quinta-feira, 14 de junho de 2012

SANTUÁRIO DE DEUS SOIS VÓS

A02216 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.

I Co 3.16-17

A Igreja evangélica brasileira vem, ultimamente, perdendo a compreensão de algumas verdades fundamentais. Algumas doutrinas muito importantes estão sendo substituídas por conceitos culturais de origem popular romanista e também, pagã. Por exemplo, podemos afirmar que a doutrina do sacerdócio, que, biblicamente, é o direito e a responsabilidade de cada cristão colocar-se diante de Deus sem intermediários, mas que a Igreja tem substituído pelo 'ministério' profissional, onde alguns são vistos como mais poderosos que outros. Outro exemplo é o conceito de santidade, de separação pessoal para Deus. A Igreja tem esquecido que ser santo é ser separado, e ser povo de propriedade exclusiva de Deus, e ser proclamador das virtudes de seu salvador e Senhor [I Pe 2.9: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz]. A Igreja tem trocado esta maravilhosa doutrina pelo quase endeusamento de homes e mulheres midiáticos, especialmente nos últimos 20 anos, numa volta ao paganismo e seus semideuses, ou ao romanismo e seus "santos".

A Igreja tem sido ensinada a pensar assim através dos mais diversos meios, especialmente a televisão. Estas ideias fazem parte da cultura na qual a Igreja está inserida. Todavia, a Igreja não precisa e não deve ser um mero dado cultural, ela é, em sua essência, contra cultural e não precisa aceitar isso. O evangelho pode ser contra cultural ao se opor a valores de um determinado lugar e época quando estes são ofensivos a Deus, e pode, também, ser supra cultural, isto é, trazer uma mensagem que influencia a cultura, sem se deixar influenciar pela sociedade que a cerca [Rm 12.2: E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus].

A Igreja que Paulo conhecia em Corinto estava mergulhada em um mundo tão lascivo e pagão, tão permissivo em suas práticas, tão fútil em sua filosofia quanto o que nós conhecemos. Uma musica do grupo Rebanhão tem uma estrofe que diz que "de Ramsés a Darwin, o macaco não mudou, e o homem também não". A Igreja em Corinto tinha as mesmas dificuldades que a Igreja brasileira tem. Os embates culturais da Igreja brasileira também são vivenciados pela Igreja em Gurupi.

Mas, como ser vencedora neste mundo tão corrompido [Jo 16.33: Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo]? A resposta é: a Igreja só pode ser superior à cultura se deixar-se formatar, em sua mente e coração, pela palavra de Deus – se tiver a mente de Cristo [I Co 2.16: Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo]. Se um dos problemas da Igreja em Corinto era a filosofia, podemos nos perguntar: o que a Igreja de Deus deve saber para vencer suas lutas? Que tipo de conhecimento deve caracterizar a mente da Igreja de Cristo? Já aprendemos que o conhecimento que o mundo pode obter através de sua filosofia, religiosidade ou ciência não os leva ao conhecimento de Deus [I Co 1.20: Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?] mas é uma rematada loucura [Rm 1.22-23: Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis].

É fundamental outro tipo de conhecimento, e este conhecimento só é dado pelo próprio Deus [Mt 11.27: Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar] mediante o seu Espírito Santo [Jo 16.13: ...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir] que vem dar testemunho ao Espírito do homem convertido [Rm 8.16: O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus].

Infelizmente parece que a Igreja em Corinto estava se esquecendo disto. Percebo que não é muito diferente o que está acontecendo com o caminho da Igreja contemporânea, e, assim precisamos lembrar novamente que tipo de conhecimento deve estar na mente e no coração da Igreja de Cristo?

É fundamental enfatizar, em primeiro lugar, que tipo de conhecimento a Igreja possui e não pode esquecer. Lembremos que esta era uma Igreja rica do conhecimento da palavra e do Senhor Jesus [I Co 1.5: ...porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento]. Informação e conhecimento bíblicos não eram problemas para a Igreja coríntia. Tiveram mestres excelentes, como Paulo e Apolo. E, tão excelentes os consideravam que estavam ousando dividir a Igreja que é de Cristo por causa deles.

Paulo começa esta seção com uma pergunta contundente: vocês não sabem? Tanto mais contundente é pelo fato de eles todos estarem afirmando que tiveram mestres excelentes, cada grupo enfatizando a sabedoria do nome que escolheram. E Paulo lhes pergunta: vocês não sabem? Vocês não foram informados? Ninguém lhes instruiu? Eu não lhes ensinei? Apolo falhou? Onde anda a sabedoria dos discípulos de Pedro?

É claro que a resposta que eles poderiam dar é: sim, nós sabemos, nós fomos instruídos. Cabia-lhes apenas abaixar a cabeça e corar de vergonha [Dn 9.7-8: A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas transgressões que cometeram contra ti. Ó SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti] porque demonstrando que eram apenas alunos relapsos.

Eles sabiam, mas estavam agindo como se nada soubessem. Haviam se tornado meros ouvintes, deixando de ser praticantes daquilo que não lhes interessava [Tg 1.22: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos] numa espécie de cristianismo seletivo que é tudo, menos cristianismo. Estavam cometendo um erro terrível. Os homens naturais rejeitaram a verdade de Deus e colocaram no lugar suas mentiras [Rm 1.22-23: Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis]. Israel sofreu quando os sacerdotes rejeitaram o conhecimento do Santo [Os 4.6: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos]. A Igreja em Corinto estava sofrendo por estarem escolhendo o mesmo caminho, o que não é diferente da Igreja atual que percebo estar se esquecendo que

É TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

A ênfase de Paulo ao questionar "não sabeis" enfatiza o não lembrar, o não levar em consideração na hora de fazer escolhas e tomar atitudes práticas. É muito mais falta de ação do que de conhecimento que ele está falando. Ele está afirmando, pelo contrário, que a Igreja sabia que cada cristão é santuário do Espírito de Deus. E eles entendiam bem o que era um santuário. Os pagãos [do meio do qual foram retirados – Ef 4.17: Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos] costumavam viajar dezenas e até mesmo centenas de quilômetros para visitar templos em Atenas, Éfeso, Corinto e várias outras localidades.

O conceito de santuário

Em Corinto tinha uma grande quantidade deles – calcula-se em duas centenas. Mas os crentes daquele lugar haviam aprendido que os templos e seus deuses nada significam. Mas eles sabiam que todo templo tem um lugar especial, de acesso restrito, que era onde os sacerdotes tinham ou alegavam ter seu contato com as divindades. Era o santuário. E é justamente sobre isso que Paulo lhes questiona: eles haviam se esquecido que eram este lugar especial da habitação do Espírito de Deus? Não havia como os crentes afirmarem não saber. Dizer tal tontice era o mesmo que dizer-se não cristão [Rm 8.16: O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus] e entristecer sobremaneira o Espírito de Deus, da mesma maneira que a templolatria dos antigos israelitas o fazia [Jr 7.4: Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este] e a presença deste sentimento na igreja atual também o faz. Corinto havia se dividido, faltava amor, faltava comunhão, mas acreditavam que estava tudo certo porque se reuniam de vez em quando num salão que consideravam o templo. Destruíam o verdadeiro templo, morada do Espírito, para agradar-se de um falso, feito de paredes e portas.

A falta de alegria nas coisas santas

Por outro lado o desprezo pelas coisas santas também é um grave pecado, como Israel também cometeu ao considerar ser inútil servir a Deus [Ml 3.14: Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?] a Igreja também precisa ser lembrada que cada cristão é, individualmente, santuário do Espírito de Deus e, comunitariamente, o edifício santo, o templo do Espírito, o corpo de Cristo. Os israelitas achavam penoso servir a Deus, por isso comparavam o culto com "andar de luto", quando, na verdade, na presença do Senhor há plenitude de alegria [Sl 16.11: Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente].

Templolatria x mundanismo

Nem templolatria nem mundanismo. Não podemos ser como os judeus do tempo de Jesus ou de Paulo que prezavam mais a construção do que ao próprio Deus, nem como os crentes que toleravam uma falsa religião travestida de cristianismo [Ap 2.20: Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos]. Não podemos ser indiferentes à chamada de Deus para que os cristãos sejam santos [I Pe 1.16: ...porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo]. O cristão que se esquece de que é templo do Espírito é comparado a um animal, e isso com vantagem para o animal [Is 1.3: O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende].

Uma resposta prática

Qual a resposta O questionamento de Paulo, "não sabeis vós" requer uma resposta. Ou ela é positiva, sabemos, e esta sabedoria vem a se expressar de maneira clara em santificação diante de Deus e paz com a Igreja [o que estava faltando em Corinto – Hb 12.14: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor] ou ela é negativa, apagamos, entristecemos o Espírito dentro de nós quando desprezamos a palavra profética [II Pe 1.19: Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração]. Amados, nós sabemos quem somos. Sabemos o que somos. E sabemos o que devemos fazer [Tg 4.17: Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando]. Outra verdade fundamental que a Igreja está se esquecendo é que ela é não apenas o templo do Espírito, o santuário onde ele se manifesta e tem prazer de estar, mas é também

A HABITAÇÃO DO ESPÍRITO DE DEUS

Contraste com a crença gentílica

Paulo faz uso da cosmogonia pagã, do que os homens gentios acreditavam, para advogar a superioridade da fé cristã sobre as superstições gentias. É uma maneira de ensinar, brandindo a verdade sem precisar evidenciar o erro. Às vezes é preciso apontar o erro para que a correção seja eficaz [Gl 1.6-7: Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo]. Mas, diferente da crença gentílica, em que os seus deuses apareciam de tempos em tempos e em lugares específicos, os cristãos podiam contar com a presença constante de Deus, cumprindo a promessa de Jesus de orientar e guiar o seu povo [Jo 16.13: ...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir], dando-lhe amparo [Mt 28.20: ...ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século], sabedoria [Lc 12.11: Quando vos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não vos preocupeis quanto ao modo por que respondereis, nem quanto às coisas que tiverdes de falar] e poder [At 1.8: ...mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra].

O cristão como morada permanente

Paulo enfatiza de maneira maravilhosa que o cristão não apenas recebe a visitação do Espírito, mas é sua morada. A vida do cristão não é um salão de eventos onde o Espírito de Deus se manifesta de tempos em tempos. Num caso desses bastaria uma limpeza ou uma santificaçãozinha de fim de semana. Mas o cristão é a morada, a habitação permanente do Espírito de Deus. Ele não é aquele hospede que chega e a gente pede para não reparar na bagunça. Ele é o morador. É o Senhor que veio tomar conta daquilo que comprou por alto preço. Ele não é um visitante como às vezes costumamos pensar e até cantar dizendo que ele é bem-vindo em nosso meio [sê bem-vindo Jesus ao nosso meio, sua face queremos contemplar...] e pedindo para que ele entre em nossa casa. Ele é o Senhor que bate à porta, para fazer o banquete de posse e habitar permanentemente.  Deus veio estabelecer morada em nós, por isso precisamos edificar bem, renovar-nos mediante uma transformação diária.

O dono da casa

Certos conceitos podem nos parecer estranhos, por isso precisamos contextualizá-los. Para entender o que Paulo quis dizer quando falou da habitação de Deus em nós imagine que você era o proprietário de uma casa, e devia a hipoteca da mesma, a ponto de o banco encaminhar documentação para tomá-la porque você deve muito mais do que a casa vale. Imagine ainda que o dono do banco, um multibilionário, te faz uma oferta: ele te dará tudo o que possui de mais preciso, toda a fortuna que possui, garantindo a satisfação de cada uma das suas necessidades por toda a sua vida, e a única condição é que ele passe a residir em sua casa, e esta esteja permanentemente limpa e agradável. Você aceitaria uma proposta destas? É exatamente isto o que Deus faz conosco, nos dá o seu tesouro, seu filho Jesus Cristo. Anula a nossa dívida e ainda nos garante a inalcançável vida eterna. E enquanto o dia glorioso não chega nos sustenta na caminhada até lá. É a única condição é que recebamos seu filho. Que creiamos nele. Que o amemos de todo o nosso coração, alma e entendimento. Que quando não conseguirmos confessemos nossa falta de conformidade com sua vontade, corrijamos nossa direção e comecemos novamente de onde nos desviamos. Seu plano não é fazer uma visita, seu propósito é estabelecer uma morada permanente. À partir do momento em que a vida do cristão se torna propriedade de Jesus [Jo 10.28: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão] devemos nos lembrar de uma terceira verdade imprescindível:

O TEMPLO DE DEUS É SAGRADO

Implicações de ser templo do Espírito Santo

Ser o templo de Deus, a morada do Espírito de Deus tem suas implicações. E creio que cada cristão sabe destas implicações, como os coríntios sabiam. Uma prova de que sabiam é que eles discutiam entre si sobre o que podiam ou não podiam fazer, onde poderiam ir o que poderiam comer. Mas não era esta a discussão principal entre eles. Ser templo do Espírito tinha implicações muito mais serias e importantes. Ser templo do Espírito significa ser povo de propriedade exclusiva de Deus.

Deus como protetor

Significa estar nas mãos daquele que pode proteger seu povo de todo mal [Sl 91.7: Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido] e satisfazer cada necessidade que venhamos a ter [Mt 6.7-8: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais], de maneira que não sintamos necessidade de mais nada [Sl 23.1: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará]. Significa ter companhia mesmo em meio às maiores provações e angústias [Sl 23.4: Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam]. Significa ser separado para servir a Deus e ao próximo mesmo em meio a um ambiente hostil, agressivo e opressor. Significa que quem ousar tocar no que é consagrado ao Senhor [Sl 17.8-9: Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas, dos perversos que me oprimem, inimigos que me assediam de morte] estará ofendendo ao próprio Senhor [At 26.15: Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues].

A mordomia cristã

Mas isso não é tudo. Significa que nós, ao mesmo tempo templo e mordomos, temos a incumbência de cuidar bem do que nos foi confiado. O templo é sagrado, isto é, separado para uso que glorifique a Deus em tudo. Para o que é sagrado não há atividade profana. Todas as atividades são santas. Comer, beber, trabalhar, estudos e lazer, amigos e família, é tudo para a glória de Deus [I Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus] porque fomos enviados por Jesus da mesma maneira que ele foi enviado [Jo 20.21: Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio] e, assim, temos que ter o mesmo propósito [Jo 4.34: Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra]. Séculos de condicionamento religioso e ideológico nos condicionaram a pensar em coisas santas e profanas. Classificamos as ocupações como seculares ou espirituais. Julgamos as coisas como "da Igreja" é "de fora da Igreja", e acabamos sacralizando a construção e a instituição, ao mesmo tempo em que, em muitos aspectos, banalizamos o verdadeiro templo. É possível ver irmãos defendendo com unhas e dentes aquilo em que colocamos uma placa, mas sem dar qualquer valor ao que foi selado com o Espírito Santo.

A eternidade da aliança

É importante lembrarmos que as construções de tijolos podem ser destruídas – nenhuma delas durará eternamente, e enquanto estiverem de pé poderão ser usadas para outras finalidades na mesma maneira que usamos escolas para cultos. Paulo nos lembra que somos nós, pessoas, crentes, santos, eleitos, chamados, amados, irmãos, que somos o templo do Espírito. até aqui Paulo estava trazendo à memória dos coríntios aquilo que eles já sabiam [Lm 3.21: Quero trazer à memória o que me pode dar esperança]. A razão da sua esperança precisava ser reavivada porque eles estavam olhando para outras coisas, tiraram os olhos do autor e consumador da fé, para quem deviam olhar firmemente [Hb 12.2: ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus], e passaram a olhar para pessoas, estilos, filosofias, rudimentos do mundo [Cl 2.8: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo]. Desprezar estas verdades é correr riscos que não valem a pena. Paulo diz que antes da conversão, embora religioso, agira como inimigo de Deus [Fp 3.6: ...quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível], e seu povo fazia a mesma coisa [Rm 10.2: Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento] movidos por um zelo que rejeitava o conhecimento verdadeiro. Ao invés de edificar, estava se comportando como destruidor [Rm 14.20: Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo]. É evidente que a exigência quanto a comida também se aplica a todas as demais coisas, como filosofias e preferências pessoais.

Tendo em vista estas três verdades fundamentais, quais devem ser as ações dos cristãos em relação à obra de Deus?

Preservar a obra

É obrigação do cristão não danificar o que já não lhe pertence. Paulo lembra aos coríntios que ninguém deve destruir ou fazer deteriorar o santuário de Deus. Se é verdade que o Senhor vindica os seus quando perseguidos pelos inimigos da fé, quanto maior responsabilidade deve ser cobrada daqueles que pertencem à Igreja. Um dos grandes problemas da Igreja de Corinto eram as divisões, e Paulo trata do assunto com a gravidade que merece, pois fomentá-las na Igreja era promover a dissolução da sociedade que Cristo criou com o preço do seu próprio sangue [Ef 2.14-16: Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade].

A carne não é instrumento de edificação

Mas os coríntios estavam dividindo o edifício que o Senhor estabeleceu, agindo segundo a carne [Rm 8.13: Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis] e sabemos que a carne milita contra o Espírito [Gl 5.17: Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer] e, assim, uma casa dividida não pode subsistir [Mc 3.24: Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir]. É um pecado muito sério dividir o que o Senhor uniu a tal alto preço, contaminando a família da fé com os frutos da carne [Gl 5.19-21: Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam]. Observe que das 15 obras da carne a maioria, 8, envolve destruição da unidade da Igreja. Destruir a unidade do corpo de Cristo é um pecado que requer a devida disciplina por parte do Senhor da Igreja.

Interesse pela unidade da Igreja

O cristão, que tem a mente de Cristo [I Co 2.16: Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo], deve se interessar pelas mesmas coisas que são do interesse de Cristo, afinal, não temos um Cristo esquizofrênico, que deseja uma coisa, nos dá sua mente para desejarmos outra. E sabemos que o interesse de Cristo é o bem estar, a edificação da sua Igreja.  Não é à toa que a Escritura nos exorta a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos [Jd 1.3: Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos]. O cristão sabe que Cristo morreu para estabelecer uma só Igreja [Ef 4.5: ...há um só Senhor, uma só fé, um só batismo], a sua Igreja [Mt 16.18: Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela], o povo proclamador de sua vontade [I Pe 2.9: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz]. A advertência paulina para os "destruidores" da unidade, não da Igreja do Senhor porque é impossível destruí-la, é que, na medida em que pecam, também eles sofrem, são disciplinados. Mais uma vez devemos lembrar que o verbo fteiro não implica em aniquilação como querem os adventistas e testemunhas de Jeová, nem tampouco a perda de salvação como ensinam os arminianos, mas significa que

A PUNIÇÃO É SEVERA

Podemos entender, do fato de que Deus é justo juiz, que quem comete um pecado grave será severamente punido. O principio que Paulo apresenta é que cada cristão que se colocar contra a unidade da Igreja será severamente punido por Deus. Como vimos anteriormente, um mau trabalhador sofre dano, isto é, sofre prejuízo, não tem a recompensa da aprovação de que é digno o trabalhador que exerce com dedicação o seu trabalho [Pv 22.29: Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe].

A ofensa foi feita a Deus

Imaginemos a seriedade com que Deus trata quem causa dano ao santuário do seu Espírito. Para efeito de comparação, no Antigo Testamento qualquer violação do templo era punida com a morte, mesmo que esta violação seja bem intencionada [Ne 6.11: Porém eu disse: homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei]. Seria correto supor que a violação do templo espiritual seria menos significativa ou menos ofensiva? É claro que não. Assim é de se esperar de cada cristão o batalhar pela fé, a firme oposição a heresias, a erros e até à pura e simples hipocrisia.

O ofendido disciplina o ofensor

As Escrituras nos lembram que somos o templo do Espírito, por isso santos. Se somos mesmo santos, não podemos ser profanados, e a profanação implica em disciplina, justa, inexorável [Ap 3.19: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te]. Amados, longe de nós nos alarmarmos com a certeza da disciplina do Senhor sobre os profanadores do seu santo templo. Pelo contrario, devemos nos alegrar com a certeza de que o nosso Deus é realmente conosco, está não apenas presente ao nosso lado, mas está em nós. Veio não apenas nos visitar, mas fazer me nós morada permanente, para todo o sempre.

A certeza da disciplina do Senhor alegra o crente

Alegremo-nos porque somos o santuário onde Deus habita. O Espírito sela os crentes como propriedade exclusiva de Deus. Nossa alegria é fruto da certeza de que nosso nome está escrito nos céus [Lc 10.20: Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus]. Alegremo-nos pela certeza de que essa habitação é permanente. Não se trata de uma visita esporádica, mas de uma presença que se torna permanente pela vontade do Deus imutável.

Podemos viver na certeza de que Deus não vai nos abandonar, qualquer que seja o motivo. Podemos ter a convicção de que nada nos separará do amor de Deus [Rm 8.38-39: Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor].

A alegria é fruto da segurança em Cristo

Alegremo-nos porque Deus não permitirá que o santuário do seu Espírito seja violado impunemente. Ninguém escapará impune se ousar causar dano ao que Cristo está edificando [Os 2.10: Agora, descobrirei as suas vergonhas aos olhos dos seus amantes, e ninguém a livrará da minha mão]. Ninguém poderá arrebatar das mãos de Cristo o que pai lhe deu [Jo 10.28: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão]. E tentar fazê-lo é uma blasfêmia contra o Senhor que é soberano.

De tudo isto, podemos então tecer algumas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alegremo-nos com as palavras de advertência do apóstolo aos cristãos. Um vigoroso alerta contra as divisões e um poderoso incentivo à unidade. É um absurdo pensar em crescimento se lutarmos uns contra os outros, como costuma acontecer com frangos feridos que se devoram mutuamente. Fazer parte da Igreja quer dizer estar sob seus cuidados, sob sua proteção, ser mantido pela graça de Deus. Fazer parte da Igreja de Cristo significa ter sobre si a bênção de Deus; significa receber a bênção de pertencer a um novo povo, uma nova comunidade – significa a certeza de morar numa nova cidade, habitar novos céus e nova terra. Lembremos as palavras do escritor aos hebreus, quando corremos de um lado para o outro e, às vezes, sacrificamos a comunhão dos santos [Hb 13.14-16]:

Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.

Fazer parte desta Igreja significa ter nova vida, imperdível, plena de sentido, eterna. Se você já tem, glorifique a Deus em seu viver [I Pe 2.12: ...mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação] e se esforce por vivenciar cada vez mais esta bênção. Se ainda não, entregue-se às mãos bondosas do Senhor, descanse nele [Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei], receba Cristo em sua vida [Jo 1.12: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome] experimente a habitação do Espírito Santo e viva essa nova e plena vida [Jo 6.47: Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna].

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