O QUE A IGREJA DE DEUS DEVE
SER
1 Paulo e
Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive
bispos e diáconos que vivem em Filipos, 2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Paulo é o autor da
carta, e estava acompanhado por Timóteo. Esta é uma das últimas cartas de
Paulo, praticamente uma palavra de despedida, pois não sairia mais da prisão
até a sua morte. Preso, mas não aprisionado. Sua mente e coração não estavam
presas pelas cadeias, pelo contrário, suas algemas contribuíam para o avanço do
evangelho.
Ressaltamos a
apostolicidade da carta, sua autoridade, mas, ao mesmo tempo, a simplicidade e o
interesse de Paulo pela Igreja que “ele gerou” em cadeias (At 16). Paulo fala a todos os santos, mencionando que entre
eles, e não acima deles, há bispos e diáconos. Mas, ao mesmo tempo, lembra au passant que cabe aos bispos e
aos diáconos a tarefa de incentivar e conduzir os demais unidos no serviço
constante ao Senhor.
A eles Paulo deseja a
experiência da graça perdoadora e salvadora, a paz de quem vive em harmonia com
Deus e com seus irmãos. Tudo isto fruto da comunhão com o Pai Celeste e com o
Senhor Jesus Cristo. Onde há a graça e a paz do Senhor, há harmonia e onde há
harmonia entre os crentes e com o Senhor, a graça se manifesta, a paz é
vivenciada e o corpo é abençoado (Ef 4.16).
UMA IGREJA
COOPERADORA
3 Dou graças ao meu Deus por tudo que
recordo de vós, 4 fazendo
sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o
primeiro dia até agora. 6 Estou
plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la
até ao Dia de Cristo Jesus.
Paulo diz lembrar-se de
algumas características da Igreja em Filipos, e ele torna esta Igreja uma
presença constante em suas orações porque ele a conhecia como uma Igreja
cooperadora para a expansão do evangelho, das boas novas (euaggelion). De que maneira uma
Igreja pode ser cooperadora?
I. Através da vida
comunitária sadia, da comunhão, da assistência mútua, da correção e da
santidade. Não há como ser Igreja cooperadora com o evangelho se não viver o
evangelho (koinonya);
II. Através da pregação do
evangelho aos incrédulos, anunciando-lhes a salvação unicamente em Jesus
Cristo. A verdadeira Igreja de Cristo tem como missão principal adorar a Deus e
esta adoração não está dissociada do anúncio da salvação aos pecadores (kerygma);
III. Através do discipulado,
do testemunho, do viver e do explicar a razão da fé que carrega no coração,
mostrando porque se vive de maneira diferente do sistema de pensamento que
cerca o cristão (didaskalia).
Propositalmente deixei
de colocar entre os tópicos da cooperação a contribuição financeira e a oração,
porque entendo que estas duas “formas” de cooperação do evangelho são apenas
reflexos da comunhão, do anuncio e do aprendizado da vida cristã.
UMA IGREJA
AMOROSA
7 Aliás, é justo que eu assim pense de todos
vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e
confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo. 8 Pois minha testemunha é Deus, da saudade que
tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.
Paulo descreve a Igreja
filipenses como uma Igreja que habitava em seu coração porque havia lutado lado
a lado com ele, apesar de suas algemas, apesar do perigo de serem considerados
inimigos do império a Igreja não o abandonou. A razão para isto é que a Igreja
amava a Deus, amava a mensagem que Paulo anunciava e, sem dúvida, amava também
a Paulo.
Não podiam agir
diferente. Lembremos que o primeiro convertido em Filipos, um carcereiro, um
homem que estava encarregado de não permitir a liberdade de ninguém, estava
pronto a tirar a própria vida porque achava que havia falhado - e pela lei da
época ele respondia com a própria vida por isso, independente da causa. E,
salvo pela não fuga de Paulo e Silas, queria, também, experimentar a verdadeira
liberdade que só há em Cristo Jesus.
O que uniu o judeu Paulo
e os gentios filipenses? Nada menos que a graça de Deus em Jesus Cristo. Graça
que é maior que a vida, maior que a morte, maior que coisas do passado ou do
futuro (Rm 8.35-39).
UMA IGREJA EM
DESENVOLVIMENTO
9 E também faço esta oração: que o vosso
amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10 para aprovardes as coisas excelentes e
serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11 cheios do fruto de justiça, o qual é
mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.
Não há nada mais triste
que uma Igreja morta. Nada mais desanimador do que uma Igreja decadente. Aliás,
chega a ser um contrassenso uma Igreja não estar viva, pois se é Igreja do
Senhor, tem o Espírito vivificante do Senhor atuando nela.
Paulo ora para que o
amor e o conhecimento existentes naquela Igreja continuem aumentando para que a
Igreja não entre em estagnação, e, deixando de ser fonte de águas vivas. Quando
uma Igreja deixa de ser fonte de águas passa a ser poço, poça, deixa de ser
fonte de vida e alimenta agentes causadores de morte.
Paulo argumenta que,
crescendo na graça e no conhecimento do Senhor, crescendo espiritualmente e
intelectualmente, crescendo numericamente, aquela Igreja terá alguns
privilégios:
· experiência das coisas excelentes de Deus [não diz quais, mas
certamente a glória eterna está incluída, o gozo da presença do Senhor Jesus e
da comunhão dos santos);
· apresentar-se perante o Senhor no grande dia do juízo sem medo
porque não carregarão a culpa da omissão, da timidez, do relaxamento na obra do
Senhor;
· estar na presença de Deus com frutos de justiça nas mãos, ao
contrário daqueles para os quais o Senhor voltará as costas (Is 1.15).
CONCLUSÃO
Como
fazer parte de uma Igreja assim? Onde está esta Igreja? Esta Igreja pode, antes
de estar em algum lugar, ser alguém. Ser você. Ela só estará em algum lugar, em
alguma cidade, em algum endereço se, primeiro, os cristãos forem o que devem
ser. Sua Igreja (comunidade) só será como esta da qual Paulo se lembra se você
for como os crentes dos quais Paulo se lembrava. A mudança começa em você.
Antes de pensar em procurar uma Igreja prefeita, busque ser perfeito diante de
Deus e dos homens.
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