quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

OFENDIDO PORQUE

Não é incomum que algumas pessoas se sintam incomodadas com o conteúdo de uma pregação. Alguns chegam a defender que determinadas coisas não deveriam ser ditas do púlpito para não afastar os visitantes.
Sempre me questiono: quem vai a uma Igreja vai em busca de que?
Ou, mais precisamente, quem vai a uma determinada Igreja sabe o que está buscando. Quem visita uma Igreja pseudopentecostal está em busca de sinais, de prodígios - muitas vezes sem a necessária reflexão sobre a origem e eficácia destes mesmos sinais. Mas não é este o ponto. Quem vai a uma Igreja romana está em busca de outras coisas, de cerimoniais, de tradição - e sabe que ali é o melhor lugar para encontrar estas coisas.
Quem procura uma Igreja Presbiteriana, entretanto, o faz porque espera encontrar ali uma forma de espiritualidade e ensino diferente da que pode ser encontrada na maioria das Igrejas evangélicas. Vai encontrar ensino das Escrituras. Então, se quem entra numa de nossas Igrejas o faz em busca de ensino das Escrituras não devemos nos preocupar com o que a Escritura ensina - devemos apenas ensinar o que ali está, certos de que o Senhor fará todo o resto.
Dito isto, não devemos temer que um amigo visitante sinta-se ofendido quando ouvir o ensino das Escrituras. Não há nada de ofensivo em afirmar que não somos obra do acaso, que não somos o resultado aleatório de um processo evolutivo, mas que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, homem e mulher - sem intermediários e sem caminho do meio.
Também não há nada de ofensivo em afirmar que este Deus, criador, também considerou-se no justo direito de legislar, de determinar como suas criaturas deveriam lidar consigo mesmos, com a criação e como relacionar-se com ele - a fuga a estas leis é chamada de pecado, com a devida pena para a transgressão. Também não há ofensa em afirmar que estas criaturas, por vontade livre, resolveram desobedecer e, assim foram deliberadamente responsáveis por sua própria queda de um estado de graça para um estado de miséria, condenação e morte, tornando-se por isso incapazes de cumprir a lei que, apesar de sua rebeldia, ficou gravada em seus corações contra a qual se rebela.
Não há nada de ofensivo, muito pelo contrário, em afirmar que, para restaurar estes que se tornaram inimigos de Deus, que se alhearam voluntariamente do criador, este mesmo criador enviou seu único filho para resgatá-los de seu estado de morte, não admitindo qualquer outra forma de intermediação - por mais bem intencionada que esta seja.
O que há de ofensivo no evangelho? “Ah!, pastor, esta história de pecado, condenação, de morte, ninguém gosta de ouvir estas coisas. Todo mundo gosta de ouvir falar é sobre amor.” É mesmo?
Mas como é mesmo que um injusto vai dar um devido valor ao amor de Deus se não compreender que está morto em seus delitos e pecados? Como valorizar a salvação se, antes, não perceber o seu estado de condenação? Como valorizar o alimento sem antes experimentar a fome? Na verdade, deveríamos temer que o Senhor se sentisse ofendido se mentíssemos aos nossos visitantes. Ofendido quem ficará é Deus se escondêssemos aos pecadores o único meio de salvação: arrependimento e fé em Jesus Cristo.
Do coração do pastor, Rev. Marthon Mendes

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