sábado, 8 de novembro de 2014

SÉRIE PERSONAGENS - ACABE E JEZABEL

OS MAUS FRUTOS DAS SEMENTES PLANTADAS POR SALOMÃO
I Rs 16.30-33
30 Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. 31 Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. 32 Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. 33 Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.
É obvio que não devemos culpar Salomão pela maldade de Acabe e Jezabel, provavelmente a pior dupla de governantes que Israel teve.
Saul foi o primeiro – começou bem mas terminou de maneira trágica. Davi, após Salomão, foi considerado o melhor por causa de sua devoção a Deus, mesmo após cometer erros estratégicos, morais e familiares. Salomão foi um excelente administrador, mas deixou-se corromper justamente no desejo de administrar as alianças estabelecidas com os povos vizinhos.
Durante o reinado de Salomão a idolatria se espalhou tão espantosamente que Deus decidiu tirar o reino de seus descendentes, guardando, porém, a promessa que fora feita a Davi, dividindo a terra de Israel em dois reinos: Norte e Sul dando o pequeno território do sul à descendência de Davi. Isso ocorreu no reinado de Reoboão, um tolo impetuoso, que não tinha nem a juventude como desculpa para afastar de si a grande maioria do povo. O reino de Reoboão, ao sul, foi chamado de Judá e tolerou a idolatria, mas foi no reino de Jeroboão, ao norte, que ela foi promovida a política de estado ao fazer os dois bezerros de ouro para que o povo não fosse até Jerusalém adorar ao Deus eterno.

ACABE, FORTE POLITICAMENTE, MORALMENTE INÚTIL

Dentre os muitos reis que os seguiram, o ponto espiritual mais baixo a que o trono foi levado foi durante o governo de Acabe, filho de Onri, o sétimo rei do norte, que casou-se com uma fenícia chamada Jezabel, filha de Etbaal, de Sidom. Acabe seguia os passos de Salomão, fazendo casamentos políticos. Teve muitas esposas, 70 filhos (II Rs 10.7-8), mas o trono foi dado a Jezabel.
Acabe fortaleceu o reino do norte, fazendo alianças com a Síria, Judá e Fenícia. E foi nesta aliança com a Fenícia que ele permitiu que sua esposa e rainha, Jezabel, estranha às alianças e ao culto do Deus vivo, mulher muito mais maligna do que ele próprio, promovesse e patrocinasse a idolatria em larga escala em Israel, recorrendo ao dinheiro do Estado para pagar 400 profetas de Aserá (deusa da fertilidade fenícia) e mais 4500 de Baal, o deus da terra e da fertilidade canaanita. Muitos sacerdotes foram mortos, outros fugiram para o sul ou se esconderam no interior do país com medo de Jezabel.
Seguindo a linha proposta por Jeroboão (nos dias de Jeroboão o nome do deus de Israel continuava sendo cultuado, embora em um sincretismo com os baalins a ponto de haver culto ao Senhor como marido de Aserá) mas indo muito além dele, Jezabel dedicou-se a combater o culto ao Senhor que ainda sobrevivia em Israel (I Rs 19:18).

A INTRODUÇÃO DO ABSOLUTISMO PAGÃO


A bíblia relaciona a idolatria de Acabe de maneira muito direta à influência de Jezabel. Jezabel era uma mulher de qualidades: determinada, inteligente, persuasiva, independente, decidida, mas usava tudo isto para o mal, era totalmente inescrupulosa. A religiosidade de seus dias era um culto à fertilidade que promovia uniões sexuais entre os sacerdotes e as "virgens" do templo. Esta prática era contrária às leis de Deus assim como o era o casamento de Acabe com uma pagã (Dt 7.1-5).
Jezabel conseguiu que Acabe se casasse com ela diante de Baal (I Rs 16.31) e logo construísse um altar em Israel (I Rs 16.32).
O próximo passo foi exterminar o culto ao Senhor (I Rs 18.3-4) e sustentar os sacerdotes e profetas pagãos no palácio real (I Rs 18.19). Jezabel consegui até mesmo influenciar o reino de Judá, casando sua filha Atalia com Jeorão, rei de Judá, contaminando ambos os reinos com a idolatria fenícia (II Rs 8.17-18).
Jezabel levou o povo a adorar a Aserá (hr#) – também conhecida como Ishtar, Astarte, Astorete, Asterote, Asterath, Astorate e Baalat) era representada por uma árvore frondosa e pelo planeta vênus, sempre indicando fertilidade e era tida por esposa (em alguns casos, mãe) de Baal, por isso o culto de ambos caminhava junto em Israel. Por seu lascivo culto da fertilidade ser sempre feito à sombra de árvores Deus proibiu postes-ídolos e árvores próximas ao altar do Senhor (Dt 16.21-22).

Este culto tinha duas características básicas: a sexualidade e o sacrifício humano, especialmente crianças, através do fogo. Ofertas de produção, dinheiro e fornicação com as prostitutas cultuais eram consideradas formas de culto, e esta idolatria seria o motivo que acabaria levando Acabe à queda e morte em 853 a.C.

IMPIEDADE RELIGIOSA, IMPIEDADE SOCIAL

A impiedade religiosa reinante em Israel levaria, consequentemente, a atos de injustiça social. Quando Deus chama seu povo para um concerto espiritual (Is 1.16) ele, inevitavelmente, passa pelo conserto das relações sociais (Is 1.17).
Não podia ser diferente com esta dupla maléfica, Acabe e Jezabel. Quando Acabe se interessou por um terreno ao lado do seu palácio em Jezreel, pediu a Nabote que lhe vendesse a sua vinha (I Rs 21:1-2) – mas Nabote se recusou porque aquela era a única herança que cabia a sua família (I Rs 21.3) – as terras passavam de pai para filho e não podiam ser vendidas definitivamente, apenas o direito de posse podia ser dado e por, no máximo, 49 anos.
Desacostumado a ser contrariado, Acabe vai para seu palácio profundamente abatido, agindo como uma criança mimada (I Rs 21.4). Mesmo sendo um rei ímpio, Acabe conhecia as leis de seu povo e sabia que não podia obrigar Nabote a vender-lhe a propriedade.
Ao saber do ocorrido, Jezabel chama-o de fraco e afirma que resolveria a situação, conseguindo a vinha de Nabote (I Rs 21.7). Seu estratagema era muito simples: levantaria falso testemunho contra Nabote, ele seria morto e ela poderia, então, tranquilamente, tomar as terras para si. Jezabel cometeu três crimes de uma só vez: falsidade ideológica (I Rs 21.8), falso testemunho e incitação ao assassinato (I Rs 21.9-10).
Jezabel se apressou a incentivar Acabe a tomar a propriedade para si, antes que alguém a reclamasse – e evidentemente ninguém teria coragem de querer reclamar uma propriedade que estava sob o controle do rei (I Rs 21.16).

DEUS NÃO ESTÁ MORTO

Era chegada a hora do Senhor começar a julgar tamanha impiedade, e, por isso, envia Elias ao seu encontro – e o repreende duramente, anunciando sua condenação. Elias chama-o de assassino, ladrão e lhe diz que teria morte violenta, como foi a morte de Nabote (I Rs 21.19). Mas isto ainda não era suficiente. Haveria julgamento sobre a sua casa (I Rs 21.20-21) e também sobre a incentivadora de Acabe que era Jezabel (I Rs 21.25): para ela também haveria julgamento (I Rs 21.23-24).

O CUMPRIMENTO DO JULGAMENTO DEUS

Apesar da humilhação de Acabe (I Rs 21.27) Deus não mudaria a punição – apenas estabeleceu um prazo além dos dias de Acabe – ele não veria a morte de Jezabel nem de seus 70 filhos. Entretanto, 03 anos depois Acabe entra em guerra contra os sírios com a ajuda de Josafá – episódio em que chama seus muitos profetas para bajularem-no (I Rs 22.11-12), tenta "encomendar' uma profecia de um genuíno profeta do Senhor (I Rs 22.13) recebendo a mais célebre frase que deve ser guardado coração de um pregador (I Rs 22.14) sem se importar com as consequências (I Rs 22.26-28).

A MORTE DE ACABE

Desta batalha resultam a morte de Acabe (I Rs 22.37-38), e, também, mais tarde, sobre Jezabel e os filhos de Acabe.

O FIM DA CASA DE ACABE

Deus escolheu Jeú para exterminar a casa de Omri do trono. Quando Jorão vai a Jeú propor paz este responde que é impossível haver paz com uma família tão idólatra (II Rs 9.22) e o mata (II Rs 9.24) lançando seu corpo na antiga vinha de Nabote (II Rs 9. 25-26)

A MORTE DE JEZABEL

A sentença ainda não estava totalmente cumprida, mesmo após 14 anos da sentença feita por Elias. Faltava Jezabel que se encontrava no palácio e ainda tentou uma última cartada, talvez confiando em algum resquício de sua antiga beleza, maquiou-se e colocou-se à janela, tentando impressionar Jeú (II Rs 9.30). Jeú conclamou os insatisfeitos com Jezabel a se libertarem, e alguns eunucos a lançaram da janela e Jeú a atropelou (II Rs 9.32-33).
Num ato de consideração mais tarde Jeú manda enterrá-la, mas só encontram partes do seu corpo (II Rs 9.35 - Foram para a sepultar; porém não acharam dela senão a caveira, os pés e as palmas das mãos) porque os cachorros a haviam comido (II Rs 9.36) e seu corpo jamais seria sepultado, se tornaria em esterco de cachorro (II Rs 9.37).

UMA MORTE TERRÍVEL, MAS JUSTA

Assim termina a triste história de Jezabel e Acabe, e sua casa.
Este casal é um exemplo de homem insensato e de uma mulher ímpia. A morte de Jezabel não foi uma morte digna, como digna não foi a sua vida. Ele recebeu a punição por sua vida de crimes contra os homens e blasfêmias contra o Senhor Deus. Deus não deixou impune seu pecado, como, evidentemente, não deixará impunes nenhum pecado (Ec 12.13-14), e, para isso, ele não precisa ficar analisando a vida de ninguém. Ele tem a sentença pronta, diferente do que pensam os adventistas em seu juízo investigativo (Jó 34:23) e seu juízo é inexorável e inescapável (Jó 11:10).

Jezabel, a poderosa, tornou-se em esterco canino. Jezabel, a vaidosa, tornou-se em alimento de cães. Jezabel, a ímpia, não se arrependeu. Vaidade, futilidade, aparência exterior são as características desta mulher poderosa, decidida, mas, lamentavelmente, impenitente. Arrumou seus olhos e seu cabelo, mas não estava com a vida arrumada para encontrar-se com o criador. Ainda que bem sucedida por um longo tempo, o dia do julgamento chegou e sua impiedade foi a causa de sua ruína. Semeou na carne, colheu corrupção (Gl 6.7-8).

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