para o abandono da fé. Geralmente ela se apresenta como uma interpretação mais profunda ou atualizada, ou, pelo contrário, uma tentativa de voltar a práticas há muito tornadas obsoletas pela vitória de Cristo na cruz e a liberdade dela decorrente, que alguns, inadvertidamente, transformam em libertinagem (Jd 1:4 Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo).
CONTROLE DE RELACIONAMENTOS
3 que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade;
I Tm 4.3
Os relacionamentos são a mais básica necessidade emocional horizontal do ser humano, que foi criado para viver em companhia de outro ser (Gn 2:18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea) que lhe seja igual e complementar (Gn 2:23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada).
Numerosas seitas apostatas exigiam de seus membros dedicação integral, proibindo o casamento - no que foram imitados pela Igreja romana em meados do séc. XI como uma forma de manter intacto o patrimônio da Igreja e, ao mesmo tempo, dispor do trabalho em tempo integral de seus membros.
Não é difícil mostrar que esta abstinência é uma forma de negação de submissão à vontade de Deus que afirma que não é bom que o homem esteja só, e, ainda, que o leito conjugal é uma benção (Hb 13:4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros).
RESTRIÇÕES ALIMENTARES
3 que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade;
I Tm 4.3
A apostasia se revela também pela negativa em receber, com ações de graças, de tudo o que Deus criou e deu para servir de alimentação do sua criatura.
Também não é incomum nas seitas apóstatas a proibição de determinados alimentos, considerados puros pelo Senhor antes (Mc 7.18-19 Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E, assim, considerou ele puros todos os alimentos) e após a ressurreição (At 10:15 Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum).
Encontramos esta prática em instituições como o adventismo (especialmente carne de porcos e semelhantes) e o romanismo (semana “santa”), mas também está presente no budismo (qualquer carne), no hinduísmo (carne de vaca) e outras.
SACRALIZAÇÃO DE PESSOAS
Geralmente movimentos apóstatas são fruto de pessoas com personalidade impactante, e conseguem arrastar após si pessoas mais fracas e influenciáveis. Podemos ver numerosos exemplos nos dias atuais, quando pregadores de si mesmo arrastam multidões sem oferecer-lhes nada que ao menos se pareça com o alimento da Palavra de Deus.
Também vemos esta sacralização em relação à memória de pessoas que foram importantes dentro da instituição e, em alguns casos, nem foram reais, como os santos romanos.
SACRALIZAÇÃO DE DIAS E DATAS
Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
Rm 14:6
O restabelecimento da guarda de dias santos - não apenas no sabatismo, mas também no romanismo é uma forma de apostasia porque tira o foco que deve ser sempre no autor e consumador da fé, Jesus (Hb 12:2 ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus) para colocar na obediência a mandamentos que já foram ab-rogados porque cumpridos por Cristo Jesus, o nosso descanso.
SACRALIZAÇÃO DE ATOS
...sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
I Pe 1:18
Assim como Pedro, Jesus denuncia um grave problema religioso do ser humano: considerar o que tem sido feito como mais importante do que o que se deve fazer (Mc 7.11-13 Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes).
Sacramentar a tradição faz com que as pessoas fechem os olhos para Jesus. A Igreja inúmeras vezes se esconde atrás do “sempre fazemos assim” para não obedecer a Cristo ou aos apelos de almas que se perdem e um movimento apóstata valorizar sobremaneira uma determinada prática, mesmo que esta não tenha fundamento bíblico, apenas por causa da antiguidade da mesma.
____ IV. COMO ENTENDER A APOSTASIA
A Escritura chama os apóstatas de “anticristos”. É evidente que não está se referindo ao anticristo (II Ts 2.3-4 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus) que coloca-se em oposição ao filho (I Jo 2.22 Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho). João chama os promotores da apostasia de anticristos, predecessores e tipos do anticristo que encarnará a apostasia final.
Os apóstatas possuem algumas características que podemos identificar no ensino de João (I Jo 2.18-19 Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos).
Eles sairão do meio da Igreja, e, por isso, conhecerão muito bem sua estrutura, seus pontos fortes e sua vulnerabilidade. Entretanto, a Igreja não deve sentir-se surpresa nem desanimada, ainda que esta saída lhe cause dor, como uma operação para retirar um objeto estranho que feria o corpo e o prejudicava.
Por conhecerem a Igreja eles farão críticas verdadeiras, embora seus objetivos sejam perniciosos. Podemos, inclusive, aprender com os apóstatas quando eles apontam nossas falhas, embora não devamos lhes seguir os maus passos.
Eles serão diferentes da Igreja, porque, embora parecessem ser parte dela, nunca foram realmente convertidos. Vieram para o seio da Igreja por motivos os mais diversos possíveis, e muitos deles nem foram injustos: família, necessidade de companhia, amizades, busca de conhecimento, relacionamentos sadios. Mas sua natureza não mudou.
Se fossem parte da Igreja não poderiam ter sido arrebatadas das mãos do Senhor (Jo 20.27-29 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar).
Eles sairão para evidenciar diferenças entre os crentes e os inconversos. Sairão porque não eram parte da Igreja, eram joio no meio do trigo, podiam até ser confundidos com a Igreja mas no tempo de produzirem os frutos serão como a figueira estéril: sua aparência será apenas fachada, não darão frutos e não permanecerão.
Eles servirão de alerta para a Igreja. Sua presença e sua apostasia servirão de lição e advertência para os fiéis, que devem aprender que sem Cristo nada podem fazer (Jo 15:5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer), mantendo-se vigilantes para que não caiam (I Co 10:12 Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia).
____ VI. A COLHEITA DO APÓSTATA
A Escritura afirma que o estado daquele que abandona a fé é pior que o seu estado anterior, geralmente num nível moral inferior por causa das contaminações do mundo, deixando-se enredar pelas armadilhas do mundo e de satanás. Seu estado é pior do que o anterior porque, tendo sido considerados livres até pelo inimigo (que não conhece corações e não tem como saber quem é convertido ou não) agora retornam, duplamente humilhados (Jd 1:12 Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas).
____ VII. O ANTÍDOTO
Para que o cristão não seja enredado pelos laços armados pelo diabo e pelas ramas e raízes do joio que ele planta, é necessário que faça uso dos meios de graça, da administração da Igreja e da comunhão com os santos.
Ninguém pode resistir às ciladas do inimigo sem estar alimentado pelo Espírito do Senhor através de sua Palavra. Jesus deu-nos o exemplo ao ser tentado, embora detentor de todo o poder ele preferiu vencê-lo pela Palavra (I Jo 5:3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos).
Outra importante fonte de poder é o usufruto dos sacramentos, tanto o batismo onde confessamos a Cristo como Senhor como a Santa Ceia, quando renovamos nossa comunhão com Deus e com a sua Igreja (I Jo 1:3 ...o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo).
Deus também nos dá o governo da Igreja como um importante instrumento de crescimento e purificação (Hb 13:17 Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros).
Uma última e difícil consideração a respeito dos apóstatas é a orientação da Palavra no sentido de que os mesmos devem ser identificados e evitados pela Igreja para que ela não seja contaminada. Em outras palavras, a Igreja não deve receber reconhecidos apóstatas em seu meio com os braços abertos (II Ts 3:14 Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado) porque os mesmos portam veneno em seus lábios (Os 10:4 Falam palavras vãs, jurando falsamente, fazendo aliança; por isso, brota o juízo como erva venenosa nos sulcos dos campos).
Não adianta querer ganhar ou manter reconhecidos apóstatas no seio da Igreja porque isto é um prejuízo, é um dano. É melhor deixa-los partir. Como diz o título deste texto, é melhor vê-los partir porque isto é uma profilaxia do Espírito Santo em sua Igreja, para mantê-la pura para o noivo (II Pe 3.14-17 Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles). Manter apóstatas mediante carinhos e concessões é um adultério espiritual e um câncer, um estímulo à septicemia espiritual na Igreja.

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