“...aos irmãos que são santificados e vivem com fidelidade”.
O apóstolo Paulo
escreveu uma carta memorável aos crentes que viviam em Colossos. De imediato
destacam-se os dois adjetivos pelos quais ele qualifica os irmãos que ali
viviam: santos e fiéis. Esta expressão de Paulo, retraduzida acima, é
maravilhosa e precisa ser observada com muito carinho.
IRMÃOS (adelfós)
Antes de tratar de suas
qualificações, precisamos compreender primeiro sua identidade comunitária - é
impossível ser irmão sem ter irmão, isto é uma obviedade.
Quem eram os colossenses? Para
Paulo, independente de quaisquer barreiras outrora existentes (credo,
nacionalidade, sexo, etnia, cultura ou classe) os colossenses são considerados
irmãos por causa de Cristo Jesus. Os colossenses são vistos por Paulo como
aqueles que tem Deus por seu Pai.
Este conceito está presente no Antigo Testamento, nas
palavras de Malaquias, por exemplo (Ml 2:10 Não temos nós
todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que
seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos
pais?) mas continua presente no Novo Testamento, como
podemos ver no que nos diz o apóstolo João (1Jo 3:1 Vede que
grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus;
e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo).
Desta maneira, podemos afirmar
que os colossenses são nossos irmãos - e é assim que devemos olhar para eles, e
é assim que desejamos que todo o povo de Deus olhe para nós.
Quando isto acontecer
experimentaremos de fato a alegria da comunhão dos santos, mais uma vez
lembrando do Antigo Testamento (Sl 133:1 Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!) e presente também no novo (1Jo 1:3
...o
que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que
vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai
e com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Estas coisas, pois, vos
escrevemos para que a nossa alegria seja completa).
SANTOS
(hágios)
A palavra irmãos define a identidade comunitária dos
colossenses, já a palavra santos define a sua identidade espiritual. Serem
santos define o tipo de relacionamento que eles têm com Deus.
O sentido de santidade, presente na mente de Paulo, está muito longe do conceito
romanista de ter sido declarado sem pecado por um bispo ou por um concílio, ou,
ainda uma pessoa que consiga viver sem cometer pecados, um conceito muito comum dada a nossa origem cultural com grande
influência católica.
Kittell afirma que a santidade da Igreja está assentada no
fato dela ser santificada, isto é, ser habitação ou templo do Espírito Santo.
Como povo separado para Deus (e este é o sentido da expressão) os cristãos
devem ser santos (1Pe 1:16...porque escrito está: Sede
santos, porque eu sou santo) porque foram santificados,
isto é, foram tornados santos em Cristo Jesus (1Pe 2.9 – Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz).
FIÉIS (pistós)
Estes santos irmãos de quem Paulo
está falando são pessoas exatamente como nós, de carne e osso, assim como o
grande profeta Elias era semelhante a nós (Tg 5:17 Elias era
homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância,
para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu).
Estas pessoas viviam num ambiente religioso e cultural geralmente muito hostil
a sua fé, mas, pelo fato de terem sido separados por Deus para lhe pertencerem
e viverem uma vida caracterizada pela pureza (1Ts
4:7 - …porquanto Deus não nos chamou
para a impureza, e sim para a santificação)
eram homens e mulheres que viviam constantemente em luta incansável contra o
pecado, contra as inclinações da carne e dos pensamentos, e contra as astutas
ciladas do diabo.
Eles não tinham vida fácil,
sabiam que não bastava fazer declarações poderosas ou mentalizar realidades
espirituais que tudo se resolveria – eles deveriam batalhar diariamente contra
o pecado que habitava em seus membros (Rm 7:25 Graças a Deus
por Jesus Cristo, nosso Senhor.
De maneira que eu, de mim
mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do
pecado) sem, no entanto, sem se deixar cair em desespero porque Cristo garante
a sua justiça e vitória (1Co 15:57 Graças a Deus, que nos dá
a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.) baseada unicamente na
fé e não nos méritos (1Jo 5:4 ...porque todo o que é nascido
de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé).
Como cristão, é assim que eu
quero ser lembrado: como alguém que foi chamado para a família da fé, separado
por Deus para ser sua propriedade particular e exclusiva, e, por isso, viver
para ele em pureza e fidelidade. É assim que cada um de nós deve ansiar e se
esforçar por ser lembrado: como um irmão, santo e fiel.
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