COMO SER (VERDADEIRAMENTE) CRISTÃO NUM MUNDO PSEUDOCRISTÃO
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para
promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade
segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir
prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua
palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso
Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte
de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
Tt 1.1-4
Talvez nem todos os filhos, alunos ou profissionais tenham
passado por esta experiência, mas, se você não passou, então imagine-se
recebendo um chamado para apresentar-se perante seus pais, ou diretores da
escola, ou superiores hierárquicos, sem ter a menor noção do que será tratado.
Imagine a cena se desenrolando e, quando você se apresenta perguntando
“Chamou?” ouvir de volta um “Sim, chamei, sente-se!”… a seguir, um período de
silêncio onde você não quer nem pensar com medo de ter seus pensamentos
ouvidos. Que fazer? Pernas são cruzadas, dedos entrelaçados…
Vamos imaginar uma segunda cena: uma multidão convocada, como
um exército, colocada diante de um equipamento de guerra e… e nada. Sem saber
quando lutar, ou contra quem lutar, quais armas usar, como usar as armas que
tem à disposição. Sem tática, sem estratégia, sem direção…
Este quadro retrata o estado de muitos dentro da Igreja e de
boa parte da Igreja contemporânea. Não desejo questionar quem ouviu ou não o
chamado do Senhor, até porque este chamado é interno, é espiritual – somente o
Senhor e o crente tem ciência de que foi efetivamente chamado (Jo 10:27). Se perguntados para que
foram chamados muitos ficariam na mesma situação daqueles chamados na sala da
diretoria ou da chefia – e talvez usassem frases bonitas mas, no fundo, vazias
de propósito, tais como: fomos chamados para glorificar a Deus, ou para
adorá-lo, ou ainda citariam versos bíblicos que falam de santidade (Rm 1.6-7) e espiritualidade (I Pe 2:9).
Se insistirmos e perguntarmos… ok, fomos chamados para
glorificar a Deus, para servi-lo, para adorá-lo, para sermos santos e
proclamarmos as suas virtudes, mas como,
isto é, de que maneira podemos fazer isso, ou, ainda mais especificamente, de
que maneira você tem feito isso talvez muitos viessem a se sentir como alunos
que fizeram algumas artes e ouvem a pergunta: “O que você fez?” mas sem
especificar a qual arte estava se referindo… Este com certeza é um dos grandes
problemas do nosso cristianismo: como ser efetivamente cristão num mundo
pseudocristão… não vivemos num mundo pós-cristão simplesmente porque, embora
boa parte do mundo tenha virado as costas para o cristianismo será o mundo quem
passará, não as palavras do Senhor Jesus (Lc
21:33). Como ser cristão num mundo
pseudocristão? Esta é a nossa indagação. Esta é a nossa pergunta desta
noite e é para esta pergunta que vamos voltar os nossos olhos para as
Escrituras e ver o que o Espírito tem a nos dizer por intermédio dos escritos
do apóstolo Paulo.
É certo que muitos cristãos estão absolutamente satisfeitos
com a sua religião. Ela supre as suas carências superficiais de relacionamentos
“santos” num ambiente onde todos parecem se preocupar com o bem coletivo da
humanidade. As cerimônias religiosas satisfazem os olhos e os ouvidos e podem
até mesmo satisfazer as suas consciências pois, afinal: foram à Igreja
(cumpriram o dever de congregar - Hb
10:25); cantaram alguns hinos e cânticos (cumpriram o dever louvar - Sl 100:2); entregaram dízimos e
ofertaram (cumpriram o dever de contribuir - II Co 9:7); participaram da ceia (não negligenciaram os sacramentos
- I Co 10:16) e até falam que Jesus
morreu para salvar pecadores (cumpriram o dever de evangelizar, especialmente
se for longe de casa - Mc 16:15 - E
disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura).
Paulo era alguém exatamente assim – estava absolutamente
satisfeito com sua religião e se sobressaía em sua religiosidade (Gl 1:14) mas seus esforços demonstravam
que ele ainda não havia atingido a satisfação religiosa que desejava. Até que
sua vida teve uma forte guinada no caminho de Damasco. De alguém que respirava
ameaças de morte (At 9:1) passa a
ser apenas um instrumento para que o Senhor o usasse como melhor lhe conviesse
(Gl 2:20) considerando, ao final,
que, se viver é bom, morrer para estar com Cristo é lucro (Fp 1:21) e incomparavelmente melhor (Fp 1:23).
Num determinado momento de seu ministério Paulo chega a
conclusão de que sua tarefa está chegando ao fim, afirmando ter combatido o bom
combate, completado a carreira e guardado a fé (II Tm 4:7) chegando, então, o momento de passar o bastão (II Tm 2:2). E Paulo conta com diversos
auxiliares devidamente treinados, dentre eles Timóteo e, no caso que vamos
estudar, Tito, jovem leal à causa do evangelho, disposto a ser enviado em
comissões difíceis e gozando da confiança de Paulo, a quem tinha em elevado
conceito e respeito. Não sabemos sua origem, mas seu nome aparece treze vezes
nos escritos de Paulo e provavelmente esteja presente em outras menções (cp. At 15.2 com Gl
2.1-3). Tito foi a “pedra” que provocou a decisão em favor dos gentios
convertidos, pois sendo grego Paulo não aceitou que fosse circuncidado (Gl 2.5) e a Igreja finalmente admitiu
que os gentios fossem recebidos na Igreja sem a necessidade de passar pela
circuncisão ou de guardarem a lei judaica (At
15.13-29).
Mais tarde Tito foi o encarregado de solucionar, sob a
orientação escrita de Paulo, a questão coríntia com resultados animadores (II Co 7:13-14) devido à sua firmeza no
trabalho que lhe fora imposto (Tt 2:15).
Paulo, Timóteo, Tito e os demais cristãos do sec. I não
estavam (nem podiam) satisfazer-se com nada menos do que a verdadeira fé
cristã. Eles viviam num mundo pagão – tão pagão quanto o mundo que vivemos hoje,
embora tenham mudado o nome do seu “deus de mistério” (de Mitra para “outro”
Jesus) e do seu panteão (Júpiter, Juno e os semideuses deram lugar a uma Maria
não bíblica e muitos “santos”).
Leis e costumes podiam ser diferentes, mas o coração e os
anseios do coração dos homens não sofreram qualquer mudança nestes dois
milênios. O mundo continua cheio de religiosidade – e as Igrejas, como os
templos, estão cheias de gente que tem na religiosidade um costume que traz
conforto emocional mas que não responde ao anseio mais profundo de seu coração,
não dá a resposta para a pergunta “porque estou aqui, fazendo isto?” como eu
posso, afinal, ser mais que um pseudocristão neste mundo?
Mas, se o mundo pseudocristão não oferece estas respostas, eu
creio que as Escrituras oferecem, e o Espírito no-las dá por meio dos escritos
paulinos. Vamos a elas. Podemos afirmar que:
1 Paulo,
servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos
eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na
esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos
tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a
pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito,
verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de
Cristo Jesus, nosso Salvador
Quase que invariavelmente Paulo se apresenta da mesma maneira
– uma maneira comum em seus dias, mas que, também, atesta a consciência de quem
ele havia sido tornado (I Co 15:10). É impressionante a
transformação de um arrogante judeu que não admitia ser escravo de ninguém (Jo
8:33) para a maneira de Paulo se apresentar.
Ele nada mais era que um servo. Um servo com uma missão, um
embaixador, mas, ainda assim e por isso mesmo, um servo que conhecia ao seu
Senhor e tinha consciência de a quem devia a sua obediência e prestação de
contas (Gl 1:10).
Mais do que um servo, Paulo sabia ser um servo com uma missão
– e sua missão era fazer a vontade daquele que o arregimentou (II Tm 2:4). Considerar-se um apóstolo
era, ao mesmo tempo, considerar-se ao vocacionado quanto Pedro, Tiago e João (Lc 6:13) porque fora chamado pelo mesmo
Senhor (I Co 9:1), mesmo que seu
chamado tivesse ocorrido de maneira diferente e ele mesmo se considerava como
um “nascido fora do tempo” (I Co 15:8).
A base de seu apostolado estava no fato de ter, assim como
“os doze”, visto a Cristo, sido ensinado e vocacionado pelo próprio Cristo (Gl 1:12) e não na sua vontade pessoal
como ele faz questão de afirmar três vezes em suas cartas (II Tm 1:1– veja também I Co
1.1; II Co 1.1).
A convicção de chamado de Paulo para o apostolado, isto é,
para ser enviado por Jesus como apóstolo, especialmente para os gentios (Ef
3:8) estava no fato de ter sido chamado pelo próprio Cristo e de ter
visto a Cristo, diferente daqueles que a si mesmo se declaram apóstolos e não
são, muito pelo contrário, tem sido, um após outro, encontrados mentirosos (Ap 2:2).
No contexto em que Paulo escreveu, ele deixa intrínseca a
ideia de que se sentia como um cidadão convocado pelo seu imperador para
desempenhar uma função e missão de máxima importância – ser um ministro de seu
Senhor. É diferente de hoje, quando uma pessoa pode ser convocada para ser, por
exemplo, ministro da economia e, dada a confiabilidade do governante, dizer
não. Não era assim que Paulo se sentia – para ele o Senhor tinha autoridade
absoluta – e ele tinha obrigação de obediência absoluta.
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da
origem do seu chamado, podemos afirmar, ainda que
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de
Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da
vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3
e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi
confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo
a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
O primeiro e fundamental passo para o cristão em sua vida
espiritual é saber quem ele agora é: um pecador, resgatado de seu pecado e
comissionado por Deus sem o direito de optar por dizer ao seu chamado. Paulo se
apresenta como servo e apóstolo – identidade clara e comissionamento definido.
Agora ele vai detalhar o propósito do seu chamado. Pouco importa se entre
judeus ou gentios, o propósito é o mesmo.
Paulo afirma que o propósito do seu chamado é duplo.
Em primeiro lugar ele foi chamado para promover a fé. Antes que possamos imaginar que qualquer fé serve,
Paulo nos esclarece que somente a fé que é dos eleitos de Deus deve ser
promovida. Para que os eleitos de Deus (provavelmente referindo-se aos gentios
- At 18.6) chegassem ao conhecimento
da verdade e obtivessem a salvação Paulo tinha seu coração plenamente
compungido (II Tm 2:10).
A fé que é dos eleitos de Deus é não apenas um distintivo,
uma inclinação espiritual que caracteriza aqueles que são designados para a
salvação mas é, também, aquilo que lhe proporciona a salvação, pois é pela fé
que os eleitos são salvos (Gl 3:8).
Em segundo lugar Paulo afirma ter sido chamado para promover
o pleno conhecimento da verdade. Ele
faz esta afirmação num contexto cultural no qual os filósofos gregos vinham
tentando encontrá-la a séculos. Aristóteles, Platão, Atenágoras, Sócrates e
muitos outros filósofos empreenderam todos os seus esforços e não conseguiram
responder à pergunta feita por Pilatos (Jo
18:38), mesmo diante daquele que é própria verdade (Jo 14:6). O problema nunca foi a existência da verdade – e alguns
diziam que ela não podia ser encontrada, da mesma maneira que os relativistas
de nossos dias afirmam não haver verdade. O problema não é a inexistência ou
inacessibilidade da verdade – o problema é a recusa em conhecê-lo (Jo 8:32) e obter a libertação da
cegueira em que se encontram (Jo 8:36).
Este conhecimento, porém, não é meramente especulativo, como
queriam os gregos, ou como querem muitos ainda hoje – este conhecimento é
segundo a piedade, e tudo quanto é necessário para a piedade nos é dado por
intermédio de Cristo (II Pe 1:3),
proporcionando a experiência de receber aquilo que fora prometido e agora, na
plenitude dos tempos, fora entregue por intermédio de Cristo Jesus (Tt 2.11-14).
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da
origem do seu chamado e conhece o propósito de ter sido chamado, podemos
afirmar, finalmente, que
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para
promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade
segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir
prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua
palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso
Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho,
segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Salvador
Já sabemos que o primeiro passo para o cristão é saber quem
ele é e qual o seu chamado. O segundo é saber qual o propósito deste chamado,
promovendo, de maneira obediente, o conhecimento da verdade que é essencial
para todos os pecadores: a salvação que só pode ser obtida em Cristo Jesus –
somente ele é a manifestação da graça de Deus.
Assim como Paulo experimentou no momento apropriado a graça
redentora de Deus, ele também desejava que outros experimentassem esta mesma
graça – e, dentre muitos, ele também encontrou Tito e, mediante a pregação que
lhe fora confiada levou Tito ao conhecimento do redentor. E conhecer ao
redentor produz alguns frutos.
O primeiro destes frutos é que aquele que antes era inimigo
de Deus é feito, por intermédio da graça redentora de Cristo, seu amigo. O
inimigo, sem Deus (Ef 2:12), é
reconciliado com Deus (Rm 5:10).
Pela graça de Deus o pecador experimenta paz com Deus, mas
uma paz essencialmente diferente daquela que o mundo é capaz de oferecer (Jo 14:27). Paz inabalável, um dom que
somente Cristo pode dar.
O segundo destes frutos é a transformação da natureza do
pecador. Quem crê em Cristo é feito nova criatura (II Co 5:17). Uma destas mudanças é em relação à filiação. Antes de
Cristo o pecador é filho da ira (Ef 2:3),
mas, quando crê em Deus, é feito filho de Deus (Jo 1:12), recebe o seu Espírito que os guia de maneira a agirem
segundo esta nova natureza (Rm 8:14),
numa filiação que não é a da carne, mas do Espírito, de acordo com a promessa
anteriormente mencionada por Paulo (Rm
9:8) mediante a fé em Jesus Cristo (Rm
9:8).
Por fim, não é possível falar dos resultados do conhecimento
do salvador sem falar naquilo que ele nos deu – salvação. Jesus afirma que sua
missão foi buscar e salvar o perdido (Lc
19:10). Cristo não é apenas o salvador do mundo (I Jo 4:14) mas, principalmente, o salvador de pecadores que se
reconhecem como tais e carecem de um salvador (I Tm 1:15).
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da
origem do seu chamado e conhece o propósito de ter sido chamado e ter
consciência do propósito do seu chamado só nos resta concluir que
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para
promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade
segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir
prometeu antes dos tempos eternos 3 e,
em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi
confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho,
segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Salvador
É evidente que não existem mais apóstolos, como Paulo, Pedro,
Tiago e João o foram. Esta designação é exclusiva para aqueles que viram a
Jesus, inclusive a Paulo, embora ele o tenha visto após a sua ascensão. Também
sabemos que qualquer um que se chamar de apóstolo hoje é um embusteiro (Ap 2:2).
Mas é evidente também que, independente do apostolado, um
cristão verdadeiro tem que ter absoluta consciência de que foi chamado pelo seu
Senhor, porque, se não o foi, então não é cristão (I Tm 6:12). Um cristão de verdade tem que ter ouvido o chamado do
Senhor, porque suas ovelhas ouvem a sua voz (Jo 10:27) e só assim alguém pode ser feito ovelha do Senhor Jesus.
Mas… e isto é um problema… mas… mas certamente há cristãos
que não sabem para o que foram chamados. São cristãos que querem experimentar
os efeitos do chamado – e efetivamente os experimentam. Experimentam a graça
que lhes traz paz – e isto é muito bom. E se você não é cristão você está
perdendo algo maravilhoso. Está perdendo a maravilha de experimentar a paz com
Deus, deixar de ser inimigo de Deus, gozar da bênção de estar em comunhão com o
Pai celeste. E isto é realmente maravilhoso.
Muitos cristãos que ouviram o chamado do Senhor também
experimentam uma mudança radical – deixam de serem filhos da ira (por méritos)
para serem tornados filhos de Deus (pela graça deste mesmo Deus em Cristo
Jesus). Se você ainda não é Filho de Deus você está em uma condição, mesmo
inconsciente, de terrível perigo. Mas é possível que esta seja a sua
oportunidade pois você ainda está ouvindo o maravilhoso convite da graça de
Deus (Is 55:6).
Muitos cristãos que ouviram o chamado do Senhor puderam
receber de suas mãos a dádiva da salvação. E é bom que lembremos que não
poderiam encontrá-la em nenhum outro lugar, porque só em Jesus há salvador (At 4:12) e não há salvação em ninguém
mais (Is 43:11).
Mas… quantos cristãos que já experimentaram a graça salvadora
e foram tornados filhos de Deus ainda não se encontram na situação de soldados
sem ordens, de alunos na antessala da diretoria sem saber para o que foram
chamados? Quantos cristãos ainda não entenderam que já foram enviados (Jo 20:21)… que já receberam o
comissionamento de serem sal e luz… de resplandecerem em meio às trevas (Mt 5:16)… de proclamarem as virtudes
daquele que os retirou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pe 2:9).
Você foi chamado para conhecer e para experimentar. E isto é
muito bom. Mas você também foi chamado para aproveitar sabiamente as
oportunidades (Cl 4:5) e levar a
outros o mesmo conhecimento esperando que Deus lhes conceda a mesma experiência
de salvação, filiação e paz mediante a graça revelada por intermédio de Jesus
Cristo.
Não há a menor dúvida de que você também, assim como os
apóstolos, como cristão que é, como discípulo do Senhor Jesus, foi chamado para
promover a fé, a verdadeira fé, a única fé que deve ser promovida – a fé que é
abraçada pelos santos e que é dada por Deus para que pecadores se tornem
santos, isto é, se separados pela graça de Deus para a salvação. Se você não
proclama as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz
você está sendo omisso, está pecado por omissão, por falta de ação. Está
cometendo o pecado não colocar-se ao lado de Jesus na seara (Mt 9:38) esquecendo-se de que quem não
é pelo Senhor é contra ele (Lc 11:23).
Se você se julga cristão e não tem disposição para contribuir
ser o bom perfume de Cristo (II Co 2:15)
e tornar o nome de Cristo conhecido, então, há algo de terrivelmente errado com
a sua fé. Que espécie de fé é aquela que não se expressa em comunhão, que não
se expressa em adoração, que não se expressa em fidelidade. Como alguém
consegue acreditar que é cristão se não tem atitudes cristãs, se não tem
valores cristãos, se não congrega nem contribui para a expansão do conhecimento
de Deus entre os homens? Como alguém pode se olhar no espelho e considerar-se
um bom cristão se é omisso, relaxado e desinteressado, egoísta e roubador (Tg 1:22)?
Também não há dúvida de que, como cristão que é, como
discípulo do Senhor Jesus, você também foi chamado para promover o pleno
conhecimento da verdade. O apóstolo Paulo tem especial apreço pela plenitude do
conhecimento (tanto que Paulo sua esta expressão 13 vezes) todas relacionadas à
realização do propósito de Deus, desde o reconhecimento de que é pecador (Rm 3:20) até o ardente desejo pela
glorificação (Ef 4:13).
Deixe-me dizer isto de outra maneira – o cristão é
vocacionado para dar a todos a razão da esperança que carrega no coração (I Pe 3:15) e isto implica em dizer que
sabe que é um pecador (Rm 3:10) e
que merece a condenação (Rm 6:23),
mas que Deus providenciou um meio de transformar o pecador condenado à perdição
em filho destinado à glorificação através da doação de seu filho, Jesus Cristo
(Ef 1:6) – de modo que todo aquele
que nele crê recebe a salvação, recebe a vida eterna (Jo 6:40).
Se você quer realmente ser um cristão num mundo pseudocristão
você precisa ter pleno conhecimento de seu chamado. Você precisa saber quem é,
por quem você foi chamado e para que você foi chamado. Você só poderá ser
aquilo que você foi convocado para ser se tiver pleno conhecimento de sua
identidade. Para você ser cristão num mundo pseudocrístão você precisa saber o
que é ser cristão – e ser cristão é mais do que ser membro comungante de uma
Igreja. Ser cristão é mais do que ser frequentador de uma Igreja. Ser cristão é
mais do que vestir uma camiseta com o nome de uma denominação.
Ser cristão é estar disposto a proclamar as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz mesmo quando só há trevas
em redor e estas mesmas trevas odeiem com ódio infernal (Jo 15:18) aquele que é a própria luz (Jo 9:5) e também aquele que é portador desta luz (Mt 5:14).
Deixe-me dizer-te isto de outra maneira – não há como ser
mais ou menos cristão. Ou se é cristão ou se é, apenas, pseudocrístão, podendo
até ser profundamente religioso mas, ainda assim, não ser plenamente discípulo
de Jesus Cristo, e na melhor das hipóteses ser, ainda, necessitados de
crescimento espiritual.
Deixe-me dizer-te de uma outra maneira – se você quer ser
mais do que um pseudocrístão ou um simples ouvinte (Tg 1:22 -) então você precisa saber quem é,
quem te chamou e para que você foi chamado – e este chamado não é apenas para
ser abençoado, mas para ser bênção, como Abraão foi chamado para ser bênção
para todas as famílias da terra (Gn 12:3).
Vai, então, e sê tu uma bênção.