MOTIVO Nº I: O NUBENTE É IMPERFEITO
i.
Ele não consegue ser o provedor infalível, que
supre todas as necessidades de sua esposa; não consegue ser o cabeça infalível,
guiando-a com amor como Cristo amou a Igreja sem cair na armadilha do
autoritarismo.
MOTIVO Nº II: A NUBENTE É IMPERFEITA
i.
Ela não consegue ser a auxiliadora idônea, que
está sempre ao lado e dá o suporte necessário ao esposo; não consegue ser a auxiliadora submissa, que
reconhece que seu marido lhe foi dado por cabeça como Cristo foi dado à Igreja.
MOTIVO Nº III – AMBOS SÓ SE SATISFAZEM COM A PERFEIÇÃO
O período de preparação para o casamento, na nossa cultura,
gera alguns tipos de expectativas que os judeus não enfrentavam. Os nubentes,
nos tempos escriturísticos, a nubente esperava encontrar um homem de verdade na
noite de núpcias, e o nubente esperava encontrar uma mulher de verdade. Em boa
parte dos casos não se conheciam tão bem e tão mal como os casais dos tempos
atuais.
Em certo sentido os nubentes se conhecem bem demais – mesmo
quando são crentes e se preservaram aguardando a noite de núpcias. Conhecem
história de vida, ações, reações possíveis e outros detalhes não mencionáveis.
Isso quando são crentes. Não vale a pena falar de casamentos onde a noite de
núpcias é tudo menos a primeira noite de um casal. Dito de outra maneira, o
conhecimento que possuem é tão real que quase não haverá nada a descobrir
quando começarem a serem, de fato, um só corpo, uma só carne (Gn 2:24 - Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne).
Porém, em sentido diverso, os nubentes não se conhecem
porque idealizam o outro, criando uma espécie de ídolos para suprir uma
necessidade absolutamente real e explicitada por Deus (Gn 2:18 - Disse mais o
SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que
lhe seja idônea).
IDEALIZAÇÃO DA PERFEIÇÃO
Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito.
Ct 4:7
É a expectativa de que o cônjuge venha a ser perfeito. O
cônjuge espera e cobra exigentemente que o outro seja nada menos do que perfeito
para que isso supra todas as suas necessidades.
O casamento é visto como um relacionamento onde o eu está entronizado e deve ser servido. Eu quero, eu penso, eu
sinto, eu desejo… mesmo com juras de amor infinitas para o outro é possível
que, no fundo, mesmo que bem escondido até mesmo de si próprio, haja um
endeusamento de si mesmo e o outro acaba sendo apenas um instrumento de
autossatisfação. E a decepção é inevitável porque com certeza o outro não é
perfeito – isto quando a imperfeição de ambos não se torna fonte de conflito.
E o resultado não poderia ser outro que não insatisfação e
depressão porque a necessidade essencial do coração não será satisfeita pelo outro.
IDEALIZAÇÃO DA AUTOPERFEIÇÃO
Eu estou morena e formosa, ó filhas de Jerusalém, como as
tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
Ct 1:5
É a expectativa de que o cônjuge venha a considerar o que você
é como aquilo que supre todas as suas necessidades. É ver-se como perfeito,
desnecessário de mudanças, e, assim, esperar que o outro se vire para se
adaptar e ao mesmo tempo que se satisfação com o que você é – você acha que é
suficiente para a satisfação do outro. De novo é o endeusamento de si mesmo em
busca de adoradores – esposa e filhos passam a ser, mesmo que inconsciente e
inconfessavelmente, vassalos que devem total gratidão por tudo o que você acha que é e faz. Mesmo o auto sacrifício é visto como
uma troca onde, no fim, você quer ser honrado como governante do seu lar.
Isto tem como resultado irritação, cobranças porque nada
fica do jeito que é desejado, com conflitos constantes e insolúveis porque não
se satisfará no outro.
O IDEAL NÃO É REAL – O RELATO DE UMA CRISE
O que fazer quando as frustrações vierem? Mesmo no livro de
cantares encontramos um quadro de frustração mesmo quando ambos possuem o mesmo
alvo. O centro do livro, no capítulo 5, versos 2 a 6, nos mostra a frustração
do noivo e da noiva:
2 Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu
amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha,
imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos,
das gotas da noite. 3 Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já
lavei os pés, tornarei a sujá-los? 4 O meu amado meteu a mão por uma fresta, e
o meu coração se comoveu por amor dele. 5 Levantei-me para abrir ao meu amado;
as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos mirra preciosa sobre a
maçaneta do ferrolho. 6 Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido
embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o
achei; chamei-o, e não me respondeu.
Temos uma mulher que aguardava o seu amado – e ele vem a
ela, mesmo com dificuldades (sua cabeça está cheia de orvalho e os cabelos das
gotas da noite).
Com alguma relutância ela acaba indo atender, mas se demora
em vestir-se e à procura de seus sapatos (nada é novo debaixo do sol, já dizia
o sábio Salomão - Ec 1:9 - O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se
tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol), perfumes e óleos, para
agradá-lo da melhor maneira possível, e quando chega à porta ele já não está.
O resultado é um triste desencontro, ele a buscou, e não a
encontrou, ela o chamou, e ele não respondeu.
Para complicar mais o quadro terceiros, que nada tem a ver
com a história, se apresentam no caminho gerando sofrimento (Ct 5:7 -
Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me e feriram-me;
tiraram-me o manto os guardas dos muros) e até mesmo zombaria social (Ct 5.8-10
- Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe
direis? Que desfaleço de amor. Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu,
a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado,
que tanto nos conjuras?).
A SOLUÇÃO É DESTRUIR O ÍDOLO
Como, então, um relacionamento que é feito para (não) ser
perfeito ainda vale a pena? É essencial que você tire do trono o seu ídolo
particular, que pode estar buscando satisfação num cônjuge, em filhos, em
trabalho, em igreja, em qualquer coisa que suas mãos podem alcançar.
É essencial que você veja que o outro, por mais que você
aparentemente o idolatre, não vai satisfazer plenamente seu ídolo maior que é
você mesmo.
É essencial que você entenda que por mais que você se
esforce para ser o provedor você não vai ser justamente merecedor da adoração
que deseja como retribuição.
É essencial que ambos compreendam que no trono da vida de
vocês, nem o homem nem a mulher merecem se sentar no trono e receberem
adoração. Por mais que vocês queiram – e afirmem não querer, o trono não lhes
pertence. Ele é de Deus, e desejar a gloria que é dele só vai gerar disputas e
conflitos – mas vale mesmo a pena lutar por algo que não lhes pertence?
DE QUEM É O TRONO
Por fim, é indispensável que homem e mulher se lembrem que
seus problemas começaram quando a mulher tomou decisões sozinha. Os problemas
não foram resolvidos quando o homem tomou decisões com os olhos apenas nos
problemas e não conseguiu achar a solução.
Para valer a pena homem e mulher precisam compreender que o
centro, que o trono de suas vidas é Deus – é ele quem deve ser adorado, é ele
quem satisfaz todas as necessidades de um casal, é nele que está a satisfação
que um e outro buscam e que devem ser instrumentos de Deus na vida um do outro,
como ferro que se afia com ferro (Pv 27:17 - Como o ferro com o ferro se afia,
assim, o homem, ao seu amigo).
Homem, você não é como Deus para a mulher – nem vai
conseguir satisfazê-la completamente nem será digno de ser adorado por ela.
Mulher, você não é como Deus para o homem – ele não vai
prover todas as suas necessidades nem você fará tudo que o agrade para merecer
a sua adoração.
Homem e mulher – vocês foram dados um ao outro para se
complementarem e, juntos, adorarem ao Senhor Deus, não apenas seu criador, mas
também seu Senhor e salvador.
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