… ou quando o servo quer ser Senhor!
Alguns filmes, tanto nacionais quanto importados, retratam um quadro absolutamente impossível: Deus resolvendo tirar férias e deixando nas mãos de suas criaturas o controle o universo. Isto jamais acontecerá, porque somente ele é onipotente, onisciente, onipresente. Ninguém mais é capaz saber tudo de tudo sobre todos em todo o tempo. Aliás, a bíblia registra que em Deus nós nos movemos e existimos.
Mas há um outro quadro, não apenas provável como tristemente verdadeiro: embora Deus não precise tirar férias em algum canto remoto do universo [aliás, os céus dos céus não o podem conter], há aqueles que, chamados para serem seus servos, decidem tirar férias de Deus. É mais que óbvio que temos o direito a tirar férias [escolares, profissionais, etc.]. Precisamos do repouso, do descanso. Ele é necessário para que desempenhemos bem os nossos deveres. Deus não apenas sabia mas determinou que fosse assim, dando-nos o descanso semanal e também providenciando os "anos sábaticos" e de jubileu.
Mas há cristãos [?!!!] que resolvem tirar férias de Deus. O que é isso? Há muitos que resolvem que, estando cansados [e a alegria do Senhor é nossa força] não vão mais buscar a presença de Deus [como se isto fosse um fardo, pois é exatamente o contrário, ele tira de nós os fardos, o cansaço, a sobrecarga]; resolvem que não mais lerão a sua palavra porque estão desanimados [logo ela, que é alimento para a vida, mais doce que o mel e o destilar dos favos].
Decidem não mais buscar a comunhão dos santos [e quase sempre acabam em conluio com escarnecedores porque, para não ficarem sozinhos, procurarão companhia, e somente estes, os ímpios, os zombadores, os escarnecedores, também não estarão na comunhão dos santos], durante um tempo se ocuparão de seus interesses, numa tolice que cabe apenas aos gentios, pois Deus sabe quais são as necessidades dos seus santos, e cuida de todos eles, mas exige que, em primeiro lugar, busquem o seu reino e a sua justiça. E as demais coisas? Estas serão acrescentadas, o que significa que Deus dará o seu reino, a sua justiça, e ainda a satisfação das nossas necessidades, emocionais, culturais e físicas.
Férias de Deus. Triste invenção dos homens. Começou com Adão, quando resolveu deixar de fazer o que Deus lhe mandava - uma vez, apenas uma, a sua vontade se apartou da de Deus, e o resultado foi a expulsão do paraíso.
O Senhor não inventou férias dele, ainda que possamos usar as nossas férias para ele. Mas o que costuma acontecer é um esvaziamento ao invés de aumento da freqüência. E não deveria ser assim: os alunos estão de férias [o que deveria ocasionar um aumento da freqüência, especialmente no meio de semana]. Sem trabalhos para serem feitos durante o fim de semana a suposição lógica é que deveria sobrar mais disposição e vigor para servir a Deus. Mas isto não acontece. Porque?
Talvez porque o conceito que tenhamos de férias, de folga, de descanso, seja equivocadamente aplicado à vida com Deus. Entendemos que férias é um período de descanso de tudo aquilo que nos faz correr de um lado para outro, daquilo que nos cansa. E a aplicação deste conceito à vida espiritual faz com que queiramos também nos desligar da igreja e de seus afazeres, das suas muitas atividades, reuniões, cultos, estudos, escolas, evangelização, oração, plenárias, etc...
Para ser ainda mais claro: queremos férias do que nos cansa. Mas, se é assim, temos aqui um grave problema: adorar a Deus é cansativo? Para os membros nominais das Igrejas, que aderem à forma de culto sem adorar em espírito e em verdade, sim. Freqüentar a Igreja é uma canseira, é um enfado para o irregenerado. Qualquer outra coisa pode vir a tornar-se mais atrativa do que a comunhão dos santos, a adoração ao Santo, a busca da santidade na presença do Senhor. Quero concluir com uma pergunta: você quer férias de Deus? Ou deixe-me perguntar de outro modo: você está cansado de Deus? O que vais fazer no mês de julho? Sumir da igreja, dos cultos de louvor ao Senhor ou vai se empenhar ainda mais em glorificar ao seu Deus, ao seu Salvador?