Uma maneira de dizer porque NÃO aceito a mão estendida do PT pedindo trégua, porque tal pedido é falso, é uma armadilha. Em outro momento, em outro contexto, escrevi algo que remete às idéias que vão expressas abaixo no texto "Quando um escorpião te pedir carona".
Há
muito tempo um jardineiro que não cuidava de jardim nenhum passava ao lado de
um jardim de um condomínio e observava. Tudo estava destruído, havia mato por
todo lado, muitos buracos, as poucas plantas que havia cresciam
desordenadamente, umas sufocando as outras. Ele pensava: se eu fosse o
jardineiro deste lugar, tudo seria diferente. Eu faria deste jardim um jardim
fantástico, como nunca antes se viu.
Algum
tempo depois, alguém começou a arrumar o jardim. Havia muito trabalho, muito
mato, muito entulho… e o trabalho era vagaroso, era lento… não havia recursos,
os moradores do condomínio contribuíam pouco, e o jardineiro ainda ficava do
lado de fora falando contra as pessoas que estavam trabalhando. Havia
ferramentas por todo lado, muito material espalhado. E o jardineiro sem jardim
ali, junto com outros ajudantes que não ajudavam em lugar nenhum, ficava apontando
problemas que, evidentemente, havia e outras que só ele via, e criticava até o
que estava sendo feito e estava dando certo. Dizia que faria tudo diferente,
que transformaria aquele jardim que achava mal cuidado numa maravilha do mundo.
Depois
de algum tempo, e de tanto falar, e falar, e falar, e gritar, e às vezes
impedir os trabalhadores de fazerem seu serviço o jardineiro foi contratado.
Sua primeira ação foi pedir ao mestre das obras que permanecesse – enquanto
falava que estava tudo errado continuou fazendo do mesmo jeito, mudando apenas
o nome dos jardins e a posição das flores.
Na
sequência, foi ganhando confiança e achou que não teria nenhum problema tirar
uma flor para levar pra casa. Seus ajudantes viram, e também acharam que
poderiam levar. Um levou um pouco de pesticida… outro um pouco de adubo… depois
foi um buquê para um casamento… e assim foi… enquanto isto pediam cada vez mais
dinheiro pros condôminos para manter o jardim funcionando. E ele e os ajudantes
continuaram levando um pouquinho cada vez maior de pesticida… de adubo… de
flores… tão preocupados em levar insumos para casa, cada uma delas com jardins
cada vez mais vistosos, tomando cada vez mais do seu tempo e algumas primaveras
depois o jardim começou a dar sinais de que algo estava muito errado.
Mas
nada abalava o jardineiro. Continuava dizendo que nunca antes aquele jardim
estivera tão bonito, e nunca antes tanta gente tinha ficado feliz por receber
algumas flores tiradas do jardim – e nunca antes os condôminos contribuíam
tanto, a ponto de ele levar uma porção bem generoso para seus amigos, seus
vizinhos. O jardineiro começou a querer ensinar para todo mundo como ser bem
sucedido cuidando do jardim dos outros.
De
repente, inexplicavelmente, algumas árvores começaram a dar sinais de estarem
infestadas de cupins, o solo endurecido cheio de formigueiros… as ervas
daninhas tomavam conta de todo o jardim. E o jardineiro, que jardineiro não
era, diz não ter responsabilidade e coloca a culpa nos trabalhadores
anteriores. Houve quem acreditasse, a assembleia dos condôminos ficou dividida,
engalfinhando-se uns contra os outros e o jardineiro apoiando a confusão. Logo
o jardineiro colocou um substituto que, também, jardineiro não era, mas se
vestia de jardineiro, dizia ser jardineiro mas nunca havia sido bem sucedido
cuidando nem de uma planta em um vaso.
Agora,
as flores são menos numerosas, os trabalhadores ainda querem levar flores para
casa e alguns condôminos já sabem disso. Mas o jardineiro se fez amigo do
síndico… do porteiro… não há para quem reclamar…. Alguns moradores questionam,
reclamam, até pensam em mudar de condomínio. E o jardineiro e seus amigos pedem
união – desde que seja ele a dizer como esta união deve ser. Se alguém
discordar, que se cale e pague a conta, pedem mais contribuição, pedem olhos
fechados para os desvios, para as prestações de contas mentirosas e maquiadas,
pedem até que a forma de prestar contas seja mudada. De tanto dar flores para
os editores o boletim do condomínio publicava cada vez mais fotos de flores –
muitas repetidas e de outros jardins, mas arvores caídas e podres eram
esquecidas, os carros com marcas de vandalismo eram esquecidos… as paredes
riscadas nem eram noticiadas. Máquinas quebradas e enferrujadas pelos cantos
nem eram notadas. De vez em quando alguém aparecia machucado e tudo ficava por
isso mesmo.
Espere
um pouco. União? Silêncio? Pagar esta conta absurda e abusiva?
Desculpem-me
meus amigos que pensam diferente, e, ainda podemos pensar diferente (ainda,
mas, sinceramente, não sei por quanto tempo), não acredito que seja a hora de
calar. Não acredito que seja a hora de unidade, de pacto com o erro, pois não é
justo nem prudente estabelecer laços de cooperação com quem quer, apenas, nos
espoliar. Eles querem os poucos anéis que restam. E quando não tiver mais
anéis, vão querer os dedos, as mãos, os braços, sempre com gritos como o da
rainha louca para que a cabeça dos dissidentes seja cortada. Tem sido assim,
basta observamos os exemplos da União Soviética, de Cuba, da Venezuela. Já
ouvimos os gritos de todos os lados. Mãos já são enfiadas desavergonhadamente
em nossos bolsos para tirar as poucas moedas que ainda restam.
Não,
não é hora de unidade para pensar no Brasil, porque este que nos é apresentado
num reino de fantasia e maquiagem marqueteira mitômana não é o Brasil que
queremos. Pensar no Brasil significa manter os olhos abertos, pensar no Brasil
significa permanecer vigilante, atento e atuante. Significa continuar
resistindo a esta avalancha de ladroagem, de escândalos, de desfaçatez que,
nunca antes neste país, se viu semelhante. Não é hora de dar trégua a uma
serpente insidiosa e venenosa. Não é hora de parar. É o momento, e na verdade
já de há muito atrasado, de arrancar a casca da árvore podre para chegar à
fonte dos cupins, e, quando chegar lá, fazer o que for necessário para pôr fim
à sua proliferação corruptora.
O
caminho é o do combate na forma da lei, o caminho é o da vigilância, da
denúncia firme. Enquanto isto, continuemos construindo o Brasil. Ainda há um
Brasil que trabalha – um Brasil de brasileiros que não desistem. Enquanto os
roubos são perpetrados, o Brasil continua e deve continuar a construir, a
trabalhar, mas de olhos abertos e mãos na espada, como Neemias e seus
trabalhadores. Não deixaremos a cidade em ruínas, mas, também, não deixaremos
de vigiar em nossa luta contra os espoliadores.
Unidade,
sim. Mas unidade pelo bem do Brasil.
E o
PT não é o Brasil. PT é Foro de São Paulo. PT é bolivarianismo. PT é comunismo.
PT é Cuba, é Irã, é Venezuela, é Argentina.
Unidade
com o PT? Dar cópia das chaves do cofre aos espoliadores?
Nunca.
Jamais, em hipótese alguma.
É
suicídio.
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