sexta-feira, 3 de maio de 2019

A IGREJA SOB HOLOFOTES I

Definir significa expressar exaustivamente a natureza de alguma coisa. Na verdade, dar uma definição absoluta é algo que só Deus é capaz de fazer, por isso nosso propósito neste texto não é definir, é descrever. Vamos tentar descrever o que pensamos que conhecemos: a Igreja, porque precisamos saber o que é a Igreja para ser Igreja, mais do que representar como se num palco estivéssemos.
Homens de grande cultura, provavelmente os dois mais cultos dentre os escritores do Novo Testamento, Paulo e Lucas trabalham em duas frentes para nos ajudar a compreender o que é a Igreja. O primeiro trabalha com comparações, descreve a Igreja à partir de outras coisas presentes e que podiam ser observadas pelos seus leitores. O segundo, como historiador que se propõe a ser, trabalha com a descrição de ações de uma comunidade concreta, mostrando seus acertos e seus erros.
Vamos tentar compreender, inicialmente, como Lucas, o discípulo de Paulo, médico gentio, retrata a Igreja para nós, lembrando, porém, que aquela não é uma Igreja perdida no passado e sua descrição foi para nossa edificação e consolação (Rm 15:4 - Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança).
O primeiro relato que Lucas traz da Igreja está registrado em At 2.44. Num único e sintético verso ele traz uma característica da Igreja que nenhum cristão ousaria contraditar: a Igreja é a comunidade dos que creram. Mas ele traz também duas características que muitos cristãos não se interessam por praticar: estavam juntos e tinham tudo em comum.
IGREJA É CRENTES
Não há erro gramatical na frase acima, ela foi propositalmente escrita para enfatizar a verdadeira natureza da Igreja. Lucas descreve a Igreja como um grupo de pessoas que criam, verdadeiramente, no Senhor Jesus Cristo, comprometendo-se com ele não apenas ideologicamente, culturalmente ou filosoficamente. Era um compromisso de servidão (Jo 14.21) e recompensa (Mt 25.34).
Um servo (doulos) não possuía a liberdade de escolher que ordem de seu Senhor deveria obedecer. Um servo servia - obedecia, independente de qual fosse a ordem, como aconteceu com os apóstolos quando foram proibidos de pregar pela mais alta coorte judaica disseram que se sentiam obrigados a obedecer ao seu Senhor (At 5.29) mesmo correndo perigos.
Brigamos em concílios para organizar igrejas (associações religiosas), brigamos na justiça por patrimônio que chamamos de templos (são apenas prédios) mas não devemos esquecer que a Igreja é o número de crentes que creem em Jesus, que se comprometeram com ele, que receberam-no como seu Senhor e salvador, e que anelam por permanecer obedecendo-lhe e assim e experimentarem a manifestação do amor do Pai nos laços do Espírito.
Alguém pode pertencer a uma denominação religiosa com o nome de Igreja em letras garrafais escritas na parede e mesmo assim não ser Igreja de Cristo. Curiosamente Lucas descreve a Igreja com uma característica que não pode ser medida pelos olhos dos homens: só Deus sabe quem é realmente sua Igreja, embora possamos conhecer-lhe os frutos (Mt 7.20).

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