sábado, 14 de março de 2020

O IMEDIATISMO E SEU FILHO PRAGMATISMO


Leia o artigo anterior: HÁ TEMPO PRA TUDO E TUDO TEM SEU TEMPO.
Somos imediatistas. Queremos resultados rápidos e não gostamos de esperar. Por isso vivemos na era do fast... Tudo é fast. Comida? Fast food. Entregas? Fast... Serviços? Fast. Há quem gaste quantias consideráveis em aparelhos eletrônicos para ganhar 1 segundo (isso mesmo, 1 segundo) de melhora de desempenho. Há quem fique exasperado por mandar uma mensagem num aplicativo de comunicação e ter que esperar 1 minuto pela resposta enquanto o outro já está digitando.
Imagine se vivesse há uns 30 anos atrás em que uma carta podia demorar meses para obter uma resposta?
Somos imediatistas, apressados, queremos tudo para ontem, e, se não for possível, no mínimo para 1h atrás. E às vezes nos exasperemos porque alguns obtém resultados em algumas coisas mais rápido do que nós. O celular de alguém ao nosso lado liga e conecta mais rapidamente que o seu. Acinte! Absurdo! O carro ao lado responde desafiadoramente mais rápido à aceleração? Hora de trocar a lata velha (será que é tão velha assim). O computador demora 60s para ligar e o do vizinho liga em 55s? Inaceitável.
Na Igreja também não é diferente. Há muitos projetos que respondem positivamente mais rapidamente que outros. E às vezes nos sentimos culpados por não ver resultados a curto prazo. Queremos que o nosso trabalho dê certo logo. Queremos ver o fruto abençoado do trabalho das nossas mãos.
Queremos ver Igrejas cheias, cultos transbordantes. Queremos vidas se rendendo aos pés do Senhor Jesus e se tornando membros das nossas comunidades. Queremos tantas coisas, queremos logo, queremos para já.
E é possível que observemos com algum sentimento de frustração ou inquietação o fato de que haverá outros que obterão resultados mais rapidamente do que nós (e é provável que haja que nos olhe com a mesma sensação) e a pergunta: o que está acontecendo lá que está dando certo para eu fazer aqui também?
Cuidado! Isto pode levar a um erro terrível chamado pragmatismo. Não se perca pelo caminho. Não perca sua identidade em busca de resultados.
Na minha caminhada ministerial já vi muitas coisas estranhas às Escrituras acontecendo nas Igrejas e elas crescendo rapidamente. E o pior é que muitas delas estão crescendo muito rápido e parece que estão prosperando. Estão cheias de gente e de recursos.
Isto não é incomum de acontecer (Sl 73:2-3) e talvez você se sinta espiritualmente frustrado e tentado a fazer as mesmas coisas para ver se dá certo (Sl 73:13). Mantenha-se firme, não deixe que seus pés resvalem. Espera... Espera em Deus.
Mas há uma outra questão, já mencionada anteriormente “au passant”. Pode ser também que justos prosperem. Pode ser que em algum lugar o trabalho de alguém que é fiel ao Senhor esteja indo bem. E pode ser que você sinta uma pontinha de inveja santa do justo. Você quer a mesma bênção. Você não quer que o outro seja amaldiçoado. Não quer que ele caia nem que perca nada. Você só quer ser abençoado. É a bênção do Senhor - e desejá-la não é mal algum. É o tempo do Senhor - e Deus resolveu que, neste tempo, vai abençoá-lo. E, enquanto isto... 
Enquanto isto, trabalhe. trabalhe perseverantemente, fazendo o que o Senhor lhe tem confiado às mãos para fazer, na certeza de que é seu dever semear diligentemente até que chegue o tempo da colheita (Gl 6:9), o tempo de Deus.
Pode ser que preparar o solo seja árduo e demorado. Pode ser que o tempo da semeadura implique em uma longa espera até ver a semente brotar. E pode ser que demore até poder usufruir da colheita ou ver outro colher.
Entre os orientais havia um ditado que ajudava a orientar os imediatistas: “Quem planta palmeiras não quer comer tâmaras”. Estranho? Não. Era um fato. Entre a plantação e a colheita demorava-se entre 80 anos e 100 anos. Mas sempre havia quem as plantasse.
Imaginemos se Noé e Moisés fossem tomados de imediatismo? O primeiro demorou um século para construir uma arca, o segundo peregrinou por 40 anos no deserto e, ambos, pela graça de Deus, obtiveram o resultado que Deus queria que eles obtivessem no tempo determinado por Deus. Isto está de acordo com o ensino bíblico de que um planta, outro rega, outro colhe, mas o tempo é sempre o de Deus (1Co 3.6-7).
Na vida cristã e no ministério não importa se você vai colher - o que importa é que você não pode deixar de plantar. Você deve plantar, deve cultivar mesmo que não seja apenas para você, mas que pode ser uma fonte de bênçãos para o futuro de muitos.
Tudo tem o seu tempo. Algumas coisas podem até ser aceleradas, mas, será que isto é realmente saudável? Nossa pressa, nossa tendência a acelerar as coisas e querer tudo fast pode não ser saudável no final. Tudo tem seu tempo. E às vezes o tempo das coisas é mais do que estamos dispostos a aguardar. Acelerar pode omitir etapas importantes do desenvolvimento das coisas - falhas podem não ser percebidas e resultados amargos podem ser colhidos.
Não se apresse, o tempo pode ser importante para corrigir as falhas que não podem ser percebidas inicialmente mas vão se evidenciando aos poucos. Enquanto os resultados não aparecem tão rapidamente quanto você gostaria tire os olhos daquilo que está do seu lado e permaneça olhando firmemente para o autor e consumador da fé. Olhe para Jesus, confie nele, pois há tempo para tudo - até para você colher as bênçãos do Senhor. Sim, há tempo para tudo, até para sua colheita.

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