I
Rs 16.30-33
30 Fez Acabe, filho de Onri, o
que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. 31 Como se fora coisa de
somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a
Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou.
32 Levantou um altar a
Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. 33 Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que
cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos
os reis de Israel que foram antes dele.
É
obvio que não devemos culpar Salomão pela maldade de Acabe e Jezabel,
provavelmente a pior dupla de governantes que Israel teve.
Saul
foi o primeiro – começou bem mas terminou de maneira trágica. Davi, após
Salomão, foi considerado o melhor por causa de sua devoção a Deus, mesmo após
cometer erros estratégicos, morais e familiares. Salomão foi um excelente
administrador, mas deixou-se corromper justamente no desejo de administrar as
alianças estabelecidas com os povos vizinhos.
Durante
o reinado de Salomão a idolatria se espalhou tão espantosamente que Deus
decidiu tirar o reino de seus descendentes, guardando, porém, a promessa que
fora feita a Davi, dividindo a terra de Israel em dois reinos: Norte e Sul
dando o pequeno território do sul à descendência de Davi. Isso ocorreu no
reinado de Reoboão, um tolo impetuoso, que não tinha nem a juventude como
desculpa para afastar de si a grande maioria do povo. O reino de Reoboão, ao
sul, foi chamado de Judá e tolerou a idolatria, mas foi no reino de Jeroboão,
ao norte, que ela foi promovida a política de estado ao fazer os dois bezerros
de ouro para que o povo não fosse até Jerusalém adorar ao Deus eterno.
ACABE, FORTE
POLITICAMENTE, MORALMENTE INÚTIL
Dentre
os muitos reis que os seguiram, o ponto espiritual mais baixo a que o trono foi
levado foi durante o governo de Acabe, filho de Onri, o sétimo rei do norte,
que casou-se com uma fenícia chamada Jezabel, filha de Etbaal, de Sidom. Acabe
seguia os passos de Salomão, fazendo casamentos políticos. Teve muitas esposas,
70 filhos (II Rs 10.7-8),
mas o trono foi dado a Jezabel.
Acabe
fortaleceu o reino do norte, fazendo alianças com a Síria, Judá e Fenícia. E
foi nesta aliança com a Fenícia que ele permitiu que sua esposa e rainha,
Jezabel, estranha às alianças e ao culto do Deus vivo, mulher muito mais
maligna do que ele próprio, promovesse e patrocinasse a idolatria em larga
escala em Israel, recorrendo ao dinheiro do Estado para pagar 400 profetas de
Aserá (deusa da fertilidade fenícia) e mais 4500 de Baal, o deus da terra e da
fertilidade canaanita. Muitos sacerdotes foram mortos, outros fugiram para o
sul ou se esconderam no interior do país com medo de Jezabel.
Seguindo
a linha proposta por Jeroboão (nos dias de Jeroboão o nome do deus de Israel
continuava sendo cultuado, embora em um sincretismo com os baalins a ponto de
haver culto ao Senhor como marido de Aserá) mas indo muito além dele, Jezabel
dedicou-se a combater o culto ao Senhor que ainda sobrevivia em Israel (I Rs 19:18).
A INTRODUÇÃO DO
ABSOLUTISMO PAGÃO
A
bíblia relaciona a idolatria de Acabe de maneira muito direta à influência de
Jezabel. Jezabel era uma mulher de qualidades: determinada, inteligente,
persuasiva, independente, decidida, mas usava tudo isto para o mal, era
totalmente inescrupulosa. A religiosidade de seus dias era um culto à
fertilidade que promovia uniões sexuais entre os sacerdotes e as
"virgens" do templo. Esta prática era contrária às leis de Deus assim
como o era o casamento de Acabe com uma pagã (Dt 7.1-5).
Jezabel
conseguiu que Acabe se casasse com ela diante de Baal (I Rs 16.31) e
logo construísse um altar em Israel (I
Rs 16.32).
O próximo
passo foi exterminar o culto ao Senhor (I
Rs 18.3-4) e sustentar os sacerdotes e
profetas pagãos no palácio real (I Rs
18.19).
Jezabel consegui até mesmo influenciar o reino de Judá, casando sua filha
Atalia com Jeorão, rei de Judá, contaminando ambos os reinos com a idolatria
fenícia (II Rs 8.17-18).
Jezabel
levou o povo a adorar a Aserá (hr#) – também conhecida como
Ishtar, Astarte, Astorete, Asterote, Asterath, Astorate e Baalat) era representada
por uma árvore frondosa e pelo planeta vênus, sempre indicando fertilidade e
era tida por esposa (em alguns casos, mãe) de Baal, por isso o culto de ambos
caminhava junto em Israel. Por seu lascivo culto da fertilidade ser sempre
feito à sombra de árvores Deus proibiu postes-ídolos e árvores próximas ao
altar do Senhor (Dt 16.21-22).
Este
culto tinha duas características básicas: a sexualidade e o sacrifício humano,
especialmente crianças, através do fogo. Ofertas de produção, dinheiro e
fornicação com as prostitutas cultuais eram consideradas formas de culto, e
esta idolatria seria o motivo que acabaria levando Acabe à queda e morte em 853
a.C.
IMPIEDADE
RELIGIOSA, IMPIEDADE SOCIAL
A
impiedade religiosa reinante em Israel levaria, consequentemente, a atos de
injustiça social. Quando Deus chama seu povo para um concerto espiritual (Is 1.16) ele, inevitavelmente, passa pelo conserto das relações
sociais (Is 1.17).
Não
podia ser diferente com esta dupla maléfica, Acabe e Jezabel. Quando Acabe se
interessou por um terreno ao lado do seu palácio em Jezreel, pediu a Nabote que
lhe vendesse a sua vinha (I Rs 21:1-2) – mas
Nabote se recusou porque aquela era a única herança que cabia a sua família (I Rs 21.3)
– as terras passavam de pai para filho e não podiam ser vendidas
definitivamente, apenas o direito de posse podia ser dado e por, no máximo, 49
anos.
Desacostumado
a ser contrariado, Acabe vai para seu palácio profundamente abatido, agindo
como uma criança mimada (I Rs 21.4). Mesmo sendo um rei ímpio, Acabe conhecia as leis de seu povo e
sabia que não podia obrigar Nabote a vender-lhe a propriedade.
Ao
saber do ocorrido, Jezabel chama-o de fraco e afirma que resolveria a situação,
conseguindo a vinha de Nabote (I Rs 21.7). Seu estratagema era muito
simples: levantaria falso testemunho contra Nabote, ele seria morto e ela
poderia, então, tranquilamente, tomar as terras para si. Jezabel cometeu três
crimes de uma só vez: falsidade ideológica (I Rs 21.8), falso testemunho e
incitação ao assassinato (I Rs 21.9-10).
Jezabel
se apressou a incentivar Acabe a tomar a propriedade para si, antes que alguém
a reclamasse – e evidentemente ninguém teria coragem de querer reclamar uma
propriedade que estava sob o controle do rei (I Rs 21.16).
DEUS NÃO ESTÁ
MORTO
Era
chegada a hora do Senhor começar a julgar tamanha impiedade, e, por isso, envia
Elias ao seu encontro – e o repreende duramente, anunciando sua condenação.
Elias chama-o de assassino, ladrão e lhe diz que teria morte violenta, como foi
a morte de Nabote (I Rs 21.19). Mas isto ainda não era suficiente. Haveria julgamento sobre a
sua casa (I Rs 21.20-21) e também sobre a incentivadora de Acabe que era Jezabel (I Rs 21.25): para ela também
haveria julgamento (I Rs 21.23-24).
O CUMPRIMENTO DO
JULGAMENTO DEUS
Apesar
da humilhação de Acabe (I Rs 21.27) Deus não mudaria a punição – apenas estabeleceu um
prazo além dos dias de Acabe – ele não veria a morte de Jezabel nem de seus 70
filhos. Entretanto, 03 anos depois Acabe entra em guerra contra os sírios com a
ajuda de Josafá – episódio em que chama seus muitos profetas para bajularem-no
(I Rs 22.11-12), tenta
"encomendar' uma profecia de um genuíno profeta do Senhor (I Rs 22.13) recebendo a mais
célebre frase que deve ser guardado coração de um pregador (I Rs 22.14)
sem se importar com as consequências (I
Rs 22.26-28).
A MORTE DE ACABE
Desta
batalha resultam a morte de Acabe (I Rs 22.37-38), e, também,
mais tarde, sobre Jezabel e os filhos de Acabe.
O FIM DA CASA DE
ACABE
Deus
escolheu Jeú para exterminar a casa de Omri do trono. Quando Jorão vai a Jeú
propor paz este responde que é impossível haver paz com uma família tão
idólatra (II Rs 9.22) e o mata (II
Rs 9.24) lançando seu corpo na antiga vinha de Nabote (II Rs 9. 25-26)
A MORTE DE JEZABEL
A
sentença ainda não estava totalmente cumprida, mesmo após 14 anos da sentença
feita por Elias. Faltava Jezabel que se encontrava no palácio e ainda tentou
uma última cartada, talvez confiando em algum resquício de sua antiga beleza,
maquiou-se e colocou-se à janela, tentando impressionar Jeú (II Rs 9.30). Jeú conclamou os insatisfeitos
com Jezabel a se libertarem, e alguns eunucos a lançaram da janela e Jeú a
atropelou (II Rs 9.32-33).
Num ato de
consideração mais tarde Jeú manda enterrá-la, mas só encontram partes do seu
corpo (II Rs 9.35 - Foram para a
sepultar; porém não acharam dela senão a caveira, os pés e as palmas das mãos)
porque os cachorros a haviam comido (II
Rs 9.36) e seu corpo jamais seria sepultado, se tornaria em esterco de
cachorro (II Rs 9.37).
UMA MORTE TERRÍVEL,
MAS JUSTA
Assim
termina a triste história de Jezabel e Acabe, e sua casa.
Este
casal é um exemplo de homem insensato e de uma mulher ímpia. A morte de Jezabel
não foi uma morte digna, como digna não foi a sua vida. Ele recebeu a punição
por sua vida de crimes contra os homens e blasfêmias contra o Senhor Deus. Deus
não deixou impune seu pecado, como, evidentemente, não deixará impunes nenhum
pecado (Ec 12.13-14), e, para isso, ele não precisa ficar analisando a vida
de ninguém. Ele tem a sentença pronta, diferente do que pensam os adventistas
em seu juízo investigativo (Jó 34:23) e seu juízo é inexorável
e inescapável (Jó 11:10).
Jezabel,
a poderosa, tornou-se em esterco canino. Jezabel, a vaidosa, tornou-se em
alimento de cães. Jezabel, a ímpia, não se arrependeu. Vaidade, futilidade,
aparência exterior são as características desta mulher poderosa, decidida, mas,
lamentavelmente, impenitente. Arrumou seus olhos e seu cabelo, mas não estava
com a vida arrumada para encontrar-se com o criador. Ainda que bem sucedida por
um longo tempo, o dia do julgamento chegou e sua impiedade foi a causa de sua
ruína. Semeou na carne, colheu corrupção (Gl
6.7-8).
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