Há muito tempo eu tenho me eximido de falar sobre política. Fiz isto durante muito tempo como, por exemplo, quando falei em 2003 que ainda veria o Lula ser conduzido para uma prisão, detido, e mesmo que ele saísse pela outra porta já teria sido uma vitória.
Teve gente que me chamou de louco, de alienado, de fascista, de sonhador, teve gente que não gostou do que eu disse e escrevi, disse-me que pastor não deveria falar sobre política [como se pastor não fosse cidadão e como se fosse possível separar qualquer área da vida entre sagrada e profana] e até disse-me para tomar cuidado.
Eu vivi e vi Lula ser preso. Vi a sua sucessora sofrer um
processo de impeachment por improbidade administrativa e vi o petrolão
assombrar o mundo. Vivi para ver o PT ser apeado do poder.
Mas vi outro poder se levantar. Um poder antes silencioso e
que cumpria a com discrição a constituição, mas que, de repente se arvorou em superpoder
supremacista nacional, como resultado de três ações específicas ocorridas
durante o governo petista:
1. Aparelhamento
estatal com nomeação de agentes escolhidos a dedo para determinadas funções,
notadamente no judiciário;
2. Enfraquecimento
sistemático do poder legislativo, com a grande maioria dos seus componentes com
débitos com a justiça guardados nas gavetas dos tribunais;
3. Total
desrespeito à letra da constituição em favor de um ativismo judicial.
Com os juízes torcendo o direito, que direito pode haver? Com
a perversão dos fundamentos, que pode fazer o justo? Como saber o que é justo
se o que está escrito não tem mais valor?
O resultado disto tudo foi uma nova forma de governo,
desconhecida no Brasil até então: a juristocracia, o governo dos togados.
O Supremo Tribunal Federal, que existe para ser um tribunal
constitucionalista, passou a ser um tribunal legislativo [criando e
reinterpretando leis] e administrativo, interferindo até mesmo em que tipo de
propaganda pode ou deve ser feita por um órgão público.
Acovardados [ou vendo seus interesses satisfeitos], com medo
de seus processos saírem das gavetas, os membros do legislativo simplesmente
aceitam esta usurpação de poderes por parte de pessoas que nunca foram eleitos
e cujo poder emana, justamente, da concessão constitucional sob supervisão
deste mesmo legislativo.
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