quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O JARDINEIRO QUE SE ACHAVA DONO DO CONDOMÍNIO

Uma maneira de dizer porque NÃO aceito a mão estendida do PT pedindo trégua, porque tal pedido é falso, é uma armadilha. Em outro momento, em outro contexto, escrevi algo que remete às idéias que vão expressas abaixo no texto "Quando um escorpião te pedir carona".
Há muito tempo um jardineiro que não cuidava de jardim nenhum passava ao lado de um jardim de um condomínio e observava. Tudo estava destruído, havia mato por todo lado, muitos buracos, as poucas plantas que havia cresciam desordenadamente, umas sufocando as outras. Ele pensava: se eu fosse o jardineiro deste lugar, tudo seria diferente. Eu faria deste jardim um jardim fantástico, como nunca antes se viu.
Algum tempo depois, alguém começou a arrumar o jardim. Havia muito trabalho, muito mato, muito entulho… e o trabalho era vagaroso, era lento… não havia recursos, os moradores do condomínio contribuíam pouco, e o jardineiro ainda ficava do lado de fora falando contra as pessoas que estavam trabalhando. Havia ferramentas por todo lado, muito material espalhado. E o jardineiro sem jardim ali, junto com outros ajudantes que não ajudavam em lugar nenhum, ficava apontando problemas que, evidentemente, havia e outras que só ele via, e criticava até o que estava sendo feito e estava dando certo. Dizia que faria tudo diferente, que transformaria aquele jardim que achava mal cuidado numa maravilha do mundo.
Depois de algum tempo, e de tanto falar, e falar, e falar, e gritar, e às vezes impedir os trabalhadores de fazerem seu serviço o jardineiro foi contratado. Sua primeira ação foi pedir ao mestre das obras que permanecesse – enquanto falava que estava tudo errado continuou fazendo do mesmo jeito, mudando apenas o nome dos jardins e a posição das flores.
Na sequência, foi ganhando confiança e achou que não teria nenhum problema tirar uma flor para levar pra casa. Seus ajudantes viram, e também acharam que poderiam levar. Um levou um pouco de pesticida… outro um pouco de adubo… depois foi um buquê para um casamento… e assim foi… enquanto isto pediam cada vez mais dinheiro pros condôminos para manter o jardim funcionando. E ele e os ajudantes continuaram levando um pouquinho cada vez maior de pesticida… de adubo… de flores… tão preocupados em levar insumos para casa, cada uma delas com jardins cada vez mais vistosos, tomando cada vez mais do seu tempo e algumas primaveras depois o jardim começou a dar sinais de que algo estava muito errado.
Mas nada abalava o jardineiro. Continuava dizendo que nunca antes aquele jardim estivera tão bonito, e nunca antes tanta gente tinha ficado feliz por receber algumas flores tiradas do jardim – e nunca antes os condôminos contribuíam tanto, a ponto de ele levar uma porção bem generoso para seus amigos, seus vizinhos. O jardineiro começou a querer ensinar para todo mundo como ser bem sucedido cuidando do jardim dos outros.
De repente, inexplicavelmente, algumas árvores começaram a dar sinais de estarem infestadas de cupins, o solo endurecido cheio de formigueiros… as ervas daninhas tomavam conta de todo o jardim. E o jardineiro, que jardineiro não era, diz não ter responsabilidade e coloca a culpa nos trabalhadores anteriores. Houve quem acreditasse, a assembleia dos condôminos ficou dividida, engalfinhando-se uns contra os outros e o jardineiro apoiando a confusão. Logo o jardineiro colocou um substituto que, também, jardineiro não era, mas se vestia de jardineiro, dizia ser jardineiro mas nunca havia sido bem sucedido cuidando nem de uma planta em um vaso.
Agora, as flores são menos numerosas, os trabalhadores ainda querem levar flores para casa e alguns condôminos já sabem disso. Mas o jardineiro se fez amigo do síndico… do porteiro… não há para quem reclamar…. Alguns moradores questionam, reclamam, até pensam em mudar de condomínio. E o jardineiro e seus amigos pedem união – desde que seja ele a dizer como esta união deve ser. Se alguém discordar, que se cale e pague a conta, pedem mais contribuição, pedem olhos fechados para os desvios, para as prestações de contas mentirosas e maquiadas, pedem até que a forma de prestar contas seja mudada. De tanto dar flores para os editores o boletim do condomínio publicava cada vez mais fotos de flores – muitas repetidas e de outros jardins, mas arvores caídas e podres eram esquecidas, os carros com marcas de vandalismo eram esquecidos… as paredes riscadas nem eram noticiadas. Máquinas quebradas e enferrujadas pelos cantos nem eram notadas. De vez em quando alguém aparecia machucado e tudo ficava por isso mesmo.
Espere um pouco. União? Silêncio? Pagar esta conta absurda e abusiva?
Desculpem-me meus amigos que pensam diferente, e, ainda podemos pensar diferente (ainda, mas, sinceramente, não sei por quanto tempo), não acredito que seja a hora de calar. Não acredito que seja a hora de unidade, de pacto com o erro, pois não é justo nem prudente estabelecer laços de cooperação com quem quer, apenas, nos espoliar. Eles querem os poucos anéis que restam. E quando não tiver mais anéis, vão querer os dedos, as mãos, os braços, sempre com gritos como o da rainha louca para que a cabeça dos dissidentes seja cortada. Tem sido assim, basta observamos os exemplos da União Soviética, de Cuba, da Venezuela. Já ouvimos os gritos de todos os lados. Mãos já são enfiadas desavergonhadamente em nossos bolsos para tirar as poucas moedas que ainda restam.
Não, não é hora de unidade para pensar no Brasil, porque este que nos é apresentado num reino de fantasia e maquiagem marqueteira mitômana não é o Brasil que queremos. Pensar no Brasil significa manter os olhos abertos, pensar no Brasil significa permanecer vigilante, atento e atuante. Significa continuar resistindo a esta avalancha de ladroagem, de escândalos, de desfaçatez que, nunca antes neste país, se viu semelhante. Não é hora de dar trégua a uma serpente insidiosa e venenosa. Não é hora de parar. É o momento, e na verdade já de há muito atrasado, de arrancar a casca da árvore podre para chegar à fonte dos cupins, e, quando chegar lá, fazer o que for necessário para pôr fim à sua proliferação corruptora.
O caminho é o do combate na forma da lei, o caminho é o da vigilância, da denúncia firme. Enquanto isto, continuemos construindo o Brasil. Ainda há um Brasil que trabalha – um Brasil de brasileiros que não desistem. Enquanto os roubos são perpetrados, o Brasil continua e deve continuar a construir, a trabalhar, mas de olhos abertos e mãos na espada, como Neemias e seus trabalhadores. Não deixaremos a cidade em ruínas, mas, também, não deixaremos de vigiar em nossa luta contra os espoliadores.
Unidade, sim. Mas unidade pelo bem do Brasil.
E o PT não é o Brasil. PT é Foro de São Paulo. PT é bolivarianismo. PT é comunismo. PT é Cuba, é Irã, é Venezuela, é Argentina.
Unidade com o PT? Dar cópia das chaves do cofre aos espoliadores?
Nunca. Jamais, em hipótese alguma.
É suicídio.

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