sábado, 28 de dezembro de 2024

IGREJA: SER OU TER?


.: A IGREJA QUE QUEREMOS SER 
OU A IGREJA QUE QUEREMOS TER :.

 INTRODUÇÃO 

O apóstolo Paulo e o pastor Timóteo nos apresentam uma descrição fiel da Igreja em Colossos. Existem razões que nos permitem afirmar que sua descrição é fiel.

Em primeiro lugar eu creio que a sua descrição é fiel porque ele a descreve para os próprios colossenses, e eles não se arriscariam a serem desmentidos pelos membros da igreja.

Em segundo lugar eu creio que a sua descrição é fiel porque não fazia parte da natureza de Paulo procurar o favor de homens com palavras lisonjeiras (Gl 1.10) embora fizesse tudo o que podia fazer em favor deles (1Tm 2.1).

Em terceiro lugar eu creio que a sua descrição é fiel porque ela é feita em uma carta inspirada, sob direção do Espírito Santo que é o Espírito da verdade (Jo 16.13), o Espírito daquele que não pode mentir porque é fiel e verdadeiro (Ap 19.11) e ele fez questão de manter a sua Palavra livre de falhas ou erros de qualquer tipo.

O PROBLEMA DA RELUTÂNCIA EM FAZER PARTE DA IGREJA

Muitos relutam em fazer parte de uma Igreja pelo fato de verem a Igreja com muitas falhas, e somos obrigados a admitir que, de fato, a igreja que as pessoas podem ver ainda não se mostra aos seus olhos como uma igreja pura, sem defeito. Além disso, esta percepção é piorada pelo fato de existirem muitas falsas igrejas que fazem da fé um mercado (2Pe 2.3) - e se eu quisesse poderia apresentar uma enorme lista delas, com justificativas para dizer: não entre, e se já estiver, saí do meio dela (Jr 51.45) para não vos tornardes participantes de seus flagelos no dia da ira do Senhor.

O que está exposto aos olhos dos incrédulos é a igreja militante, com crentes que ainda lutam contra o pecado e até mesmo com descrentes que, a serviço de satanás (Mt 13.24-25), perturbam a paz e a ordem da igreja (Jd 1.12).

Sim, quem só consegue ver as falhas da igreja não tem culpa de ver o que está exposto aos seus olhos - para o impuro, tudo o que ele consegue perceber é a impureza (Tt 1.15) assim como nossos olhos sempre são atraídos para um ponto de sujeira em uma parede inteiramente branca.

A IGREJA COMO DEUS JÁ A VÊ

Paulo fala de um igreja que ele conhecia na qual se podia perceber o caráter da verdadeira igreja de Deus, do verdadeiro corpo de Cristo - inspirado pelo Espírito Santo ele olhava para a igreja da perspectiva de Deus, como Ele a vê: gloriosa mesmo quando ainda é militante.

Ele nos fala de uma Igreja que está sendo formada, está sendo edificada, que está ainda no meio da sua jornada mas já é a igreja de Deus.

          UMA ESCOLHA PRECISA SER FEITA

Para o pecador só existe duas possibilidades - e você tem que tomar uma decisão agora (2Co 6.2), enquanto é tempo (Is 55.6) porque poderá chegar o momento em que será tarde demais (Pv 1.28). Você pode escolher ficar de fora da igreja enquanto está na jornada porque ela ainda é imperfeita e não fazer parte dela quando for glorificada ou começar a fazer parte dela, agora, na certeza de que Ele completará a obra que ele mesmo iniciou em sua igreja (Fp 1.6 e Ef. 4.13-16).

A Igreja aqui descrita por Paulo é imperfeita mas apresenta algumas características que servem de modelo para a nossa caminhada 20 séculos depois. 

.: CARACTERÍSTICAS DA IGREJA QUE VOCÊ DEVE QUERER SER:. 

A bíblia nunca fala da igreja como se ela fosse uma mera instituição social - a igreja é a comunhão dos que creram no Senhor Jesus. Quando a bíblia fala da igreja ela se refere a todos os crentes, de todas as épocas e lugares, mas também de pessoas reunidas em um determinado lugar para adoração e comunhão. Em ambas as acepções a igreja não tem CNPJ, ela só tem CPFs. 

A primeira e fundamental característica de uma igreja é ter fé no Senhor Jesus Cristo. Sem crentes não existe nenhuma possibilidade de existir uma igreja. Os homens podem organizar clubes, associações, células, grupos, partidos, fraternidades mas não igreja.

É possível fazer muitas coisas em grupos neste mundo, mas sem a fé que vem por meio de Cristo (At 3.16) é impossível ser igreja de verdade simplesmente porque é impossível ser parte do corpo de Cristo sem estar ligado a ele (Jo 15.5).

Guarde isto em sua mente e coração: só é possível estar ligado a Cristo pela fé (Jo 20.31).

Só somos igreja se formos crentes - e é inútil querer ter uma igreja animada, alegre, avivada, ativa, acolhedora, amorosa (só para ficar em adjetivos com a letra “a”) se você não for crente no Senhor Jesus, não fizer parte daqueles que ele comprou com seu sangue (At 20.28) e que, pela fé, ouviram sua voz e atenderam ao seu chamado e o seguiram (Jo 10.27). 

FRATERNIDADE

Jesus ensinou que não é possível ser seu discípulo se não existir relacionamento fraterno (Jo 13.35). Não há verdadeira igreja onde as pessoas vivem envolvidas em disputas (Gl 5.15) porque as divisões evidenciam carnalidade (1Co 3.3) e não espiritualidade (1Jo 3.18).

Enquanto não nos deixarmos ser conduzidos pelo Espírito e compreendermos que sem o amor fraterno não testemunhamos a ninguém que Cristo efetivamente mudou a nossa vida não seremos mais do que um mermo sinalizador à beira de uma estrada - talvez sejamos de alguma utilidade para as pessoas saberem o caminho, mas jamais iremos por ele.

A comunhão dos irmãos é muito mais do que um sentimento - é um elo que vem como resultado da obra de Cristo aplicada aos pecadores por meio do Espírito Santo (Rm 8.29) e que deve ser preservado pelos cristãos (Ef 4.3) que passam a considerar seu próximo como superior a si mesmo ou aos interesses particulares (Fp 2.3).

Qualquer outra forma de relacionamento fraterno ou amoroso não precisa de mandamento nem da ação do Espírito Santo - qualquer pessoa pode naturalmente fazer isso. Mas o amor de irmãos em Cristo, o amor que supera as diferenças pessoais e que não faz acepção de pessoas, o amor que rompe todas as barreiras que o homem é capaz de criar (Cl 3.10-12), o amor que cobre multidão de pecados e faz com que as pessoas levem as cargas uns dos outros (Gl 6.2) só é experimentado pelos que experimentaram abundantemente o amor de Deus em seus corações (Rm 5.5). O crente é capacitado a amar de fato e de verdade porque foi amado primeiro (1Jo 4.19). 

ESPERANÇA

As diferentes associações humanas são capazes de apresentar milhares de soluções diferentes para os problemas humanos e oferecer alguma forma de satisfação, geralmente momentânea, para os desejos humanos. Mas nenhuma resolve os verdadeiros problemas da alma humana, nenhuma realmente traz saciedade ao coração do homem.

Mas somente Jesus oferece, para sua igreja e na sua igreja, a esperança (Rm 5.1-2) de vida eterna (Jo 6.47). Sem Cristo as pessoas podem ter esperança de se curarem de uma enfermidade através de um tratamento médico, ou de conseguirem um emprego para suprirem suas necessidades financeiras, ou de se casarem ou terem filhos - isso e muitas outras coisas boas e desejáveis podem ser alcançadas com os esforços diários.

Mas acontece que a esperança do crente envolve algo que não pode ser conseguido naturalmente. Nossa esperança se refere ao dia de hoje, ao tempo presente no qual vivemos, mas também tem a certeza da eternidade (1Co 15.19) - e isto não pode ser encontrado em nenhum outro lugar ou em nenhuma outra pessoa, somente em Jesus Cristo (At 4.12). 

FRUTÍFERA

A Palavra de Deus afirma ser viva e eficaz (Hb 4.12), e que é sempre frutífera (Is 55.10-11), isto é, ela produz todos os efeitos que Deus deseja que ela produza. E um destes efeitos é a salvação, por meio do poder do evangelho, de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Ao trazer vida ao pecador (1Pe 1.23) a Palavra o habilita a viver em novidade de vida (Rm 6.4) num caminho diferente do que andava antes. Se antes suas obras eram más (Jo 3.9) agora que foi tornado parte do povo de Deus ele, capacitado pela graça de Deus é abundante na prática das boas obras (2Co 9.8) que Deus preparou para seu povo (Ef 2.10).

Não é por qualquer bondade inerente ao homem que ele faz isso, mas pelo poder do Espírito o Senhor capacita a Igreja a viver segundo este evangelho que ressuscita mortos e concede nova vida e faz com que os crentes sejam superabundantes para glória de Deus (1Co 15.58). 

VIVA

A bíblia apresenta a igreja como um edifício, como um organismo vivo e não é sem propósito que ela é chamada de corpo - e neste corpo espiritual cada membro tem um papel específico que deve ser exercido para que o corpo tenha crescimento completo (Ef 4.16). Paulo diz aos efésios que a igreja deve crescer - e só parará de crescer quando atingir a plenitude proposta por Deus em Cristo Jesus, chamada de perfeita varonilidade (Ef 4.13).

Isto quer dizer que a igreja ainda não é perfeita, do mesmo modo que seus membros ainda não foram plenamente aperfeiçoados. A Igreja ainda está em processo de crescimento e purificação (Ef 5.27). 

Aos olhos do Senhor a Igreja é santa e em santificação, perfeita e em aperfeiçoamento (2Co 13.9) e por isso prossegue batalhando pela fé (Jd 1.3) e produzindo frutos para glória de Deus (1Co 15.58). 

FIEL

A Igreja de Cristo não escolhe por si mesmo o que é certo ou errado baseada na sua própria vontade ou outros padrões subjetivos como moda ou interesse público sobre como viver - estas coisas mudam constantemente. A fidelidade da igreja está relacionada à Palavra de Deus, que é imutável e permanente.

No entanto a igreja também sabe que vive em meio a uma geração corrupta e que só tem uma escolha: a de permanecer fiel mesmo que sua fidelidade lhe custe um preço muito alto, mesmo a morte, mas não deve temer (Mt 10.28) porque sabe que, afinal receberá do seu Senhor a coroa da vida eterna (Ap 2.10). 

Assim como a Igreja em Colossos foi ensinada por Epafras e mais tarde recebeu mais da palavra do Senhor por meio de Paulo a Igreja do Senhor tem sido ensinada pela palavra de Deus, que é viva e permanente (1Pe 1.23). 

A igreja é fiel porque está convencida de quem é Jesus e de que ele ressuscitou dos mortos e ressuscitará os que creem nele (2Tm 1.12). A verdadeira igreja de Cristo se mantem fiel na fé com a qual se comprometeu. E aprendeu a praticá-la porque o evangelho é para ser vivido, praticado, experimentado e testemunhado com a capacitação do Espírito Santo.

A igreja de Cristo é fiel porque sabe que o seu Deus é o Deus presente (Mt 28.20) que jamais a abandona (Hb 13.5). 

CONCLUSÃO 

A IGREJA QUE VOCÊ BUSCA

É muito provável que você procure uma igreja com estas características que Paulo diz existirem na igreja em Colossos. Vamos relembrar:

i. Uma igreja que tem fé: qualquer igreja que seja verdadeira igreja de Cristo é composta por pessoas que creem no Senhor Jesus Cristo pois sem fé não é possível ser parte do corpo de Cristo. A fé é o elo que une os crentes (e somente os crentes) a Cristo, tornando-o parte da multidão dos que foram comprados com seu precioso sangue e chamados para segui-lo. Sem fé nenhuma comunidade pode ser considerada verdadeira igreja independentemente de suas atividades ou aparência. A fé é essencial para a existência da igreja (Hb 11.6).

ii. Uma igreja que vive o amor fraterno: o amor mútuo é um distintivo da igreja verdadeira e caracteriza dos verdadeiros discípulos de Jesus, rompendo todas as barreiras, superando todas as diferenças e evidenciando a transformação operada no coração dos homens pelo Espírito Santo. O amor fraterno, cristão, não é natural. Ele é fruto da ação de Deus que capacita os crentes a amarem sem hipocrisia. Esta comunhão vai além de sentimentalismos e torna-se um elo espiritual que preserva a unidade, fortalece a comunidade e testemunha ao mundo a mudança causada por Cristo na vida dos crentes.

iii. Uma igreja que tem uma viva esperança: esta esperança transcende as limitações humanas e está arraigada em Jesus Cristo. Diferente das esperanças momentâneas oferecidas pelo mundo a esperança cristã traz vigor para a vida presente e conduz à eternidade. Esta esperança não pode ser produzida ou alcançada por nada que os homens possam fazer. Ela é fruto exclusivamente da obra redentora de Cristo e é dada por Cristo para todos os que nele confiam.

iv. Uma igreja que produz frutos: uma igreja frutífera reflete o poder transformador da Palavra de Deus, que é viva e eficaz, capacitando todos os crentes a viverem na prática das boas obras que são o resultado visível da nova vida recebida em Cristo Jesus. O fruto do Espírito não é produzido por mérito humano, mas obra do Espírito Santo que habilita a igreja a viver de forma abundante para a glória de Deus. A frutificação evidencia o evangelho em ação, revelando uma comunidade que vive em novidade de vida e testemunha o amor salvador de Deus ao mundo.

v. Uma igreja viva espiritualmente: a igreja é um organismo vivo, é o corpo de Cristo, e nele cada membro desempenha um papel essencial designado por Deus. É claro que a igreja que vemos ainda não está perfeita, mas se encontra em um processo de crescimento e santificação, conforme o propósito de Deus. Como um corpo espiritual a igreja busca a maturidade em Cristo enquanto luta pela fé. A vitalidade da igreja é evidenciada por sua perseverança e produção de frutos espirituais abundantes.

vi. Uma igreja fiel: a fidelidade da igreja está alicerçada na imutável Palavra de Deus e não deve ser influenciada por modismos ou interesses externos. A igreja deve permanecer firme diante de todo tipo de desafio, oposição e até perseguição. A igreja fiel vive na prática do evangelho e testemunha sua fé sustentada pelo poder capacitador do Espírito Santo. Com a certeza da presença constante de Deus a igreja persevera até o fim convicta de que receberá a coroa da vida eterna que lhe foi prometida por seu Senhor. 

ONDE ENCONTRAR ESTA IGREJA

Talvez você procure uma Igreja que lhe sirva, que atenda suas expectativas e padrões, mas é minha obrigação dizer-lhe que nem você nem eu, ou quaisquer outras pessoas não podem ser a medida de todas as coisas. Isto quer dizer que se a Igreja fosse de acordo com nossos padrões ela jamais seria perfeita porque somos imperfeitos.

Talvez haja pessoas buscando uma igreja perfeita e neste exato momento estejam olhando para você buscando encontrar as características citadas aqui.

No fundo, não se trata de qual igreja você quer ter em sua cidade ou bairro, de qual igreja você quer fazer parte neste mundo, mas o ponto crucial é: qual igreja você quer ser, porque o crente é a habitação do Espírito Santo (1Co 6.19) e frutificando no Espírito os que buscam uma igreja fiel olharão com simpatia e serão motivados pelo Espírito a agregarem-se à igreja visível (At 2.57).

Busque encontrar uma Igreja como esta, que te acolha, que te aceite e que reconheça que você é um pecador e que te convide a uma nova caminhada, andando no caminho que o próprio Senhor preparou para que sua Igreja andasse (Ef 2.10). 

SEJA ESTA IGREJA

Mas, acima de tudo, busque ser esta igreja, uma igreja que acolhe, que aceita, que ama, que é viva, produtiva, que é fiel. Agindo assim outros verão e virão e glorificarão o nome do nosso Senhor. Seja esta igreja, porque isto é mais importante do que estar em uma igreja.

 

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

3ª IGREJA PRESBITERIANA DE TAGUATINGA: MESMO CAMINHO, NOVA ETAPA

 Nossa igreja está iniciando uma nova etapa em sua caminhada de fé e é inevitável que mudanças aconteçam. Há alguns anos uma senhora, membro de uma igreja que eu tinha pastoreado no interior do Pará me disse que seu filho que na época tinha algo em torno de 3 anos, que eu sempre cumprimentava dizendo “mêngo” olhava para o púlpito e perguntava sobre “cadê o patô”?!!! Sua mãe apontava para o pastor que estava na igreja e dizia: "olha lá, ele é o nosso pastor". O pequeno resolutamente respondia que não, que “o patô era o mêngo”.

Aquela criança cresceu, hoje é um jovem, acredito que já tenha completado 18 anos. Demorou um pouco para ele se acostumar com o novo pastor, e isto é normal. Algumas coisas mudaram naquela época. Com o pastor que me substituiu mudou a maneira de pregar. Mudou a maneira de ensinar. Mudou a maneira de cumprimentar. Algumas coisas na agenda da igreja mudaram naquela época.

Mas uma coisa não mudou: a igreja continuou olhando para o autor e consumador da fé, Jesus Cristo. A igreja continuou andando por fé, e não por vistas. A igreja continuou sendo o povo de Deus que caminha rumo à Jerusalém celestial.

Um dia Israel também teve que passar por mudanças. Deus conduziu e sustentou seu povo sob a liderança de Moisés, mas chegou o dia no qual Moisés deixaria a liderança nas mãos de Josué. E Israel prosseguiu e avançou. E o povo continuou sendo conduzido e sustentado por Deus.

Nossa igreja também passa por mudanças. Mas uma coisa não mudará: a igreja ainda é a igreja do Senhor, e ainda olha firmemente para o autor e consumador da fé. Ainda anda por fé, e não por vistas. E continuará sendo conduzida pelo supremo pastor.

A mesma exortação feita a Josué é o nosso alento e motivação: “Sejamos fortes, e corajosos, e falemos do livro da lei do Senhor, e meditemos nele dia e noite, e o Senhor nos abençoará”. Viveremos uma nova etapa, o mesmo caminho, o caminho do Senhor, servindo ao mesmo Senhor Jesus Cristo, dirigidos pelo mesmo Espírito e abençoados pelo mesmo Deus.

sábado, 16 de novembro de 2024

POR QUE SOMOS PROVADOS? OU PARA QUE SOMOS PROVADOS? [ATUALIZADO EM 2024]

 POR QUE SOMOS PROVADOS?

OU PARA QUE SOMOS PROVADOS?

 A carta aos Coríntios foi escrita para atender às necessidades da igreja na cidade de Corinto que precisava de orientações urgentes sobre diversos assuntos, e todos eles muito graves.

Paulo trata de problemas como o partidarismo pois a igreja estava se dividindo em grupos tendo como base o nome de Paulo, de Pedro e de Apolo e até o nome de Jesus - mas nenhum destes queria que isso acontecesse pois pastores verdadeiros não querem a igreja dividida, muito menos usando seus nomes como desculpa para seus pecados (1Co 3.4-6).

A igreja também tinha problemas relacionais com irmãos chegando ameaçar outros na tão justiça comum e oferecendo sacrifícios a deuses pagãos para ganhar causas judiciais contra irmãos (1Co 6.4).

Outro problema envolvia a prática de impurezas sexuais. Embora os cristãos não precisassem se submeter as práticas cerimoniais do judaísmo - mas deviam se manter longe da imoralidade e da impureza sexual (At 21.25).

O culto estava caindo em desordem com a atuação de algumas pessoas que se julgavam mais espirituais que outras, pretendendo ter alguma relação especial mais profunda com Deus que Pedro e Paulo tiveram e pretendiam mostrar isso através de pretensos sinais espirituais, mas Paulo diz que eles eram apenas ignorantes (1Co 12.1) e por isso não contribuíam para a edificação da igreja (1Co 14.12).

Mas esta igreja tinha uma característica muito mais importante que todos os problemas que ela enfrentava: ela era a igreja de Deus que estava em Corinto, composta por santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos junto com os outros irmãos que invocam o nome do Senhor em todo lugar. Aquela igreja, como esta, gozava da paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo (1Co 1.2-3).

A palavra de Paulo aos coríntios é Palavra de Deus para cada um de nós, que cremos em Jesus Cristo.

 INTRODUÇÃO

 No milênio passado eu participei de uma reunião de oração dirigida por adolescentes, e um deles leu um pensamento de alguém que me fez pensar muito naquele momento - e que ainda está presente em minha mente e coração: "Se não fossem as provações, a igreja estaria cheia de hipócritas".

E é óbvio que o Senhor não quer uma igreja cheia de hipócritas - uma das mais graves acusações contra os fariseus, os homens mais religiosos do judaísmo do Séc., foi o de hipocrisia (Mt 23.27). A hipocrisia (upokrithj) é um subproduto pecaminoso da árvore contaminada da religiosidade, da autojustificação, da justiça pelas obras.

O hipócrita é um ator, um dissimulado, um impostor, um farsante e por isso seu fim é o de condenação (Mt 24.51) e eu quero crer que você está na igreja justamente porque não deseja ser condenado - ou porque foi alertado da condenação (Hb 12.25) e deu ouvidos à voz do seu pastor, Jesus (Jo 10.27).

O problema é que a hipocrisia é apenas uma máscara - uma maquiagem. E uma maquiagem não resiste a determinadas provas. Para que as máscaras caiam Deus providenciou meios para provar a fé.

Deus permite que sejamos provados, inclusive através das tentações até o limite em que podemos suportar (1Co 10.13). Ele permite que os crentes sejam provados e tentados.

O diabo espera que o crente abandone a fé, ele pretende destruir nossas vidas pelas provações mas Deus nos prova para que sejamos aprovados, maduros, frutíferos. Para que Pedro pudesse fortalecer os irmãos, Deus permitiu que ele fosse joeirado como trigo (Lc 22.31-32).

Somos confortados com a verdade de que Deus é fiel e não permitirá que sejamos provados além das nossas forças. Ele provê uma saída triunfal das provações.

Esta igreja já foi provada. Os membros desta igreja já passaram por tentações e superaram provações, e o fato é que elas são inevitáveis (Jo 17.15), e fazem do processo de crescimento do cristão, pois quando ele persevera nas provações é aprovado e recompensado (Tg 1.12).

É possível que o inimigo tenha olhado esta igreja em determinados momentos de sua história e tripudiado zombeteiramente achando que as portas do inferno prevaleceriam contra ela - mas o Senhor não permitiu que isso acontecesse e não permitirá que isto aconteça.

Esta igreja aprendeu com o Senhor Jesus que quando é sustentada pelo Espírito, quando ora diariamente é fortalecida para não cair quando é tentada - o ensino de Jesus na oração do Senhor é um ensino preventivo. Sendo assim, qual o propósito de Deus em relação às provações que enfrentamos como crentes?

 AS PROVAÇÕES REVELAM AS PROVISÕES DA GRAÇA DE DEUS – I Co 10.1-4

 Ninguém discorda que o período de Israel no deserto foi um período de provação e disciplina para um povo que se mostrou incrédulo quando não quis entrar na terra de Canaã quando Deus mandou e que resolveu entrar quando Deus disse que não deviam entrar mais como podemos ler no livro de Números (Nm 14).

Paulo fala sobre as provisões de Deus para o povo de Israel em sua caminhada no deserto rumo à terra prometida (10.1-4). Mesmo nas provações Deus não deixou seu povo à mercê da fome, ou da sede, ou da penúria, ou dos inimigos. É possível que os anos no deserto tenham sido o período em que Israel mais gozou de paz ininterrupta.

A experiência de 40 anos no deserto era necessária como provação para o povo de Deus (Dt 8.2-4) - eles precisavam da disciplina para seu crescimento e treinamento devido ao que teriam que enfrentar. Deus estava preparando seus filhos para a posse permanente da terra prometida. A disciplina de Deus em nossa vida é expressão do seu amor paternal (Dt 8.5).

O texto fala da satisfação das necessidades mais básicas de um povo nômade: comida, e Deus lhes deu o maná que desceu do céu (Ex 16.35) e bebida, por isso Deus fala da água que brotou da rocha (Ex 17.6).

Não era uma tarefa fácil. Para saciar a fome de cerca de 2 milhões de pessoas no deserto só por milagre - não havia como produzir ou comprar alimento suficiente para tantas pessoas por tanto tempo.

Nossa realidade é diferente hoje, e Deus permite experiências semelhantes em nossa realidade para que possamos reconhecer que tudo o que nós temos hoje, tudo o que conseguimos obter vem unicamente dele, porque é dele que procede tudo de bom, toda boa dádiva e todo o dom perfeito (Tg 1.17).

Ninguém, em lugar ou em tempo algum, ninguém além de Deus era capaz de saciar a fome e a sede dos hebreus no deserto durante 4 longas décadas, assim como Jesus diz que só ele pode saciar a alma dos famintos (Mt 5.6) e sedentos (Jo 6.32-35) e dos cansados (Mt 11.28). Somente Deus pode dar direção a um povo perdido e desorientado (Jo 14.6).

Por mais difíceis que sejam as provações elas são uma dádiva de Deus e quando perseveramos nas provações aprendemos com elas que a Sua graça é suficiente e de que somos fortes na fraqueza (2 Co 12.7-10).

Se seus olhos não se fixarem nas provações você será capaz de perceber que Deus continua presente, que ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e assim como ele providenciou a satisfação de todas as necessidades de seu povo no deserto ele também é o Deus provedor hoje (Hb 13.8) e continuará sendo assim para sempre porque dele, por ele e para ele são todas as coisas (Rm 11.36).

 AS PROVAÇÕES REVELAM E REPROVAM A INCREDULIDADE - 10. 5-11

Quando os hebreus saíram do Egito todos eles passaram pelas mesmas experiências. Todos ouviram as mesmas ordens. Todos passaram pelas mesmas provações e todos igualmente receberam as mesmas bênçãos: todos foram igualmente libertos da escravidão e da opressão de faraó.

Mas não lhe intriga que mesmo assim Deus não se agradou da maioria deles (10.5)? Não é perturbador pensar que a maioria deles não viu realizado seu sonho de chegar à terra prometida, pelo contrário, tombaram prostrados no deserto (Nm 14.29-30).

A resposta para esta intrigante questão é: eles não entraram na terra prometida porque foram rebeldes e incrédulos (v. 6 e 11). Centenas de milhares pereceram por causa da incredulidade. Centenas de milhares, milhões pereceram e estão perecendo por causa da incredulidade. Israel foi provado e pereceu em sua incredulidade e talvez você conheça alguém que faz parte e quer que você também faça parte da maioria e vivem imaginando coisas más (Ez 38.10).

Mas você deve se perguntar: qual o destino da maioria?

A maioria dos que saíram do Egito acabou perecendo no deserto. Foram provados em diversas situações e reprovados continuamente porque eram incrédulos - eram murmuradores, desobedientes, rebeldes, idólatras. Não é conveniente fazer parte da maioria dos que morrem.

O crente deve rejeitar enfaticamente seus convites e resistir firmemente às suas pressões mesmo no pior dos dias (Ef 6.13). O crente deve fazer parte da ‘minoria dos escolhidos’ (Mt 20.16), da minoria crente, como Calebe e Josué, os únicos homens adultos daquela geração que saiu do Egito e que entraram em Canaã.

Os demais, os que entraram na terra prometida, cresceram no deserto - muitos deles nasceram ali! Mas todos cresceram durante a prova, viram que a incredulidade e rebeldia de seus pais os privaram das bênçãos - aqueles pais incrédulos fizeram seus filhos amargar os sofrimentos do deserto por 40 longos anos de peregrinação, mas mesmo assim, neste período todo, não houve sequer um único dia de desamparo.

A incredulidade e rebeldia se manifestaram e se manifestam em:

(1) cobiça (10.6; veja Nm 11.4),

(2) idolatria (10.7; veja Ex 32.4-6),

(3) imoralidade (10.8; veja Nm 25.1-18),

(4) provar a Deus (10.9; veja Nm 21.5-6)

(5) murmuração (10.10; veja Nm 16.41, 49).

Foi por essas atitudes de rebelião e incredulidade que a maioria ficou prostrada no deserto! Esses fatos estão registrados como advertência para nós hoje (10.6 e 11). O nosso Deus é amoroso, mas é igualmente justo!

A incredulidade desonra Deus e Deus repudia, envergonha pune a incredulidade!

  AS PROVAÇÕES REVELAM E APROVAM A FÉ NO DEUS VIVO - 1Co 10.12-13

Já vimos que um dos principais problemas dos fariseus era a hipocrisia. Mas no caso deles o problema era mais grave porque eles realmente acreditavam que eram aquilo que aparentavam. O personagem se tornou a personalidade - e esta é uma característica da hipocrisia: julgar a si mesmo além do que realmente é e por isso Paulo diz aos crentes para serem moderados no autojulgamento(Rm 12.3).

Em Corinto havia crentes que se julgavam a si mesmos superiores, mais desenvolvidos espiritualmente e desprezavam os demais irmãos - e não compreendiam que a bandeira que hasteavam, a da superioridade (Fp 2.3) na verdade evidenciava sua própria carnalidade (1Co 3.3).

Para evitar a armadilha da hipocrisia Paulo oferece uma linha de ação que não é nenhum método mágico. Ele exorta os crentes para serem vigilantes porque assim poderão permanecer de pé e não caírem (10.12).

As tentações (provações) são comuns a todos os seres humanos. A fidelidade de Deus não permite que sejamos tentados além do nosso limite, mas provê para nós uma saída vitoriosa! (10.13)!!!

A perseverança na fé em meios às provações faz do crente um bem aventurado porque através delas os crentes são aprovados e se tornam frutíferos (Tg 1.2-4; e ainda Tg 1.12; veja também 1Pe 1.6-9).

Mas a perseverança é fruto da vigilância - o perseverante é aquele que não caiu, aquele que permaneceu firme. E a ordem bíblica é: preste atenção crente, se você acha que é bom, que é forte, que é capaz ou qualquer coisa parecida lembre-se que você é incapaz de se autossustentar. Você só existe, só respira, só faz o que faz porque Deus quer que você seja assim. Você existe em Deus (At 17.28) e se ele quiser seus dias acabam no exato instante que ele retirar o seu Espírito (Jó 34.15).

Quando o ouro é provado o fogo não destrói o ouro. Ele queima as impurezas - e as que não são queimadas são separadas dele. O fogo purifica o ouro e faz com que ele brilhe mais! O crisol também não destrói a prata - ele faz com que o metal seja revelado mesmo como prata.

O mesmo acontece com o crente no meio da provação. Quando o crente é provado por Deus o seu caráter vai sendo lapidado, sua fé vai sendo evidenciada e nisto tudo ele manifesta a gloria de Deus em sua vida (Pv 17.3; veja também Pv 27.21; e também Mt 5.16).

Todas as tentações e provações que o crente enfrenta estão dentro do plano de Deus - e Deus sabe exatamente o que você é capaz de suportar. Ninguém é tentado como se fosse o super-homem. Ninguém é provado como se fosse o incrível Hulk. Cada individuo é tentado como um ser humano com forças limitadas. Os coríntios que cometiam pecados absurdos, assim como os hebreus no deserto porque atendiam aos interesses e inclinações de seus corações corruptos. Nenhuma tentação é super-humana. Esta é a primeira parte da verdade contida no v. 13.

Mas Paulo vai além e diz para uma igreja cheia de problemas e de pecados que aqueles que confiam sua vida a Deus serão tentados, serão provados, mas também receberão o livramento para suportá-la. Isto quer dizer que Deus livrará o crente das provações? Não, não necessariamente. Pode ser que Deus livre nas provações - e nisto Ele é ainda mais glorificado. Foi o que aconteceu com o trio de amigos de Daniel jogados na fornalha incandescente (Dn 3.17-18). Foi isto o que aconteceu com o próprio Daniel na cova dos leões (Dn 6.20).

Lembre-se nas suas provações e tentações: confie em Deus e obedeça sua Palavra. Guarde em seu coração: A fé honra a Deus e Deus honra a fé!

 CONCLUSÃO

Eu quero concluir com uma história que nos ajuda a entender a natureza das provações. No Séc. XVIII a Marinha mercante inglesa estava tendo prejuízo porque muitos navios estavam se afundando por excesso de carga afinal, quanto mais mercadoria, maior o lucro - mas, quanto maior o peso, maior a probabilidade de problemas na estrutura dos navios e maior dificuldade de navegar.

Antes que a crise se instalasse o parlamento resolveu aprovar uma lei que obrigava cada navio a ter um sinal facilmente identificável pelos fiscais ingleses espalhados por todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. Este sinal no casco dos navios servia simplesmente para indicar o limite de carga. Assim, eles saberiam que, se a carga ficava aquém do limite estabelecido o navio estava dando prejuízo por trabalhar com capacidade ociosa, mas se ia além do limite, dava prejuízo porque naufragava.

Todos deveriam trabalhar no seu limite - nem mais, nem menos. Isto ilustra o fato de que quando somos provados no limite de Deus, tornamo-nos maduros e frutíferos na obra do Senhor (1Co 15.58)! Este é o nosso alvo!

Frutificar para glória do Senhor.

Quando eu criança conhecia poucos materiais para construir casas: madeira, ramos finos de árvore e barro (pau a pique), adobe e alvenaria. Somente na adolescência fui conhecer os blocos furados. As casas mais antigas eram de adobe, eram mais robustas, paredes mais largas, mas era quase impossível pendurar alguma coisa mais pesada em suas paredes porque os ‘adobes’ eram apenas areia e cal, e se esfacelavam com relativa facilidade embora ainda existam muitas casas assim hoje.

Já aquelas cujas paredes eram feitas de alvenaria eram mais finas mas também eram mais resistentes (e obviamente este era um material mais caro). Você podia pendurar o que quisesse nelas.

Mas qual a diferença entre o adobe e a alvenaria. O primeiro era simplesmente seco ao sol. Já a alvenaria era colocada em fornos e o barro era submetido a altas temperaturas até ganhar resistência. O que não era experimentado era mais fraco. O crente que não é provado é menos resistente - e talvez isto explique os numerosos exemplos de fé e resiliência do passado. Sua fé foi provada e aprovada, e a provação da fé produziu perseverança (Tg 1.2-4) em contraste com o grande número de ‘ex-crentes’ que se decepcionam com a igreja.

Os ex-crentes não são pessoas que se decepcionaram com Deus porque Deus é fiel em todas as suas promessas. Estas pessoas se decepcionaram com o que lhes foi ensinado sobre Deus, coisas que muitas vezes não correspondiam à realidade - foram enganados ou se auto enganaram. É por isso que abandonam a fé diante das primeiras provas (1Jo 2.19) como Jesus advertiu ao contar a parábola do semeador (Mt 13.20-22).

Que tipo de fé você tem? Que tipo de crente você é? A igreja do Senhor foi edificada sobre o fundamento firme que é o próprio Senhor Jesus Cristo - sobre homens e mulheres que eram fracos em si mesmos, mas tiveram sua fé edificada sobre a rocha e quanto foram provados resistiram ao temporal (Mt 7.24-25). 

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