quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SUA SOLIDÃO É REAL OU APENAS UMA SENSAÇÃO


10 Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o), 11 e Jesus, conhecido por Justo, os quais são os únicos da circuncisão que cooperam pessoalmente comigo pelo reino de Deus. Eles têm sido o meu lenitivo. 12 Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus. 13 E dele dou testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis. 14 Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas. 15 Saudai os irmãos de Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em sua casa. 16 E, uma vez lida esta epístola perante vós, providenciai por que seja também lida na igreja dos laodicenses; e a dos de Laodicéia, lede-a igualmente perante vós. 17 Também dizei a Arquipo: atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires. 18 A saudação é de próprio punho: Paulo. Lembrai-vos das minhas algemas. A graça seja convosco.
Cl 4.10-18

UNIVERSALIDADE DA IMAGEM DE DEUS

Sabemos que Paulo estava preso, e com boa margem de acerto podemos afirmar que em Roma, em prisão domiciliar, privilégio concedido a cidadãos romanos e que lhe dava uma certa liberdade para ter outras pessoas convivendo com ele – o que não é, convenhamos, a situação dos sonhos de ninguém. Em sua companhia encontrava-se, também preso, Epafras, o pastor de Colossos e Aristarco. Como companheiros de prisão em Cristo, isto é, servindo-lhe como colaboradores, havia outros irmãos, como Lucas, Timóteo, Marcos e Tíquico, além de outros. Muitos de nós olham para a prisão como uma grande desgraça – e, se ela for por causa de um crime, é mesmo uma grande desgraça (I Pe 4.15-16). A prisão parece ser um lugar de abandono e de solidão. Me permitam utilizar a experiência de Paulo, real, física, para uma outra que é, também, física, verdadeira, mas, ao mesmo tempo, metafórica: muitos de nós podem se sentir abandonados e solitários, vagando de um lado para outro e, mesmo em meio à multidão, se sentirem sozinhos.
Desde o Éden o homem é mostrado como alguém que não foi feito para viver sozinho – a solidão não é natural para o homem e a misantropia pode, sim, ser considerada um desvio no comportamento humano. Deus disse que não é bom que o homem esteja sozinho – e, ainda no Éden, a tentativa do homem de “estar sozinho” reflete uma negação da sua necessidade essencial – e a companhia da sua mulher, ou as folhas de figueira, não lhe bastavam. Esta sensação de estar abandonado, de estar só, de estar faltando algo ou alguém ao nosso lado não é ocasional – ela é fruto da natureza relacional do homem e da insatisfação do seu coração que se encontra afastado de Deus. Mas será que estamos mesmo sozinhos? Cristo não deu-se a si mesmo para criar um povo (Tt 2:14)? Cristo, além disto, também não prometeu esta conosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28:20)?

COSMOVISÃO PESSOAL À LUZ DE UMA COSMOVISÃO BÍBLICA

VOCÊ PODE JÁ TER SIDO ABANDONADO

Logo no início do seu ministério Paulo teve várias experiências desagradáveis, como, por exemplo, ser perseguido por aqueles a quem desejava salvar por intermédio da pregação do evangelho e, também, por seus próprios compatriotas (II Co 11:26) pelos quais, se possível, ele estaria disposto a fazer o maior sacrifício (Rm 9:3). Agora, mais perto do fim do ministério, Paulo lembra que praticamente todos os judeus se afastaram dele na medida em que ele teve seu apostolado dirigido para os não judeus (At 18:6). Poucos continuaram com ele, e ele cita, expressamente, três deles. Aristarco, Jesus Justo e Marcos. E é justamente este Marcos, sobrinho de Barnabé e de Pedro, que chama a atenção. Presente no momento da prisão de Jesus, fugiu desnudo deixando para trás um lençol com o qual se cobria (Mc 14.51-52). Ele vai reaparecer quando, anos mais tarde, seu tio, Barnabé, parte naquela que ficou conhecida como a primeira viagem missionária de Paulo (At 12:25), abandonando-os durante a viagem quando passaram pela Panfília (At 15:38).

VOCÊ PODE ACEITAR TODO TIPO DE COMPANHIA

Já falamos sobre alguns dos companheiros de Paulo, como Tíquico, Epafras, o pastor de Colossos, e, também, Lucas. Destes Paulo faz descrições acompanhadas com elogios ou adjetivos. Tíquico (Cl 4:7), Epafras e até mesmo o escravo fujão Onésimo (Cl 4:9). De todos, porém, o único que não recebe nenhum adjetivo é Demas, simplesmente um cooperador (Fm 1:24). Nunca é chamado de irmão, fiel ou amado. Algumas vezes Demas é usado como exemplo de alguém que deixou de ser crente e, em dissonância do ensino geral das Escrituras, caiu da graça ou perdeu a salvação. Correto é afirmar que Demas é alguém que esteve na Igreja, que até colaborou no trabalho da Igreja e pode até mesmo ter ocupado algum cargo na Igreja visível, em uma ou outra denominação, mas que jamais fez parte da verdadeira Igreja de Cristo, da assembleia universal dos santos (Hb 12:22). Isto não é novidade, porque Jesus também teve um grupo de discípulos dos quais um era diabo, isto é, adversário (Jo 6:70) mas mesmo assim tinha funções entre os discípulos. Ele havia se tornado o tesoureiro (embora fosse ladrão e, obviamente, com o conhecimento de Cristo - Jo 12:6) e, aparentemente, desempenhava bem a sua função, ao menos aos olhos dos colegas apóstolos (Jo 13:29). Assim como Judas nunca foi regenerado, sendo, como se sabe, o filho da perdição (Jo 17:12) Demas também esteve presente na Igreja mas ele próprio nunca foi um fiel, um crente. É provável que você também tenha que conviver com companhias que não são as melhores, o problema é quando você opta por companhias que sabe não serem as melhores – e resultado pode ser sua infelicidade (Sl 1:1). Você pode até ter a companhia dos perdidos, mas não pode optar pela companhia dos que se perdem em detrimento da alegria de estar com os santos do Senhor (Sl 16:3).

VOCÊ SEMPRE PODERÁ TER O CONSOLO DO CORPO DE CRISTO

Apesar de tudo, de estar preso e de não poder continuar o seu ministério de evangelização itinerante e de confirmação das Igrejas, nem mesmo de continuar em direção à Espanha, como pretendia, Paulo não se sentia sozinho. Suas muitas cartas atestam que ele amava e era amado pelas Igrejas – e mesmo quando tinha oposição, como em Corinto, ainda assim ele continuava amando a Igreja. Suas cartas também mostram que ele tinha uma forte interação com estas Igrejas, recebendo numerosas visitas, como ele próprio menciona em relação à Igreja de Corinto (I Co 1:11). Pulo tinha conhecimento de onde a Igreja se reunia, quem frequentava tais reuniões, quais os problemas morais, éticos, comportamentais, doutrinários e espirituais que as ameaçava por causa desta interação. Apesar de preso, e além dos irmãos que estavam com ele, Paulo estava de tal modo ligado a Cristo que sentia a sua dor, a sua angústia, mas que, também, se alegrava com suas alegrias, se rejubilava com suas vitórias, bem como buscava lhes oferecer motivos para se alegrarem (Fp 3:1) e desejava alegrar-se com a alegria da Igreja (Fp 2:2). Paulo sentia-se feliz com as vitórias alcançadas pela Igreja e confortava as Igrejas com o conforto, com o consolo que ele mesmo recebia do Senhor (II Co 1:6) porque ele via a Igreja como um corpo, como, embora diferentes e em lugares diferentes, todos membros uns dos outros (Rm 12:5). Assim, a Igreja também pode ser vista como a fonte de companhia tão almejada, como a instituição e as pessoas que potencialmente poderiam suprir esta necessidade básica, essencial de companhia plenamente satisfatória.
Sempre há quem se afaste do convívio da Igreja por achar que foi, de alguma maneira, abandonado por ela – e isto nada mais é do que admitir que estava na Igreja não por causa da fé, não por causa de Cristo, mas porque colocou a Igreja e a comunidade em primeiro lugar, como um ídolo, como o objeto último de satisfação de sua necessidade de companhia – quando deveria, na verdade, depor o seu coração aos pés de Cristo e satisfazer-se nele. Você quer satisfazer sua própria necessidade – e tudo o que está ao seu alcance é visto como um instrumento, como um objeto de satisfação pessoal (e eu vou me deter apenas em coisas consideradas boas, lícitas porque há aqueles que vão buscar satisfação em coisas absolutamente ilícitas, perigosas e perniciosas). Se o que tens não te satisfaz, você logo rejeita (esta Igreja não me serve, este pastor não me serve, estes irmãos não me serve…) mas, por outro lado, se o satisfaz, é idolatrado (este cantor é ungido, este bispo é ‘homem de Deus’, etc). A pergunta é: onde você pode, realmente, se satisfazer?

CONVITE PARA O CAMINHO DE VOLTA

VOCÊ SEMPRE PODE CONTAR COM A BÊNÇÃO DO SENHOR

Esta busca desesperada por companhia, seja ela qual for, é apenas uma tentativa de suprir o anseio por companhia que não pode ser obtido nem no homem nem na criação, aquela companhia que foi perdida quando o homem escondeu-se da presença de Deus. Assim como as folhas da figueira, ou as árvores do jardim, ou até mesmo a companhia da mulher não foram suficientes, e no final é prejudicial porque afasta de Deus, qualquer coisa criada pode ser colocada como substituto, mas não pode servir de abrigo satisfatório nesta busca por suprir o que foi deixado no Éden e nos é oferecido novamente em Cristo Jesus. O apóstolo menciona, na conclusão, um companheiro de ministério, provavelmente alguém treinado como Epafras, chamado de companheiro de armas que fizera de sua casa a “sede” de uma Igreja (Fm 1:2), lembrando-lhe do dever de continuar firme no ministério que recebeu. Ele tinha o privilegio de ser Igreja e ser parte da Igreja em sua casa – algo que a grande maioria dos cristãos do sec. XXI não desejam por preço algum no mundo, desejando que a Igreja seja um lugar onde possam ir gastar algum tempo, e se sociabilizar, mas jamais fazer de sua casa (e alguns de sua vida) a Igreja do Senhor.
Por fim Paulo inclui uma inesperada nota pessoal ao afirmar que, embora usasse o costume de ter um amanuense (um escriba que tanto podia registrar palavra por palavra como receber um roteiro e complementar o texto que depois era supervisionado pelo mentor do texto) fez questão de concluir a carta fazendo a saudação de próprio punho, o que só acontece uma outra vez (e justamente na carta onde se mostra mais indignado com a caminhada claudicante dos crentes da Galácia: Gl 6:11). E é justamente de próprio punho que Paulo menciona o desejo que a graça de Deus seja sobre a Igreja colossense. É possível que você já tenha sido abandonado, como Paulo foi pelos judeus e até por companheiros, como Marcos. É possível que você tenha que conviver até mesmo com incrédulos, como Jesus suportou Judas e Paulo conviveu com Demas. Mas você pode ter certeza que a Igreja do Senhor será sempre um porto seguro para encontrar companheiros de caminhada e adoração, partes do mesmo corpo, o corpo de Cristo. Mas tudo isto faz parte de algo ainda maior – a experiência da graça de Cristo. Você sempre poderá ter e trocar de companhias e até de Igreja, mas isso sempre será porque elas são absolutamente insatisfatórias. Só há companhia plenamente satisfatória dentro dos padrões do Éden, no padrão pré-queda, ou seja, na companhia do Senhor Deus.
Quase sempre vejo a menção da graça de Deus referindo-se à salvação – e é verdade, a salvação é pela graça de Deus mediante a fé (Ef 2:8), que também vem por meio de Cristo (At 3:16). Outras vezes vejo o uso da graça como se fosse uma mera promessa de bênçãos materiais. Para Paulo a graça era mais do que isso. A graça era a presença abençoadora do próprio Cristo (I Co 15:10). A graça era a razão da sua própria vida – ele não podia chamar para si mesmo qualquer mérito, sob qualquer circunstância por coisa alguma porque tudo o que ele veio a ser foi apenas o resultado da graça de Deus em sua vida, que o transportou, e aos colossenses, do império das trevas para o reino de Cristo, o Filho do seu amor. E era nada menos do que a graça de Deus que Paulo queria ver os colossenses experimentando – graça que os fortaleceria para serem mais do que vencedores por causa da graça daquele que os amou (Rm 8:37).
Se você está sozinho, se você realmente está sozinho, talvez seja porque você tem se fechado e isto tem impedido a comunhão dos santos, porque não há verdadeira Igreja de Cristo onde não haja comunhão. E esta comunhão é, primeiro com o Pai, pelo Filho mediante o Espírito, e depois é estendida aos crentes. O que tem impedido você de experimentar a alegria de estar com os irmãos, que são filhos do mesmo Deus, servos do mesmo Cristo e membros do mesmo corpo? O que há em seu coração, que mágoa, barreira ou amargura que precisa ser quebrada neste momento? Em nome de Cristo, que nos faz um, não saia daqui com o coração fechado para a comunhão dos santos. Seus olhos e sua esperança não deve estar na Igreja, porque a Igreja pode e comumente falha. Nem a Igreja, nem os amigos, nem os demais crentes são a fonte última de satisfação que seu coração precisa – mesmo abandonado por todos, se você tem Cristo como companhia a necessidade de seu coração estará sempre e para sempre satisfeita, a ponto de você entender em sua vida o que o Senhor Jesus disse a Paulo: a minha graça te basta, ou o que o salmista cantava: a sua graça é melhor do que a vida.

RECONHEÇA A VERDADE EVIDENTE

Se você se sente sozinho – e talvez você esteja sozinho por fechar-se em sua solidão – lembre-se que você sempre tem o corpo de Cristo, sempre tem a Igreja de Cristo, sempre tem a manifestação da presença de Cristo e da ação do Espírito de Cristo para falar ao seu coração e dizer: eis que eu estou contigo. É por isso que Cristo morreu não para criar indivíduos crentes, mas um povo crente, uma comunidade que o adorasse e, enquanto o adorasse caminhasse juntos, levando uns a cargas dos outros (Gl 6:2). Mas ninguém é a própria graça de Deus. As pessoas, a Igreja e até mesmo o corpo de Cristo não substitui a graça de Deus. Judas estava vivendo o tempo todo ao lado da verdadeira Igreja de Cristo (o Senhor e os demais apóstolos, todos os onze) e ainda assim não experimentou a graça de Deus e buscava satisfazer-se roubando o dinheiro da bolsa. No fim, insistir em buscar a satisfação nas coisas criadas trará como resultado inexorável frustração e solidão.

LEMBRE-SE: NÃO HÁ SOLIDÃO PARA QUEM ESTÁ COM DEUS

Louvo a Deus por ter a sua atenção neste momento. Louvo a Deus por poder te dizer que você não está sozinho, nunca. A promessa do Senhor Jesus foi que ele estaria com você todos os dias – todos os dias mesmo – até a consumação do século. É isto o que pode dar satisfação à sua alma. E o tempo ainda está sendo contado, os séculos ainda não se consumaram, de modo que Cristo ainda se faz presente no meio do seu povo, ainda se faz presente com aquele que nele crê, que vai a ele e lhe entrega sua vida em confiança (Jo 6:37) é tomado em suas bondosas mãos, das quais ninguém pode tomar os que lhe pertencem, os que lhe foram dados pelo Pai (Jo 10:29). Se abençoado não é amontar coisas ou pessoas ao seu redor, mas é estar na presença de Cristo.

A SOLIDÃO ETERNA NÃO É UM ANSEIO DO SEU CORAÇÃO

Se você chegou até aqui é porque você não deseja estar sozinho – a solidão, seja física ou emocional, não é agradável. Ninguém deseja estar sozinho. Você não deseja estar sozinho, certamente não gosta disso. Você é um ser humano e um ser humano é um ser relacional, foi criado para se relacionar com outros homens, com a criação e com Deus. Estar sozinho não é natural e não satisfaz o seu coração. Ainda que precisemos de momentos a sós a solidão não é algo intrínseco e essencial ao homem, pelo contrário, ela é terrível, e nada há mais terrível do que a solidão espiritual, a mais terrível de todas as solidões porque faz com que a pessoa se sinta como uma ovelha numa noite sem lua ouvindo uivos de lobos de todos os cantos – sem saber para onde ir, sem ter para onde ir, a menos que seja resgatada pelo bom pastor (Mt 18:12) ouvindo a sua voz e indo a ele (Jo 10:27).

UMA BOA NOTÍCIA PARA OS SOLITÁRIOS

Me permita lhe dizer: você pode ter sido abandonado em algum momento da sua vida por alguém em quem você confiou, mas nunca por Jesus. Você pode até ter sido abandonado por alguém dentro da Igreja, de quem você esperava companheirismo e atenção – mas nunca foi abandonado por Jesus. Você pode até, em situações extremas, ter sido ou se sentido abandonado pela Igreja, até porque não existe Igreja perfeita e ela às vezes falha em amar os seus (família da fé) – mas nunca foi abandonado pelo Senhor Jesus. Ele nunca deixou de cuidar de ti, nunca deixou de te acompanhar, seu amor por você nunca sofreu solução de continuidade, nunca foi menor ou maior porque o Senhor nosso Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13:8). Deixe-me reafirmar uma antiga verdade: Deus não alterou seu plano em relação à suas criaturas. A bíblia diz que Deus tem um propósito – e este é imutável. Ele sabe que suas criaturas são seres culturais, relacionais e as coloca em relacionamentos com outras pessoas mas, muito mais preciosos que isto, ele as chama para relacionar-se consigo mesmo em Cristo Jesus (Cl 1.20).

A PERENIDADE DO AMOR DE DEUS

O amor de Deus é o mesmo sempre (Tg 1:17), é o mesmo amor que o levou a te escolher desde antes da fundação do mundo (Rm 8:29) antes mesmo que você pudesse fazer alguma coisa para atrair a atenção amorosa do Senhor (Rm 9:11 - E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal [para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama]) e também independe do que você venha a fazer para que o amor de Deus continue sendo derramado sobre você (Rm 9:16). Deus não muda – Deus não deixou de amar sua criação. E se você é alvo deste amor, pode confiar que também terá sempre sua presença benfazeja, porque amor pressupõe presença, relacionamento, a solidão do coração do homem é porque ele não responde adequadamente, por causa do seu pecado, à presença de Deus. A solidão tem sido uma escolha sua, e nesta escolha tem buscado colocar outras coisas no lugar que pertence exclusivamente a Deus. Você pode ter até uma satisfação passageira, como o viciado que suprime a carência de drogas com quantidades cada vez maiores de drogas – para logo experimentar a frustração, o enfado, porque esta satisfação não pode, jamais, ser confundida com realização, com a satisfação da necessidade interior, da necessidade essencial do coração do homem apartado do seu criador amoroso.

A GRANDE NOTÍCIA – DEUS CONTINUA SENDO O DEUS GRACIOSO

O mesmo Deus que provou seu imenso amor por você (Rm 5:8) enviando seu filho para morrer em lugar de pecadores que não mereciam e que, não apenas não se interessavam por nenhuma forma de relacionamento com Deus a não ser de afronta e inimizade (Ef 2:14) continua, ainda hoje, a ser o mesmo Deus gracioso. O mesmo Deus que lhe oferece salvação, lhe oferece a companhia da família da fé e, acima de tudo, promete nunca te abandonar (Hb 13:5).

Você pode até ter sido como Marcos – mas nada impede que, pela graça de Deus, você retorne e seja uma bênção e um abençoador. Você pode até ter sido como Onésimo, um fujão que, em busca de liberdade, foi parar na prisão, onde encontrou finalmente a liberdade que vem de Deus (Gl 5:1). Você só não pode ser como Demas – não pode amar o presente século e abandonar a fé. Você não pode é ser como Judas – que não encontrou satisfação em um punhado de moedas – e se fosse uma montanha, também não o satisfaria, Que tipo de crente você é, afinal? Se você foi liberto do império das trevas, então, foi tornado um filho do amor de Deus – e a graça de Deus tem sido abundante sobre sua vida. Viva pela graça, não abandone a Igreja, seja muito cuidadoso com as suas companhias e console e seja instrumento de consolo para seus irmãos – contando sempre com a bênção do Senhor nosso Deus. Você realmente precisa de companhia – mas a companhia que você precisa é a de Cristo, e isto vem ao seu coração à partir do reconhecimento de que o que está por trás desta sensação de solidão (mesmo em meio a sete bilhões de seres humanos e muitas outras coisas) é o fato de que, sem Deus, você está sozinho no mundo (Ef 2.12).

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