segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

COMO SER (VERDADEIRAMENTE) CRISTÃO NUM MUNDO PSEUDOCRISTÃO

 COMO SER (VERDADEIRAMENTE) CRISTÃO NUM MUNDO PSEUDOCRISTÃO

1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
Tt 1.1-4 

COMO SER CRISTÃO NUM MUNDO PSEUDOCRISTÃO

Talvez nem todos os filhos, alunos ou profissionais tenham passado por esta experiência, mas, se você não passou, então imagine-se recebendo um chamado para apresentar-se perante seus pais, ou diretores da escola, ou superiores hierárquicos, sem ter a menor noção do que será tratado. Imagine a cena se desenrolando e, quando você se apresenta perguntando “Chamou?” ouvir de volta um “Sim, chamei, sente-se!”… a seguir, um período de silêncio onde você não quer nem pensar com medo de ter seus pensamentos ouvidos. Que fazer? Pernas são cruzadas, dedos entrelaçados…
Vamos imaginar uma segunda cena: uma multidão convocada, como um exército, colocada diante de um equipamento de guerra e… e nada. Sem saber quando lutar, ou contra quem lutar, quais armas usar, como usar as armas que tem à disposição. Sem tática, sem estratégia, sem direção…
Este quadro retrata o estado de muitos dentro da Igreja e de boa parte da Igreja contemporânea. Não desejo questionar quem ouviu ou não o chamado do Senhor, até porque este chamado é interno, é espiritual – somente o Senhor e o crente tem ciência de que foi efetivamente chamado (Jo 10:27). Se perguntados para que foram chamados muitos ficariam na mesma situação daqueles chamados na sala da diretoria ou da chefia – e talvez usassem frases bonitas mas, no fundo, vazias de propósito, tais como: fomos chamados para glorificar a Deus, ou para adorá-lo, ou ainda citariam versos bíblicos que falam de santidade (Rm 1.6-7) e espiritualidade (I Pe 2:9).
Se insistirmos e perguntarmos… ok, fomos chamados para glorificar a Deus, para servi-lo, para adorá-lo, para sermos santos e proclamarmos as suas virtudes, mas como, isto é, de que maneira podemos fazer isso, ou, ainda mais especificamente, de que maneira você tem feito isso talvez muitos viessem a se sentir como alunos que fizeram algumas artes e ouvem a pergunta: “O que você fez?” mas sem especificar a qual arte estava se referindo… Este com certeza é um dos grandes problemas do nosso cristianismo: como ser efetivamente cristão num mundo pseudocristão… não vivemos num mundo pós-cristão simplesmente porque, embora boa parte do mundo tenha virado as costas para o cristianismo será o mundo quem passará, não as palavras do Senhor Jesus (Lc 21:33). Como ser cristão num mundo pseudocristão? Esta é a nossa indagação. Esta é a nossa pergunta desta noite e é para esta pergunta que vamos voltar os nossos olhos para as Escrituras e ver o que o Espírito tem a nos dizer por intermédio dos escritos do apóstolo Paulo.

CRISTÃOS NÃO SE SATISFAZEM COM RELIGIOSIDADE

É certo que muitos cristãos estão absolutamente satisfeitos com a sua religião. Ela supre as suas carências superficiais de relacionamentos “santos” num ambiente onde todos parecem se preocupar com o bem coletivo da humanidade. As cerimônias religiosas satisfazem os olhos e os ouvidos e podem até mesmo satisfazer as suas consciências pois, afinal: foram à Igreja (cumpriram o dever de congregar - Hb 10:25); cantaram alguns hinos e cânticos (cumpriram o dever louvar - Sl 100:2); entregaram dízimos e ofertaram (cumpriram o dever de contribuir - II Co 9:7); participaram da ceia (não negligenciaram os sacramentos - I Co 10:16) e até falam que Jesus morreu para salvar pecadores (cumpriram o dever de evangelizar, especialmente se for longe de casa - Mc 16:15 - E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura).

A MERA RELIGIOSIDADE NÃO FORNECE SATISFAÇÃO AO CRISTÃO

Paulo era alguém exatamente assim – estava absolutamente satisfeito com sua religião e se sobressaía em sua religiosidade (Gl 1:14) mas seus esforços demonstravam que ele ainda não havia atingido a satisfação religiosa que desejava. Até que sua vida teve uma forte guinada no caminho de Damasco. De alguém que respirava ameaças de morte (At 9:1) passa a ser apenas um instrumento para que o Senhor o usasse como melhor lhe conviesse (Gl 2:20) considerando, ao final, que, se viver é bom, morrer para estar com Cristo é lucro (Fp 1:21) e incomparavelmente melhor (Fp 1:23).

O CRISTÃO NÃO DEIXA DE FAZER DISCÍPULOS

Num determinado momento de seu ministério Paulo chega a conclusão de que sua tarefa está chegando ao fim, afirmando ter combatido o bom combate, completado a carreira e guardado a fé (II Tm 4:7) chegando, então, o momento de passar o bastão (II Tm 2:2). E Paulo conta com diversos auxiliares devidamente treinados, dentre eles Timóteo e, no caso que vamos estudar, Tito, jovem leal à causa do evangelho, disposto a ser enviado em comissões difíceis e gozando da confiança de Paulo, a quem tinha em elevado conceito e respeito. Não sabemos sua origem, mas seu nome aparece treze vezes nos escritos de Paulo e provavelmente esteja presente em outras menções (cp. At 15.2  com Gl 2.1-3). Tito foi a “pedra” que provocou a decisão em favor dos gentios convertidos, pois sendo grego Paulo não aceitou que fosse circuncidado (Gl 2.5) e a Igreja finalmente admitiu que os gentios fossem recebidos na Igreja sem a necessidade de passar pela circuncisão ou de guardarem a lei judaica (At 15.13-29).
Mais tarde Tito foi o encarregado de solucionar, sob a orientação escrita de Paulo, a questão coríntia com resultados animadores (II Co 7:13-14) devido à sua firmeza no trabalho que lhe fora imposto (Tt 2:15).
Paulo, Timóteo, Tito e os demais cristãos do sec. I não estavam (nem podiam) satisfazer-se com nada menos do que a verdadeira fé cristã. Eles viviam num mundo pagão – tão pagão quanto o mundo que vivemos hoje, embora tenham mudado o nome do seu “deus de mistério” (de Mitra para “outro” Jesus) e do seu panteão (Júpiter, Juno e os semideuses deram lugar a uma Maria não bíblica e muitos “santos”).
Leis e costumes podiam ser diferentes, mas o coração e os anseios do coração dos homens não sofreram qualquer mudança nestes dois milênios. O mundo continua cheio de religiosidade – e as Igrejas, como os templos, estão cheias de gente que tem na religiosidade um costume que traz conforto emocional mas que não responde ao anseio mais profundo de seu coração, não dá a resposta para a pergunta “porque estou aqui, fazendo isto?” como eu posso, afinal, ser mais que um pseudocristão neste mundo?
Mas, se o mundo pseudocristão não oferece estas respostas, eu creio que as Escrituras oferecem, e o Espírito no-las dá por meio dos escritos paulinos. Vamos a elas. Podemos afirmar que:

O CRISTÃO TEM CONSCIÊNCIA DA ORIGEM DE SEU CHAMADO

1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador

Quase que invariavelmente Paulo se apresenta da mesma maneira – uma maneira comum em seus dias, mas que, também, atesta a consciência de quem ele havia sido tornado (I Co 15:10). É impressionante a transformação de um arrogante judeu que não admitia ser escravo de ninguém (Jo 8:33) para a maneira de Paulo se apresentar.
Ele nada mais era que um servo. Um servo com uma missão, um embaixador, mas, ainda assim e por isso mesmo, um servo que conhecia ao seu Senhor e tinha consciência de a quem devia a sua obediência e prestação de contas (Gl 1:10).
Mais do que um servo, Paulo sabia ser um servo com uma missão – e sua missão era fazer a vontade daquele que o arregimentou (II Tm 2:4). Considerar-se um apóstolo era, ao mesmo tempo, considerar-se ao vocacionado quanto Pedro, Tiago e João (Lc 6:13) porque fora chamado pelo mesmo Senhor (I Co 9:1), mesmo que seu chamado tivesse ocorrido de maneira diferente e ele mesmo se considerava como um “nascido fora do tempo” (I Co 15:8).
A base de seu apostolado estava no fato de ter, assim como “os doze”, visto a Cristo, sido ensinado e vocacionado pelo próprio Cristo (Gl 1:12) e não na sua vontade pessoal como ele faz questão de afirmar três vezes em suas cartas (II Tm 1:1– veja também I Co 1.1; II Co 1.1).
A convicção de chamado de Paulo para o apostolado, isto é, para ser enviado por Jesus como apóstolo, especialmente para os gentios (Ef 3:8) estava no fato de ter sido chamado pelo próprio Cristo e de ter visto a Cristo, diferente daqueles que a si mesmo se declaram apóstolos e não são, muito pelo contrário, tem sido, um após outro, encontrados mentirosos (Ap 2:2).
No contexto em que Paulo escreveu, ele deixa intrínseca a ideia de que se sentia como um cidadão convocado pelo seu imperador para desempenhar uma função e missão de máxima importância – ser um ministro de seu Senhor. É diferente de hoje, quando uma pessoa pode ser convocada para ser, por exemplo, ministro da economia e, dada a confiabilidade do governante, dizer não. Não era assim que Paulo se sentia – para ele o Senhor tinha autoridade absoluta – e ele tinha obrigação de obediência absoluta.
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da origem do seu chamado, podemos afirmar, ainda que

O CRISTÃO TEM CONSCIÊNCIA DO PROPÓSITO DO SEU CHAMADO

1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
O primeiro e fundamental passo para o cristão em sua vida espiritual é saber quem ele agora é: um pecador, resgatado de seu pecado e comissionado por Deus sem o direito de optar por dizer ao seu chamado. Paulo se apresenta como servo e apóstolo – identidade clara e comissionamento definido. Agora ele vai detalhar o propósito do seu chamado. Pouco importa se entre judeus ou gentios, o propósito é o mesmo.
Paulo afirma que o propósito do seu chamado é duplo.
Em primeiro lugar ele foi chamado para promover a fé. Antes que possamos imaginar que qualquer fé serve, Paulo nos esclarece que somente a fé que é dos eleitos de Deus deve ser promovida. Para que os eleitos de Deus (provavelmente referindo-se aos gentios - At 18.6) chegassem ao conhecimento da verdade e obtivessem a salvação Paulo tinha seu coração plenamente compungido (II Tm 2:10).
A fé que é dos eleitos de Deus é não apenas um distintivo, uma inclinação espiritual que caracteriza aqueles que são designados para a salvação mas é, também, aquilo que lhe proporciona a salvação, pois é pela fé que os eleitos são salvos (Gl 3:8).
Em segundo lugar Paulo afirma ter sido chamado para promover o pleno conhecimento da verdade. Ele faz esta afirmação num contexto cultural no qual os filósofos gregos vinham tentando encontrá-la a séculos. Aristóteles, Platão, Atenágoras, Sócrates e muitos outros filósofos empreenderam todos os seus esforços e não conseguiram responder à pergunta feita por Pilatos (Jo 18:38), mesmo diante daquele que é própria verdade (Jo 14:6). O problema nunca foi a existência da verdade – e alguns diziam que ela não podia ser encontrada, da mesma maneira que os relativistas de nossos dias afirmam não haver verdade. O problema não é a inexistência ou inacessibilidade da verdade – o problema é a recusa em conhecê-lo (Jo 8:32) e obter a libertação da cegueira em que se encontram (Jo 8:36).
Este conhecimento, porém, não é meramente especulativo, como queriam os gregos, ou como querem muitos ainda hoje – este conhecimento é segundo a piedade, e tudo quanto é necessário para a piedade nos é dado por intermédio de Cristo (II Pe 1:3), proporcionando a experiência de receber aquilo que fora prometido e agora, na plenitude dos tempos, fora entregue por intermédio de Cristo Jesus (Tt 2.11-14).
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da origem do seu chamado e conhece o propósito de ter sido chamado, podemos afirmar, finalmente, que

O CRISTÃO TEM CONSCIÊNCIA DOS RESULTADOS DO SEU CHAMADO

1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
Já sabemos que o primeiro passo para o cristão é saber quem ele é e qual o seu chamado. O segundo é saber qual o propósito deste chamado, promovendo, de maneira obediente, o conhecimento da verdade que é essencial para todos os pecadores: a salvação que só pode ser obtida em Cristo Jesus – somente ele é a manifestação da graça de Deus.
Assim como Paulo experimentou no momento apropriado a graça redentora de Deus, ele também desejava que outros experimentassem esta mesma graça – e, dentre muitos, ele também encontrou Tito e, mediante a pregação que lhe fora confiada levou Tito ao conhecimento do redentor. E conhecer ao redentor produz alguns frutos.
O primeiro destes frutos é que aquele que antes era inimigo de Deus é feito, por intermédio da graça redentora de Cristo, seu amigo. O inimigo, sem Deus (Ef 2:12), é reconciliado com Deus (Rm 5:10).
Pela graça de Deus o pecador experimenta paz com Deus, mas uma paz essencialmente diferente daquela que o mundo é capaz de oferecer (Jo 14:27). Paz inabalável, um dom que somente Cristo pode dar.
O segundo destes frutos é a transformação da natureza do pecador. Quem crê em Cristo é feito nova criatura (II Co 5:17). Uma destas mudanças é em relação à filiação. Antes de Cristo o pecador é filho da ira (Ef 2:3), mas, quando crê em Deus, é feito filho de Deus (Jo 1:12), recebe o seu Espírito que os guia de maneira a agirem segundo esta nova natureza (Rm 8:14), numa filiação que não é a da carne, mas do Espírito, de acordo com a promessa anteriormente mencionada por Paulo (Rm 9:8) mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 9:8).
Por fim, não é possível falar dos resultados do conhecimento do salvador sem falar naquilo que ele nos deu – salvação. Jesus afirma que sua missão foi buscar e salvar o perdido (Lc 19:10). Cristo não é apenas o salvador do mundo (I Jo 4:14) mas, principalmente, o salvador de pecadores que se reconhecem como tais e carecem de um salvador (I Tm 1:15).
Além de afirmar que o verdadeiro cristão tem consciência da origem do seu chamado e conhece o propósito de ter sido chamado e ter consciência do propósito do seu chamado só nos resta concluir que

O VERDADEIRO CRISTÃO CUMPRE O SEU CHAMADO

1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos 3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador
É evidente que não existem mais apóstolos, como Paulo, Pedro, Tiago e João o foram. Esta designação é exclusiva para aqueles que viram a Jesus, inclusive a Paulo, embora ele o tenha visto após a sua ascensão. Também sabemos que qualquer um que se chamar de apóstolo hoje é um embusteiro (Ap 2:2).
Mas é evidente também que, independente do apostolado, um cristão verdadeiro tem que ter absoluta consciência de que foi chamado pelo seu Senhor, porque, se não o foi, então não é cristão (I Tm 6:12). Um cristão de verdade tem que ter ouvido o chamado do Senhor, porque suas ovelhas ouvem a sua voz (Jo 10:27) e só assim alguém pode ser feito ovelha do Senhor Jesus.
Mas… e isto é um problema… mas… mas certamente há cristãos que não sabem para o que foram chamados. São cristãos que querem experimentar os efeitos do chamado – e efetivamente os experimentam. Experimentam a graça que lhes traz paz – e isto é muito bom. E se você não é cristão você está perdendo algo maravilhoso. Está perdendo a maravilha de experimentar a paz com Deus, deixar de ser inimigo de Deus, gozar da bênção de estar em comunhão com o Pai celeste. E isto é realmente maravilhoso.
Muitos cristãos que ouviram o chamado do Senhor também experimentam uma mudança radical – deixam de serem filhos da ira (por méritos) para serem tornados filhos de Deus (pela graça deste mesmo Deus em Cristo Jesus). Se você ainda não é Filho de Deus você está em uma condição, mesmo inconsciente, de terrível perigo. Mas é possível que esta seja a sua oportunidade pois você ainda está ouvindo o maravilhoso convite da graça de Deus (Is 55:6).
Muitos cristãos que ouviram o chamado do Senhor puderam receber de suas mãos a dádiva da salvação. E é bom que lembremos que não poderiam encontrá-la em nenhum outro lugar, porque só em Jesus há salvador (At 4:12) e não há salvação em ninguém mais (Is 43:11).
Mas… quantos cristãos que já experimentaram a graça salvadora e foram tornados filhos de Deus ainda não se encontram na situação de soldados sem ordens, de alunos na antessala da diretoria sem saber para o que foram chamados? Quantos cristãos ainda não entenderam que já foram enviados (Jo 20:21)… que já receberam o comissionamento de serem sal e luz… de resplandecerem em meio às trevas (Mt 5:16)… de proclamarem as virtudes daquele que os retirou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pe 2:9).
Você foi chamado para conhecer e para experimentar. E isto é muito bom. Mas você também foi chamado para aproveitar sabiamente as oportunidades (Cl 4:5) e levar a outros o mesmo conhecimento esperando que Deus lhes conceda a mesma experiência de salvação, filiação e paz mediante a graça revelada por intermédio de Jesus Cristo.
Não há a menor dúvida de que você também, assim como os apóstolos, como cristão que é, como discípulo do Senhor Jesus, foi chamado para promover a fé, a verdadeira fé, a única fé que deve ser promovida – a fé que é abraçada pelos santos e que é dada por Deus para que pecadores se tornem santos, isto é, se separados pela graça de Deus para a salvação. Se você não proclama as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz você está sendo omisso, está pecado por omissão, por falta de ação. Está cometendo o pecado não colocar-se ao lado de Jesus na seara (Mt 9:38) esquecendo-se de que quem não é pelo Senhor é contra ele (Lc 11:23).
Se você se julga cristão e não tem disposição para contribuir ser o bom perfume de Cristo (II Co 2:15) e tornar o nome de Cristo conhecido, então, há algo de terrivelmente errado com a sua fé. Que espécie de fé é aquela que não se expressa em comunhão, que não se expressa em adoração, que não se expressa em fidelidade. Como alguém consegue acreditar que é cristão se não tem atitudes cristãs, se não tem valores cristãos, se não congrega nem contribui para a expansão do conhecimento de Deus entre os homens? Como alguém pode se olhar no espelho e considerar-se um bom cristão se é omisso, relaxado e desinteressado, egoísta e roubador (Tg 1:22)?
Também não há dúvida de que, como cristão que é, como discípulo do Senhor Jesus, você também foi chamado para promover o pleno conhecimento da verdade. O apóstolo Paulo tem especial apreço pela plenitude do conhecimento (tanto que Paulo sua esta expressão 13 vezes) todas relacionadas à realização do propósito de Deus, desde o reconhecimento de que é pecador (Rm 3:20) até o ardente desejo pela glorificação (Ef 4:13).
Deixe-me dizer isto de outra maneira – o cristão é vocacionado para dar a todos a razão da esperança que carrega no coração (I Pe 3:15) e isto implica em dizer que sabe que é um pecador (Rm 3:10) e que merece a condenação (Rm 6:23), mas que Deus providenciou um meio de transformar o pecador condenado à perdição em filho destinado à glorificação através da doação de seu filho, Jesus Cristo (Ef 1:6) – de modo que todo aquele que nele crê recebe a salvação, recebe a vida eterna (Jo 6:40).
Se você quer realmente ser um cristão num mundo pseudocristão você precisa ter pleno conhecimento de seu chamado. Você precisa saber quem é, por quem você foi chamado e para que você foi chamado. Você só poderá ser aquilo que você foi convocado para ser se tiver pleno conhecimento de sua identidade. Para você ser cristão num mundo pseudocrístão você precisa saber o que é ser cristão – e ser cristão é mais do que ser membro comungante de uma Igreja. Ser cristão é mais do que ser frequentador de uma Igreja. Ser cristão é mais do que vestir uma camiseta com o nome de uma denominação.
Ser cristão é estar disposto a proclamar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz mesmo quando só há trevas em redor e estas mesmas trevas odeiem com ódio infernal (Jo 15:18) aquele que é a própria luz (Jo 9:5) e também aquele que é portador desta luz (Mt 5:14).
Deixe-me dizer-te isto de outra maneira – não há como ser mais ou menos cristão. Ou se é cristão ou se é, apenas, pseudocrístão, podendo até ser profundamente religioso mas, ainda assim, não ser plenamente discípulo de Jesus Cristo, e na melhor das hipóteses ser, ainda, necessitados de crescimento espiritual.
Deixe-me dizer-te de uma outra maneira – se você quer ser mais do que um pseudocrístão ou um simples ouvinte (Tg 1:22 -) então você precisa saber quem é, quem te chamou e para que você foi chamado – e este chamado não é apenas para ser abençoado, mas para ser bênção, como Abraão foi chamado para ser bênção para todas as famílias da terra (Gn 12:3).
Vai, então, e sê tu uma bênção.

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