terça-feira, 13 de agosto de 2024

COMO VIVER POR FÉ - hB 13.1-8 [II]

O CRENTE AGE FIELMENTE POR CONFIAR NO SENHOR

A carta aos hebreus foi escrita para crentes - e crentes são aqueles que confessam, que ‘afirmam a sua fé’. O verso 6 começa com um conectivo ‘wste’ que significa ‘portanto’, isto é, tendo aprendido como viver pela fé, na prática, resta ao crente dizer porque vive como vive, dar a razão da esperança que carrega em seu coração (1Pe 3.15).

O ensino para o crente é um imperativo para que seja corajoso (tarrountaj). Ser corajoso, ousado, ter ânimo decidido e resoluto para fazer o que é correto e devido. Nossa tradução diz “afirmemos confiadamente”. Isso é como se o escritor tivesse dito: na prática das coisas que aprendemos, sejamos corajosos e afirmemos (legein) que a nossa fé baseada nos fatos e na Escritura.

Mantenhamos firmes a nossa confissão de fé (Hb 4.14) e afirmemos com a nossa boca (Rm 10.10) o Senhor é meu auxílio (Sl 30.10) e a razão de o coração do crente não se deixar atemorizar (Is 12.2).

Sem o auxílio do Senhor não há a menor possibilidade de qualquer pessoa confessar a Cristo como Senhor (1Jo 4.2) e viver em confiança e fé em uma vida justa e piedosa (Tt 2.11-13).

Mesmo quando as pessoas se esforçam numa espécie de concurso para ver quem é o recordista na prática da iniquidade - e curiosamente os jogos olímpicos mostram justamente isto: o esforço hercúleo dos inimigos de Cristo para ofenderem a fé cristã (1Pe 4.4-5) o cristão vive pela fé, é fraterno, hospitaleiro, honrado e contente com a suficiente provisão de Deus (1Tm 6.8).

Algumas pessoas tem medo de agirem piedosamente (1Pe 6.6) medo de sofrerem nas mãos de gente maldosa, que se aproveita da boa vontade dos cristãos como fez o filósofo Celso que se passou por cristão para ridicularizar a fé cristã e se aproveitar da boa vontade dos crentes.

Celso não foi o primeiro a se aproveitar da fé para se dar bem, Paulo já denunciava os que se aproveitam dos crentes para lucrarem (2Pe 2.3).

 O CRENTE PODE OBSERVAR MODELOS DE FÉ PRÓXIMOS

Apesar de trazer para nós a galeria dos heróis da fé em Hb 11 (Abel, Caim, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Sara, os doze patriarcas, especialmente José, em sua peregrinação em terras egípcias, Anrão, Joquebede, Moisés, Miriã e Arão, Josué, Calebe, Raabe, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel, Elias e os profetas, Daniel, Ananias, Misael e Azarias, e muitos outros) não é deles que o escritor está falando neste versículo - creio que ele está se referindo a pastores que eles conheceram em seus próprios dias.

Tenho convicção de que ele está se referindo aos apóstolos e discípulos diretos que continuavam a obrada pregação do evangelho (ainda que talvez apenas João ainda estivesse vivo em seus dias), como Marcos, Tito, Timóteo, Apolo, e logo após eles alguns dos pais da apostólicos, como Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Pápias de Hierápolis, e o desconhecido autor do livro ‘O pastor de Hermas’, além de muitos outros.

É possível que alguns destes guias tivessem sido encarcerados na segunda metade do Séc. I (talvez alguns estivessem presos como João). Talvez, além dos mortos, alguns destes guias vivessem se refugiando fora das cidades, errantes e contando com a simpatia e amparo dos cristãos (o já citado pagão Celso ficou ‘preso’ durante um tempo, recebendo donativos e incentivando os cristãos a subornarem os guardas para poder receber alimentos e bens).

Outra maneira de lembrar dos guias é considerar seu ensino, obedecer e honrá-los em seu ministério não tornar seu trabalho penoso (Hb 13.17-18) recompensando-os dignamente (1Tm 5.17) pela sua fadiga na obra do Senhor os tem chamado (1Co 7.17).

E a conclusão é um chamado à responsabilidade cristã: não basta ter fulano como herói ou beltrano como exemplo; isto não é suficiente, você precisa imitar não em vestes, trejeitos e jeitos de falar mas em sua fidelidade a Cristo (1Co 11.1; Fp 3.17) naquilo que eles serviram de modelo (1Tm 4.12; Tt 2.7-8).

 O CRENTE CONFIA NA IMUTABILIDADE DE CRISTO

Uma afirmação confiante deve ter, necessariamente, uma base de confiança. Quando alguém diz que fará algo ou estará em um determinado lugar faz isso com base em algo que considera provável ou certo.

Um piloto de fórmula 1 só acelera a mais de 350km/h porque ele confia na estrutura, na aerodinâmica, nos pneus e no sistema de frenagem.

Uma pessoa só se lança de um avião com uma mochila nas costas porque confia que um paraquedas abrirá e ele não atingirá o solo a uma velocidade de 200km/h - e assim sucessivamente.

Da mesma forma, só faz sentido viver obedecendo a Palavra de Deus se você tem confiança em Deus, tanto na sua providência quanto, especialmente, na sua fidelidade ou imutabilidade (1Pe 5.4).

Ninguém confia em pessoas que mudam de opinião a todo momento. Ninguém confia em pessoas incapazes de se manterem firmes em situações de tensão - e fica cada vez mais comum a tendência das pessoas de serem politicamente corretas, de fazerem composições para evitar situações de conflito ou comprometedoras.

A base da confiança do cristão é Jesus Cristo. Jesus Cristo é o mediador e o sustentador da aliança. Ele é o autor e o consumador da fé (Hb 12.2). O cristão é o que é, e faz o que faz porque faz para glória de Deus (1Co 10.31) - mesmo que o que faça seja desagradável aos olhos de todas as demais pessoas (1Pe 4.4) e isso atraia o ódio do mundo (Lc 21.17).

A fundamentação e o incentivo para a fidelidade do cristão não pode ser encontrada nele mesmo - a única fundamentação válida é a fidelidade do próprio Jesus Cristo. Ele não muda em sua essência (Tg 1.17) nem na manifestação de sua vontade (Nm 23.19).

O crente sabe em quem tem crido - e sabe que ele é fiel e poderoso para cumprir cada uma de suas promessas porque as fez com intenção de cumprir todas elas (2Tm 1.12).

  

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